17.04.2013 Views

Ed.03 - A prática do Serviço Social no Morhan

Ed.03 - A prática do Serviço Social no Morhan

Ed.03 - A prática do Serviço Social no Morhan

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

esperan<strong>do</strong> que aqueles a livrasse <strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> a<strong>do</strong>ecer e<br />

morrer e, aqueles internalizan<strong>do</strong> o papel de quem teria tal poder.<br />

Em outras palavras, era mais um <strong>do</strong>s movimentos que construíram,<br />

reforçaram e porque não dizer reforçam ainda hoje a idéia da soberania<br />

médica, bem como a da “medicalização da pessoa” 23 .<br />

Uma outra concepção da morte social é apresentada por Ortiz:<br />

A morte não é um acontecimento puramente de<br />

ordem física; ao destruir um ser huma<strong>no</strong> ela elimina um<br />

ser social. O mun<strong>do</strong> a que pertence este indivíduo é<br />

automaticamente atingi<strong>do</strong>, e deve então ser regenera<strong>do</strong>.<br />

Por isso, os rituais funerários se assemelham aos rituais<br />

de criação. À exclusão de indivíduo deve suceder-se um<br />

processo de integração da alma <strong>do</strong> morto <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

mortos. A morte é uma passagem de uma sociedade visível<br />

a outra invisível. (ORTIZ 1999, p, 7)<br />

A concepção de Silva (2000) aponta para a negação da identidade<br />

social, e porque não dizer também para a negação da identidade<br />

individual. Já a concepção de Ortiz , apesar de abordar a<br />

morte social a partir da metáfora da morte orgânica, apresenta<br />

elementos significativos para uma análise mais aprofundada sobre<br />

a morte social, partin<strong>do</strong> da morte orgânica, perpassan<strong>do</strong> a morte<br />

social onde a classificação “excluí<strong>do</strong>” se aplica para além da eliminação<br />

<strong>do</strong> indivíduo, mas para a eliminação <strong>do</strong> ser social, que<br />

produz, consome, reflete, sente e age.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, analogamente a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> o conceito de Ortiz<br />

como referência, e as construções anteriormente apresentadas<br />

sobre o processo de isolamento deslancha<strong>do</strong> pela Política Sanitária<br />

<strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 1960 a 1980 nesse país, pode-se então dizer que a morte<br />

social é uma sucessão de movimentos de esterilização, exílio e<br />

exclusão <strong>do</strong> indivíduo, ao passo que contraditoriamente essa<br />

sociedade que segrega, é a mesma que construía espaços de produção<br />

da interação humana <strong>no</strong>s antigos hospitais-colônia como,<br />

por exemplo, cinema, salão de jogos, teatro e etc.<br />

Vale lembrar ainda, que estes espaços foram construí<strong>do</strong>s não<br />

por uma política social, mas por uma política arraigada numa lógica<br />

sectária e ig<strong>no</strong>rante.<br />

Em revisão <strong>do</strong>s escritos de Besaïd (1999) na tentativa de compreender<br />

histórico-meto<strong>do</strong>logicamente a atuação <strong>do</strong> <strong>Serviço</strong> <strong>Social</strong><br />

<strong>no</strong>s Hospitais-colônia, onde seu entendimento da linha <strong>do</strong> tempo<br />

<strong>no</strong>s permite reconhecer as Relações Sociais através de uma singular<br />

dimensão, aportada como uma importante contribuição para<br />

este estu<strong>do</strong>. O autor aborda o tempo como sen<strong>do</strong> inóspito em si:<br />

Na dualidade espaço-tempo da velha metafísica, o<br />

A <strong>prática</strong> <strong>do</strong> <strong>Serviço</strong> <strong>Social</strong> <strong>no</strong> <strong>Morhan</strong><br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!