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José Lourenço Cindra - SBHC

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14<br />

Kouznetsov escreve que a própria concepção de lei natural representada por uma função<br />

contínua faz corresponder de modo unívoco os elementos de um conjunto aos elementos de<br />

outro conjunto. Por outro lado, com o surgimento da noção de limite e do infinitesimal como<br />

quantidade variável, o infinito atual parecia ter desaparecido da matemática (KOUZNETSOV,<br />

1973: 250).<br />

Considerações Finais<br />

Neste pequeno trabalho procurou-se ressaltar algumas vicissitudes da concepção de infinito,<br />

seja o infinito visto como um processo (infinito potencial) ou com algo acabado (infinito<br />

atual). Não resta dúvida que o infinito potencial, desde Aristóteles, é mais fácil de ser<br />

concebido e aceito. No âmbito da realidade material é difícil imaginar algo infinito, existindo<br />

como uma substância, no sentido metafísico ou como uma substância física mesmo. Como foi<br />

visto neste texto, Bolzano esteve entre os primeiros a ressaltar a existência do infinito atual,<br />

em diversos conjuntos de objetos abstratos, a começar pelo conjunto dos números naturais.<br />

Cantor deu continuidade e aprofundamento, por meio de um maior rigor, à concepção de<br />

infinito atual. Entretanto, os paradoxos do infinito estão por toda a parte. Resta dizer que um<br />

dos aspectos da questão do infinito que não foi ressaltado neste texto, mas que talvez mereça<br />

atenção é a conotação dialética que o infinito parece ter. A particularidade dos conjuntos<br />

infinitos de possuírem propriedades inerentes, não compartilhadas pelos conjuntos finitos, a<br />

grande descoberta que o todo pode não ser maior que suas partes, tudo isso assemelha muito<br />

com uma das leis da dialética, a lei, segundo qual, a quantidade se converte qualidade. Novas<br />

qualidades e novas propriedades emergem no processo de variação quantitativa de matéria ou<br />

de movimento. Por que os aspectos contraditórios e às vezes paradoxais, inerentes aos grandes<br />

números e ao processo de passagem ao infinito, não possam ser vistos como mudanças de<br />

qualidades que acompanham as mudanças quantitativas?<br />

Bibliografia<br />

ARISTOTLE, Physics,Books I-IV, London: Loeb Classical Library, Harvard University<br />

Press, Cambridge, Massachusetts, London, England, 1993, First published 1929.<br />

Trad..Philip H. Wicksteed and Francis M. Cornford.<br />

ARISTOTLE, On the Heavens, London: Loeb Classical Library, Harvard University Press,<br />

Cambridge, Massachusetts, London, England, 2006, First published 1939.<br />

Trad. W. K. C. Guthrie.<br />

BARNES, J. , Filósofos Pré-Socráticos, São Paulo: Martins Fontes, 1997.<br />

BOLZANO, B. Paradossi dell` Infinito,Torino: BollatiBeringhieri editore, 2003<br />

BRUNO, G. Acerca do Infinito, Do Universo e dos Mundos, São Paulo: Madras Editora,<br />

2007<br />

COPÉRNICO, N. As Revoluções dos Orbes Celestes, Lisboa: Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, 1984.<br />

Trad. do texto original latino: De Revolutionibus Orbium Coelestium, Basileia, 1566.

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