NT - Crimes de tortura - 24 09 09 - Câmara dos Deputados
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL<br />
Nome: Conjunta - Direitos Humanos / Legislação Participativa<br />
Número: 1599/<strong>09</strong> Data: <strong>24</strong>/<strong>09</strong>/20<strong>09</strong><br />
O SR. PAULO ABRÃO PIRES JÚNIOR - Bom dia a to<strong>dos</strong>.<br />
Agra<strong>de</strong>ço o convite das duas Comissões para realização <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate.<br />
Cumprimento o Presi<strong>de</strong>nte da Mesa, Deputado Luiz Couto, <strong>de</strong>mais membros<br />
presentes, Deputado Iran, pela louvável iniciativa tomada na realização <strong>de</strong>ste<br />
<strong>de</strong>bate.<br />
O Deputado Mo<strong>de</strong>sto da Silveira é um ícone <strong>de</strong>sta luta. É nossa referência<br />
não só pelos valores que expressa, mas por toda a história <strong>de</strong> vida.<br />
Eu, na condição <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Anistia do Ministério da<br />
Justiça, tenho a tarefa histórica <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> reconciliação<br />
nacional e à consolidação da transição <strong>de</strong>mocrática que não se finalizou até hoje. Se<br />
é certo <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mocracia é um processo permanente a ser semeado, com menos<br />
a transição <strong>de</strong>mocrática brasileira ainda não se finalizou. Nós ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos <strong>de</strong><br />
uma segunda transição.<br />
A primeira transição foi aquela em que rompemos com arbitrarieda<strong>de</strong> do<br />
regime ditatorial, implementamos eleições livres e diretas, com a participação do<br />
povo. A segunda transição, que o Brasil ainda precisa viver, é aquela que consolida<br />
<strong>de</strong> vez as tradições e os princípios do Estado <strong>de</strong> Direito. E quando nós trabalhamos<br />
com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> consolidação do Estado Democrático <strong>de</strong> Direito, isso implica<br />
necessariamente saber lidar com todo um legado <strong>de</strong> violência <strong>de</strong>ixado pelo regime<br />
autoritário e que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática tem <strong>de</strong> saber dar conta.<br />
Esse é um processo que vem ocorrendo em to<strong>dos</strong> os países que viveram<br />
regimes autoritários, <strong>de</strong> esquerda ou <strong>de</strong> direita. Hoje, em to<strong>dos</strong> os países do Leste<br />
Europeu, países africanos, países latino-americanos, bem como no Timor Leste, na<br />
Coreia do Sul e na Indonésia.<br />
Nós temos mantido contato com todas as Comissões <strong>de</strong> Reparação e<br />
Verda<strong>de</strong> instituídas nestes países. As Comissões <strong>de</strong> Reparação, tal como a<br />
Comissão <strong>de</strong> Anistia, cumprem essa tarefa histórica <strong>de</strong> trazer à tona a verda<strong>de</strong><br />
escondida num passado on<strong>de</strong> vigia a censura e, principalmente, dar vazão às vozes<br />
<strong>dos</strong> persegui<strong>dos</strong> políticos, vozes essas caladas sob o regime da força no passado.<br />
No Brasil, o <strong>de</strong>bate da Lei <strong>de</strong> Anistia não é diferente da discussão sobre a<br />
criação <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> autoperdão, ou <strong>de</strong> esquecimento, como tentativas <strong>de</strong> uma<br />
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