VJ FEV 091.p65 - Visão Judaica
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*Breno Lerner é editor e<br />
gourmand, especializado<br />
em culinária judaica.<br />
Escreve para revistas,<br />
sites e jornais. Dá<br />
regularmente cursos e<br />
workshops. Tem três<br />
livros publicados, dois<br />
deles sobre culinária<br />
judaica.<br />
Purim<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2009 Shevat / Adar 5769<br />
Breno Lerner *<br />
Algumas rápidas e práticas dicas para o próximo Purim e, como não poderia deixar de ser, suas histórias.<br />
Pato ato ao ao Suco Suco de de Uvas Uvas<br />
Uvas<br />
Ingredientes:<br />
1 peito de pato (magret) cortado em dois<br />
pedaços;<br />
1 xícaras de suco de uvas;<br />
¼ de xícara de aceto balsâmico;<br />
1 colher de chá de manteiga;<br />
1 cacho pequeno de uvas sem caroço,<br />
cortadas ao meio;<br />
Sal e pimenta do reino à gosto.<br />
Modo de fazer:<br />
Coloque o suco de uvas e o aceto em uma<br />
panelinha e cozinhe até reduzir a 1/3.<br />
Reserve. Tempere o peito com sal e pimenta<br />
do reino. Numa frigideira frite-o,<br />
inicialmente com a pele para baixo até<br />
chegar ao ponto desejado. Depois frite<br />
rapidamente o outro lado. Deixe descansar<br />
por uns minutos e depois corte em<br />
fatias bem finas. Reaqueça o molho, coloque<br />
as uvas e a margarina. Deixe borbulhar<br />
por 30 segundos. Arranje as fatias<br />
de pato em um prato, cubra decorativamente<br />
com o molho e enfeite com um<br />
cachinho com três uvas. Sirva com esta<br />
brasileiríssima receita de mandioquinha.<br />
Moysés Paciornik Z"L<br />
Muitos entendidos insistem em afirmar que a rainha Ester teria<br />
servido uma receita de pato no famoso banquete servido ao Rei<br />
Assuero. Não há comprovação definitiva sobre o assunto. Em<br />
todo caso, segue esta receita de tempos bíblicos, modernizada<br />
pelos romanos e remodernizada no século XVIII pelos franceses.<br />
De quebra, uma historinha sobre as uvas e a bíblia.<br />
A uva, como base da economia juntamente com o óleo e o cereal<br />
é citada 16 vezes no Velho Testamento.<br />
A canção de Isaías (Isaías 5:1, 2) é um verdadeiro ode e manual<br />
de como plantar videiras. Já naquela época, sabia-se que a localização<br />
do vinhedo numa encosta de altitude com grandes mudanças<br />
de temperatura entre o dia e a noite, fazia a uva amadurecer<br />
mais lentamente e, portanto produzir vinhos mais finos.<br />
Já Ezequiel (Ezequiel 17:6, 8) nos ensina a plantar videiras em<br />
treliças e aumentar sua produtividade.<br />
Arqueologistas tem encontrado prensas de vinho por toda Israel<br />
da Galiléia ao Negev. Ânforas e Jarras de transporte de vinho<br />
estão entre os achados mais comuns no país. Curiosamente, notase<br />
que as ânforas costumavam registrar detalhes como onde o<br />
vinho foi fabricado, por quem foi fabricado e até o ano em que<br />
foi fabricado, obviamente indicando que, já na antiguidade, a<br />
origem do vinho era importante para o consumidor.<br />
Sabemos que Faraós do Egito costumavam importar os "afamados"<br />
vinhos de Canaã. A produção de vinho era uma importante<br />
indústria durante o período do Primeiro e Segundo Templos e os<br />
reis de Judá e Israel tinham vastos vinhedos e monopólio de lojas<br />
de vinho. O Rei David chegou a ter um ministro para os vinhedos<br />
e um outro para as caves.<br />
Plantadores de vinhedos tinham isenção do serviço militar e a<br />
vinha, as uvas e suas folhas eram ilustrações freqüentes de frisas,<br />
selos, brasões e moedas.<br />
Moysés Goldstein Paciornik nasceu em Curitiba em 1914. Formou-se em Medicina<br />
(1938) com especialização em Ginecologia e Obstetrícia. Docente de Clínica Obstétrica<br />
da Faculdade de Medicina do Paraná e professor da Escola de Higiene e Saúde do<br />
Estado, ele desenvolveu seu trabalho na Casa de Saúde Paciornik (Curitiba). Fundador<br />
e diretor do Centro Paranaense de Pesquisas Médicas (1959), instituição que se<br />
dedicava à Prevenção do Câncer Ginecológico no Estado do Paraná, estendeu os serviços<br />
de prevenção às reservas indígenas do Sul do País, colhendo subsídios que levaram<br />
à adoção do Parto de Cócoras (1975) e às bases dos exercícios físicos benéficos ao<br />
funcionamento orgânico.<br />
Escreveu os livros: Aprenda a Nascer com os Índios; Aprenda a Viver com os Índios, quem Mata<br />
o Índio?; Aprenda a Envelhecer sem Ficar Velho. Já em 1950, foi convidado pelo jornal Gazeta do<br />
Povo, de Curitiba, para começar a publicar pequenas crônicas e histórias, a maior parte, ligadas ao<br />
dia-a-dia de sua clínica: Mafiosos de Branco; Erros Médicos; Conflitos Psicossociais de um Consultório<br />
Médico; Graças a um Soco; Brincando de Contar Histórias; Os Grine; Nos Trezentos Anos de<br />
Curitiba os Oitenta que Vivi.<br />
O dr. Paciornik pertencia à Academia Paranaense de Letras e à Academia Brasileira de Médicos<br />
Escritores. Ele foi o médico precursor do exame papanicolau no Brasil, tendo, além disso, ajudado a<br />
difundir o parto de cócoras e, em 60 anos de carreira, trouxe ao mundo mais de 60 mil bebês.<br />
Com essa trajetória brilhante de vida profissional, o dr. Moysés Paciornik contribuiu de forma<br />
significativa com o desenvolvimento da medicina no Brasil e no mundo.<br />
O dr. Moysés Paciornik faleceu numa tarde de sexta-feira, 26 de dezembro, início do Shabat, o<br />
dia do descanso judaico. Ele estava com 94 anos e teve uma parada cardíaca após passar por uma<br />
cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O corpo do médico foi trasladado a Curitiba, onde<br />
foi velado a partir das 20h30 de sábado, 27/12, na Associação Médica do Paraná. O sepultamento<br />
ocorreu no domingo 28/12, às 11 horas, no Cemitério Israelita Santa Cândida.<br />
Ingredientes:<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
O senhor das almas<br />
Irène Némirovsky - Ed. Companhia<br />
das Letras<br />
LIVRO<br />
Em O senhor das almas, publicado<br />
originalmente como folhetim em<br />
1939, Irène Némirovsky disseca de<br />
forma cruel as engrenagens e os<br />
vícios de um mundo que conheceu<br />
de perto: o dos imigrantes judeus<br />
que tentavam a sorte na França<br />
dos anos 20.<br />
O jovem médico Dario Asfar, judeu<br />
da Criméia, luta desesperadamente<br />
para conseguir uma clientela<br />
em Nice, nos anos 20.<br />
Sem dinheiro, com mulher e filho<br />
pequeno, um dia aceita praticar<br />
um aborto clandestino. É o<br />
primeiro passo do caminho acidentado<br />
que o conduzirá, em lances de extrema audácia, a<br />
práticas na fronteira do charlatanismo. Num percurso<br />
vertiginoso, Asfar revela-se hábil para explorar os meandros<br />
da teoria psicanalítica que começava a se irradiar<br />
do consultório vienense do dr. Freud. Troca, assim, a cura<br />
do corpo pela cura do espírito, e se torna o "senhor das<br />
almas". Mas ao tentar curar as almas alheias, acaba perdendo<br />
a sua.<br />
5<br />
500 g de spaghettini;<br />
6 colheres de sopa de azeite extra virgem;<br />
Suco de 2 limões:<br />
Casca ralada de 1 limão;<br />
20 azeitonas pretas sem caroço, cortadas<br />
em metades;<br />
3 ovos cozidos picados;<br />
1 colher de sopa de sementes de papoula ou<br />
gergelim;<br />
Sal e pimenta do reino;<br />
Modo de fazer:<br />
Caveos Caveos di di Aman<br />
Aman<br />
(Cabelos (Cabelos de de Haman)<br />
Haman)<br />
Esta receita de origem sefaradi é um clássico<br />
de Purim na Europa Central, para onde foi levada<br />
pelos sefaradim que fugiram de Veneza.<br />
O sábio Kalonyus ben Kalonyus que viveu na<br />
Itália no século XIV, explicava que a receita<br />
leva ovos e azeitonas pretas, símbolos do luto,<br />
para lembrar a crueldade de Haman.<br />
Misture inicialmente o suco e as cascas dos<br />
limões, acrescente aos poucos o azeite, batendo<br />
para dar liga. Coloque então os outros<br />
ingredientes menos a pasta e as sementes<br />
papoula ou gergelim. Cozinhe a pasta al<br />
dente, misture com o molho, polvilhe com<br />
as sementes e sirva.