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O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp

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lugar, a partir <strong>da</strong> compreensão “exata” <strong>da</strong> psicologia <strong>da</strong>s “raças forma<strong>do</strong>ras”, e posteriormente, a<br />

procura <strong>da</strong>s “leis” que gover<strong>na</strong>ram a sua interação. A raça branca, representa<strong>da</strong> pelo português,<br />

foi classifica<strong>da</strong> como raça “superior”, enquanto a raça amarela e a negra como “inferiores”. A<br />

raça “superior” era considera<strong>da</strong> o agente cria<strong>do</strong>r, o qual se consistia o fun<strong>da</strong>mento biológico,<br />

cultural, institucio<strong>na</strong>l e psicológica etc; as raças “inferiores” eram considera<strong>da</strong>s “cria<strong>do</strong>res<br />

indiretos”, com suas len<strong>da</strong>s, seus cantos etc.<br />

Segun<strong>do</strong> Sílvio Romero as relações entre raça superior e inferiores tiveram <strong>do</strong>is aspectos:<br />

em primeiro lugar, as “relações exter<strong>na</strong>s”, “... em que os portugueses não poderiam, como<br />

civiliza<strong>do</strong>s, modificar sua vi<strong>da</strong> intelectual que tendia a prevalecer, e só podiam contrair um ou<br />

outro hábito, e empregar um ou outro utensílio <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> ordinária”; em segun<strong>do</strong> lugar, as relações<br />

“de sangue”, “... tendentes a modificar as três raças e a formar o mestiço” (ROMERO, 1959:50).<br />

No primeiro caso, compreendia-se que a ação <strong>do</strong> indíge<strong>na</strong> e <strong>do</strong>s negros sobre o europeu<br />

não era muito profun<strong>da</strong>, já no segun<strong>do</strong>, a transformação fisiológica criava um novo tipo, o qual,<br />

“... se não eclipsava o europeu, ofuscava as duas raças inferiores” (ROMERO, 1959:50). Para<br />

Silvio Romero o “brasileiro” seria, portanto, produto <strong>da</strong> interação biológica, <strong>da</strong> mestiçagem, cujo<br />

produto, foi entendi<strong>do</strong> como “agente transforma<strong>do</strong>r” (ROMERO, 1959:50).<br />

No entanto, não houve acor<strong>do</strong> quanto se a influência determi<strong>na</strong>nte foi a <strong>da</strong> raça indíge<strong>na</strong><br />

ou <strong>da</strong> negra. Uma interessante polêmica entre Sílvio Romero e Capistrano de Abreu, mostra as<br />

dificul<strong>da</strong>des vivencia<strong>da</strong>s pelos intelectuais brasileiros <strong>na</strong> definição <strong>do</strong> caráter <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

brasileiro. Enquanto Sílvio Romero acreditava que nossas diferenças em relação ao europeu se<br />

<strong>da</strong>vam exclusivamente em razão <strong>do</strong> elemento negro, Capistrano de Abreu, por sua vez, atribuía<br />

esta ao meio e ao indíge<strong>na</strong>: “Sem negar a ação <strong>do</strong> elemento africano, penso que ela é menor que<br />

a <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fatores” (ABREU, 1931:36). Capistrano de Abreu, com certa ironia, explica o motivo<br />

pelo qual Romero nega a influência <strong>da</strong> preponderância indíge<strong>na</strong> <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> povo brasileiro:<br />

“A antipatia <strong>do</strong> dr. Silvio Romero pelos Tupi<strong>na</strong>mbás e a persistência com que lhes<br />

nega importância <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> povo brasileiro, explicam-se muito facilmente.<br />

Ele achou, quan<strong>do</strong> começou a escrever, o indianismo como escola literária.<br />

Estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-o nesta quali<strong>da</strong>de, em breve descobriu o que havia de insuficiente e<br />

estreito nos seus princípios e condenou-o. Depois por uma transição insensível,<br />

envolveu <strong>na</strong> mesma conde<strong>na</strong>ção a teoria literária e o fato sociológico. Segun<strong>do</strong> o<br />

dita<strong>do</strong> alemão, quis despejar a banheira e deitou fora também quem se banhava”<br />

(ABREU, 1931: 54).<br />

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