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Visão Judaica - março de 2002 Nissan/Iyar 5762

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Antonio Carlos da Costa Coelho *<br />

A mais nova proposta para um<br />

acordo <strong>de</strong> paz no Oriente Médio<br />

partiu <strong>de</strong> um príncipe saudita. Ainda<br />

ontem escrevia sobre a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> acordo<br />

mais aceitável para se por fim ao<br />

conflito israelo-palestino. É um assunto<br />

complicado: há uma história<br />

<strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> conflitos; uma<br />

arraigada mentalida<strong>de</strong> anti-judaica<br />

entre os povos da região, os interesses<br />

dos países oci<strong>de</strong>ntais. E<br />

po<strong>de</strong>-se acrescentar ainda, o exibicionismo<br />

<strong>de</strong> alguns governantes<br />

árabes visando atrair a atenção do<br />

Oci<strong>de</strong>nte. Tudo isso dificulta a elaboração<br />

<strong>de</strong> uma nova proposta <strong>de</strong><br />

paz na região. Sempre que surge<br />

uma, é apenas mais uma, mais uma<br />

prorrogação do conflito, sem que se<br />

chegue a um fim positivo.<br />

Duas forças disputam a simpatia<br />

política na região: Estados Unidos<br />

e Europa. A primeira apoiando<br />

Israel, a segunda, apoiando, discretamente<br />

os palestinos. Isso fica<br />

evi<strong>de</strong>nte nos noticiários. As TVs européias<br />

reforçam o caráter beligerante<br />

<strong>de</strong> Israel, classificando suas ações<br />

como terroristas. A TV americana<br />

valoriza o combate ao terrorismo e<br />

o apoio <strong>de</strong> Bush à ação <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> Israel. A opção <strong>de</strong> apoio aos<br />

palestinos por parte dos países europeus<br />

não é <strong>de</strong> hoje, vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

protetorado britânico na região.<br />

A proposta para se dar início a<br />

uma nova rodada <strong>de</strong> conversas faz<br />

pensar que há algo mais além do<br />

que uma tentativa <strong>de</strong> se chegar à<br />

paz. Tal proposta seria um novo ato<br />

do exibicionismo maneiroso que alguns<br />

governantes usam para atrair<br />

a proximida<strong>de</strong> e a simpatia dos<br />

EUA. Na atual situação em que se<br />

encontram os governos árabes, vale<br />

até abraçar o inimigo - o inimigo íntimo.<br />

É preciso comover a fera e levála<br />

pressionar Israel a um acordo.<br />

A condição inicial para o diálogo<br />

é a retirada das áreas ocupadas<br />

durante a Intifada II. Israel não <strong>de</strong>scartou<br />

a idéia. Sabe que tal proposta<br />

foi do agrado americano e que po<strong>de</strong>rá<br />

haver pressão para a sua aceitação.<br />

Caberá a Sharon, na segunda<br />

parte da conversa, impor suas<br />

condições. Ele sabe como jogar,<br />

e mesmo <strong>de</strong>scrente <strong>de</strong> um possível<br />

acordo, precisa <strong>de</strong>monstrar<br />

disposição para entrar na nova rodada<br />

<strong>de</strong> negociações.<br />

Por enquanto é a Tzahal que<br />

<strong>de</strong>ve sair das áreas ocupadas, e<br />

<strong>de</strong>pois? Arafat concordará em pren<strong>de</strong>r<br />

o pessoal do terror? Ele terá<br />

força para isso? Pelo visto, não. E<br />

os tais refugiados que estão nos<br />

países vizinhos? Qual solução se<br />

dará para eles? Arafat sabe que não<br />

po<strong>de</strong>rá fechar acordo sem o retorno<br />

daqueles tantos. O número <strong>de</strong><br />

refugiados é <strong>de</strong>sconhecido: ora é<br />

um, ora outro. É como dívida <strong>de</strong><br />

cartão <strong>de</strong> crédito, quanto mais se<br />

paga, mais se <strong>de</strong>ve. O caso dos refugiados<br />

nada mais é do que um<br />

trunfo <strong>de</strong> Arafat: ele sabe que não<br />

há solução, joga com números, explora<br />

os sentimentos humanitários<br />

das organizações internacionais, e<br />

ainda, ganha a simpatia do seu público,<br />

pois ao insistir nesse item da<br />

pauta <strong>de</strong> negociações, solidariza-se<br />

com cada mãe, pai, irmão, tio, que<br />

têm parentes num outro país.<br />

O fato da proposta ter partido <strong>de</strong><br />

um príncipe da família Saud, também<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado. Qual é<br />

o grau <strong>de</strong> aceitação popular da família<br />

real saudita no contexto atual?<br />

As organizações terroristas representam<br />

as camadas populares do<br />

povo árabe. Elas têm a simpatia dos<br />

religiosos e do pessoal das ruas,<br />

dos mercados, on<strong>de</strong> a palavra forte<br />

vem das li<strong>de</strong>ranças islâmicas que,<br />

por sua vez, pregam contra os ditadores<br />

que um dia estiveram ou ainda<br />

estão aliados aos governos oci<strong>de</strong>ntais.<br />

As organizações terrorista<br />

não acataram os acordos anteriores,<br />

opuseram-se às inúmeras propostas<br />

<strong>de</strong> trégua, acatariam agora<br />

uma proposta vinda da casa real<br />

saudita que sempre manteve relações<br />

com o Oci<strong>de</strong>nte?<br />

A entrega da áreas reivindicadas<br />

pelos palestinos teria como contrapartida<br />

o reconhecimento do Estado<br />

<strong>de</strong> Israel. Ótimo! E a educação<br />

dada às crianças árabes em todos<br />

esses anos, teriam seus efeitos<br />

anulados, ou ficariam congelados<br />

até a próxima oportunida<strong>de</strong>? E o<br />

efeito da insistente publicida<strong>de</strong> antijudaica<br />

na TV seria neutralizado?<br />

Como? As crianças árabes esqueceriam<br />

tudo e passariam a aceitar<br />

Israel como o bom vizinho on<strong>de</strong> elas<br />

fariam intercâmbios estudantis?<br />

Mas, se a proposta partiu do<br />

lado árabe, não aceitá-la, a princípio,<br />

seria um erro político. Seria visto<br />

como um gesto <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong><br />

por parte <strong>de</strong> Israel. Então, é preciso<br />

valorizá-la, mesmo que a experiência<br />

antecipe o fracasso. Mesmo<br />

que se saiba que isto dará fôlego a<br />

Arafat, e que ele fará as suas peregrinações<br />

costumeiras, como sempre<br />

faz quando as coisas se complicam.<br />

Com ar <strong>de</strong> moço bom, irá<br />

aos governantes europeus, ao Bush<br />

e ao Papa, buscando apoio, mostrando-se<br />

insatisfeito com os atos<br />

<strong>de</strong> terror e prometendo, <strong>de</strong>sta vez,<br />

combate-los com mãos fortes.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Nissan</strong>/<strong>Iyar</strong> <strong>5762</strong><br />

A nova proposta <strong>de</strong> paz<br />

Sharon, por sua vez, fará todo<br />

esforço pela manutenção da integrida<strong>de</strong><br />

do Estado. Não permitirá ser<br />

colocado em cheque pelas ambições<br />

políticas dos exibicionistas<br />

árabes e não dará crédito a uma<br />

população educada para odiar mais<br />

do que construir. A contrapartida<br />

oferecida pelos árabes — o reconhecimento<br />

formal do Estado <strong>de</strong> Israel<br />

— é animadora, mas é preciso<br />

que seja real e permanente, sob pena<br />

<strong>de</strong> se prorrogar o conflito para uma<br />

nova Intifada num futuro próximo.<br />

Todavia, não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se chegar ao fim<br />

<strong>de</strong>sse doloroso conflito. Apesar da<br />

experiência apontar para o insucesso<br />

das negociações, mesmo que se<br />

saiba que não haverá paz sólida, e<br />

que será preciso que essa geração<br />

<strong>de</strong> crianças educadas no ódio passe,<br />

é preciso tentar. Por mais que<br />

Estão avançadas as obras <strong>de</strong> reforma e<br />

ampliação do Centro Israelita do Paraná<br />

(CIP), segundo constatou a reportagem do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. Todo o prédio principal,<br />

a área das piscinas, o ginásio <strong>de</strong> esportes,<br />

as quadras <strong>de</strong> tênis e a novo acesso parecem<br />

um enorme canteiro <strong>de</strong> obras, conforme<br />

as fotos que mostramos com exclusivida<strong>de</strong><br />

para os leitores. Até o final <strong>de</strong>ste mês já <strong>de</strong>verá<br />

estar concluída e entregue ao uso a rampa<br />

<strong>de</strong> acesso pela Travessa Coronel Agostinho<br />

<strong>de</strong> Macedo (a entrada pela Rua Mateus<br />

Leme será fechada e a área <strong>de</strong> servidão <strong>de</strong>volvida<br />

aos seus proprietários).<br />

Junto com a rampa <strong>de</strong> acesso também serão<br />

entregues a nova guarita com portaria e<br />

os portões <strong>de</strong> segurança. Outra parte que <strong>de</strong>verá<br />

estar concluída até o final <strong>de</strong> <strong>março</strong>, ou<br />

antes até, é o Ginásio <strong>de</strong> Esportes que ficará<br />

totalmente reformulado, com novo telhado, o<br />

piso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira marfim, muito mais apropriada<br />

para a quadra, mais flexível e dinâmico.<br />

Uma novida<strong>de</strong>: toda a cancha será protegida<br />

com tela. Além disso, já foram concretadas<br />

as novas arquibancadas laterais, e o conjunto<br />

ganhará novos vestiários e sanitários que<br />

se duvi<strong>de</strong> — uma justa dúvida —<br />

ainda vale a esperança. Afinal, o Estado<br />

<strong>de</strong> Israel foi construído para a<br />

paz. Foi pelas mãos dos imigrantes<br />

que, na esperança <strong>de</strong> uma vida melhor,<br />

longe das perseguições e das<br />

guerras, com o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver mais<br />

intensamente o judaísmo na terra<br />

<strong>de</strong> seus antepassados, <strong>de</strong>ram o<br />

melhor <strong>de</strong> si para ver realizado o<br />

sonho <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong>mocrático,<br />

aberto às diferentes origens e tradições<br />

<strong>de</strong> um só povo. E foi também,<br />

pelo empenho <strong>de</strong> todos aqueles<br />

que, mesmo sem ter feito aliah,<br />

<strong>de</strong>dicaram esforços e esperanças,<br />

para a construção <strong>de</strong> Israel. Toda e<br />

qualquer indisponibilida<strong>de</strong> para a<br />

paz seria naturalmente rejeitada<br />

pela socieda<strong>de</strong> israelense e pela comunida<strong>de</strong><br />

judaica universal, por ser<br />

essa, uma contradição às razões da<br />

existência <strong>de</strong> Israel.<br />

15<br />

*Antônio Carlos<br />

da Costa Coelho<br />

é professor e<br />

assessor do<br />

Governo do<br />

Paraná<br />

Ginásio <strong>de</strong> Esportes e novo<br />

acesso ao CIP estão quase prontos<br />

O engenheiro Noêmio Hendler (D) superviona as obras<br />

do novo acesso<br />

fotos VJ<br />

Aspecto do Ginásio <strong>de</strong> Esportes com a nova quadra<br />

e arquibancadas já concretadas<br />

servirão também aos usuários das quadras<br />

<strong>de</strong> tênis. E também sala para o Departamento<br />

esportivo do CIP, bar e <strong>de</strong>pósitos para materiais<br />

esportivos.<br />

Como se sabe, todo empreendimento da<br />

nova se<strong>de</strong> do CIP, envolvendo um gran<strong>de</strong><br />

projeto arquitetônico <strong>de</strong> Júlio Pechman foi<br />

<strong>de</strong>cidido pela comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba,<br />

objetivando não só renovar a se<strong>de</strong>, mas<br />

oferecer maior conforto e equipamentos para<br />

todos os seus associados, especialmente os<br />

jovens. O projeto, cuja previsão preliminar<br />

<strong>de</strong>ve durar até o final do ano, integra também<br />

um novo edifício, construído sobre a parte<br />

do antigo estacionamento, que abrigará<br />

uma mo<strong>de</strong>rna e ampla sinagoga, além <strong>de</strong><br />

outros <strong>de</strong>partamentos da Kehilá.<br />

As obras estão sendo tocadas pela empresa<br />

Dória Construções, sob a fiscalização<br />

do engenheiro Roberto Ravaglio. O engenheiro<br />

Noêmio Hendler supervisiona os trabalhos<br />

pela Kehilá e a coor<strong>de</strong>nação das obras do<br />

novo Centro Israelita está a cargo <strong>de</strong> Eduardo<br />

Schulman e Jean Pierre Akiva Brami (Kive).

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