18.04.2013 Views

Somos mestiços, e daí? - cchla - UFRN

Somos mestiços, e daí? - cchla - UFRN

Somos mestiços, e daí? - cchla - UFRN

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Passado algum tempo do choque do encontro com os indígenas, o europeu-colonizador<br />

demonstrava seu etnocentrismo julgando assim a sociedade brasileira nascente:<br />

Quando se trata da mesa e do comer: "A ceia constava na usual quantidade de pratos,<br />

colocados sem ordem na mesa." E algumas páginas adiante: "Foi oferecida uma profusão de<br />

iguarias. (...) Nenhuma espécie de ordem é observada." 32 Ou ainda, outro viajante: "Todos os<br />

pratos foram misturados e tocados por todas as mãos" 33 . Às vezes o viajante-colonizador é mais<br />

explícito em seus preconceitos: "tudo o que tem vida e substância é tomado e cozido no interior<br />

do Brasil , ou nas cidades, sem que se tenha a menor atenção às distinções levíticas entre o<br />

limpo e o sujo". 34<br />

Mais ainda: "A delicada dona de casa não tem vergonha de se acocorar no chão para<br />

atirar boas porções do seu alimento preferido, o feijão preto, e sua inocência primitiva chega ao<br />

ponto dela se servir de seus dedos delicados como se fossem faca e garfo e a mão como se fora<br />

colher. Na Bahia as senhoras (...) tem a particular delicadeza de servir o honrado hóspede<br />

diretamente na boca, como se elas quisessem engordar gansos..." 35<br />

O estar junto, nossas misturas!, foi assim representado pelos viajantes estrangeiros, que<br />

nos viram com desprezo: "as cenas, as mais ridículos, têm lugar nas fontes. Gente tagarela,<br />

empurrando roladeiras em direção as fontes, fazem pensar numa pocilga em que porcos<br />

grunhem e em que se comprimem mutuamente, na angústia de morder cada um sua ração." 36<br />

A amabilidade do hóspede brasileiro é assim representada: "A hospitalidade dos<br />

brasileiros salientava-se cada vez mais ao passo que penetrávamos no interior (...). Verifiquei<br />

32 Cf. Koster, Henry. Viagem ao Nordeste do Brasil. Recife, SEC, 1978, pp. 209, 211<br />

33 Cf. Seidler, Carl. Dez anos no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo, EdUSP, p. 153<br />

34 Cf. Ewbank, Thomas. Vida no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo, EdUSP, 1976, p. 106<br />

35 Cf. Seidler, Carl. Dez anos..., op. cit., p. 73<br />

36 CF. Ewbank, Thomas. Vida..., op. cit., p. 156<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!