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O desenvolvimento, na primeira metade do século XX, da ... - Unesp

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iografismo <strong>na</strong> historiografia musical se deve aos racio<strong>na</strong>listas <strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII, os quais<br />

julgaram os músicos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> como “inventores” <strong>da</strong> arte e ciência musical, e mais,<br />

considera<strong>do</strong>s responsáveis pelo “<strong>desenvolvimento</strong> constante” e pelo “progresso” <strong>da</strong> arte musical,<br />

em função de seus poderes racio<strong>na</strong>is e de seu esforço consciente (ALLEN, 1962: 85). Allen<br />

lembra ain<strong>da</strong> que, ao levar o “terror” à França, o racio<strong>na</strong>lismo havia se posto em ver<strong>da</strong>deiro<br />

descrédito, causan<strong>do</strong>, de tal mo<strong>do</strong>, uma revitalização <strong>da</strong> fé cristã, e assim, crian<strong>do</strong> um ambiente<br />

favorável para que os historia<strong>do</strong>res recorressem à expla<strong>na</strong>ções de ordem super<strong>na</strong>tural, onde a<br />

idéia de gênio poderia se desenvolver ple<strong>na</strong>mente (ALLEN, 1961:87).<br />

José Honório Rodrigues nos apresenta importantes considerações para compreendermos o<br />

caráter <strong>do</strong> gênero biográfico. Em primeiro lugar, o autor dizer este ser um gênero origi<strong>na</strong>lmente<br />

associa<strong>do</strong> à poesia e à prosa, e em segun<strong>do</strong> lugar, que há uma estreita conexão entre a biografia e<br />

o elogio, chegan<strong>do</strong> mesmo esta a ser caracteriza<strong>da</strong> pelo autor como um tipo de literatura<br />

comemorativa (RODRIGUES, 1978:204). O autor exemplifica suas considerações com uma série<br />

de tipos de escritos biográficos produzi<strong>do</strong>s entre várias civilizações desde a Antigui<strong>da</strong>de até os<br />

dias de hoje.<br />

Além disso, o autor relata que no Brasil houve sempre um pre<strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> biografia de<br />

perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de sobre a própria história política, e que durante muito tempo nossa história política<br />

foi escrita em torno de figuras centrais como D. João, D. Pedro I, José Bonifácio, D. Pedro II,<br />

Joaquim Nabuco, Rui Barbosa etc (RODRIGUES, 1978:206). Segun<strong>do</strong> Rodrigues, através <strong>da</strong>s<br />

biografias a historiografia brasileira difundiu a idéia de “heróis” vincula<strong>do</strong>s ao processo de<br />

“criação” <strong>da</strong> <strong>na</strong>ção. Segun<strong>do</strong> o autor, “... os heróis aparecem <strong>na</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>mésticas ou<br />

superestruturais <strong>da</strong> política, sem que esta última se coordene com as bases econômicas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l” (RODRIGUES, 1978:206).<br />

Nilo Odália, por sua vez, cita o caso <strong>do</strong> renoma<strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r brasileiro de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>século</strong> XIX, Francisco de Varnhagen, o qual, no intuito de sedimentar a uni<strong>da</strong>de territorial <strong>da</strong><br />

<strong>na</strong>scente <strong>na</strong>ção brasileira, “... lança mão <strong>do</strong> recurso altamente sensibilizante <strong>da</strong> criação de<br />

heróis” (ODÁLIA, 1997:57). Do mesmo mo<strong>do</strong>, a historiografia paulista <strong>do</strong> início <strong>do</strong> <strong>século</strong> <strong>XX</strong><br />

procurou forjar uma imagem heróica <strong>do</strong> bandeirante, então “... considera<strong>do</strong> exatamente um elo<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> constituição e permanência <strong>do</strong> povo brasileiro e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, em última<br />

instância, de sua uni<strong>da</strong>de geográfica e política” (DAVIDOFF, 1982:86).<br />

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