Livro em PDF - Racionalismo Cristão
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CARTA AO MANO POMPÍLIO<br />
Recebi a estimada carta <strong>em</strong> que comunicaste que a situação econômico-financeira dessa<br />
terra é assaz melindrosa, <strong>em</strong> vista do estio que devastou a plantação.<br />
É lamentável esse fenômeno climatológico que se expande por todo o Nordeste<br />
brasileiro, ora pelo quadro desolador das secas prolongadas, ora pelo excesso das chuvas<br />
periódicas...<br />
Que pod<strong>em</strong> fazer os bravos nordestinos?<br />
Ter muita corag<strong>em</strong> e resignação com as condições naturais dessa terra, porque tudo que<br />
nos acontece, voluntária ou involuntariamente, t<strong>em</strong> o seu fundamento e a sua razão de ser,<br />
nada nos acontece por acaso.<br />
DÍVIDA<br />
Suponho que o Nordeste esteja resgatando uma dívida antiga; por isso a região talvez<br />
esteja colhendo o fruto que s<strong>em</strong>eou no passado. Assim, o futuro lhe reservará melhores<br />
condições.<br />
O t<strong>em</strong>po é ilimitado para o resgate das nossas dívidas espirituais; para muitos essa idéia<br />
parece absurda, mas, para mim, acho viável, porque, do contrário, a justiça do Criador seria<br />
igual à dos homens falíveis.<br />
O que fiz<strong>em</strong>os no passado condiciona o presente e o que faz<strong>em</strong>os na atualidade terá<br />
conseqüência no futuro.<br />
Com esclarecimento e corag<strong>em</strong> pod<strong>em</strong>os minorar as reações de causa e efeito, isto é,<br />
cumprindo com valor e altruísmo os nossos deveres.<br />
Os meus conterrâneos não dev<strong>em</strong> esmorecer nessa luta titânica, pois é com sacrifício<br />
que se consegue o seu desiderato. Enquanto possuír<strong>em</strong> energias não dev<strong>em</strong> acovardar-se ante<br />
os <strong>em</strong>pecilhos e é seu dever enfrentá-los, por todos os meios ao seu alcance, porque, lutando,<br />
há probabilidade de vencer.<br />
Não obstante as grandes dificuldades que se lhe apresentam, o hom<strong>em</strong> não deve<br />
esmorecer n<strong>em</strong> perder seu t<strong>em</strong>po inutilmente. O t<strong>em</strong>po perdido jamais se recupera.<br />
IRRIGAR É PRECISO<br />
Embora seja difícil viver aí, por falta de chuvas e de trabalho, todos dev<strong>em</strong> procurar,<br />
com afinco, amenizar a situação <strong>em</strong> que se encontram.<br />
Além do flagelo das secas, faltam iniciativa e estímulo ao povo sertanejo. Esse<br />
município t<strong>em</strong> probabilidade de melhorar economicamente, visto ficar à marg<strong>em</strong> do São<br />
Francisco e possuir muitas ilhas que poderão ser futuramente irrigadas e cultivadas.<br />
Enquanto, porém, o governo não as irrigar, os seus arrendatários dev<strong>em</strong> cultivá-las, na<br />
medida do possível, aguando a plantação. Esse processo de regar é trabalhoso, porém, não o<br />
fazendo, o povo sofrerá mais.<br />
(São Paulo, maio/1934)