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O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp

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<strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII (LEFEBVRE, 1988:28). Desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>século</strong> XIX os governos europeus<br />

passaram a considerar a escrita <strong>da</strong> história um instrumento altamente eficaz de promover a<br />

uni<strong>da</strong>de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, a educação ci<strong>da</strong>dã <strong>do</strong> povo, e, principalmente, de fazer propagan<strong>da</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista<br />

(BURKE, 2002: 17). Por outra perspectiva, coube aos historia<strong>do</strong>res “... atender a essa<br />

necessi<strong>da</strong>de básica <strong>da</strong>s <strong>na</strong>ções que estavam em vias de formação. Eles se admitiram como os<br />

forja<strong>do</strong>res <strong>da</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de” (ODÁLIA, 1997:34). A <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de é uma típica questão <strong>do</strong><br />

<strong>século</strong> XIX, que surge em um momento onde diversos países buscavam encontrar seu projeto de<br />

<strong>na</strong>ção u<strong>na</strong>, indivisível e independente. (ODÁLIA, 1997: 34). Do mesmo mo<strong>do</strong>, nossa<br />

independência, em 1822, marca o início de um processo de longa duração, que buscava forjar a<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de “brasileira”.<br />

Em seus primórdios, entre fins <strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII e início <strong>do</strong> XIX, a historiografia musical<br />

moder<strong>na</strong> esteve liga<strong>da</strong> a ideologias <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>listas e religiosas. Os historiógrafos de então quan<strong>do</strong><br />

realizavam a história <strong>da</strong> música estavam movi<strong>do</strong>s, <strong>na</strong> maioria <strong>da</strong>s vezes, por sentimentos de<br />

preservação e exaltação de tradição, seja ela <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ou religiosa (KERMAN, 1985:35).<br />

A historiografia musical moder<strong>na</strong> surge, por sua vez, simultaneamente a outras<br />

transformações importantes ocorri<strong>da</strong>s no seio <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des moder<strong>na</strong>s, como por exemplo, a<br />

ascensão <strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lismo-romantismo. Deste mo<strong>do</strong>, esta não poderia deixar de apresentar uma<br />

visão “romântica” e “<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista”, que seria expressa, principalmente, através de uma<br />

abor<strong>da</strong>gem biográfica e pela ênfase às idéias de “gênio” ou “herói” <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (às vezes<br />

simultaneamente).<br />

Segun<strong>do</strong> esta tendência, o primeiro expressaria a sua individuali<strong>da</strong>de em soluções<br />

origi<strong>na</strong>is nos <strong>do</strong>mínios de uma ciência misteriosa, a música (PEREIRA, 1997). O segun<strong>do</strong>, por<br />

sua vez, seria o responsável pela criação de uma música “<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l”, pois, perceben<strong>do</strong> os “ritmos<br />

<strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza” e a “alma <strong>do</strong> povo”, elementos determi<strong>na</strong>ntes <strong>do</strong> caráter <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, os condensaria <strong>na</strong><br />

forma de uma arte universal (ALLEN, 1962:87).<br />

As relações entre história e política se evidenciam <strong>na</strong>s <strong>na</strong>rrativas sobre a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s “heróis<br />

forma<strong>do</strong>res” <strong>da</strong> <strong>na</strong>ção. No caso específico <strong>da</strong> historiografia musical brasileira, tais heróis seriam<br />

aqueles que contribuíram no processo de “civilização” e <strong>na</strong> criação de uma música “brasileira”.<br />

Exemplo disso é a historiografia <strong>do</strong> “bandeirantismo”, que, enquanto expressão <strong>da</strong> antiga<br />

aristocracia agrícola de São Paulo, procurou forjar uma imagem heróica <strong>do</strong> bandeirante,<br />

ignoran<strong>do</strong> o caráter violento de sua atuação (LEITE, 1989:54).<br />

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