Obra Completa - Universidade de Coimbra
Obra Completa - Universidade de Coimbra
Obra Completa - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Contiaúa-se a comédia<br />
Este conflicto entre as Aca<strong>de</strong>mias<br />
do Porto e <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, que uma co<br />
mesinha Tuna provocou e amoldou ao<br />
seu sabor, dir-se-ha terminado; e terminado<br />
<strong>de</strong>sairosamente para os estudantes<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, os quaes, por culpa<br />
<strong>de</strong> se haverem intromettido on<strong>de</strong> nem<br />
os chamavam os seus brios, nem a historia<br />
das suas enfraquecidas relações<br />
com a tuna, já receberam do Porto<br />
uma energicâ e <strong>de</strong>licada lição no manifesto,<br />
repassado <strong>de</strong> fria dignida<strong>de</strong>,<br />
que a Escola Médica d'ali publicou ao<br />
país.<br />
E' todavia necessário que algumas<br />
palavras se escrevam ainda sobre a<br />
questão, antes <strong>de</strong> inteiramente <strong>de</strong>svanecida<br />
a impressão que cila veio <strong>de</strong>spertar<br />
na vida sorna da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />
época: em primeiro logar, para que o<br />
successo não seja remettido á tradição,<br />
conforme periga, apenas com o rotulo<br />
d'uma ligeira dissidência entre rapazes<br />
<strong>de</strong>soccupados, ácerca da utilida<strong>de</strong> ou<br />
da inutilida<strong>de</strong> das tunas académicas; a<br />
<strong>de</strong>mais, para que a origem e o <strong>de</strong>sen<br />
rolar <strong>de</strong>ste acontecimento não sejam julgados<br />
erradamente, e a falsíssima versão<br />
inventada e propalada pelos exploradores<br />
d'uma popularida<strong>de</strong> fácil não<br />
corra mundo e adquira foros <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />
provada c incontestável.<br />
Sob qualquer d'estes pontos <strong>de</strong><br />
vista, é preciso que se diga toda a verda<strong>de</strong><br />
e que se marque todo o alcance<br />
da questão: é preciso accentuar que,<br />
se o conflicto aberto foi in<strong>de</strong>vidamente<br />
e capciosamente generalisado á Aca<strong>de</strong>mia<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, <strong>de</strong> nenhum modo<br />
aggravada, por intrujões que assim viram<br />
meio azado <strong>de</strong> satisfazer caprichos<br />
e respon<strong>de</strong>r a bofetadas que só para<br />
elles vinham, esse conflicto trouxe também<br />
propicio ensejo <strong>de</strong> se patentear<br />
toda a assustadora <strong>de</strong>pressão mental<br />
que mais e mais vae affectando a já<br />
bem combalida e <strong>de</strong>ssorada socieda<strong>de</strong><br />
portuguêsa.<br />
Porque, positivamente, meus senho<br />
res: para que o sr. José Eugénio Ferreira,<br />
por maior que seja a sua não<br />
discutida intelligencia, haja conseguido<br />
embrulhar a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
n'um caso que se apresentava tão claro<br />
e comprehensivel, é bem preciso que a<br />
mocida<strong>de</strong> que a compõe, representando<br />
o escol <strong>de</strong> toda a esperança d'um país,<br />
tenha perdido por completo este dom<br />
do raciocínio com o qual, segundo se<br />
diz, ao Arbítrio do Universo aprouve<br />
distinguir os homens dos <strong>de</strong>mais seres<br />
da creação! Para que alguém tenha<br />
podido levar esta Aca<strong>de</strong>mia a resolver<br />
que preten<strong>de</strong>ram often<strong>de</strong>l a n'um documento<br />
em que altamente a lisonjeiam,<br />
é necessário que os últimos Iam<br />
pejos do bom senso estejam apagados,<br />
no cerebro <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> mil indivíduos<br />
que atamancam ahi, entre romances <strong>de</strong><br />
Campos Júnior e borgas na Ti' Joaquina,<br />
a sua imprestável existencia.<br />
Isto vem principalmente a proposito<br />
d'um artigo inserido ha dias no<br />
jornal Justiça, d'esta cida<strong>de</strong>. O que<br />
particularmente convém analisár em<br />
tal escripto, não é tanto o relato do<br />
conflicto, feito no mol<strong>de</strong> da inhabil balela<br />
que logo sobre elle se teceu, a<br />
qual só po<strong>de</strong>ria vingar num meio on<strong>de</strong><br />
o discernimento falha, e para cuja formação<br />
não concorreram pouco alguns<br />
dos redactores d'aquelle periodico,<br />
como uma picaresca e inopinada histo<br />
ria dos últimos annos tia Tuna, ten<strong>de</strong>ndo<br />
a arvorar em martyr da Liber<br />
da<strong>de</strong> esse grémio d'amadores <strong>de</strong> mu<br />
sica, suppostamente perseguido, <strong>de</strong> ha<br />
tempos a esta parte, por conspiratas<br />
atrozes da gente... <strong>de</strong> D. Miguel!<br />
Eu <strong>de</strong>liberadamente me abstenho<br />
<strong>de</strong> extrahir da afirmação todo o inaudito<br />
ridículo que ella comporta, com o<br />
sr. con<strong>de</strong> da Redinha a receber da<br />
Áustria telegrammas em cifra que lhe<br />
mandam aniquilar a Tuna, e com a<br />
Tuna a implantar na cida<strong>de</strong> universitária,<br />
entre gaitadas á Carta, o estan<br />
darte da revolta; não quero inquirir<br />
dos estatutos d'aquella associação, das<br />
actas das suas sessões, da historia dos<br />
seus feitos, ou da concisão dos seus<br />
avisos, convidando a ensaio <strong>de</strong> rebecas,<br />
o que possa haver ali d'apavorante,<br />
no que toca ao progresso, em<br />
terras portuguêsas, do espirito revolucionário<br />
immanente: busco tám só<br />
niente a tarefa leve <strong>de</strong> espanejar com<br />
a recordação <strong>de</strong> alguns factos <strong>de</strong> ha<br />
pouco, as teias <strong>de</strong> aranha que o artigo<br />
citado tenta arteiramente urdir na cabeça<br />
<strong>de</strong>scuidada dalguns pobres académicos<br />
<strong>de</strong> boa-fé.<br />
Vamos vêr, assim, quaes sejam<br />
êsses taes elementos reaccionários que,<br />
no dizer da Justiça, vinham <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longe<br />
atacando a Tuna com uma fereza digna<br />
4e estrondosa punição, foi ha dois<br />
annos que os estudantes da universi<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Compostella officiáram á Tuna<br />
Académica <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, notificando lhe<br />
uma sua próxima visita a esta cida<strong>de</strong>,<br />
em paga da incursão que, pouco antes,<br />
essa socieda<strong>de</strong> musical perpetrára em<br />
território hespanhol. Estám lembrados<br />
<strong>de</strong> como a Tuna, a qual tinha, para a<br />
época, brodio combinado não sei on<strong>de</strong>,<br />
preten<strong>de</strong>u, sonegando officios — feia<br />
persistência num vicio! — inventando<br />
meritirolas, confundindo-se, atrapalhando<br />
se, mettendo os pés pelas mãos,<br />
esquivar-se á recepção dos seus collégas<br />
e impingir-nos só a nós, que não<br />
comêramos nem bebêramos em Castella,<br />
a estopada <strong>de</strong> lhes ouvirmos os<br />
discursos. Para isso é que não esteve<br />
a Aca<strong>de</strong>mia; e em assembleias ruidosas<br />
impôs á Tuna que ficasse, no meio<br />
da mais formal exauctoração a que em<br />
minha vida eu tenho podido assistir.<br />
Ficou a Tuna, mas ficou <strong>de</strong>speitada;<br />
embrulhou se tudo isto com questões<br />
da Associação Académica; cortaram se<br />
relações entre as duas collectivida<strong>de</strong>s,<br />
e entre as duas se <strong>de</strong>clarou a guerra.<br />
Foi <strong>de</strong>sta fórma que principiou a tal<br />
campanha contra a Tuna; e guiava o<br />
ataque, com todos os seus seguidores,<br />
porque dirigia a Associação Académica<br />
— o sr. Santos Monteiro!<br />
Não se pô<strong>de</strong> bem dizer que o sr.<br />
Santos Monteiro, hoje tám estrenuo<br />
<strong>de</strong>fensor da Tuna e ontem ainda seu<br />
ferocíssimo inimigo, seja precisamente<br />
um elemento reaccionário — elle, que<br />
tanta vês tem afirmado e afirma o<br />
seu inabalavel credo republicano...<br />
Mas se seguimos os successos e<br />
vamos vêr quem sám agora os continuadores<br />
da campanha, encapotadamente<br />
reaccionária, que o sr. Santos<br />
Monteiro e os seus amigos iniciáram,<br />
entám maior surpreza se nos prepara;<br />
porque <strong>de</strong>parámos com os nomes <strong>de</strong><br />
Arthur Leitão, Carlos Amaro, Pereira<br />
Júnior, Celestino David, Alberto Costa,<br />
Carlos Mendonça, António Pires, Alvaro<br />
Soares, José Montez, com o do<br />
humil<strong>de</strong> escrevinhador que traça estas<br />
apressadas linhas, e com os <strong>de</strong> tantos<br />
outros que, em matéria <strong>de</strong> clericaiismo,<br />
não accusam sequer no seu passado<br />
a missa <strong>de</strong> todos os domingos; sem<br />
contar a revoluçãosinha republicana<br />
mais as querellas por <strong>de</strong>lictos d'im<br />
prensa que o primeiro traz na bagagem,<br />
com os vinte e tantos dias que o<br />
segundo <strong>de</strong>sfiou no Limoeiro — por<br />
anarchista, meus senhores!<br />
Todas estas coisas fariam rir muito<br />
a gente, se não <strong>de</strong>nunciassem a lamentável<br />
escuridão intellectual <strong>de</strong> qnem<br />
pou<strong>de</strong> ser embaído num momento,<br />
com tám ingénuas patranhas.<br />
Começa agora a reflectir se m3Ís<br />
serenamente, e vae tombando por terra<br />
todo o frágil edifício <strong>de</strong> tranquibernias<br />
que os <strong>de</strong>speitados e os necessitados <strong>de</strong><br />
popularida<strong>de</strong> manhosamente ergueram.<br />
Dirão que se reconsi<strong>de</strong>ra tar<strong>de</strong>-<br />
Náo é assim. O manifesto do Porto<br />
termina por uma tocante <strong>de</strong>claração e<br />
por um appello honesto á alma da<br />
Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, a quem uma<br />
história cheia <strong>de</strong> brilho impõe responsabilida<strong>de</strong>s<br />
e graves <strong>de</strong>veres a cumprir<br />
na peleja pelas nobres aspirações da<br />
Humanida<strong>de</strong>.<br />
E' sempre tempo <strong>de</strong> a Aca<strong>de</strong>mia<br />
comprehen<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>ias, e<br />
não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r musicas, é a sua legitima<br />
missão.<br />
E quando assim fôr, aquelles a<br />
quem agora ella chama os seus inimigos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro, sentirão pela primeira<br />
vês palpitar-lhes sob a capa um coração<br />
orgulhado— e marcharão com ella, con<br />
tentes e felizes, cheios da inexprimível<br />
satisfação <strong>de</strong> espirito que resulta <strong>de</strong><br />
mil consciências batalhando pelo mesmo<br />
impulso, na conquista duma causa<br />
santa e justa.<br />
Aniiiltal d'Andra<strong>de</strong>.<br />
=«5> <<br />
Meningite cerebro-espinal<br />
No hospital <strong>de</strong> S. José falleceu,<br />
victimado pela meningite cerebro-espinal,<br />
o soldado <strong>de</strong> infanteria 23 José<br />
Jacob, <strong>de</strong> Sernache.<br />
Foi adjudicada ao empreiteiro sr.<br />
António Secco, do Almegue, pela quantia<br />
<strong>de</strong> l:75o$ooO réis, mais uma parcella<br />
do aterramento do Rocio <strong>de</strong><br />
Santa Clara.<br />
Denuncia o Conimbricense que por<br />
parte <strong>de</strong> certos gros bonnets da rege<br />
neração indígena lhe está sendo mo<br />
vida uma perseguição mesquinha, que<br />
se resupie §final sm procurar çerçear-<br />
Ihe as assignaturas por todos os meios<br />
e processos.<br />
A Folha <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> confirma e<br />
commenta o successo vergonhoso.<br />
O ínclito D. Pepe <strong>de</strong> Miranda, no<br />
tavel criminalista inédito, vinga assim<br />
as referencias pouco amaveis que á sua<br />
pessoa e á sua <strong>de</strong>plorável politica o<br />
Conimbricense tenha feito, no seu plenissimo<br />
direito <strong>de</strong> crítica, e <strong>de</strong>sforça<br />
nobremente as suas prosápias illustres,<br />
melindradas pela insólita irreverencia.<br />
Mas, D. Pepe amiap, o recurso é<br />
lastimavel: é uma vingançasinha com<br />
toda a velhacaria e todo o ridículo dum<br />
mercieiro enraivecido.<br />
Não extranhâmos o que está succe<strong>de</strong>ndo<br />
ao Conimbricense, que ha muito<br />
o terrível nos jurou também guerra <strong>de</strong><br />
extermínio.<br />
Afinal temos medrado, e é o que<br />
ta<strong>de</strong> succe<strong>de</strong>r a todos a quem D. Pepe<br />
ançar a sua excommunhao maior.<br />
Surriada, D. Pepe!<br />
Partiu para Lisboa o sr. dr. Carlos<br />
Lebre, que ultimamente foi nomeado<br />
médico naval.<br />
O Centro instructivo dos Caixeiros<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> enviou á Associação Com<br />
mercial <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> um officio pedindo<br />
a sua opinião sobre o encerramento<br />
das lojas para <strong>de</strong>scanço necessário dos<br />
empregados <strong>de</strong> commércio.<br />
E' um facto ligado d pretensão que<br />
os caixeiros do Porto tem perante o<br />
sr. conselheiro Campos Henriques <strong>de</strong><br />
tornar obrigatório por lei especial o<br />
encerramento das lojas, que por ora<br />
está apenas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da boa vonta<strong>de</strong><br />
dos patrões.<br />
O sr. Campos Henriques pediu,<br />
como base <strong>de</strong> uma futura lei, a res<br />
posta official <strong>de</strong> patrões e caixeiros<br />
sobre a necessida<strong>de</strong> do encerramento<br />
hebdomadário, o dia que <strong>de</strong>ve marcar-se<br />
para o <strong>de</strong>scanço dos caixeiros, e<br />
se no districto ou concelho se realiza<br />
alguma feira ou mercado ao domingo.<br />
Foram êsses quesitos os agora apresentados<br />
á cAssociação Commercial,<br />
que é <strong>de</strong> esperar dê um informe favoravei<br />
á justa petição dos caixeiros.<br />
Vimos n'esta cida<strong>de</strong> o sr. dr. Pe<br />
dro Barboza Sotto-Maior (Azevedo).<br />
Os nossos çymprimentes.<br />
r '<br />
QUESTÕES ACADÉMICAS<br />
Dos srs. Santos Silva e Julio<br />
Abeiiard Teixeira, estudantes da<br />
Escola Médico Cirúrgica do Porto,<br />
recebemos a seguinte carta, que<br />
gostosamente publicámos:<br />
Sr. redactor do jornal a Resistencia.<br />
— Pedimos a v. a fineza <strong>de</strong> publicar<br />
no seu jornal a carta que nesta occasião<br />
dirigimos á redacção da Justiça.<br />
Agra<strong>de</strong>cendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já tám gran<strong>de</strong><br />
obsequio, assignamo nos<br />
Segue a carta:<br />
De v. etc.,<br />
Santos Silva<br />
J. QÁbeilard Teixeira.<br />
Foi profusamente espalhado n'esta<br />
cida<strong>de</strong> o manifesto que os estudantes<br />
da Escola Medica do Porto publicaram,<br />
e pertinente ao ultimo conflicto aca<br />
<strong>de</strong>mico.<br />
E' um documento revelador d'uma<br />
alta e vigorosa cultura intellectual, e<br />
que fica bem ao lado dos manifestos<br />
publicados pela Aca<strong>de</strong>mia do Porto,<br />
em 98, sobre o ensino religioso.<br />
Afirmação <strong>de</strong>sassombrada <strong>de</strong> princípios,<br />
critica serena <strong>de</strong> acontecimentos,<br />
o manifesto dos estudantes da Escola<br />
do Porto <strong>de</strong>staca brilhantemente<br />
da vulgarida<strong>de</strong> charra em que costumam<br />
moldar-se os documentos d'esta<br />
or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> ordinário muito enfolhados<br />
<strong>de</strong> phrases sonoras mas totalmente <strong>de</strong>sprovidos<br />
<strong>de</strong> toda a consciente doutrinação.<br />
Em todos os espíritos elle <strong>de</strong>ixou,<br />
aqui em <strong>Coimbra</strong>, uma bella impressão,<br />
e só po<strong>de</strong>m afirmar-se <strong>de</strong>scontentes<br />
os que esperavam que do Porto<br />
caíssem sobre os rapazes <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
arguições violentas, num tom áspero<br />
<strong>de</strong> escandalo...<br />
Heseiilace trágico<br />
Com muito siso escrevia o sollicito<br />
correspon<strong>de</strong>nte do Primeiro<br />
<strong>de</strong> Janeiro, quando, noticiando a<br />
publicação da carta do nosso collega,<br />
sr. Arthur %eitão, effirmava<br />
3<br />
não ser <strong>de</strong> esperar uma solução serena<br />
ao conflicto académico, o que<br />
era para lamentar.<br />
Pois o sr. Santos Monteiro <strong>de</strong>sfechou<br />
com esta honesta <strong>de</strong>claração<br />
:<br />
«Serenamente duas palavras apenas<br />
em resposta ao artigo publicado na<br />
'Resistencia <strong>de</strong> quinta feira, 29.<br />
O nome que firma o insultuoso artigo<br />
dispensa me <strong>de</strong> réplica minuciosa.<br />
A outrem que não fosse o signatário<br />
<strong>de</strong>ssas injurias, enviaria dous amigos;<br />
a elle não. Não se pó<strong>de</strong>m terçar<br />
armas nem na imprensa, nem noutro<br />
campo, com indivíduos a quem a opinião<br />
.publica classificou convenientemente.<br />
O auctor do artigo, assignando-o,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u-me e justificou se: eis tudo.<br />
E basta.<br />
Os alumnos do Lyceu, Joaquim<br />
das Neves e Silva, Alvaro <strong>de</strong> Freitas<br />
Corte Real e Luiz Nunes Borges <strong>de</strong><br />
Madureira foram, respectivamente,<br />
transferidos da 3. a , 4 1 e 6. a Ex.<br />
classe<br />
jara o consi<strong>de</strong>rado Collegio Mon<strong>de</strong>go,<br />
<strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>, pela Direcção Geral <strong>de</strong><br />
instrucção publica.<br />
Para o mesmo Collegio foram concedidas<br />
as Portarias seguintes: conce<strong>de</strong>ndo<br />
dispensa <strong>de</strong> eda<strong>de</strong> para a frequencia<br />
da 1classe da Nova Reforma<br />
ao alumno do mesmo Collegio, Joaquim<br />
Gualberto da Cunha e Mello, e<br />
para fazer exame fóra da epocha legal<br />
ao alumno do dito Collegio, Antonio<br />
José Vieira.<br />
* * ra<br />
Receios Justos<br />
Ultimamente do po<strong>de</strong>r judicial tem<br />
dimanado <strong>de</strong>cisões que afirmam um<br />
alto entendimento da missão austera<br />
da justiça.<br />
Um juiz <strong>de</strong>clarou insubsistente a<br />
apprehensão d'um jornal e a Relação<br />
confirmou o seu <strong>de</strong>spacho: um agente<br />
do ministério publico <strong>de</strong>clarou impro<br />
ce<strong>de</strong>nte a accusação feita pela policia<br />
a um outro; e ha pouco dias, um tribunal<br />
superior confirmou uma senten<br />
ça, castigando um agente da auctorida<strong>de</strong><br />
que abusivamente tinha prendido<br />
um eleitor.<br />
Nobres exemplos, tanto mais para<br />
registar quanto é certo que elles vão<br />
rareando na própria instituição que se<br />
julgara innacesivel á corrupção dominante.<br />
Elles justificam os receios justos<br />
dos governas em remetterem ao conhecimento<br />
do corpo judicial factos que as<br />
conveniências da sua feroz politicalha<br />
classificam <strong>de</strong> <strong>de</strong>lictuosos, e que estão<br />
completamente <strong>de</strong>fendidos pelos preceitos<br />
terminantes das leis.<br />
As apprehensões dos jornaes raríssimas<br />
vezes são communicadas para<br />
juizo, porque raríssimas vezes ellas<br />
seriam <strong>de</strong>claradas proce<strong>de</strong>ntes.<br />
Os governos temem a sua exauctoração.<br />
Apezar <strong>de</strong> tudo, dos golpes fundos<br />
sofridos <strong>de</strong> ha tempos pela in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
do po<strong>de</strong>r judicial, os senho<br />
res do Terreiro do PEÇO não se atrevem,<br />
como obrerva O Liberal, a estabelecer<br />
a lei da responsabilida<strong>de</strong> ministerial.<br />
Que pô<strong>de</strong> haver juizes <strong>de</strong>salmados<br />
que se atrevam a fazer recta justiça...<br />
mo sr. redactor da Justiça. —<br />
No jornal que v. ex. a dirige appareceu<br />
no artigo 'Relatando uma ligeira insinuação<br />
á nossa lealda<strong>de</strong> <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r,<br />
insinuação que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar<br />
passar sem o nesso protesto. Diz se<br />
nêsse artigo que os dois <strong>de</strong>legados<br />
srs. Santos Monteiro e Bernardo Polónio<br />
que vieram ao Porto preparar a<br />
visita da Tuna, fallaram nesta cida<strong>de</strong><br />
com os signatários <strong>de</strong>sta carta e com<br />
outros seus collegas; frizando-se o<br />
facto do acolhimento amavel que lhe<br />
fizemos, para d'ahi concluir a nossa<br />
<strong>de</strong>slealda<strong>de</strong> quando, na reunião da<br />
Escola Médica, sinceramente confessámos<br />
que o papel da Tuna não nos<br />
era simpáthico.<br />
Ora a verda<strong>de</strong> é que na ligeira<br />
paléstra que casualmente tivemos com<br />
s. ex as não conhecíamos sequer o offl<br />
cio que participava a vinda da Tuna e<br />
nos limitámos a dizer a êsses cavalhei<br />
ros que naturalmente a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>via<br />
reunir para resolver êsse assumpto;<br />
informámol os também, entám, da hora<br />
mais conveniente para se dirigirem á<br />
Escola Médica e Aca<strong>de</strong>mia, no dia<br />
seguinte. A conversa <strong>de</strong>rivou <strong>de</strong>pois<br />
para coisas várias. De resto, só ficámos<br />
sabendo que a Tuna, segundo informações<br />
do sr. Monteiro, era composta <strong>de</strong><br />
bons elementos e que <strong>de</strong>via apresentar-se<br />
brilhantemente no sarau.<br />
Eis aqui, singelamente dito, o que<br />
se passou nessa paléstra.<br />
Afirma também êsse artigo que os<br />
dois <strong>de</strong>legados tinham vindo ao Porto<br />
combinar com os elementos liberaes o<br />
êxito da visita. E' provável que assim<br />
seja: as maçoniquissimas combinações<br />
costumam a ser feitas em segredo.<br />
Elementos liberaes com que os <strong>de</strong>legados<br />
fallassem, que nos conste, só se<br />
fossem os emprezáiios theatraes.<br />
Pedindo lhe, sr. redactor, o obsequio<br />
da inserção <strong>de</strong>stas linhas, indispensáveis<br />
para se constituir a verda<strong>de</strong><br />
e a justiça, que o jornal que v. ex. a<br />
dirige se propõe <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, assignamo<br />
nos, com toda a consi<strong>de</strong>ração<br />
De v. ex. 11 ,<br />
mu.", att. w <strong>Coimbra</strong>, 29-1 903.<br />
Sanlos ^Monteiro.»<br />
Mau, como todos os dramas do<br />
festejado auctor do filho da 'Prostituta<br />
!<br />
Principiam no dia 16 os exames do<br />
segundo semestre na Escola Nacional<br />
<strong>de</strong> Agricultura.<br />
Administração estrangeira<br />
Vários jornaes se tem referido a<br />
facto da reforma do sr. Augusto Fu<br />
chini, engenheiro da Companhia Real,<br />
facto em que interveio o ministro da<br />
França no nosso paiz, contestando com<br />
legitimo pezar e proce<strong>de</strong>nte indignação,<br />
que o governo português tolera e acata<br />
em assumptos <strong>de</strong> administração interna<br />
a ingerencia <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados dos<br />
governos extrangeiros.<br />
O Ministro da Fazenda, appoiado<br />
por gregos e troyanos, <strong>de</strong>clarou inconveniente<br />
discutir o assumpto no parlamento,<br />
inutilizando assim o aviso prévio<br />
do sr. Fuschini.<br />
Taes successos não vincam no nosso<br />
espirito a menor impressão <strong>de</strong> extranheza.<br />
São consequências previstas,<br />
inelutáveis, do regimen <strong>de</strong> protectorado<br />
<strong>de</strong>gradante a que nos submetteram<br />
governos <strong>de</strong> immundos traidores.<br />
Havemos <strong>de</strong> presenciar mais e melhor.<br />
E só então se comprehen<strong>de</strong>rá a<br />
profunda verda<strong>de</strong>, o nobre <strong>de</strong>sinteresse,<br />
a sinceríssima indignação com que, em<br />
vários momentos críticos, accusaram a<br />
malta do Terreiro do Paço aquelles<br />
sobre quem se lançavam, <strong>de</strong> par com<br />
infames perseguições, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ns offensivos<br />
e torpíssimas calumnias.<br />
Será, talvez, tar<strong>de</strong> para uma obra<br />
<strong>de</strong> salvação e <strong>de</strong> justiça...<br />
Foi homeado para o logar <strong>de</strong> ama-<br />
ex.\<br />
nuense da administração dêste concelho,<br />
que já interinamente exercia, o sr.<br />
\ . venerador,<br />
Francisco Rodrigues Nunes.<br />
Eduardo Ferreira dos Santos Silva.<br />
Julio QÁbeilard Teixeira.<br />
Porto, 29 <strong>de</strong> j ineiro, 903.<br />
*<br />
Mortuária<br />
Falleceu o alumno do i.° anno do<br />
lyceu d'esta cida<strong>de</strong>, sr. Carlos Augusto<br />
Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Também ha dias se finou o sr.<br />
Manuel Simões Branco, cunhado do<br />
industrial <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> sr. João António<br />
da Cunha.<br />
Realizou-se ante-ontem o funeral<br />
do rev.° Pedro Coutinho ^Albuquerque,<br />
professor do collégio <strong>de</strong> S. Pedro.<br />
Foi muito concorrido.<br />
Foram passados no governo civil<br />
dêste districto, no mês findo, i5o passaportes,<br />
sendo 10 para a Africa e 140<br />
para o Brazil.<br />
AN NÚNCIOS<br />
SALÃ0_DA MODA<br />
QO — Rua Ferreira Borges — Q4<br />
Artigos <strong>de</strong> muita novida<strong>de</strong> por preços<br />
sem eguaes.<br />
Differença 10, 20 e 3o por cento<br />
mais barato.<br />
Atelier <strong>de</strong> vestidos e chapeos.<br />
Na rua da Sophia n.° 167, ha para<br />
ven<strong>de</strong>r dois bilhares, um <strong>de</strong> pau preto,<br />
novo, outro <strong>de</strong> mogno, usado. Ha também<br />
elgumas oleografias.