O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
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manuscrito <strong>do</strong> compositor português André <strong>da</strong> Silva Gomes, o qual viveu em São Paulo desde a<br />
segun<strong>da</strong> <strong>metade</strong> <strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII até o início <strong>do</strong> <strong>século</strong> XIX. Esta obra foi apresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong>quele<br />
ano em um concerto promovi<strong>do</strong> pela Socie<strong>da</strong>de de Cultura Artística de São Paulo, em 16 de<br />
dezembro de 1930, ten<strong>do</strong> desperta<strong>do</strong> grande interesse pela figura <strong>do</strong> compositor (OLIVEIRA,<br />
1956:19).<br />
Da<strong>da</strong> a grande escassez de informações, André <strong>da</strong> Silva Gomes foi considera<strong>do</strong> o mais<br />
antigo compositor a atuar em São Paulo, além disso, pelo fato de vir <strong>na</strong> comitiva <strong>do</strong> Bispo de São<br />
Paulo, Dom Manuel <strong>da</strong> Ressurreição, foi considera<strong>do</strong> um músico “consagra<strong>do</strong>” pelos<br />
historiógrafos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Silva Gomes passou a ser considera<strong>do</strong> o “cria<strong>do</strong>r” <strong>do</strong> coro <strong>da</strong> Sé de<br />
São Paulo, fato que foi repeti<strong>do</strong> por diversos autores em uma série de trabalhos. Carlos Pentea<strong>do</strong><br />
de Resende, por exemplo, nos diz que este músico veio com a missão de “... criar e reger nesta<br />
ci<strong>da</strong>de o côro de música <strong>da</strong> Sé Catedral” (RESENDE, 1954: 233); Clóvis de Oliveira, por sua<br />
vez, afirma que este fora “... o primeiro mestre de capela e o fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong> côro <strong>da</strong> Sé Catedral de<br />
São Paulo; foi o primeiro músico de real valor a fixar-se em São Paulo e a iniciar a tradição<br />
musical <strong>da</strong> terra bandeirante” (OLIVEIRA, 1956: 18); João <strong>da</strong> Cunha Caldeira Filho também<br />
afirma que Silva Gomes foi “diretor” <strong>do</strong> coro <strong>da</strong> Sé de São Paulo, por ele recém fun<strong>da</strong><strong>do</strong><br />
(CALDEIRA FILHO, 1956: 129).<br />
Apesar de se consistirem basicamente de biografias, podemos perceber certas diferenças<br />
no teor <strong>do</strong>s discursos, as quais variam de acor<strong>do</strong> com o perfil <strong>do</strong> biografa<strong>do</strong> e as idéias que se<br />
quer comunicar. Essa diferença aponta, ao nosso ver, para três tipos de abor<strong>da</strong>gens <strong>do</strong> objeto: em<br />
primeiro lugar, <strong>na</strong>rrativas <strong>do</strong> gênio (biografias sobre grandes homens); em segun<strong>do</strong> lugar,<br />
<strong>na</strong>rrativas <strong>do</strong> “herói <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l” (historiografia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista); e em terceiro lugar, <strong>na</strong>rrativas sobre<br />
os “ilustres conterrâneos” (<strong>na</strong>rrativas regio<strong>na</strong>listas).<br />
Para este momento nos coube ape<strong>na</strong>s apresentar uma visão geral <strong>do</strong> objeto. As análises<br />
sobre as relações entre biografa<strong>do</strong>s e tendências <strong>da</strong> historiografia <strong>da</strong> música de São Paulo serão<br />
aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s posteriormente no terceiro capítulo <strong>da</strong> dissertação.<br />
Assim, temos André <strong>da</strong> Silva Gomes, Carlos Gomes, Alexandre Levy e Henrique Oswald<br />
como os músicos de maior destaque relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s a historiografia <strong>da</strong> música de São Paulo neste<br />
momento, e por sua vez, são o objeto <strong>do</strong>s historiógrafos. Fica-nos a pergunta: como tais<br />
compositores eram compreendi<strong>do</strong>s neste perío<strong>do</strong>, ou seja, como era avalia<strong>da</strong> a contribuição<br />
destes compositores por nossos historiógrafos, como e porquê tais historiógrafos chegaram a suas<br />
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