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José Lourenço Cindra - SBHC

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2<br />

Juntas se encontravam todas as coisas, infinitas tanto em quantidade como em<br />

pequenez – pois que também o pequeno era infinito. E quando juntas se encontravam<br />

todas as coisas, nenhuma delas era distinguível em razão de sua pequenez; pois o ar e<br />

o éter prevaleciam sobre todas as coisas, sendo ambos infinitos – pois em todas as<br />

coisas estes são os maiores, tanto em quantidade como em dimensão (Anaxagoras,<br />

apud BARNES, 1997: 268)<br />

There is no smallest among the small and no largest among the large; But always something<br />

still smaller and something still larger (ANAXAGORAS, apud E. Maor, 1991:.2).<br />

2.Os Paradoxos de Zenon<br />

Os paradoxos ou aporias de Zenon são as aporias da continuidade, aporias da divisão infinita<br />

de uma grandeza extensa, Tornaram-se conhecidas cinco aporias de Zenon: a aporia da<br />

medida, a da dicotomia, a de Aquiles e a tartaruga, a da flecha e a do estádio.<br />

A primeira aporia, a aporia da medida, indica a impossibilidade de ser formada uma grandeza<br />

extensa a partir de elementos inextensíveis. Se os elementos são inextensíveis então a soma<br />

desses elementos será nula. Por outro lado, se os elementos possuem extensão não nula, então<br />

a soma de um conjunto infinito desses elementos será também infinita.<br />

A segunda aporia, o paradoxo da dicotomia, afirma que um corpo em movimento, antes de<br />

percorrer uma distância, tem de percorrer a sua metade, antes disso, percorre 1/4 , antes ainda,<br />

percorre 1/8 daquela distância, etc. Parece que a soma da série dessas frações nunca será igual<br />

à unidade.“Procuramos a primeira parte elementar do caminho percorrido e não a<br />

encontramos” (KOUZNETSOV, 1974: 58).<br />

A terceira aporia é a que traz o nome de Aquiles e a tartaruga. A distância entre Aquiles e a<br />

tartaruga diminui, mas nunca será nula. É impossível alcançar o último ponto de um caminho<br />

contínuo.<br />

Além da ausência do primeiro e do último elemento do caminho, deparamos com<br />

outra particularidade do infinito atual. Em toda a extensão da competição de<br />

Aquiles com a tartaruga o número de segmentos elementares percorridos por<br />

Aquiles coincide com o número de segmentos percorridos pela tartaruga, pois a<br />

cada elemento do caminho percorrido por Aquiles corresponde um elemento do<br />

caminho percorrido pela tartaruga. Mas Aquiles percorre um caminho maior que<br />

aquele que percorre a tartaruga. Sendo assim, segmentos desiguais contêm o<br />

mesmo número de elementos (KOUZNETSOV, 1974: 58-59).<br />

A quarta aporia é a da flecha. Uma flecha em movimento ocupa um espaço que é o mesmo<br />

durante todo o tempo em que está em movimento, ou seja, em cada instante, ela se comporta<br />

como se estivesse em repouso. A soma desses instantes constitui o tempo de movimento da<br />

flecha. No decorrer de todo esse tempo, a flecha esteve em repouso.<br />

A quinta aporia ou paradoxo do estádio. Neste paradoxo, aparece uma noção velocidade<br />

relativa. O intervalo de tempo será divisível ou indivisível, dependendo do referencial em<br />

relação à qual, o movimento é considerado.<br />

Boris Kouznetsov argumenta que a aporia do estádio indica mais uma particularidade do<br />

infinito atual. A aporia de Aquiles e a tartaruga mostrou que o número infinito possui uma

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