Jesus dos 13 aos 30 Anos - Loja Maçônica Acácia do Rio Abaixo Nº ...
Jesus dos 13 aos 30 Anos - Loja Maçônica Acácia do Rio Abaixo Nº ...
Jesus dos 13 aos 30 Anos - Loja Maçônica Acácia do Rio Abaixo Nº ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Francisco Klörs Werneck <strong>Jesus</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>13</strong> <strong>aos</strong> <strong>30</strong> <strong>Anos</strong><br />
A respeito desse mosteiro de Himis, mister se faz entremos em pormenores porque <strong>do</strong>is<br />
mosteiros trazem este nome no Tibet. Aquele em que fui recolhi<strong>do</strong> por estar feri<strong>do</strong>, e<br />
cuida<strong><strong>do</strong>s</strong>amente trata<strong>do</strong> e em que me foi comunicada a existência <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong>cumentos que<br />
entrego à curiosidade pública, é o mosteiro situa<strong>do</strong> no Ladak, não longe de Leh, nas<br />
proximidades <strong>do</strong> rio In<strong>do</strong> e <strong>aos</strong> pés das montanhas, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo pico de Himis, de<br />
18.733 pés de altitude. É, depois <strong>do</strong> mosteiro central <strong>do</strong> Lhassa, o mais povoa<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Tibet, sua biblioteca é a mais rica e seus monges os mais instruí<strong><strong>do</strong>s</strong> e estudiosos.<br />
O outro Himis está situa<strong>do</strong> no caminho de Khalsi a Leh e junto ao Shavlikangri, de<br />
18.096 pés, ao norte <strong>do</strong> In<strong>do</strong>. É uma aldeia com um pequeno mosteiro, muito pobre,<br />
abrigan<strong>do</strong> quatro ou cinco monges que se entregam comumente a trabalhos manuais,<br />
fora das horas de suas maquinais orações.<br />
To<strong><strong>do</strong>s</strong> os que se acham um pouco familiariza<strong><strong>do</strong>s</strong> com o Tibet sabem, aliás, que é tão<br />
impossível confundir essas duas localidades quanto o Paris e o Versailles da França<br />
com o Paris e o Versailles <strong>do</strong> Connecticut.<br />
Não tenho dúvida alguma quanto à autenticidade da crônica que me foi comunicada e<br />
que me pareceu redigida, com muita exatidão, por historia<strong>do</strong>res brâmanes e, sobretu<strong>do</strong>,<br />
por budistas da Índia e <strong>do</strong> Nepal.<br />
Quis, de volta à Europa, publicar a tradução delas e, com esse fim, dirigi-me a vários<br />
eclesiásticos universalmente conheci<strong><strong>do</strong>s</strong>, rogan<strong>do</strong>-lhes lessem minhas notas e dissessem<br />
o que delas pensavam.<br />
Monsenhor Platon, célebre metropolitano de Kiew, foi de opinião que o trabalho era de<br />
grande importância, porém dissuadiu-me de fazer aparecer essas memórias acreditan<strong>do</strong><br />
que sua publicação só poderia causar-me aborrecimentos. Por quê? Foi o que o venerável<br />
prela<strong>do</strong> se recusou a dizer-me de mo<strong>do</strong> explícito. Entretanto, como nossa conversa foi<br />
na Rússia, onde a censura teria posto seu veto em semelhante obra, resolvi esperar.<br />
Um ano depois me achava em Roma. Mostrei o manuscrito ao Cardeal Nina, muito<br />
estima<strong>do</strong> pelo Santo Padre, o qual me respondeu textualmente o seguinte: “Que<br />
necessidade há de imprimir-se isto? Ninguém lhe dará grande importância e vós<br />
criareis uma multidão de inimigos. No entanto, sois tão jovem ainda! Se é uma<br />
questão de dinheiro que vos interessa, pedirei para vós uma recompensa pelas<br />
vossas notas, recompensa que vos indenizará das despesas feitas e <strong>do</strong> tempo<br />
perdi<strong>do</strong>”. Naturalmente que recusei.<br />
Em Paris falei <strong>do</strong> meu projeto com o Cardeal Rotelli, que conheci em Constantinopla.<br />
Ele também se opôs a que eu imprimisse o meu trabalho sob o pretexto de que era<br />
prematuro. “A Igreja - acrescentou ele -sofre novamente correntes de idéias ateístas<br />
e vós só fornecereis ensejo a calunia<strong>do</strong>res e detratores da <strong>do</strong>utrina evangélica.<br />
Vo-lo digo no interesse de todas as igrejas cristãs”.<br />
Fui, em seguida, procurar Jules Simon. Ele achou que minha comunicação era muito<br />
interessante e me recomen<strong>do</strong>u que pedisse a opinião de Ernest Renan a respeito da<br />
melhor maneira de publicá-la. No dia seguinte, pela manhã, estava eu senta<strong>do</strong> no gabinete<br />
<strong>do</strong> grande filósofo. No fim de nossa conversa, Renan me propôs que lhe confiasse as<br />
memórias em questão, a fim de fazer um relatório delas à Academia. Tal proposta, como<br />
se compreende bem, era muito sedutora e lisonjeava meu amor-próprio, todavia tornei<br />
a levar a obra sob o pretexto de revê-la ainda uma vez.<br />
Previa que, se aceitasse a proposta, só teria a honra de ter acha<strong>do</strong> a crônica, ao passo<br />
que ao ilustre autor da Vie de Jésus caberia toda a glória da publicação e seus<br />
comentários.<br />
10