Cinésio Silva-TMEM.pdf - Universidade Aberta
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A criação de gado em Bouro surgiu com importância económica e como meio de<br />
alimentação no julgado nos dois períodos distintos. O gado mencionado nas inquirições<br />
pertence as seguintes classes 86 : bovino, suíno e caprino e ainda aparecem os animais de<br />
capoeira e a caça 87 .<br />
A mais comum de entre essas categorias 88 era seguramente o gado suíno, uma vez que<br />
o porco era animal criado em toda a região e tinha uma participação maior na alimentação da<br />
população medieval 89 . Seguia-se-lhe o cabrito, animal de carne tenra e saborosa, apreciada<br />
principalmente pela comitiva régia aquando das suas visitas pela região. A porca usada para a<br />
reprodução e como se tratava de um animal para a engorda, era utilizada como elemento de<br />
troca ou venda. Enquanto o porco 90 era a carne mais popular, como o leitão ou espádua com<br />
12 pares de costelas, servia á mesa e pagava também as exigências dos foros e direitos dos<br />
senhores, assim como os cabritos, estes mais solicitados nos períodos festivos. Os animais de<br />
capoeira 91 como o frango, a galinha e os patos também estavam presentes, sendo a galinha a<br />
ave mais presente na maioria dos pagamentos, acompanhada pelos seus ovos, que além de<br />
serem servidos no jantar faziam parte na melhora da confecção de bolos e doces.<br />
Os animais 92 faziam parte dos foros devidos pelas terras 93 , nelas se incluindo<br />
sobretudo os animais de capoeira 94 como as galinhas, frangos, patos, ovos, caça 95 e pesca. O<br />
86 Maria Fernanda Maurício, Entre Douro e Tâmega e as Inquirições Afonsinas e Dionisinas, Lisboa, Ed.,<br />
Colibri, 1997, pp. 147.150.<br />
87 Iria Gonçalves, “Entre a Peneda e o Barroso: Uma Fronteira Galaico-Minhota em Meados de Duzentos”,<br />
Revista da Faculdade de Letras, 2ª série, Vol. XV., Porto, 1998, p. 66.<br />
88 Jean-Pierre Leguay, A. H. Oliveira Marques, Maria Ângela Beirante, Nova História de Portugal, dirigida por<br />
Joel Serrão, Vol.II, Portugal das Invasões Germânicas à Reconquista”, Lisboa, Ed., Presença, 1993, p. 160.<br />
89 Maria José Ferro Tavares, Ob. cit., p 105.<br />
90 O porco aparece em vários documentos como pagamento aos senhores e ao rei. Para isto ver P.M.H.<br />
Inquirições de 1220 e 1258., onde surgem os pagamentos em forma de leitões ou espáduas com 12 costelas.<br />
91 Iria Gonçalves, Alguns aspectos de visita régia ao entre Cávado e Minho, no século XIII, p. 45.<br />
92 Iria Gonçalves, À mesa com o rei de Portugal (Século XII e XIII), pp. 29-30.<br />
93 Manuel Ramos de Oliveira, “Forais, Inquirições, Impostos, e Foros de Celorico”, Beira Alta, nº 22, 1963, pp.<br />
333-335.<br />
94 Maria Filomena Andrade, O Mosteiro de Chelas Uma comunidade feminina na Baixa idade média Património<br />
e Gestão, Cascais, 1996, pp. 101-103.<br />
95 Iria Gonçalves, “Espaços Silvestre para Animais Selvagens no Noroeste de Portugal, com as Inquirições de<br />
1258” in Estudos em homenagem ao Professor Doutor José Marques, vol. 2, Porto, 2006.<br />
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