fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...
fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...
fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
sexos enquanto um processo ao mesmo tempo fisiológico e mental. A natureza<br />
masculina, apesar <strong>de</strong> complementária, seria radicalmente diferente da natureza<br />
feminina. De fato, quanto maior a diferença entre os sexos, mais forte seria a<br />
expressão do progresso <strong>de</strong> uma civilização. Isto é, para aqueles indivíduos<br />
influenciados pelo pensamento evolucionista, quanto mais bem <strong>de</strong>finidas as<br />
características masculinas e femininas, mais evoluída uma socieda<strong>de</strong> seria.<br />
A história do termo sexualida<strong>de</strong> acusa certas representações do pensamento<br />
médico do período em relação ao sexo. No Dictionnaire Dechambre a palavra<br />
sexualida<strong>de</strong> era <strong>de</strong>scrita como “l’ensemble <strong>de</strong>s attributs anatomiques et physiologiques<br />
qu’entraînnent avec elles l’apparition et l’existence <strong>de</strong>s sexes. 83 O termo se referia<br />
então a formação do sexo masculino e do sexo feminino e não às práticas sexuais.<br />
Seguindo as reflexões <strong>de</strong> Thomas Laqueur, Patrice Corriveau e Brigitte<br />
Lhomond 84 concordam sobre o fato <strong>de</strong> que o século XVIII parece inaugurar uma nova<br />
maneira <strong>de</strong> perceber o sexo ou a diferença entre os sexos. Assim, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dois<br />
sexos biológicos distintos tem sua própria história.<br />
A percepção herdada dos gregos concebia um único sexo que po<strong>de</strong>ria ter duas<br />
variações em termos <strong>de</strong> <strong>gênero</strong>. Neste mo<strong>de</strong>lo, não haveria diferença biológica ou<br />
natural entre o corpo masculino e feminino, sendo as diferenças existentes uma<br />
questão <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> um mesmo corpo.<br />
44<br />
Depen<strong>de</strong>ndo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor atribuída a cada corpo,<br />
ele se moldaria, em termos mais ou menos perfeitos, em um<br />
corpo <strong>de</strong> homem quando o calor foi suficiente para<br />
externalizar os órgãos reprodutivos, ou em um corpo <strong>de</strong><br />
mulher quando foi insuficiente e os órgãos permaneceram<br />
internos 85 .<br />
83 “...conjunto dos atributos anatômicos e fisiológicos que acarretam a aparição e a existência dos sexos”<br />
(tradução livre). Dictionnaire Dechambre ou Dictionnaire encyclopédique <strong>de</strong>s sciences médicales foi publicado<br />
<strong>de</strong> 1864 à 1889 pelo médico e jornalista Amédée Dechambre .<br />
84 LAQUEUR, Thomas. Making Sex. Body and Gen<strong>de</strong>r from the Greeks to Freud. Cambridge: Harvard<br />
University Press, 1990. CORRIVEAU, Patrice. La répression <strong>de</strong>s homosexuels au Québec et en France : du<br />
bûcher à la mairie. Sillery, Septentrion, 2006. LHOMOND, Brigitte. Nature et homosexualité: Du troisième sexe<br />
à l’hypothèse biologique . In : GARDEY, Delphine et LOWY Ilana (dir.) L’invention du naturel. Les sciences et<br />
la fabrication du féminin et du masculin. Editions <strong>de</strong>s archives contemporaines. Paris, 2000.<br />
85 ROHDEN, Fabíola. “O corpo fazendo diferença” In: Mana vol.4 n.2 Rio <strong>de</strong> Janeiro Oct. 1998. Disponível em:<br />
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93131998000200007&script=sci_arttext