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Ed.03 - A prática do Serviço Social no Morhan

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104 Cader<strong>no</strong>s <strong>do</strong> <strong>Morhan</strong><br />

A palavra lepra que significa escamoso em grego, designava na<br />

Antigüidade, <strong>do</strong>enças que hoje conhecemos por psoríase, eczemas<br />

e outras dermatoses; e à medida que suas causas foram descobertas,<br />

essas <strong>do</strong>enças passaram a ter de<strong>no</strong>minação apropriada. Em traduções<br />

bíblicas ainda se encontra a palavra lepra (Levítico, capítulo<br />

13 e 14), descreven<strong>do</strong> <strong>do</strong>enças que são diferentes de hanseníase.<br />

Quem for leproso, deverá andar com as roupas rasgadas<br />

e despentea<strong>do</strong>, com a barba coberta e gritan<strong>do</strong>:<br />

Impuro! Impuro! Ficará impuro enquanto durar sua<br />

<strong>do</strong>ença. Viverá separa<strong>do</strong> e morará fora <strong>do</strong> acampamento.<br />

(Levítico 13: 45-46).<br />

As palavras lepra e leproso estão associadas à idéia de impureza,<br />

vício, <strong>no</strong>jeira, repugnância, que é anticientífico, irracional e<br />

desuma<strong>no</strong> considerá-las como sinônimos de hanseníase e porta<strong>do</strong>r<br />

de hanseníase. Esta observação feita pelo escritor inglês Graham<br />

Greene “ lepra é uma palavra, não é uma moléstia. Nunca acreditarão<br />

que lepra se cura. Palavra não se cura”. A hanseníase<br />

tem este <strong>no</strong>me em homenagem a Gerhard Amauer Hansen (1841-<br />

1912), médico <strong>no</strong>rueguês que descobriu em 1873 o micróbio causa<strong>do</strong>r<br />

da <strong>do</strong>ença. O termo hanseníase está oficialmente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>no</strong><br />

Brasil desde 1976. O surgimento da hanseníase <strong>no</strong> Brasil (mesmo<br />

quan<strong>do</strong> era de<strong>no</strong>minada de lepra) foi objeto de inúmeros estu<strong>do</strong>s<br />

e pesquisas. Pois segun<strong>do</strong> Maura<strong>no</strong> (1944) os responsáveis pelo<br />

primeiro foco da <strong>do</strong>ença em <strong>no</strong>sso país foram os portugueses, na<br />

época da colonização, final <strong>do</strong> século XVI e início <strong>do</strong> século XVII.<br />

Para o autor Souza-Araújo foi em 1538 que a <strong>do</strong>ença chegou<br />

ao Brasil, com a sistematização <strong>do</strong> tráfico de escravos de regiões<br />

potencialmente foco de hanseníase (Guiné, Ilha de São Tomé,<br />

Congo, Dongo, Matamba, Moçambique, Costa de Mina, Ajuda,<br />

Bissau, Calabar e República <strong>do</strong>s Camarões. A primeira referência<br />

de casos de hanseníase <strong>no</strong> Brasil, relatadas pelas autoridades<br />

locais, é datada de l698 <strong>no</strong> Rio de Janeiro, quan<strong>do</strong> foi solicitada<br />

autorização para a instalação de um hospital para os <strong>do</strong>entes, o<br />

Lazareto local para abrigar os <strong>do</strong>entes de Lázaro, lazarentos ou<br />

leprosos, como se de<strong>no</strong>minava na época. Neste perío<strong>do</strong> também<br />

foram identifica<strong>do</strong>s focos na Bahia e <strong>no</strong> Pará.<br />

Este perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> pela atuação de grupos religiosos <strong>no</strong><br />

atendimento às pessoas atingidas pela hanseníase, muito embora<br />

não tivessem desenvolvimento democrático suficiente para exercer<br />

o que se de<strong>no</strong>mina hoje de participação social. Em 1741, <strong>do</strong>is<br />

médicos da corte portuguesa redigiram o primeiro regulamento<br />

para combater a hanseníase <strong>no</strong> Brasil. A partir deste regulamento,

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