O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O movimento modernista teve inicio em 1922 e propunha a socie<strong>da</strong>de brasileira um<br />
projeto de âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, que visava, num primeiro momento, criar uma “literatura brasileira”,<br />
e posteriormente - projeto mais ambicioso, criar uma cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (MORAIS, 1978:73).<br />
Estes anos “... são simbólicos <strong>na</strong> história política e cultural brasileira, por i<strong>na</strong>ugurarem<br />
a gênese <strong>do</strong> Brasil Moderno, com a introdução de procedimentos, hábitos, ângulos de visão,<br />
diagnósticos que orientaram o mobilizaram várias gerações” (LAHUERTA, 1997:93). O tema<br />
<strong>da</strong> organização e unificação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l prevalece entre a intelectuali<strong>da</strong>de brasileira neste momento,<br />
e ampliam-se as tentativas de compreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de brasileira (LAHUERTA, 1997:96).<br />
Instaura-se neste perío<strong>do</strong> “... uma crise de ‘identi<strong>da</strong>de social’ entre a intelectuali<strong>da</strong>de,<br />
levan<strong>do</strong> o conjunto <strong>do</strong>s homens cultos a problematizar sua condição com enorme radicali<strong>da</strong>de”<br />
(LAHUERTA, 1997:94-96). A idéia de “missão”, presente entre os intelectuais brasileiros desde<br />
os primeiros anos <strong>da</strong> República, se aprofun<strong>da</strong> dentro <strong>do</strong> processo histórico vivencia<strong>do</strong> ao longo<br />
<strong>do</strong>s anos 20, fazen<strong>do</strong> com que a base <strong>do</strong>s questio<strong>na</strong>mentos se desse sob um ângulo que, buscan<strong>do</strong><br />
o “brasileiro”, recolocasse com maior intensi<strong>da</strong>de o tema <strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e <strong>do</strong> popular (LAHUERTA,<br />
1997: 95).<br />
“Para esse esforço [a modernização e <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> Brasil] é chama<strong>da</strong> a<br />
inteligência brasileira. O estu<strong>do</strong> de nossos problemas, a análise profun<strong>da</strong> de<br />
nossas cama<strong>da</strong>s sociais, a in<strong>da</strong>gação <strong>do</strong>s seus desejos e necessi<strong>da</strong>des, a<br />
psicologia exata <strong>do</strong> povo são elementos de verificação indispensáveis para<br />
qualquer obra construtora neste senti<strong>do</strong> [...]. Para a realização dessa obra<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l é que o país reclama o esforço de to<strong>do</strong>s os homens de inteligência e<br />
ação” (ALMEIDA, 1928: 3).<br />
Essas transformações verifica<strong>da</strong>s ao longo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1920 se des<strong>do</strong>bram <strong>na</strong> Revolução<br />
de 30 e no Esta<strong>do</strong> Novo, implantan<strong>do</strong> um modelo de produção cultural até então jamais visto <strong>na</strong><br />
história brasileira. Tais transformações no seio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de fazem surgir uma identi<strong>da</strong>de<br />
intelectual “... que se define pela tentativa de construir, como se fossem termos intercambiáveis,<br />
a <strong>na</strong>ção, o povo e o moderno” (LAHUERTA, 1997: 95).<br />
Os modernistas convocam a socie<strong>da</strong>de brasileira, representa<strong>da</strong> por seus “homens de<br />
inteligência e ação”, para o estu<strong>do</strong> de seus problemas, para “... a análise profun<strong>da</strong> de nossas<br />
cama<strong>da</strong>s sociais, a in<strong>da</strong>gação <strong>do</strong>s seus desejos e necessi<strong>da</strong>des, a psicologia exata <strong>do</strong> povo”<br />
(ALMEIDA, 1928:3), os quais são “... elementos de verificação indispensáveis para qualquer<br />
obra construtora neste senti<strong>do</strong>” (ALMEIDA, 1928: 3).<br />
36