Capítulo 5 Capital Humano e Bem-Estar Social em Moçambique

Pobreza e Bem-Estar em Moçambique: 1996-97
as aréas rurais, 39% dos AF disseram que o custo monetârio era o factor principal (última
coluna). Contudo, a resposta depende da existência de uma escola na aldeia e do bem-estar total.
Em ambas aldeias com escola ou sem escola, a maior razão da não frequência a escola é o custo
monetârio. A segunda razão apontada, é o custo do tempo (32%) de se deslocar a escola, para as
aldeias sem escola, enquanto a necessidade de a criança ter de trabalhar é de 26% em aldeias
com escola. Finalmente, em aldeias pobres (coluna 3), as principais razões constatadas da não
frequência são os custos do tempo (distância) e os custos monetários (também muito elevados).
Estes resultados agrupados, indicam que o custo monetário, de frequentar a escola, é um
determinante importante em ambos tipos de aldeia e que os custos do tempo investido na
educação são reduzidos em aldeias com escola.
Um interessante sinal de restabelecimento que vem ocorrendo nas aréas rurais de
Moçambique depois da guerra é a construção de escolas primárias. Com base na Figura 5.10,
baseiada em informações recolhidas nas aldeias abrangidas pelo IAF pode-se observar um
grande incremento na construção de novas escolas nestas aréas depois do acordo de paz.
5.4. Educação e Bem-Estar no AF
Para além da educação ser considerada um dos factores chaves para a redução da pobreza
e promoção da mobilidade inter-gerações, é também um determinante importante do bem-estar
social ou não-monetârio tal como o estado de saúde da criança. Nesta parte, faz-se uma avaliação
da associação existente entre a educação do AF, o bem-estar monetário e o bem-estar social dos
membros do AF em Moçambique.
5.4.1. Bem-Estar Monetário: Consumo Per Capita
A avaliação foi feita considerando-se os determinantes de uma medida de bem-estar
monetârio --o o valor per capita das despesas em consumo de todos os bens e serviços. Esta
medida é reconhecida na literatura sobre pobreza como a melhor maneira de fazer comparações
de bem-estar entre os AF e de avaliar o padrão de vida (Ravallion, 1992). Em geral, prefere-se
considerar as despesas feitas como medida de bem-estar , ao invéns de considerar o rendimento
porque as despesas correntes reflectem a utilidade ou o consumo alcansado, enquanto que os
rendimentos refletem as várias oportunidades que o AF pode ter. Não deve existir uma
correspondência exacta entre as oportunidades e o bem-estar por causa das transferências, ofertas
e a produção familiar; tudo o que é importante em paises em desenvolvimento como
Moçambique. A medida aqui usada, é o total de gastos em consumo per-capita feitos pelo AF--
incluíndo habitação e gastos de energia e agua. Esta medida foi deflacionada por região e um
indíce de custo de vida espacial.
Nesta avaliação foram usados vários indicadores de educação do AF e dentre eles estão
inclusos se o chefe do AF é alfabetizado, se o chefe do AF completou a 7ª classe (equivalente
a escola primária de segundo grau em Moçambique--EP2), o número de homens e mulheres que
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