O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
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Assim, não é difícil supor que a literatura tenha si<strong>do</strong> a grande responsável pelo tipo de<br />
abor<strong>da</strong>gem utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> historiografia musical que se produziu <strong>na</strong> Europa ao longo <strong>do</strong> <strong>século</strong><br />
XIX, e, no Brasil, durante a <strong>primeira</strong> <strong>metade</strong> <strong>do</strong> <strong>século</strong> <strong>XX</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> Antonio Alexandre Bispo, é possível observar que uma <strong>da</strong>s tendências mais<br />
freqüentes em trabalhos brasileiros sobre música é o ensaio (BISPO, 1983:21).<br />
“... o trabalho sobre música assume assim características de um gênero<br />
compreendi<strong>do</strong> entre ciência e arte: <strong>da</strong> ciência aproxima-se pelo esforço em<br />
conhecer e explicar os fatos, <strong>da</strong> arte pela forma de conhece-los e expressá-los”<br />
(BISPO, 1985:21)<br />
Isso pode também ter certa relação com o que nos diz Joseph Kerman, o qual apontou<br />
para o fato de que, no <strong>século</strong> XIX, a produção histórica em música estava intimamente liga<strong>da</strong> à<br />
tendências <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>listas e religiosas, as quais, deram especial atenção aos “homens ilustres” que<br />
haviam contribuí<strong>do</strong> para o crescimento de sua <strong>na</strong>ção ou religião (KERMAN, 1985:35).<br />
O surgimento de novas meto<strong>do</strong>logias a partir <strong>do</strong>s anos 1930 com a produção de<br />
historia<strong>do</strong>res liga<strong>do</strong>s à Universi<strong>da</strong>de de São Paulo - como, por exemplo, Caio Pra<strong>do</strong> Jr e Sérgio<br />
Buarque de Holan<strong>da</strong> -, ao que parece, não afetou a maneira como os historiógrafos <strong>da</strong> música<br />
percebiam a sua ativi<strong>da</strong>de, e assim, parecem certas as ressonâncias de uma abor<strong>da</strong>gem literária <strong>na</strong><br />
historiografia <strong>da</strong> música no Brasil durante este perío<strong>do</strong>.<br />
A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1940, se intensificam os trabalhos no campo <strong>da</strong> História Geral <strong>do</strong><br />
Brasil, os quais têm o objetivo de realizar uma avaliação crítica e sistematiza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s conquistas <strong>da</strong><br />
discipli<strong>na</strong> e <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res (LAPA, 1985: 51). Nesse momento, a historiografia<br />
musical brasileira se orientava para a aplicação de méto<strong>do</strong>s desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao tratamento <strong>do</strong>cumental,<br />
concentran<strong>do</strong>-se quase que exclusivamente nesta tarefa e sem se preocupar mais demora<strong>da</strong>mente<br />
com as questões em torno <strong>da</strong> escrita <strong>da</strong> história <strong>da</strong> música e <strong>do</strong>s músicos de São Paulo. Segun<strong>do</strong><br />
Ricar<strong>do</strong> Tacuchian, esta seria a fase de:<br />
"... levantamento sistemático e classificação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos de fontes primárias,<br />
especialmente as partituras e/ou partes musicais. Uma meto<strong>do</strong>logia científica com<br />
instrumental histórico adequa<strong>do</strong> passa a ser utiliza<strong>do</strong> para o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
autentici<strong>da</strong>de <strong>do</strong> material recolhi<strong>do</strong>, sua restauração criteriosa e, sempre que<br />
possível, sua edição moder<strong>na</strong> e gravação sonora" (TACUCHIAN, 1994:99).<br />
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