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Euclides da Cunha, intérprete do Brasil: O diário de um povo ... - pucrs

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HOHLFELDT, A. – O repórter <strong>Eucli<strong>de</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Cunha</strong> em Canu<strong>do</strong>s<br />

Ruas largas, praças, imensas; não tem<br />

sequer <strong>um</strong>a viela estreita, <strong>um</strong> beco<br />

tortuoso. É talvez a melhor ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

interior <strong>da</strong> Bahia. Convergem para<br />

ela to<strong>do</strong>s os produtos <strong>da</strong>s regiões<br />

em torno, imprimin<strong>do</strong>-lhe movimento<br />

comercial notável (CUNHA, 1897).<br />

Ou então, esta outra passagem:<br />

TANQUINHO - São <strong>de</strong>z horas <strong>da</strong><br />

noite. Traço rapi<strong>da</strong>mente estas notas<br />

sob a ramagem opulenta <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

joazeiro, enquanto, em torno, to<strong>do</strong> o<br />

acampamento <strong>do</strong>rme. Tanquinho é<br />

positivamente <strong>um</strong> lugar <strong>de</strong>testável e o<br />

viajante que vence as cinco léguas que<br />

o separam <strong>de</strong> Queima<strong>da</strong>s tem a pior <strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>cepções ante esta lúgubre tapera <strong>de</strong><br />

duas casas aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>s,<br />

quase invadi<strong>da</strong>s pela galha<strong>da</strong> áspera<br />

e inextricável <strong>do</strong> alecrim <strong>do</strong>s taboleiros<br />

(CUNHA, 1897).<br />

O azed<strong>um</strong>e po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r lugar ao entusiasmo:<br />

CANSANÇÃO - Aqui chegamos às 9<br />

horas <strong>da</strong> manhã - esplêndi<strong>da</strong> manhã!<br />

- caminhan<strong>do</strong> duas léguas a partir <strong>do</strong><br />

Tanquinho. Cansanção, felizmente, já<br />

merece o nome <strong>de</strong> <strong>povo</strong>a<strong>do</strong>. Tem onze<br />

casas, alg<strong>um</strong>as cobertas <strong>de</strong> telhas, e <strong>um</strong><br />

armazém paupérrimo no qual entramos<br />

com a mesma satisfacção com que aí<br />

26<br />

se penetra no Pregredior. Sentimos nos<br />

<strong>de</strong>sl<strong>um</strong>bra<strong>do</strong>s ante as prateleiras toscas<br />

e <strong>de</strong>sguarneci<strong>da</strong>s (CUNHA, 1897).<br />

Até chegar ao objetivo, Monte Santo:<br />

MONTE SANTO - Finalmente chegamos,<br />

às 9 horas <strong>da</strong> manhã, à nossa base <strong>de</strong><br />

operações, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong><br />

marcha. Ninguém po<strong>de</strong> imaginar o que<br />

é Monte-Santo a três quilómetros <strong>de</strong><br />

distância. Ereta n<strong>um</strong> ligeiro socalco,<br />

ao pé <strong>de</strong> magestosa montanha, a<br />

<strong>povo</strong>ação, poucos metros a cavaleiro<br />

sobre os taboleiros extensos que se<br />

esten<strong>de</strong>m ao norte, está n<strong>um</strong>a situação<br />

admirável (CUNHA, 1897).<br />

O outro aspecto, mais tenebroso, <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong>, é,<br />

ao mesmo tempo, a contribuição maior <strong>do</strong> repórter: colhe ele,<br />

ao vivo, as cenas que ocorrem no dia a dia, especialmente<br />

o interrogatório <strong>de</strong> prisioneiros e o seu comportamento. Ou<br />

episódios <strong>de</strong> valentia e absoluta temeri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s jagunços. É<br />

o caso, por exemplo, <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> agosto, publica<strong>do</strong><br />

em 25 <strong>de</strong> agosto (apenas <strong>um</strong>a semana <strong>de</strong> intervalo!):<br />

Um Episódio <strong>da</strong> Luta - Em dias<br />

<strong>de</strong> junho ultimo <strong>um</strong> <strong>do</strong>s filhos <strong>de</strong><br />

Mac<strong>um</strong>bira, a<strong>do</strong>lescente <strong>de</strong> quinze<br />

anos abeirou-se <strong>do</strong> ru<strong>de</strong> chefe<br />

sertanejo: - Pai, quero <strong>de</strong>struir a<br />

mata<strong>de</strong>ira. (Sob tal <strong>de</strong>nominação<br />

indicam os jagunços o canhão Krupp,

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