O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
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“No que diz respeito aos interesses positivistas, não posso ain<strong>da</strong> falar-lhe exprofesso.<br />
Mas já pude ver que a <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> regenera<strong>do</strong>ra não encontrará aqui muita<br />
oposição. As câmaras legislativas estão no auge <strong>do</strong> descrédito e o clero, em<br />
desordem, só continua a subsistir pela tolerância <strong>da</strong> população que não encontra<br />
coisa melhor. Os padres são ignorantes e de sórdi<strong>da</strong> falta de vergonha. Só fazem<br />
destruir os bons resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> influência <strong>do</strong>s jesuítas. O povo está<br />
ver<strong>da</strong>deiramente priva<strong>do</strong> de qualquer direção moral. É impossível ao governo<br />
fazer penetrar sua ação até o interior. E, apesar desse completo aban<strong>do</strong>no, a<br />
população é de uma <strong>do</strong>çura incomparável, de uma franqueza e de uma<br />
hospitali<strong>da</strong>de patriarcais. Não há polícia e quase não há crimes. Até o momento<br />
pude conversar um pouco sobre o Positivismo com meu pai, que concor<strong>da</strong> com as<br />
nossas idéias sem restrição (LINS,1964:47-48).<br />
A propagan<strong>da</strong> <strong>do</strong> positivismo em diversos países espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong> afora parece ter<br />
si<strong>do</strong> um tópico relevante para Comte e outros companheiros positivistas. Para esse fim, o filósofo<br />
planejava realizar “salões positivistas”, ou seja, reuniões <strong>na</strong> casa de particulares, <strong>na</strong>s quais, <strong>na</strong><br />
presença <strong>do</strong> mestre, se discutiria sobre os diversos tópicos <strong>da</strong> <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> bem sobre as estratégias de<br />
“conversão” de novos adeptos. Segun<strong>do</strong> uma carta envia<strong>da</strong> ao Dr. Audiffrant em 29 de março de<br />
1857, Comte assume ver em Nísia Floresta, e mais precisamente, em sua filha, presidentes em<br />
potencial desses salões positivistas:<br />
“Durante vossa visita de outono, comunicar-vos-ei especialmente as fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
esperanças que me inspiram, para nosso mais decisivo progresso, duas novas<br />
discípulas meridio<strong>na</strong>is, uma nobre viúva brasileira, e, sobretu<strong>do</strong> sua dig<strong>na</strong> filha,<br />
contan<strong>do</strong> respectivamente 47 e 22 anos. Estão em Paris há sete meses e tenho<br />
motivo de esperar que aqui se fixarão, de mo<strong>do</strong> a poderem presidir o ver<strong>da</strong>deiro<br />
salão positivista que nos seria tão precioso. Ambas são eminentes pelo coração e<br />
suficientes quanto ao espírito. Acha-se, contu<strong>do</strong>, a mãe de tal mo<strong>do</strong> imbuí<strong>da</strong> de<br />
hábitos <strong>do</strong> <strong>século</strong> dezoito, que pouco devemos esperar <strong>da</strong> plenitude de sua<br />
conversão, embora as suas simpatias remontem ao meu curso de 1851, cuja<br />
influência ela não pôde, entretanto, receber senão através de uma única <strong>da</strong>s<br />
sessões. Sua filha, porém, comporta uma incorporação completa, que a mãe<br />
secun<strong>da</strong>rá sem rivali<strong>da</strong>de disfarça<strong>da</strong>” (LINS, 1964:21).<br />
Durante os últimos anos <strong>do</strong> Império, a Escola Militar era ple<strong>na</strong>mente positivista, e<br />
passou a ser mais um centro de estu<strong>do</strong>s de matemática, filosofia e letras <strong>do</strong> que de discipli<strong>na</strong>s<br />
militares (MORAES, 1997:77). De certo mo<strong>do</strong>, é <strong>na</strong>tural que “... fosse nessas escolas o lugar<br />
onde o Positivismo esteve melhor representa<strong>do</strong> e mais ativo, pois eram escolas de ciências exatas<br />
e <strong>na</strong>turais, modelos <strong>do</strong> pensamento objetivo de Comte” (LINS, 1964:306).<br />
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