a aquisição da concordância nominal de número no ... - UFSC
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disposição evidência positiva. E os <strong>da</strong>dos do input po<strong>de</strong>m, segundo o autor, levar a um<br />
ajuste equivocado do valor <strong>de</strong> um parâmetro, pois as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s superficiais <strong>de</strong> uma<br />
sentença po<strong>de</strong>m ser ambíguas em termos <strong>de</strong> valores paramétricos aos quais elas possam<br />
estar relaciona<strong>da</strong>s. Além disso, a linguagem adulta nem sempre é gramatical. Meisel<br />
enfatiza que “não se trata somente <strong>da</strong> ocorrência <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho; os adultos<br />
utilizam enunciados que eles próprios julgam não gramaticais” (op. cit., p. 27). O<br />
pressuposto <strong>de</strong> que apenas alguns poucos exemplos são suficientes para o ajuste do<br />
parâmetro, somado ao fato <strong>de</strong> a criança não ter evidência <strong>de</strong> que alguns enunciados<br />
presentes <strong>no</strong> input são agramaticais, torna a fixação paramétrica bastante complica<strong>da</strong>.<br />
Valian (1988, 1990), ao discutir essas questões, afirma que a criança <strong>de</strong>ve estar<br />
equipa<strong>da</strong> com um mecanismo avaliador que lhe permita fazer experiências, lançando um<br />
enunciado e comparando-o com a resposta do adulto. 23 Para Meisel,<br />
Essa hipótese ganha em plausibili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela observação <strong>de</strong> que os<br />
adultos ten<strong>de</strong>m a respon<strong>de</strong>r às crianças utilizando um enunciado<br />
que é lexical e estruturalmente semelhante à frase <strong>da</strong> criança, e<br />
eles parecem fazê-lo com mais freqüência do que ao respon<strong>de</strong>r a<br />
outros adultos. [...] A idéia é que o processo <strong>de</strong> comparação<br />
permitirá à criança i<strong>de</strong>ntificar o input não gramatical, evitando o<br />
problema <strong>no</strong>rmalmente relacionado ao uso do input negativo<br />
indireto <strong>de</strong> não ser possível <strong>de</strong>terminar quando parar <strong>de</strong> procurar<br />
evidências. Presumindo um processo <strong>de</strong> comparação, a criança<br />
po<strong>de</strong> esperar, com razão, que o fenôme<strong>no</strong> em questão ocorra em<br />
um curto espaço <strong>de</strong> tempo (1997, p. 28, grifo <strong>no</strong>sso).<br />
No entanto, Meisel também argumenta que, embora a testagem <strong>de</strong> hipóteses pela<br />
criança seja uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta, <strong>de</strong>ve-se sempre tentar buscar uma explicação<br />
gramatical, mais condizente com a própria <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> parâmetro, em lugar <strong>de</strong> privilegiar<br />
uma abor<strong>da</strong>gem que insere um artifício a mais <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> <strong>aquisição</strong>, baseado em<br />
mecanismos gerais <strong>de</strong> aprendizagem.<br />
Para além disso, não é claro <strong>de</strong> que forma essa comparação proposta por Valian<br />
permitiria à criança reconhecer o input não gramatical, uma vez que, se a criança <strong>de</strong> fato<br />
confiar <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> resposta do adulto como a “forma gramatical”, o máximo que<br />
23 A idéia é semelhante à <strong>de</strong> Chouinard & Clark (op. cit.); <strong>no</strong> entanto, a abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> Valian é claramente<br />
paramétrica e parece um processo mais “consciente” <strong>da</strong> criança.<br />
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