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No Capítulo VI do Revolutionibus, Copérnico escreve: “O Céu é imenso em<br />
comparação com a Terra e dá a impressão de um tamanho infinito, enquanto segundo o<br />
testemunho dos sentidos, a Terra é em relação ao Céu o que um ponto é em relação ao corpo,<br />
o finito em relação ao infinito” (COPÉRNICO, 1984: 34).<br />
No Capítulo VIII, Copérnico lembra o “axioma da Física” de que o infinito não pode ser<br />
percorrido nem movido de forma alguma – conclui que o Céu terá necessariamente<br />
permanecer imóvel. E por fim, ele escreve: “Deixemos pois que os físicos disputem sobre se o<br />
mundo é finito ou infinito, tendo nós como certo que a Terra é limitada pelos seus pólos e por<br />
uma superfície esférica” (ibid, p. 40).<br />
As considerações de Giordano Bruno sobre o infinito são arrojadas e concernem ao infinito<br />
atual. Já no Primeiro Diálogo Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos, Filóteo, o portavoz<br />
do pensamento de Bruno, declara que “não há sentido que veja o infinito ou algum a que<br />
possa solicitar essa conclusão, pois o infinito não pode ser objeto dos sentidos” (BRUNO,<br />
2007: 32).<br />
Portanto, para Bruno, o infinito é objeto da razão. E de modo explícito, é afirmado o infinito<br />
atual: “Se o Universo é infinito, não é necessário procurar seu motor. Depois, que sendo<br />
infinitos os mundos que estão nele, como as terras, os fogos e outros tipos de corpos<br />
denominados astros, todos se movem pelo princípio interno que é a própria alma [do mundo],<br />
como em outra assertiva provamos” (ibid, p. 45).<br />
Spinoza é outro pensador que tratou de alguns aspectos do infinito e da eternidade, vistas do<br />
ponto de vista de sua filosofia monista e panteísta.<br />
Em Ética-I Definição 2, Spinoza escreve: Diz-e que uma coisa é finita no seu gênero quando<br />
pode ser limitada por outra coisa da mesma natureza. E a Proposição VIII diz que “toda<br />
substância é necessariamente infinita”.<br />
Três pilares nos quais sustentam a metafísica spinoziana: substância, atributos e modos.<br />
Enquanto os dois primeiros são o primado da eternidade e da permanência, os últimos são as<br />
mudanças e a transitoriedade das coisas corruptíveis. O mundo material é mutável, mas suas<br />
leis são imutáveis e devem ser consideradas, segundo Spinoza, “sub specie<br />
aeternitatis”(PONCZEK, 2009: 116).<br />
HEGEL faz a distinção entre a infinitude verdadeira e a má infinitude, quando escreve:<br />
Quando trata da infinitude em geral, é, sobretudo, no progresso quantitativo infinito<br />
que o entendimento reflexivo costuma deter-se. Ora, dessa forma do progresso<br />
infinito vale,, antes de tudo, o mesmo que antes se notou sobre o progresso<br />
qualitativo infinito: a saber, que não é a expressão da infinitude verdadeira, mas<br />
somente daquela má infinitude que não vai além do simples dever-ser, e assim, de<br />
fato, permanece no finito” (HEGEL, $ 104, Adendo 2 1995: 208).<br />
Em seguida, no mesmo Adendo 2, Hegel continua dizendo que no que concerne mais<br />
precisamente à forma quantitativa desse progresso infinito, que Espinosa com razão considera<br />
como uma infinitude simplesmente imaginada (infinitumimaginationis), também poetas se<br />
utilizaram não raramente dessa representação. E Hegel cita então o poema de Albrecht von<br />
Haller: