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Ed.03 - A prática do Serviço Social no Morhan

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66 Cader<strong>no</strong>s <strong>do</strong> <strong>Morhan</strong><br />

José, está em tratamento e após o seu cadastro, passou a<br />

receber o benefício, que segun<strong>do</strong> o mesmo foi em “boa hora”.<br />

Questiona<strong>do</strong> quanto a importância <strong>do</strong> cheque-saúde cidadão, o<br />

entrevista<strong>do</strong> disse:<br />

É muito importante sim, porque eu passei por uns apertos<br />

porque tive que ficar fora <strong>do</strong> meu trabalho e aí minha<br />

mulher que aju<strong>do</strong>u, segurou as pontas mesmo sabe?<br />

Se não fosse ela nem sei o que seria de mim, depois<br />

que comecei a receber a ajuda <strong>do</strong> gover<strong>no</strong>, a gente vai ao<br />

merca<strong>do</strong> faz <strong>no</strong>ssas compras. Compro arroz, feijão, muita<br />

carne, frutas das crianças porque enquanto não posso trabalhar<br />

isso me ajuda muito sabe? (José, 37 a<strong>no</strong>s)<br />

Neste relato, mais uma vez se evidencia a necessidade das pessoas<br />

receberem o cheque-saúde por conta <strong>do</strong> acometimento <strong>do</strong><br />

usuário pela <strong>do</strong>ença e pelo desemprego. É interessante elucidar<br />

que o benefício é visto pelo beneficiário como “uma ajuda” e não<br />

como um direito. Talvez por isso muitos usuários deixam de recebêlo<br />

por não saberem que podem reivindicar junto às SMS/SES e,<br />

os que terminaram o tratamento, caso tenham efetua<strong>do</strong> o cadastro<br />

durante o tratamento, também possuem o direito de receber o<br />

cheque - saúde.<br />

Os usuários, portanto, devem ter o cheque-saúde cidadão<br />

como um direito a fim de distanciar a assistência da benemerência.<br />

No entanto, “o pobre (...) porque depende <strong>do</strong> que recebe, é<br />

um deve<strong>do</strong>r. Não há troca aparente, posto que não se lhe pode<br />

exigir nada. Há, porém, uma troca real e desigual: trocam-se as<br />

coisas pela submissão, sob a falsa forma de gratidão.” (MELLO<br />

apud YAZBEK, 2003), ou seja, nas relações que foram construídas<br />

<strong>no</strong> Brasil, existe a relação da assistência social com a benemerência<br />

que faz com que os usuários acreditem que o benefício é uma<br />

benesse estadual.<br />

Em visita à Secretaria Estadual de Saúde (SES) a fim de entrevistar<br />

a Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Programa de Hanseníase <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro, tive acesso aos <strong>do</strong>cumentos disponibiliza<strong>do</strong>s pela equipe,<br />

que me possibilitaram constatar que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2005 faziam parte<br />

<strong>do</strong> Programa Estadual de Eliminação da Hanseníase sessenta e<br />

<strong>no</strong>ve (69) municípios.<br />

Chama a atenção que vinte e três (23) municípios não faziam<br />

parte <strong>do</strong> programa prejudican<strong>do</strong> desta forma, aos usuários em<br />

tratamento de hanseníase que não recebem o benefício chequesaúde<br />

cidadão. Os municípios são: Areal, Armação de Búzios,<br />

Arraial <strong>do</strong> Cabo, Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci, Campos

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