Capítulo 5 Capital Humano e Bem-Estar Social em Moçambique
Capítulo 5 Capital Humano e Bem-Estar Social em Moçambique
Capítulo 5 Capital Humano e Bem-Estar Social em Moçambique
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Pobreza e <strong>B<strong>em</strong></strong>-<strong>Estar</strong> <strong>em</strong> <strong>Moçambique</strong>: 1996-97<br />
Sumário<br />
Neste estudo faz-se uma avaliação do papel da educação como um determinante do b<strong>em</strong><br />
estar social e material dos agregados familiares <strong>em</strong> <strong>Moçambique</strong> com base no Inquérito Aos<br />
Agregados Familiares Sobre as Condições de Vida feito <strong>em</strong> 1996-97. Os resultados mostram<br />
que a educação é um dos determinantes muito influentes do b<strong>em</strong>-estar social e material do AF,<br />
com um impacto particularmente forte para a mulher das aréas rurais.<br />
Em relação ao b<strong>em</strong> estar material, constatou-se que a adição duma mulher adulta com<br />
EP2 completo ao AF aumenta o consumo per capita <strong>em</strong> 34 por cento nas aréas rurais e <strong>em</strong> 21<br />
por cento nas aréas urbanas. O s aumentos no consumo associados a adição de um hom<strong>em</strong> são<br />
de 18 e 19 por cento para as áreas rural e urbana respectivamente.<br />
A educação da mãe está fort<strong>em</strong>ente associada a saúde e o estado nutricional das crianças<br />
pré-escolares nas aréas rurais de <strong>Moçambique</strong>. Nestas aréas, a alfabetização das mães aumenta<br />
os z-scores de altura para idade (um indicador de mal-nutrição crónica) <strong>em</strong> 0.174 desvios<br />
padrões, aumenta a probabilidade da criança tomar as doses completas de vacinas <strong>em</strong> 17 por<br />
cento, e aumenta a probabilidade da criança ter cartão de saúde <strong>em</strong> 6 por cento. Nas aréas<br />
urbanas, o impacto da alfabetização das mães é menor e ás vezes não é estatísticamente<br />
significante.<br />
Uma análise profunda da escolaridade da criança mostra que a educação dos pais<br />
(adultos) é que t<strong>em</strong> maior peso na decisão se a criança vai ou não ingressar à escola primária<br />
tanto nas aréas rurais assim como para as urbanas. Nas aréas urbanas, o rendimento do agregado<br />
familiar e a idade da criança também jogam papel importante na decisão sobre o ingresso à<br />
escola primária, enquanto que nas aréas rurais, o sexo da criança é o mais importante (há maior<br />
ingresso de rapazes do que de raparigas). Para crianças que tenham ido a escola, dois outros<br />
resultados relacionados com a educação escolar foram analizados: o grau mais alto frequentado<br />
e a eficiência escolar. Para ambos, são os níveis mais altos de educação dos pais (tal como o<br />
EP2 completo) e não a alfabetização os factores chaves que influenciam estas escolhas.<br />
Exist<strong>em</strong> três implicações políticas principais deste estudo:<br />
i) O investimento na educação da mulher das aréas rurais terá benefícios materiais e sociais<br />
muito amplos. Portanto, intervenções direcionadas a alfabetização da mulher adulta nas aréas<br />
rurais e que estimul<strong>em</strong> as raparigas a ingressar<strong>em</strong> à escola são prioritárias.<br />
ii) Nas aréas urbanas, políticas que alivi<strong>em</strong> o constrangimento monetário vivido pelos agregados<br />
familiares terão um impacto forte no ingresso às escolas. Ex<strong>em</strong>plos destas políticas inclu<strong>em</strong><br />
lanches escolares, redução das taxas de propinas, redução do preço ou distribuição gratuíta de<br />
livros e uniformes.<br />
iii) Nas escola primárias das aréas urbanas, as desistências aumentam significativamente por<br />
volta dos 9 anos de idade. Portanto, políticas que estimul<strong>em</strong> este grupo de crianças a estudar<br />
poderão ser importantes soluções para aumentar o grau atingido.<br />
278