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fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

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O autor vai ainda mais além ao afirmar que, contrariamente ao que propõe<br />

Michel Foucault, o discurso médico sobre a homossexualida<strong>de</strong> teve um efeito e uma<br />

influência limitados sobre as representações da população <strong>de</strong> Nova York até meados<br />

do século XX.<br />

35<br />

... alors que quelques garçons étaient diagnostiqués comme<br />

homosexuels par les mé<strong>de</strong>cins, un nombre beaucoup plus<br />

grand était dénoncé comme anormaux (queers) par les<br />

autres garçons dans la rue 68<br />

Desta maneira, não po<strong>de</strong>ríamos reconhecer uma importância e uma influência<br />

<strong>de</strong>smedida ao discurso médico como se este sozinho tivesse influenciado e mudado<br />

completamente as representações em relação a estas práticas sexuais consi<strong>de</strong>radas<br />

anormais. Se reconhecemos uma importante mudança nos discursos médicos em<br />

relação a estas práticas, não po<strong>de</strong>mos esquecer que estes discursos foram criados em<br />

um contexto histórico e ativaram representações que rivalizaram, entraram em contato,<br />

influenciaram e foram influenciadas por outras representações.<br />

Ora, esta reflexão presente no trabalho <strong>de</strong> Georges Chauncey nos permite<br />

igualmente relembrar que os indivíduos que escreveram sobre as perversões e que se<br />

interessaram por estas questões não estavam recortados da realida<strong>de</strong> social e cultural<br />

<strong>de</strong> sua época. Eram, por outro lado, indivíduos que compartilharam crenças, idéias e<br />

representações com seus contemporâneos. Assim, é importante ter em vista que os<br />

médicos do século XIX e do começo do século XX que olharam para a perversão<br />

sexual com interesse crescente não eram somente médicos, mas eram também e antes<br />

<strong>de</strong> tudo indivíduos que viveram em um período histórico <strong>de</strong>terminado e em uma classe<br />

sócio-cultural bem <strong>de</strong>finida, sendo, portanto, influenciados pelas ansieda<strong>de</strong>s da época<br />

e pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> controle e regulação das diferenças.<br />

Contudo, o presente trabalho não se propõe a analisar as representações<br />

populares das práticas sexuais <strong>de</strong>sviantes ou o processo <strong>de</strong> subjetivação e <strong>de</strong> auto-<br />

i<strong>de</strong>ntificação dos homossexuais. Uma vez que nosso objetivo é o <strong>de</strong> tentar<br />

compreen<strong>de</strong>r e entrever as imagens do corpo homossexual produzidas nos manuais<br />

68 “... enquanto alguns meninos eram diagnosticados como homossexuais pelos médicos, um número muito<br />

maior era <strong>de</strong>nunciado como anormais (queers) pelos outros meninos na rua”. (trad. livre) CHAUNCEY,<br />

Georges. Gay New York: 1890-1940. Fayard, 2003, pp. 163-164.

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