<strong>Eucli<strong>de</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Cunha</strong>, <strong>intérprete</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>: O <strong>diário</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>povo</strong> esqueci<strong>do</strong> singran<strong>do</strong> qual a nave nas águas <strong>do</strong>mestica<strong>da</strong>s pelos ventos alísios, as fun<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> obra seminal, hoje talvez <strong>de</strong>satualiza<strong>da</strong> na linguagem, mas perene, imortal, como o poema <strong>de</strong> Camões, a hilária trama <strong>de</strong> Cervantes e o teatro <strong>de</strong> Shakespeare, <strong>de</strong>safian<strong>do</strong> gerações <strong>de</strong> leitores e estudiosos em seu mais profun<strong>do</strong> escrutínio, interminável prospecção que, ao final, expõem aquilo que realmente intriga: a natureza h<strong>um</strong>ana! 97
OS SERTÕES: SUA INFLUÊNCIA E IMPORTÂNCIA NA BRASILIDADE A obra principal <strong>de</strong> <strong>Eucli<strong>de</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Cunha</strong> - Os sertões - o adjetivo mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, mais justo, é “mon<strong>um</strong>ental”. Ten<strong>de</strong> para <strong>um</strong> ensaio histórico-sociológico visan<strong>do</strong> à formação antropológica e às raízes <strong>do</strong> <strong>povo</strong> brasileiro. Não é obra científica nem ficção, inobstante abranger os <strong>do</strong>is aspectos, analisan<strong>do</strong> nossos tipos regionais, sobretu<strong>do</strong> o sertanejo, a terra calcina<strong>da</strong>, adusta e sáfara e os esforços <strong>de</strong> cunho belicista monta<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>speja<strong>do</strong>s contra os empobreci<strong>do</strong>s seres que se reuniam em torno <strong>de</strong> <strong>um</strong>a li<strong>de</strong>rança messiânica e eiva<strong>da</strong> <strong>de</strong> fanatismo. Releva a importância e o brilhantismo <strong>da</strong> obra euclidiana o <strong>de</strong>bruçar sobre ela que fizeram gran<strong>de</strong>s escritores e críticos literários como Araripe Junior, Alceu Amoroso Lima (Tristão <strong>de</strong> Ataí<strong>de</strong>), Silvio Rabelo, o gran<strong>de</strong> escritor e sociólogo Gilberto Freire, “o Sábio <strong>de</strong> Apipucos” e autor <strong>de</strong> Casa Gran<strong>de</strong> e Senzala, que consi<strong>de</strong>rou Os sertões tão importante que conceituou-a como fixa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> entrechoque <strong>de</strong> duas culturas brasileiras, a litorânea e a <strong>do</strong> sertão. Freire também afirmou que, mais <strong>do</strong> que estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> geografia física e h<strong>um</strong>ana “é <strong>um</strong> livro também <strong>de</strong> poesia” e Afrânio Coutinho citou-a até como obra <strong>de</strong> ficção: - “Os Sertões são <strong>um</strong>a obra <strong>de</strong> ficção, <strong>um</strong>a narrativa heróica, <strong>um</strong>a epopéia em prosa, <strong>da</strong> família <strong>de</strong> ‘Guerra e Paz’, <strong>da</strong> ‘Canção Luciano Marcio Prates <strong>do</strong>s Santos <strong>de</strong> Rolan<strong>do</strong>’, e cujo antepassa<strong>do</strong> mais ilustre é ‘A Ilía<strong>da</strong>’.” E aqui aproveito o “gancho” para lembrar que Canu<strong>do</strong>s era também chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> “Tróia <strong>de</strong> Palha” ou “Tróia <strong>de</strong> Taipa”... Assim, <strong>Eucli<strong>de</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Cunha</strong>, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> também <strong>de</strong> sertanejos baianos, cal<strong>de</strong>a<strong>do</strong> ou miscigênico, com sua pena insuperável analisou, com argúcia, fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> e gran<strong>de</strong> erudição, nossa toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência nacional, através <strong>de</strong> percuciente observação <strong>da</strong> paisagem antropológica (o homem, produto <strong>de</strong> fatores mesológicos e geográficos) e física (<strong>de</strong>screven<strong>do</strong> geologicamente a terra, a região <strong>da</strong> Bahia, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> brotam expressões como “natureza tortura<strong>da</strong>”, “vegetação agonizante”, “guerra <strong>da</strong> terra contra o homem”, “terror <strong>da</strong> seca” e outras). Mas é, precisamente nela, nessa terra seca e esturrica<strong>da</strong>, greta<strong>da</strong> pelo sol inclemente, que assoma o telurismo, a influência <strong>do</strong> solo <strong>da</strong> região baiana sobre os cost<strong>um</strong>es, o caráter e outros aspectos <strong>do</strong>s seus habitantes. E a luta, essa foi algo <strong>de</strong> terrível: crueza e cruel<strong>da</strong><strong>de</strong> sempre presentes, embosca<strong>da</strong>s, covardia e bravura <strong>de</strong> ambos os la<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>sprendimento e indiferença à morte, heroísmo, torpitu<strong>de</strong>, mortes pavorosas a mostrar que se há <strong>um</strong>a só maneira <strong>de</strong> nascer há muitas <strong>de</strong> morrer, como exemplificaremos adiante, a comprovar que “na guerra, o h<strong>um</strong>ano é h<strong>um</strong>ano só por ser menos <strong>de</strong>s<strong>um</strong>ano...”.
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