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historiadores que então começavam a se <strong>de</strong>bruçar sobre novos temas e objetos. Foi<br />
neste contexto que a mulher e o homossexual emergiram enquanto personagens da<br />
História e objetos do saber historiográfico.<br />
Sendo muito influenciados pelo militantismo gay e lésbico americano, os<br />
trabalhos pioneiros <strong>de</strong> investigação histórica que se <strong>de</strong>bruçaram sobre os<br />
homossexuais e sobre a homossexualida<strong>de</strong> foram aqueles produzidos em língua<br />
inglesa 5 . De fato, os primeiros trabalhos que surgiram neste campo <strong>de</strong> investigação<br />
estavam diretamente ligados à militância gay e lésbica. O historiador Jonathan Katz<br />
comenta que<br />
10<br />
à l’aube exaltante <strong>de</strong> la libération gay et lesbienne (…) nous<br />
avions l’audace d’imaginer un futur sexuel radicalement libre<br />
et différent. Il nous restait encore à reconstituer un passé<br />
sexuel totalement différent 6 .<br />
Os trabalhos em língua inglesa que surgiram no campo <strong>de</strong> investigação da<br />
história das sexualida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>bruçaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo sobre as homossexualida<strong>de</strong>s.<br />
Durante a década <strong>de</strong> 1980, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>bate entre historiadores “essencialistas” e<br />
“construtivistas” incentivou a produção <strong>de</strong> muitos trabalhos que se propuseram a<br />
analisar a construção histórica da “homossexualida<strong>de</strong>”.<br />
“Essencialistas” compreendiam a homossexualida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong><br />
histórica e cultural, prevendo a existência <strong>de</strong> uma certa “essência homossexual” que<br />
atravessaria diferentes períodos históricos, sendo a repressão o elemento que se<br />
alteraria no tempo e no espaço.<br />
Em outro sentido, os “construtivistas”, muito influenciados pelo trabalho <strong>de</strong><br />
Michel Foucault, analisavam a homossexualida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong><br />
histórica, prevendo que não é a mesma homossexualida<strong>de</strong> que atravessa a História <strong>de</strong><br />
maneira imutável. Majoritários no campo da produção do saber histórico, os<br />
“construtivistas” compreen<strong>de</strong>m que o processo <strong>de</strong> emergência e <strong>de</strong>finição da<br />
homossexualida<strong>de</strong> teria acontecido na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX. Desta maneira,<br />
5 REBREYEND, Anne-Claire. Comment écrire l’histoire dês sexualités au XXème siècle? Bilan<br />
historiographique compare français/anglo-américain. Disponível em: http://clio.revues.org/in<strong>de</strong>x1776.html#ftn8<br />
6 “no raiar da libertação gay e lésbica (...) nós tínhamos a audácia <strong>de</strong> imaginar um futuro sexual radicalmente<br />
livre e diferente. Restava-nos ainda reconstituir um passado sexual totalmente diferente”. (tradução livre)<br />
Citação em REBREYEND, Anne-Claire. Comment écrire l’histoire dês sexualités au XXème siècle? Bilan<br />
historiographique compare français/anglo-américain. Disponível em: http://clio.revues.org/in<strong>de</strong>x1776.html#ftn8.