O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
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O evolucionismo parece cair em descrédito no Brasil em função de algumas críticas à<br />
noção de “raça” advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> antropologia <strong>do</strong> início <strong>do</strong> <strong>século</strong> <strong>XX</strong>:<br />
“Há, em primeiro lugar, a variabili<strong>da</strong>de de critérios: alguns pensam em cor de<br />
pele; outros, <strong>na</strong>s proporções de medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> cabeça. E não só os critérios são<br />
superponíveis, mas também existem os tipos intermediários, cuja classificação<br />
apresenta uma dificul<strong>da</strong>de insuperável” (LEITE, 2002:52).<br />
Além disso, o movimento modernista a partir de 1922 propõe a compreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira não mais sob a perspectiva <strong>do</strong> “atraso”, mas através <strong>da</strong> construção de um<br />
projeto de cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Desta maneira, os conceitos de “raça” e “meio” utiliza<strong>do</strong>s por nossos<br />
autores evolucionistas passam a ser gra<strong>da</strong>tivamente substituí<strong>do</strong>s pelo conceito de “cultura”.<br />
(LEITE, 2002:52) Este, a partir <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no de uma abor<strong>da</strong>gem “biológica”, minimizaria as<br />
contradições sociais e prepararia o caminho para a criação de uma cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
(LAHUERTA, 1997: 96).<br />
1.9 Tendências positivistas no pensamento brasileiro<br />
O Positivismo foi uma <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> filosófica que surgiu <strong>na</strong> França em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>século</strong><br />
XIX, ten<strong>do</strong> como seu principal formula<strong>do</strong>r Auguste Comte (1798-1857). Segun<strong>do</strong> o filósofo<br />
havia algo de permanente no <strong>desenvolvimento</strong> <strong>do</strong> espírito humano e em seus mo<strong>do</strong>s de pensar e<br />
explicar o mun<strong>do</strong>. A partir dessa idéia ele desenvolveu a “leis <strong>do</strong>s três esta<strong>do</strong>s”. No primeiro<br />
esta<strong>do</strong> (teológico-fictício), o espírito humano explicaria os fenômenos por meio de “vontades<br />
transcendentais” ou “agentes sobre<strong>na</strong>turais”; no segun<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> (metafísico-abstrato), os<br />
fenômenos seriam explica<strong>do</strong>s por meio de especulações as quais se apoiariam em conceitos<br />
“abstratos”; no terceiro e último esta<strong>do</strong> (positivo-científico), os fenômenos se explicariam através<br />
<strong>da</strong> subordi<strong>na</strong>ção a determi<strong>na</strong><strong>da</strong>s leis experimentalmente demonstráveis (RIBEIRO, 2001:19).<br />
Assim, para Comte, "... to<strong>da</strong>s as ciências passaram pelos <strong>do</strong>is primeiros esta<strong>do</strong>s, e só se<br />
constituíram quan<strong>do</strong> chegaram ao terceiro" (RIBEIRO, 2001:19).<br />
A entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> positivismo no Brasil se deu, segun<strong>do</strong> se sabe, através <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes de<br />
medici<strong>na</strong>, direito e ciências matemáticas que haviam trava<strong>do</strong> contato com a <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> em diversos<br />
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