NT - Crimes de tortura - 24 09 09 - Câmara dos Deputados
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL<br />
Nome: Conjunta - Direitos Humanos / Legislação Participativa<br />
Número: 1599/<strong>09</strong> Data: <strong>24</strong>/<strong>09</strong>/20<strong>09</strong><br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um enclave autoritário no Brasil, até porque teve um<br />
papel protagonista importante, aten<strong>de</strong>ndo à <strong>de</strong>manda popular por liberda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>mocráticas.<br />
Agora, no Judiciário e especialmente neste setor do Executivo que são as<br />
Forças Armadas, ainda há muito autoritarismo. E uma das faces do autoritarismo é<br />
não querer fazer a autocrítica do passado.<br />
Eu vou divergir do meu querido amigo e irmão Mo<strong>de</strong>sto da Silveira quando ele<br />
diz que a <strong>tortura</strong> foi praticada por figuras que tramaram contra a tradição das Forças<br />
Armadas. Sim, os seus executores. Mas não houve um <strong>tortura</strong>dor no DOI-CODI do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, na Rua Barão <strong>de</strong> Mesquita, na minha Tijuca, no subsolo, que agisse<br />
à revelia <strong>dos</strong> seus comandantes. A <strong>tortura</strong> contra os adversários políticos foi<br />
assumida pelo regime militar brasileiro como prática do sistema. Claro que é uma<br />
prática tão abominável que o sistema sempre negou.<br />
Mas mesmo os Ministros civis, mesmo os próceres civis do regime militar...<br />
Eu ainda não tive a coragem <strong>de</strong> perguntar isso, talvez porque a resposta viesse<br />
enganosa, a alguns colegas nossos legitima<strong>dos</strong> pelo voto popular, como, por<br />
exemplo, Delfim Neto, que agora não foi reeleito Deputado, mudou para o PMDB e<br />
per<strong>de</strong>u a eleição — às vezes, o esperto <strong>de</strong>mais se atrapalha. Mas o próprio Sr.<br />
Paulo Maluf conviveu com o regime militar, embora não tenha chegado a ser<br />
Ministro. Mas, <strong>de</strong> vez em quando, encontro com o Ministro Reis Veloso nos aviões,<br />
indo para o Rio, e fico tentado a indagar. E já perguntei ao Ministro Jarbas<br />
Passarinho, num <strong>de</strong>bate em um programa <strong>de</strong> rádio aqui. Ele, com sincerida<strong>de</strong>,<br />
disse: “Não, eu sei que havia, mas esses excessos nós procurávamos combater”.<br />
Mas havia um sistema on<strong>de</strong> a <strong>tortura</strong> era um método <strong>de</strong> combate.<br />
Então, se con<strong>de</strong>namos o sistema militar, temos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar também os que,<br />
<strong>de</strong>ntro do regime militar, praticaram o crime mais abominável, imprescritível e <strong>de</strong><br />
lesa-humanida<strong>de</strong>, que é o crime <strong>de</strong> <strong>tortura</strong>. Mas até hoje as resistências são<br />
enormes. Tocar nesse assunto é quase que entrar em uma zona proibida.<br />
E nosso papel é entrar nessa zona proibida, porque assim como o fascismo<br />
não existe mais como regime em boa parte do mundo, é também verda<strong>de</strong> que, como<br />
expressão cultural, ele existe até no Brasil e às vezes <strong>de</strong> formas laterais. Torcidas<br />
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