O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
• Seria possível explicar os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s textos produzi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> <strong>primeira</strong> <strong>metade</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>século</strong> <strong>XX</strong> sobre a história prática musical em São Paulo entre os <strong>século</strong>s XVI e XIX a<br />
partir <strong>do</strong> contexto em que se inserem?<br />
Partin<strong>do</strong> de pressupostos semelhantes ao acima descritos alguns musicólogos têm<br />
chegan<strong>do</strong> a interessantes conclusões as quais evidenciam a questão <strong>da</strong> estreita conexão entre<br />
historiografia e socie<strong>da</strong>de. James Garrat, por exemplo, demonstra que as <strong>primeira</strong>s evocações de<br />
uma “ver<strong>da</strong>deira” música sacra pelos estudiosos alemães <strong>do</strong> início <strong>do</strong> <strong>século</strong> XIX, nos primórdios<br />
<strong>do</strong> movimento romântico, ocorrem simultaneamente à polêmica contra a cultura liga<strong>da</strong> ao<br />
Iluminismo (GARRAT, 2000:170). Karen Painter por sua vez afirma que as biografias foram o<br />
manual pe<strong>da</strong>gógico mais acessível em relação à divulgação <strong>da</strong>s idéias abstratas <strong>da</strong> estética<br />
musical à ascendente burguesia alemã <strong>do</strong> <strong>século</strong> XIX (PAINTER, 2002:187).<br />
Outros conceitos orientam a pesquisa:<br />
• história <strong>da</strong> musicologia, ou seja, a “... utilização <strong>do</strong>s critérios meto<strong>do</strong>lógicos <strong>da</strong> história<br />
aplica<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>da</strong> pesquisa musicológica” (CASTAGNA, 2004:2)<br />
• pensamento brasileiro, a saber, a produção intelectual <strong>do</strong> Brasil e suas relações com a<br />
socie<strong>da</strong>de brasileira (LAPA, 1985:23).<br />
Outra importante concepção teórica <strong>do</strong> trabalho é a idéia <strong>da</strong> “subjetivi<strong>da</strong>de histórica”, ou<br />
seja, a impossibili<strong>da</strong>de de se construir uma história objetiva, basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> procura de <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
supostamente “positivos” encontra<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>cumentos ema<strong>na</strong><strong>do</strong>s de instituições oficiais como a<br />
Igreja e o Esta<strong>do</strong>. Portanto, a subjetivi<strong>da</strong>de de quem escreve a história, sua ideologia, seus<br />
vínculos a determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos e ativi<strong>da</strong>des profissio<strong>na</strong>is, devem ser, portanto, considera<strong>do</strong>s <strong>na</strong><br />
compreensão de determi<strong>na</strong><strong>da</strong> produção intelectual. Segun<strong>do</strong> Peter Burke: “Nossas mentes não<br />
refletem diretamente a reali<strong>da</strong>de. Só percebemos o mun<strong>do</strong> através de uma estrutura de<br />
convenções, esquemas e estereótipos, um entrelaçamento que varia de uma cultura para outra”<br />
(BURKE, 1992:15).<br />
Um <strong>do</strong>s motivos para utilizarmos uma fun<strong>da</strong>mentação teórica advin<strong>da</strong> <strong>da</strong> discipli<strong>na</strong><br />
história reside no fato não havermos estabeleci<strong>do</strong>, <strong>na</strong> musicologia brasileira, ao menos de<br />
maneira sistemática, o debate em torno <strong>da</strong> escrita <strong>da</strong> história musical no Brasil. Por este motivo,<br />
8