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Obra Completa - Universidade de Coimbra

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Pelas lettras<br />

Um novo livro <strong>de</strong> Max Nordau<br />

II<br />

Por lapso evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> composição,<br />

sahiu inclUido na 1.*'parte-j<br />

os' romancistas — o que se refere<br />

aos Tres príncipes—que constitue a<br />

2." parte do volume. Feita a corrigenda,<br />

entramos na 3," parte do Vus<br />

du <strong>de</strong>hors.<br />

Dramaturgos.<br />

Gomo esta parte, já o dissemos, é<br />

a mais extensa do livro, não acompanharemos<br />

tão seguidamente a Nordau<br />

e sumularemos apenas, a largo, o risco<br />

principal das suas criticas, mesmo por<br />

que ignorando quasi completamente o<br />

nosso publico o mo<strong>de</strong>rno theatro francês,<br />

que ella versa, privado está <strong>de</strong><br />

apprehen<strong>de</strong>r bem as censuras do auctor.<br />

Abrindo a pela Ps/chologia <strong>de</strong> Alexandre<br />

Dumas, filho, Nordau ensaia o<br />

confronto entre ò dramaturgo è o dictador<br />

cesáreo, perfeitamente idênticos em<br />

suas figuras dominadoras; faz a notificação<br />

dos seguintes meios ao auctor<br />

dramatico: força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> (para crear<br />

a accão); phantasia ten<strong>de</strong>ndo para o<br />

symbolo primitivo (<strong>de</strong>stinada á invenção<br />

dos pormenores exteriores hypnotisantes,<br />

taes como o «milhão d'oiro virgem»<br />

da Princesse <strong>de</strong> Bagdad, ou «do alto<br />

d'estas pyrami<strong>de</strong>s quarenta séculos nos<br />

contemplam»); violência <strong>de</strong> affectos<br />

(para excitar no publico, movimentos<br />

ct'alma); banalida<strong>de</strong> (pois que a psycho<br />

logia collectiva é synonimo <strong>de</strong> logar<br />

commum). Todos possuia Dumas, o<br />

auctor mais subjectivo da França, visto<br />

que só se contou a si proprio, e não<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u nem vingou senão a si mesmo.<br />

Le Fils <strong>de</strong> 1'oArétin, <strong>de</strong> Henri Bor<br />

nier é um pobre drama em verso. O<br />

auctor <strong>de</strong>sconhece as theorias scientifi<br />

cas, <strong>de</strong>feito este que Nordau attribue<br />

a quasi todos os outros dramaticos,<br />

accrescentando que uma parte da Ínstrucção<br />

elementar dos poetas menores<br />

<strong>de</strong>veria consistir em se lhes inculcar a<br />

prohilição <strong>de</strong> brincar com essas theo<br />

rias, que nas suas mãos são mais pe<br />

rigosas que os phosphoros.<br />

Em Brieux nota Nordau duas pha<br />

ses: uma <strong>de</strong> reaccionansmo intransi<br />

gente com íEvasion Les Trois Fillts<br />

<strong>de</strong> M. Dupont, Le Berceau e outra pedagógica,<br />

educadora e reformadori,<br />

d'obras hybridas e por conseguinte es<br />

tereis. Les Remplaçantes são a drama<br />

tisação do i.° capitulo do Emile <strong>de</strong><br />

Rousseau, feita <strong>de</strong> maneira insupporta<br />

vel para todo o espectador que não te<br />

nha um bébé ao collo, Les oAvarus<br />

expõem sã doutrina, mas a scená é<br />

imprópria para a vulgarisação <strong>de</strong> conhc<br />

cimentos médicos, e é impossível persuadirmo-nos<br />

<strong>de</strong> que aquillo é theatro.<br />

Não é fácil saber o que o auctor quiz<br />

com a Petite Cámie que é um manual<br />

<strong>de</strong> todas as reformas sociaes. Brieux<br />

<strong>de</strong> dramaturgo tornando-se apostolo<br />

fará talvês um progresso moral, mas<br />

com certêsa um recuo artístico.<br />

Paul Hervieu é um dos mais felizes<br />

cultivadores da «canalhice» elegantt,<br />

no theatro com tudo abandonou o pro-<br />

cesso, Les Tenailles tem bom estylo,<br />

resuscitaram Antony e fizeram soar a<br />

trombeta do amor materno, eis ahi a<br />

;razão do-suecesso; não são ccmtudo<br />

uma peça <strong>de</strong> these e muito menos uma<br />

peça verda<strong>de</strong>ira. La Loi <strong>de</strong> VHomme<br />

tem graves imperfeições contrabalançadas<br />

por vêses, por uma superior força<br />

dramatica. La Course du Flambeau<br />

é uma obra combinada friamente pela<br />

razão e geometricamente traçada, mas<br />

numa litteratura que produziu a bailada<br />

da Glu (<strong>de</strong> Jean Richepin), o assumpto<br />

da <strong>de</strong>dicação da mãe e da ingratidão<br />

do filho, está exhausto, a seu lado não<br />

se aguenta nenhuma glacial peça <strong>de</strong><br />

theatro.<br />

Maurice Donnay tem Como qualida<strong>de</strong>s,<br />

a blague, a língua do Chat-Noir<br />

e o ser um dos inventores do genero<br />

rosse. Quem conhece uma peça sua<br />

conhece todas. A proposito dos Amants<br />

escreve Nordau <strong>de</strong>liciosas paginas so<br />

bre Como acaba o amor.<br />

François <strong>de</strong> Curei é um felizardo,<br />

imbuído <strong>de</strong> Ibsen e Bjõrnson, um dramaturgo<br />

«não enctidiano» cujas obras<br />

são peças <strong>de</strong> museu que reclamam o<br />

frasco d'alcool e rotulo em latim. A<br />

Filie Sauvage é o effêito d'uma indigestão<br />

que o auctor apanhou do Solness,<br />

constructor.<br />

E' <strong>de</strong> Jacques Normand a creàncice<br />

ingénua La Douceur <strong>de</strong> croire.<br />

Octave Mirbeau tentou a peça socialista,<br />

vulgar na Aliemanha com Les<br />

SMauvais Pergers. Não se trata agora<br />

do seu po<strong>de</strong>roso talento, indiscutido,<br />

mas a sua peça é fraca e <strong>de</strong>clamatória.<br />

A arte não dispõe <strong>de</strong> meios para <strong>de</strong><br />

monstrar a necessida<strong>de</strong> da modificação<br />

da constituição economica universal,<br />

visto que os discursos e as conferencias<br />

intercaladas no drama ou no romance<br />

não são meios artísticos.<br />

Victorien Sardou para <strong>de</strong>monstrar<br />

que podia fazer peças <strong>de</strong> these escreveu<br />

o Espiritismo, que Nordau aprecia<br />

humoristicamente.<br />

LAinée <strong>de</strong> Jules Lemaure é uma<br />

composição paupérrima, reaccionária,<br />

sobre cujas, fraquêsas não vai; inpistir.<br />

O Cyrano <strong>de</strong> Bergerac é uma bella<br />

obra, terminal, isto é, <strong>de</strong>sabrochada do<br />

botão mais elevado da arvore e erguendo<br />

em sua linha normal <strong>de</strong> crescimento o<br />

seu cimo a mais alto, ao passo que a<br />

litteratura d imaginação dos trinta ulti<br />

mos annos, do naturalismo ás escolas<br />

alienadas dos tempos mais recentes,<br />

foi um ramo lateral inserto, agarrado<br />

como paçasita á arvore. Muitos pormenores<br />

e muitos versos não <strong>de</strong>vem<br />

ser examinados, perto <strong>de</strong> mais. O Cyrano<br />

<strong>de</strong> Bergerac sob um dado costume<br />

nacional, é também puramente hu<br />

mano. A peça é um conto <strong>de</strong> fadas e<br />

num conto <strong>de</strong> fadas ninguém busca<br />

verosimilhança. Po<strong>de</strong> olhar se d'alto<br />

este genero, é um ponto <strong>de</strong> vista. In<br />

contestável é que não avança o conhecimento<br />

efere o sentido da realida<strong>de</strong>.<br />

Mas os contos <strong>de</strong> fadas, são também<br />

uma necessida<strong>de</strong> das: creanças gran<strong>de</strong>s<br />

e pequenas e jâ que prédio é, contagem<br />

se-lhes, valem mil yêses mais os contos<br />

alegres e tocantes comi) o que forma a<br />

acção do Cyrano <strong>de</strong> Pergerac, que as<br />

historias frequentemente vesanicas, por<br />

vêses criminosas, sempre <strong>de</strong>sesperadamente<br />

enfadonhas, das escolas chamadas<br />

«mo<strong>de</strong>rnas» que nas florestas vir<br />

creados francêses, para quem esse idio<br />

ma era <strong>de</strong>sconhecido.<br />

THÉOPHILE GAUTIER<br />

O Parisiense Octávio sabia latim,<br />

italiàno, espanhol, algumas palavras <strong>de</strong><br />

inglês; mas, como todos os Gallo Ro<br />

manos, ignorava completamente as lin<br />

guas slavas.<br />

AVATAR<br />

Em Florença, a con<strong>de</strong>ssa fallava-lhe<br />

sempre francês ou italiano, e não lhe viera<br />

á i<strong>de</strong>ia apren<strong>de</strong>r o idioma, em que MickieWicz<br />

quaçi egualou Byron. Não se<br />

pensa em tudo!<br />

XI<br />

Ao ouvir aquella phrase passou no<br />

cerebro do con<strong>de</strong>, habitado pelo eu<br />

Mais pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta vês, Octávio <strong>de</strong> Octávio, um pheriofneno muito sin-<br />

velou a chama do olhar, e mascarou o gular: os sons extranhos no Parisiense,<br />

o seu extase mudo com um ar indiffe- seguindo as pregas dum ouvido slavo,<br />

rente.<br />

chegaram ao logar habitual em que os<br />

A con<strong>de</strong>ssa esten<strong>de</strong>u o pé calçado recebia a alma <strong>de</strong> Olaf para os tradu-<br />

em pelle mordoréé, sobre a Ian sedosa zir em pensamentos, e evocaram alli<br />

do tapete colocado <strong>de</strong>baixo da mêsa uma especie <strong>de</strong> memoria physica; o<br />

para neutralizar o frio contacto do sentido appareceu confusamentea Octá-<br />

mármore branco, e brocatel <strong>de</strong> Verona vio, palavras encerradas nas circumvo-<br />

que forrava o pavimento da sala <strong>de</strong> luções cerebraes,:.no fundo das gavetas<br />

jantar, fez um leve movimento <strong>de</strong> hom- secretas da memoria, apresentaram se<br />

bros, como gelada por um calefrio <strong>de</strong> zumbindo promptas para a replica; mas<br />

febre, e, fixando os seus bellos olhos <strong>de</strong> estas reminiscências vagas, não sendo<br />

um azul polar sobre o conviva, que postas em communicação com o espi-<br />

tortíava pelo marido, porque o dia ti rito, dissiparam se logo, e tudo se tor<br />

nha feito fugir os. presentimentos, os nou opaco. O embaraço do pobre aman-<br />

terrores e os fantasmas nocturnos, te era medonho; não tiniu pensado<br />

disse-lhe com uma voz harmoniosa e naquellas complicações ao vestir a pelle<br />

terna, cheia <strong>de</strong> doçura e provocação do con<strong>de</strong> Olaf Labinski, e comprehen-<br />

casta, uma phrase em polaco!'.! Com <strong>de</strong>u que, roubando a forma <strong>de</strong> outro,<br />

o con<strong>de</strong> servia-se muitas vêses da cara se expunha a ru<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sillusões.<br />

lingua materna nos momentos <strong>de</strong> do- Prascovia, admirada do silencio <strong>de</strong><br />

çura ç intimida<strong>de</strong> sobretudo <strong>de</strong>ante dos Octávio, e julgando que, <strong>de</strong>straido por<br />

KÍQSISTENÇIA Quinta-feira, 19 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1903 3<br />

gens da America passam talvês ainda<br />

por Serem a ultima moda.<br />

L'Aiglon — '& um conto este gran<strong>de</strong><br />

triumpho <strong>de</strong> Rostand. Consi<strong>de</strong>ra-lo<br />

um drama historico é não lhe fazer<br />

justiça, ê preciso para lhe apreciar o<br />

valor, gosa-lo como uma creação livre<br />

que se <strong>de</strong>senrola num tempo fabuloso<br />

e num país ^<strong>de</strong>sconhecido nos mappas.<br />

LoAiglon é o cântico dos cânticos do<br />

chauvinismo, cantado ao modo dos dra<br />

mas ultra-romanticos <strong>de</strong> Victor Hugo.<br />

Um publico mais requintado, não se<br />

guiria o auctor. Mas não era isso sequer<br />

necessário. O bardo nacional tem<br />

simplesmente que cantar ao povo in<br />

genuo o seu gran<strong>de</strong> passado. E afinal<br />

<strong>de</strong> contas, Homero Eschylo e Sopho<br />

cies não fizeram outra coisa na origem.<br />

Fecha com taes palavras este interessante<br />

cavaco <strong>de</strong> 33o paginas, que<br />

o auctor pretendosamente chrismou <strong>de</strong><br />

critica «scientifica e philosophica», quando<br />

não passa da mais ligeira e coinesinha<br />

critica litteraria. Do seu valor<br />

po<strong>de</strong>r-se ha aquilatar pelo resumo que<br />

ahi fica; é o peior livro <strong>de</strong> quantos co<br />

nhecemos a Nordau, não teve gran<strong>de</strong><br />

lapso para o paradoxo tão seu querido<br />

e a prosa <strong>de</strong>sanimou-se um boccado com<br />

a ausência do companheiro habitual.<br />

Parece feito systematicamente para<br />

dizer mal e afinal o elogio intrometteuse<br />

e sobrecahiu immercidamente em al<br />

guns. São inegavelmente justas as criticas<br />

a Goncourt, a Mallarmè, a Donnay,<br />

<strong>de</strong> que é preciso salvar os Amants<br />

e incluir no libello a sua ultima producção<br />

LoAutre Danger uma coisa<br />

futilmente occa e preversa.<br />

Quanto a Guy <strong>de</strong> Maupassant e a<br />

Verlaine, o auctor no muito mal que<br />

diz d'um, e no pouco bem que diz do<br />

outro <strong>de</strong>sacertou.<br />

Pera nãp alongarmos <strong>de</strong>smedidamente<br />

este artigo, em outro que o siga,<br />

apreciaremos algumas das asserções<br />

criticas do superficial Nordau.<br />

lí, P.<br />

CONVITE<br />

Tendo a Mêsa da Santa Casa da<br />

Misericórdia resolvido mandar celebrar,<br />

na Capella da mesma Santa Casa, exequias<br />

solemnes, por alma do seu bene<br />

mérito bemfeitor Antonio Maria Martins<br />

<strong>Coimbra</strong>, no dia 21 do corrente<br />

mês pelas 9 e meia horas da manhã,<br />

venho por esta fórma rogar a assistência<br />

a esse" acto <strong>de</strong> todos os parentes e amigos<br />

do fallecido.<br />

<strong>Coimbra</strong>, 16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1903.<br />

O Provedor,<br />

Guilherme oAlves Moreira.<br />

COMPANHIA EQUIDADE<br />

Seguros <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> animaes<br />

(boi, vacca, eavallo e muar)<br />

ao premio <strong>de</strong> 3 *fo do valor dò animal<br />

Agente em <strong>Coimbra</strong>,<br />

Joaquim António Pedro.<br />

Em casa do sr. António Rodrigues<br />

Pintcr.<br />

alguma meditação, a não ouvira, repetiu<br />

a phrase lentamente e em voz mais<br />

afta.<br />

Se ouvia melhor as palavras, nem<br />

por isso as entendia melhor o falso<br />

con<strong>de</strong>; fazia esforços <strong>de</strong>sesperados para<br />

adivinhar <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria tratar se; mas<br />

para quem es não sabe, as compactas<br />

línguas do norte não tem transparência,<br />

e se um francês po<strong>de</strong> suspeitar, o que<br />

diz uma italiana, ficará, como se fôra<br />

surdo, ao ouvir uma polaca.<br />

Sem querer, cobriu-lhe as faces ru<br />

bor ar<strong>de</strong>nte; mor<strong>de</strong>u os lábios, e, para<br />

se dar um ar <strong>de</strong>sembaraçado, curtou<br />

raivosamente o bocado que tinha no<br />

prato.<br />

«Dir-se-ia em verda<strong>de</strong>, meu caro<br />

senhor, disse a con<strong>de</strong>ssa, <strong>de</strong>sta vês um<br />

francês, que me não ouve, ou que me<br />

não enten<strong>de</strong>s.<br />

— Com effeito, balbuciou Octávio<br />

Labinski, não Sabendo bem o que dizia.<br />

.. este diabo <strong>de</strong> lingua é tám difficil!<br />

— Difficil talvês para os extrangeiros;<br />

mas para quem a balbuciou sobre<br />

os joelhos da mãe, salta dos lábios<br />

como o sopro da vida, como o effluvio<br />

do pensamento.<br />

— Sim! Sem duvida! Mas ha momentos<br />

em que me parece que a não<br />

sei.<br />

—• Que dizeg,,QisIO DOS OLIVAGS<br />

Daniel E>ía,vid, participa aos<br />

seus Ex. mos amigos e freguezes que tem<br />

á venda, <strong>de</strong> • sua conta, o vinho que<br />

comprou na a<strong>de</strong>ga do Ill. m0 Ex. m ° Sr.<br />

A<strong>de</strong>lino Simões <strong>de</strong> Carvalho, em Montes<br />

Claros, que este vinho se sujeita<br />

afoitamente á analyse e o fornece por<br />

preço convidativo a particulares que o<br />

requeiram em quantida<strong>de</strong> superior a 10<br />

litros.<br />

Ao bom vinho em<br />

Santo Antonio,<br />

; a<br />

Alfaiataria Académica<br />

AFFONSO DE BARROS<br />

Acaba <strong>de</strong> chegar a esta casa o exímio<br />

tailleur Saturnino F. Grant, exerente<br />

da Alfaiataria Amieiro, <strong>de</strong><br />

E<br />

isboa.<br />

Rua Ferreira Borges<br />

COIMBRA<br />

va-se metido nos meandros, sem sahida<br />

para elle, duma existencia, que não<br />

conhecia. Tomando o corpo ao con<strong>de</strong><br />

Olaf Labinski, percisava também <strong>de</strong><br />

lhe ter roubado as noções anteriores,<br />

as línguas que sabia, as recordações<br />

<strong>de</strong> infancia, os mil <strong>de</strong>talhes íntimos que<br />

compõe o eu <strong>de</strong> um homem, as relações<br />

ligando a sua existencia ás outras<br />

existencias: e para isso não bastava<br />

todo o saber do dr. Balthazar Cherbonneau.<br />

Que raiva! estar naquelle<br />

paraíso, cuja porta mal se atrevia a<br />

ver <strong>de</strong> longe; habitar sob o mesmo tecto<br />

<strong>de</strong> Prascovia, vel-a, fallar-lhe, beijar<br />

aquella bella mão com os mesmos<br />

lábios do marido, e não po<strong>de</strong>r enganar<br />

o seu pudor celeste, e trair-se a cada<br />

instante por alguma estupidês inexpremivel!<br />

«Estava escripto lá em cima<br />

que Prascovia nunca havia <strong>de</strong> amar-mé!<br />

Todavia eu fiz o maior sacrifício a que<br />

possa <strong>de</strong>scer o orgulho humano: renunciei<br />

ao meuew e consenti em aproveitar-me,<br />

sob uma forma extranha das<br />

caricias <strong>de</strong>stinadas a outro!»<br />

Estava nesta parte do monologo<br />

quando groom se inclinou <strong>de</strong>ante <strong>de</strong>lle<br />

com todos os signaes do mais profundo<br />

respeito, perguntando lhe que<br />

Cavallo queria montar...<br />

Vendo que não respondia, o groom<br />

arrisfou se, espantado <strong>de</strong> tai atrevimento<br />

a perguntar:<br />

«Vultur ou Rustem ? Não sahiram<br />

ha oito dias. i<br />

(Continúa).

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