17.04.2013 Views

José Lourenço Cindra - SBHC

José Lourenço Cindra - SBHC

José Lourenço Cindra - SBHC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

12<br />

1.conjunto dos números inteiros positivos ou conjuntos dos números naturais,<br />

2. conjunto dos números racionais,<br />

3. conjunto dos números algébricos,<br />

4. conjuntos dos números reais.<br />

Todos esses conjuntos são infinitos. Entretanto, surge a questão que consiste em saber se é<br />

possível comparar a grandeza de cada um desses conjuntos. É possível fazer a pergunta se um<br />

desses conjuntos é maior, é menor ou é igual a outro dos conjuntos infinitos? Galileu já havia<br />

feito conjecturas sobre alguns conjuntos infinitos. Em Duas Novas Ciências, livro publicado<br />

em 1638, ele discute sobre algumas manifestações do infinito. Como temos certeza de<br />

encontrar linhas uma maior que a outra, contendo ambas infinitos pontos, ..., temos que<br />

admitir uma coisa maior que o infinito, argumenta Simplício. Ao que Salviati responde: Este<br />

tipo de dificuldade decorre do discurso que fazemos com nosso intelecto finito acerca do<br />

infinito, dando-lhes os mesmos atributos que damos às coisas finitas e limitadas. Infinitos são<br />

os números inteiros positivos, como também os números inteiros quadrados. Ele conclui que,<br />

embora ambos esses conjuntos tenham infinitos elementos, a impressão que se tem é que há<br />

menos números quadrados do que números inteiros, em geral. Para um conjunto finito desses<br />

números, não resta dúvida que o conjunto dos números inteiros quadrados é muito menor do<br />

que o conjunto dos números naturais no dado intervalo. Como exemplo, tomemos o conjunto<br />

dos números naturais entre 1 e 1000. O conjunto dos números que é quadrado de outro<br />

número entre 1 e 1000 é formado de apenas 31 elementos. Galileu, fazendo elucubrações<br />

sobre os conjuntos infinitos, teve a sagacidade de perceber que o que é válido para conjuntos<br />

finitos pode não ser válido para conjuntos infinitos. Sendo assim, ele escreveu que poderia ser<br />

que os atributos de igual, maior ou menor não se aplicassem aos conjuntos infinitos.<br />

Entretanto, passados mais de duzentos anos, Georg Cantor conseguiu fazer um estudo<br />

rigoroso dos conjuntos infinitos, e por meio de conceitos precisos, estabeleceu uma hierarquia<br />

desses conjuntos. Em outras palavras, segundo Cantor, há infinitos maiores do que outros. O<br />

que Cantor concluiu foi que os conjuntos dos números inteiros naturais, o conjunto dos<br />

inteiros quadrados, o conjunto dos números racionais, e até mesmo o conjunto dos números<br />

algébricos,todos são infinitos de mesma potência ou de mesma cardinalidade. Esses conjuntos<br />

são enumeráveis, são contáveis, é possível estabelecer uma correspondência biunívoca entre o<br />

conjunto dos números inteiros positivos e qualquer um desses conjuntos. Por outro lado, o<br />

conjunto dos números reais, o conjunto de pontos da reta numérica, tem uma cardinalidade<br />

maior do que a dos números reais. O conjunto dos números reais é conjunto do continuum. O<br />

inesperado em tudo isso é que existem muito mais números transcendentes que números<br />

algébricos. E é o conjunto dos números transcendentes que faz com que o conjunto dos<br />

números reais seja não enumerável.<br />

Em 1874,no artigo “Über eine Eigenschfat des Inbegriffes aller algebraischen<br />

Zahlen”, Cantor demonstrou que o conjunto dos números irracionais, tema que ocupava os<br />

matemáticos da época, especialmente Dedekind, não é enumerável. Está implícito neste<br />

resultado que existem conjuntos infinitos de “tamanhos” diferentes. A noção de potência<br />

{Mächtigkeit} foi introduzida para expressar o que intuitivamente seria chamado de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!