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Ata da 10ª Reunião da Sub -relatoria de Con ... - Senado Federal

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Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4943<br />

<strong>Ata</strong> <strong>da</strong> <strong>10ª</strong> <strong>Reunião</strong> <strong>da</strong> <strong>Sub</strong> -<strong>relatoria</strong> <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos,<br />

realiza<strong>da</strong> em 08 /11/2005.<br />

Aos oito dias do mês <strong>de</strong> novembro do ano <strong>de</strong><br />

dois mil e cinco, às quatorze horas e cinqüenta e sete<br />

minutos, na sala 19, <strong>da</strong> Ala <strong>Senado</strong>r Alexandre Costa,<br />

sob a Presidência <strong>da</strong> <strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong> contratos o<br />

Deputado José Eduardo Cardozo, ain<strong>da</strong> com as presenças<br />

<strong>da</strong> <strong>Senado</strong>ra I<strong>de</strong>li Salvatti e dos Deputados<br />

Pompeo <strong>de</strong> Mattos, Eduardo Paes, Nelson Meurer,<br />

Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. Reúne-se a <strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong><br />

<strong>Con</strong>tratos <strong>da</strong> COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA<br />

DE INQUÉRITO, CRIADA ATRAVÉS DO REQUERI-<br />

MENTO Nº 3, DE 2005 – CN, PARA INVESTIGAR AS<br />

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DE DENÚNCIAS E<br />

ATOS DELITUOSOS PRATICADOS POR AGENTES<br />

PÚBLICOS NOS CORREIOS – EMPRESA BRASILEI-<br />

RA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, A Presidência<br />

<strong>de</strong>clara abertos os trabalhos às quinze horas e dois<br />

minutos e informa que a presente reunião <strong>de</strong>stina-se<br />

às oitivas dos Senhores Roberto Kfouri (Ex-diretor<br />

<strong>da</strong> Empresa Beta) acompanhado dos seus advogados<br />

Sr. Mário Menezes e Sr. Cleber Rangel <strong>de</strong> Sá e<br />

Américo Proietti (Skymaster). Inicialmente, foi <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

a palavra ao Senhor Roberto Kfouri como primeiro<br />

<strong>de</strong>poente, que faz sua apresentação e logo em segui<strong>da</strong><br />

o <strong>Sub</strong>-relator faz inquirição, a sessão é suspensa<br />

às <strong>de</strong>zesseis horas e treze minutos e retorna<br />

às <strong>de</strong>zesseis e quatorze, pela or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> inscrição o<br />

Deputado Pompeo <strong>de</strong> Mattos. É suspensa a sessão<br />

às <strong>de</strong>zessete horas e <strong>de</strong>zesseis minutos. A sessão<br />

reinicia às <strong>de</strong>zoito horas e trinta e cinco minutos e<br />

o Deputado José Eduardo Cardozo finaliza a oitiva<br />

do primeiro <strong>de</strong>poente solicitando que o próprio envie<br />

o mais rápido possível a documentação pen<strong>de</strong>nte.<br />

É convi<strong>da</strong>do a comparecer à mesa o segundo <strong>de</strong>poente<br />

o Senhor Américo Proietti. Fica suspensa a<br />

sessão às <strong>de</strong>zoito horas e quarenta e dois minutos<br />

por conta <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m do Dia e o Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Con</strong>gresso<br />

Nacional man<strong>da</strong> encerrar to<strong>da</strong>s Comissões<br />

que estiverem funcionando, às <strong>de</strong>zenove horas e<br />

trinta minutos foram reabertos os trabalhos. A Presidência<br />

lê uma petição <strong>da</strong> Advoga<strong>da</strong>, Drª Rita <strong>de</strong><br />

Cássia M. <strong>Con</strong>sentino, se prontificando a comparecer<br />

a esta Comissão em <strong>da</strong>ta a ser confirma<strong>da</strong>. Ficou<br />

marca<strong>da</strong> a agen<strong>da</strong> do senhor Américo Proietti para<br />

quinta-feira às quatorze horas, e não tendo na<strong>da</strong><br />

mais a <strong>de</strong>clarar, é encerra<strong>da</strong> a presente reunião às<br />

<strong>de</strong>zenove horas e quarenta minutos E, para constar,<br />

eu, Wan<strong>de</strong>rley Rabelo <strong>da</strong> Silva, Secretário <strong>da</strong> Comissão,<br />

lavrei a presente ata que, li<strong>da</strong> e aprova<strong>da</strong>, será<br />

assina<strong>da</strong> pelo Senhor Presi<strong>de</strong>nte e irá à publicação<br />

juntamente com as notas taquigráficas que fazem<br />

parte integrante <strong>da</strong> presente ata.<br />

NOTAS TAQUIGRÁFICAS<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Declaro aberta a <strong>10ª</strong> reunião <strong>da</strong> <strong>Sub</strong>-Relatoria<br />

<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos, <strong>da</strong> Comissão Parlamentar Mista <strong>de</strong><br />

Inquérito, cria<strong>da</strong> pelo Requerimento nº 3/2005, para<br />

investigar as causas e conseqüências <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias e<br />

atos <strong>de</strong>lituosos praticados por agentes públicos nos Correios,<br />

Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correios e Telégrafos.<br />

Sobre a mesa, encontra-se a <strong>Ata</strong> <strong>da</strong> reunião anterior,<br />

a qual, <strong>de</strong> imediato, coloco em votação propondo<br />

a dispensa <strong>da</strong> leitura.<br />

Os Srs. Parlamentares que concor<strong>da</strong>m com a<br />

aprovação, permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

Unânime.<br />

Aprova<strong>da</strong>.<br />

Esclareço que a pauta <strong>da</strong> presente reunião <strong>de</strong>stina-se<br />

à oitiva dos Srs. Roberto Kfouri e Américo<br />

Proietti.<br />

Para <strong>da</strong>r seqüência à pauta, convido <strong>de</strong> imediato<br />

para tomar assento à Mesa o Sr. Roberto Kfouri, para<br />

que possa prestar os seus esclarecimentos. Se estiver<br />

acompanhado <strong>de</strong> advogado, este po<strong>de</strong>rá também<br />

tomar assento à Mesa.<br />

Acompanha o <strong>de</strong>poente Roberto Kfouri o Advogado<br />

Dr. Mário Menezes, a quem saúdo e agra<strong>de</strong>ço a<br />

presença nesta reunião. Também agra<strong>de</strong>ço a presença<br />

do <strong>de</strong>poente, Dr. Roberto Kfouri, a quem, <strong>de</strong> imediato,<br />

faculto a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>, querendo, fazer uso <strong>da</strong><br />

palavra para uma exposição preliminar, facultativa, se<br />

assim o quiser, acerca, claro, dos fatos que ensejam<br />

a sua convocação a esta Comissão Parlamentar Mista<br />

<strong>de</strong> Inquérito.<br />

Tem V. Sª a palavra, se quiser <strong>de</strong>la fazer uso.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Boa tar<strong>de</strong> a V.<br />

Exªs.<br />

Meu nome é Roberto Kfouri, sou brasileiro, Engenheiro,<br />

separado judicialmente, tenho uma vi<strong>da</strong><br />

pregressa, pelo menos nos últimos 20 anos, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>da</strong> área <strong>de</strong> transporte e logística, e encontro-me aqui<br />

para prestar o <strong>de</strong>poimento que for necessário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – V. Sª, já iniciando a argüição, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>screver<br />

sinteticamente a sua vi<strong>da</strong> profissional. V. Sª é<br />

Engenheiro, já disse. Mas quais foram os primeiros<br />

empregos, trabalhos, ramo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sou Engenheiro<br />

Eletrônico, trabalhei muitos anos numa multinacional,<br />

na Philips, na área <strong>de</strong> suprimentos, e logística e transportes<br />

no final.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De que ano a que ano, V. Sª trabalhou na<br />

Philips?


4944 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Trabalhei durante<br />

15 anos, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Iniciou em que ano? Lembra-se?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Em 78, mais ou<br />

menos, e foi até 92.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 92?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Em segui<strong>da</strong>, conhecendo<br />

a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> logística e transporte, achei por<br />

bem que po<strong>de</strong>ríamos envere<strong>da</strong>r nessa área <strong>de</strong> transporte,<br />

então, a aquisição <strong>de</strong> uma empresa área foi...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em que ano foi isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi mais ou menos<br />

em 1993. 93, 94.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Qual a função que V. Sª exercia na Philips?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era gerente <strong>de</strong><br />

suprimentos e logística.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E, quando saiu <strong>da</strong> Philips, optou por comprar<br />

uma empresa aérea?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que<br />

fizemos foi o seguinte: como não tínhamos condições,<br />

adquirimos uma empresa rodoviária, e fazíamos, para<br />

não per<strong>de</strong>r a sinergia <strong>de</strong> mercado, porque conhecíamos<br />

muitas empresas, fazíamos...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Empresa rodoviária?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Rodoviária, chama<strong>da</strong><br />

Transpak, com a qual fazíamos exatamente o transporte<br />

do aeroporto para a indústria e vice-versa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Transpak?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – ...tanto em São<br />

Paulo quanto em Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nessa Empresa Transpak, V. Sª foi sócio<br />

<strong>de</strong> quem?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era sócio, um<br />

dos donos <strong>da</strong> empresa, que...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem eram os outros sócios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Acho que tenho<br />

alguma coisa aqui, mas acho que era minha esposa,<br />

minha ex-esposa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Praticamente, uma empresa familiar.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, empresa familiar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – E era só para não<br />

per<strong>de</strong>r essa sinergia <strong>de</strong> mercado, só para que continuássemos<br />

atuando com os contatos, com as pessoas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse mercado, que era industrial, mercado <strong>da</strong><br />

indústria São Paulo/Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Transportes <strong>de</strong> cargas...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Transporte <strong>de</strong> cargas<br />

do aeroporto para a indústria e vice-versa. Até um ano<br />

e meio <strong>de</strong>pois, quando conseguimos a concessão <strong>de</strong><br />

uma empresa aérea, que se chamava Brasair...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Brasair. Se o senhor<br />

me permitir, tenho alguma...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por favor. Po<strong>de</strong> mostrar à vonta<strong>de</strong>. Aliás,<br />

esclareço que V. Sª está aqui na condição <strong>de</strong> testemunha.<br />

Assinou o termo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, assinei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. Então esclareço que V. Sª está aqui não<br />

como investigado, mas como testemunha. Brasair.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isto. Nós entramos<br />

no dia 18/12/92 e permanecemos – eu permaneci na<br />

empresa – até 10/09/95.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso na Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Brasair e Transpak,<br />

elas vieram juntas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eram juntas.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eram juntas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então foi em 92?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi em 92. A Transpak<br />

tinha participação <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Brasair. A Brasair já<br />

existia, era uma empresa já existente. Ela estava...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que fazia a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A situação <strong>da</strong> Brasair,<br />

no passado, era exatamente como a situação <strong>da</strong><br />

Aeropostal hoje: ela tinha concessão e estava lutando<br />

para ter o Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Aeronave.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, era uma empresa <strong>de</strong> transportes<br />

aéreos.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeitamente.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4945<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ela tinha a concessão do DAC...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tinha a concessão<br />

do DAC.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...mas não tinha os aviões. Não tinha os<br />

aviões. É possível obter-se uma concessão sem os<br />

aviões? Como funciona isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. Excelência, é<br />

muita oportuna a sua pergunta. Tenho acompanhado<br />

e acho que seria bastante esclarecedor se nós conseguíssemos<br />

dizer mais ou menos como é que funciona.<br />

Quando se tem a intenção <strong>de</strong> montar uma empresa<br />

aérea, a primeira coisa a fazer é uma concessão junto<br />

ao DAC. Essa concessão é expedi<strong>da</strong> pelo Diretor-Geral,<br />

pelo Briga<strong>de</strong>iro-Geral do DAC, e existem... Normalmente<br />

se fica, no mínimo, dois anos preparando a papela<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>ssa empresa. São manuais, vários manuais. Para o<br />

senhor ter uma idéia, nós estamos hoje mais ou menos<br />

a um metro e cinqüenta <strong>de</strong> manuais. Então são manuais<br />

<strong>de</strong> carga perigosa, manuais <strong>de</strong> operação, e esses<br />

manuais eles contam – são manuais muito grossos,<br />

muito volumosos –, eles dizem a ca<strong>da</strong> problema, um<br />

manual <strong>de</strong> operações, por exemplo, a ca<strong>da</strong> problema<br />

do avião qual é que tem que ser a <strong>de</strong>cisão do coman<strong>da</strong>nte<br />

ou alguma coisa assim. Então esses manuais<br />

são muito difíceis <strong>de</strong> serem aprovados, e, enquanto<br />

se faz uma homologação, nós temos que manter to<strong>da</strong><br />

uma estrutura <strong>de</strong> engenheiros, <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> operação,<br />

controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e um contato freqüente e direto<br />

com o DAC. E esse processo ele culmina – acho que<br />

isso é muito importante dizer – com o último manual,<br />

chamado Manual Geral <strong>de</strong> Manutenção – o MGM –,<br />

porque, até esse instante, até esses dois anos ou três<br />

anos <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> uma empresa aérea, essa empresa<br />

aérea trabalha com avião mais ou menos virtual<br />

– ela po<strong>de</strong> trabalhar com um DC-8 –, ela trabalha com<br />

avião que não existe na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sinceramente, não entendi. Como assim?<br />

Um avião virtual...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ela se propõe a fazer<br />

um transporte com avião, por exemplo, um avião<br />

DC-8.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O avião DC-8, a fabricação<br />

<strong>de</strong>le começou por volta <strong>de</strong> 1960 e foi até...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas ela não tem o avião?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ela não tem o avião.<br />

Então esses manuais, todos esses manuais têm um<br />

roteiro, e o último manual a ser aprovado, o último<br />

chamado MGM – Manual Geral <strong>de</strong> Manutenção –, simplesmente<br />

se linca com o avião. Ou seja, como esse<br />

avião tem várias séries como um carro, por exemplo,<br />

quer dizer, mu<strong>da</strong> um botão, mu<strong>da</strong> um sistema, e você<br />

está fazendo um manual genérico, e o famoso Certificado<br />

<strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Transporte<br />

Aéreo – o Cheta – culmina, no final, com o manual<br />

praticamente aprovado, mas não aprovado ain<strong>da</strong>, e<br />

a aeronave. Nesse instante, faz os últimos ajustes e,<br />

neste instante, você tem então o famoso Cheta. É assim<br />

que funciona.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Para ter o Cheta, precisaria ter o avião ou<br />

pelo menos está alugado ou não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É absolutamente<br />

necessário, para ter o Cheta, ter o avião; isso é absolutamente<br />

necessário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, então, a partir do momento que<br />

o senhor obtém a concessão, o senhor tem <strong>de</strong> passar<br />

por uma situação <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação <strong>de</strong> manuais, e isso é<br />

regulado pelo DAC.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O DAC.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E aí, para ter, digamos assim, a liberação<br />

para levantar vôo, precisa do Cheta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Precisa do Cheta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E para ter o Cheta, precisa do avião. Po<strong>de</strong><br />

ser avião alugado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Po<strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Po<strong>de</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Po<strong>de</strong>. Precisa ter<br />

o bem físico, o avião. Esse avião po<strong>de</strong> ser leasado,<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>da</strong>s várias mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> leasing, esse<br />

avião po<strong>de</strong> ser comprado, po<strong>de</strong> ser financiado, mas o<br />

avião precisa existir.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o tempo para se conseguir o Cheta é <strong>de</strong><br />

dois anos, aproxima<strong>da</strong>mente.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, é um<br />

prazo razoável <strong>de</strong> dois anos para conseguir o Cheta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quer dizer, só quando cumpridos todos os<br />

manuais, nesse iter, se obtém o Cheta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeitamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Brasair era proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quem, do<br />

senhor?


4946 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Brasair era minha<br />

e tinha uma participação <strong>da</strong> empresa rodoviária, que<br />

nós havíamos começado antes, que era a Transpak.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Transpak era do senhor e <strong>da</strong> sua esposa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, quer dizer, a Brasair era o senhor<br />

com Transpak?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Brasair era eu e<br />

a Transpack.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor era o único proprietário?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. A sua intenção era adquirir aviões,<br />

qual era a sua intenção na Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim, tanto é<br />

que adquirimos aviões...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Após 2 anos o sr. conseguiu adquirir aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como o senhor fez aquisição? Foi leasing?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Esse avião foi um<br />

leasing, com opção <strong>de</strong> compra. Foi um financiamento<br />

internacional. Foi o primeiro avião nosso. Foi uma negociação<br />

<strong>de</strong> mais ou menos 12 meses. Eu, como expert<br />

nessa área <strong>de</strong> compras e suprimentos... Chegou um<br />

<strong>de</strong>terminado instante que achei que não fôssemos conseguir<br />

adquirir a aeronave, porque foi uma negociação<br />

muito difícil. A empresa iniciando no Brasil, buscando<br />

alguém no mercado americano que pu<strong>de</strong>sse fazer um<br />

financiamento... Nós passamos por to<strong>da</strong>s as agruras<br />

possíveis para conseguir o primeiro avião.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual foi o primeiro avião?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi um avião, a aeronave<br />

707, cujo prefixo é PRI.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor adquiriu essa aeronave <strong>de</strong> quem, o<br />

senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, lembro sim. Foi<br />

<strong>da</strong> International Air Leasing, uma empresa <strong>de</strong> Miami,<br />

uma empresa média <strong>de</strong> Miami, com 50 aviões, alguma<br />

coisa assim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Lembra o preço, mais ou menos?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Lembro, lembro sim.<br />

Foi alguma coisa, acho que 1 milhão e 800, 2 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares, naquela época.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso foi financiado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso foi financiado.<br />

Foi carta <strong>de</strong> crédito. Foi sim, senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem era, o senhor recor<strong>da</strong>, o fiador? Porque<br />

é uma quantia muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> valor. Veja, apenas não<br />

me cabe entrar em outros aspectos, mas o senhor<br />

era gerente <strong>de</strong> suprimentos <strong>da</strong> Philips, e essa é uma<br />

empresa que exige um aporte, pelo menos <strong>de</strong> capital,<br />

muito forte para se comprar um aparelho <strong>de</strong> 1 milhão<br />

e 800 mil dólares.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exª, veja, eu era<br />

funcionário <strong>da</strong> Philips – eu saí <strong>da</strong> Philips para montar<br />

a Brasair – e nós conseguimos, através do Banco Econômico,<br />

se não me engano, esse financiamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem era o fiador, avalista?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exª, estou falando<br />

em 1992, 1993.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Normalmente, Bancos... Há casos na CPMI<br />

em que estamos <strong>de</strong>scobrindo que não é bem assim.<br />

Normalmente, bancos, quando emprestam, exigem<br />

uma garantia e uma soli<strong>de</strong>z. No caso, como o senhor<br />

tinha um perfil, talvez, não <strong>da</strong> área, do setor, imagino<br />

que alguém <strong>de</strong>ve ter bancado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Gostaria, se o senhor<br />

me permitisse, eu po<strong>de</strong>ria passar esse documento<br />

<strong>de</strong>pois ou...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se V. Sª pu<strong>de</strong>sse entregar, eu gostaria muito.<br />

Se pu<strong>de</strong>sse entregar o contrato, o estatuto constitutivo<br />

<strong>da</strong> Brasair, <strong>da</strong> Transpak e também esse contrato <strong>de</strong><br />

leasing, que foi feito, e a maneira como foram obtidos<br />

recursos com o Banco Econômico, seria interessante<br />

para a nossa Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito. Exª, eu<br />

tenho visto que as pessoas que comparecem, eles<br />

têm a direção <strong>da</strong> empresa. Eu não tenho mais, essa<br />

empresa foi vendi<strong>da</strong> em 1995. Eu vou tentar. Eu não<br />

tenho esses documentos. Eu vou tentar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem lhe assessorou? Porque o senhor<br />

não era um homem do mundo, especializado na área.<br />

Vimos aqui que, normalmente, quando se vai criar<br />

uma empresa <strong>de</strong>sse tipo, se contratam consultores<br />

ou pessoas que orientam. Quem foi a pessoa que o<br />

senhor contratou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Havia um Coronel<br />

que estava aposentado do DAC, porque normalmente<br />

essa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor lembra o nome <strong>de</strong>le?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4947<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Lembro sim. Era<br />

Coronel Siqueira. Talvez não me lembre do primeiro<br />

nome. E são pessoas que conhecem o procedimento,<br />

conhecem o metiê, conhecem a sistemática do DAC,<br />

porque é uma sistemática bastante complica<strong>da</strong>. Nós<br />

pedimos a consultoria para ele, e ele nos orientou durante<br />

um bom tempo. Quando...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que o senhor resolveu entrar nessa<br />

área? Porque o senhor não atuava nessa área. Isso me<br />

surpreen<strong>de</strong> um pouco. Eu, por exemplo, se eu fosse<br />

montar uma empresa <strong>de</strong> transporte aéreo, eu, que, <strong>de</strong><br />

avião, só conheço o check-in, ficaria muito assustado.<br />

Por que o senhor resolveu <strong>de</strong> repente montar uma<br />

empresa aérea subitamente, um investimento alto?<br />

Como foi isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exª, eu tinha, sim,<br />

a experiência. Eu tinha o lado <strong>da</strong> mesa. Eu trabalhava<br />

com empresas aéreas há 6, 7 anos. Eu tinha a experiência<br />

do mercado. <strong>Con</strong>hecia o mercado, conhecia...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Antes o senhor li<strong>da</strong>va com esse mercado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Fazia o transporte?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso. Exatamente.<br />

Era responsável por todo o transporte nacional, inclusive<br />

o transporte aéreo. A Philips tem a sua maior empresa<br />

no Estado do Amazonas, em Manaus. Nós fazíamos<br />

o transporte direto <strong>de</strong> Manaus para São Paulo. Para<br />

o senhor ter uma idéia, era alguma coisa como dois<br />

ou três aviões naquela época. Seria equivalente hoje<br />

a dois ou três aviões por dia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. No caso, a Brasair o senhor começou<br />

em 1992. O senhor ficou proprietário <strong>da</strong> Brasair<br />

até quando?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Até 19 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1995.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foram três anos?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nesse período, houve alguma alteração<br />

societária na Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Houve, sim. Houve,<br />

houve, sim. Houve a abertura <strong>de</strong> filial em Manaus,<br />

mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Novos sócios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Até então, não,<br />

até a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa em setembro <strong>de</strong> 1995.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor ven<strong>de</strong>u para quem?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Quem ven<strong>de</strong>u a<br />

empresa foram os atuais donos <strong>da</strong> Beta. Então, essa<br />

é minha, é minha...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Na época, quem eram os donos <strong>da</strong> Beta?<br />

O senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era o Sr. Johannes<br />

e a esposa <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor Johannes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É. Na época, não.<br />

Atualmente, não é? Hoje, hoje eu não sei mais a composição<br />

societária <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – À época, o senhor tinha quantos aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Na época, estávamos<br />

com um avião...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esse 707?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Esse 707 e tinha<br />

outros aviões. Acho que tinha mais um ou dois aviões,<br />

não me recordo, <strong>de</strong> leasing. Acho que eram dois aviões<br />

<strong>de</strong> leasing.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor lembra qual aparelho?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era sempre 707.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sempre 007?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sempre os nossos<br />

ligeiramente geriátricos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na época, <strong>de</strong> 1992 a 1995, quem eram seus<br />

principais clientes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De 1992 a 1995,<br />

todo o mercado, to<strong>da</strong> a indústria <strong>de</strong> Manaus. Aliás, a<br />

especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a gran<strong>de</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Brasair era<br />

essa. Nós tínhamos, então, esse relacionamento. Sempre<br />

foi com a indústria <strong>de</strong> Manaus, a própria Philips ou<br />

as outras empresas <strong>de</strong> Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Brasair, <strong>de</strong> 1992 a 1995, teve contratos<br />

com o Po<strong>de</strong>r Público?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não teve?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Participou <strong>de</strong> licitações?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, nunca.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nunca participou <strong>de</strong> licitações?


4948 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Era subcontratária <strong>de</strong> alguma empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. Muito boa pergunta.<br />

Nós tínhamos, em 1994, nós tínhamos aviões,<br />

um avião subcontratado pela Vasp.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pela Vasp.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Depois me parece<br />

que quem subcontratou foi a Transbrasil. Até o meu<br />

retorno não mais para a Brasair e para Beta, isso foi<br />

em 1998, nós tínhamos um avião, pelo menos, cedido<br />

à Varig para trabalho <strong>de</strong>ntro dos Correios, subcontratado<br />

pela Varig.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Na época, o senhor foi subcontratado<br />

pela Vasp e pela a Transbrasil para prestar serviços<br />

aos Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exatamente. Tínhamos<br />

duas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s principais. Tínhamos um mercado<br />

<strong>de</strong> carga a Manaus, esse era o nosso mercado principal,<br />

e um avião em sistema <strong>de</strong> leasing com a Vasp.<br />

Quer dizer, to<strong>da</strong> a carga... Não tínhamos na<strong>da</strong> a ver<br />

com os Correios. Simplesmente, nós “leasávamos”<br />

um avião para a Vasp a Vasp trabalhava normalmente<br />

para os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – No caso, a Beta também atuava como subcontrata<strong>da</strong><br />

na época?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Beta também...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem eram as empresas que atuavam nesse<br />

mercado na época?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O senhor está falando<br />

na época...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – De 1992 a 1995, quem eram seus principais<br />

concorrentes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De 1992 a 1995,<br />

Excelência, nós tínhamos, já tinha... Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, era<br />

até a própria Transbrasil, a Varig... Acho que nós não<br />

tínhamos, no mercado Manaus, nós não tínhamos uma<br />

outra empresa, não. Não me recordo. Acho que não<br />

tínhamos outra empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em relação aos Correios, quem eram as<br />

empresas subcontrata<strong>da</strong>s? O senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, a Vasp havia<br />

contratado também uma empresa chama<strong>da</strong> Race.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Race?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso. É uma empresa<br />

americana. Essa Race era uma empresa ame-<br />

ricana atuando no Brasil. Desconheço quais eram os<br />

documentos que ela tinha, mas era uma empresa internacional<br />

atuando no Brasil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Beta era subcontrata<strong>da</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Nessa época,<br />

não havia Beta. Nessa época, nós estamos falando <strong>da</strong><br />

Brasair, até 1995.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não existia a Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não existia a<br />

Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, quando surge a Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, em setembro<br />

<strong>de</strong> 1995, eu <strong>de</strong>ixei a Brasair e a modificação para o<br />

nome Beta aconteceu em 1997, em 5 <strong>de</strong> setembro...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quer dizer, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o Johannes comprou<br />

a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor saiu do quadro societário?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu saí completamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Saiu totalmente do quadro societário?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Completamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E foi trabalhar on<strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Na época, Excelência,<br />

eu tinha uma factoring. Eu tentei uma factoring<br />

registra<strong>da</strong>, regula<strong>da</strong> pelo Banco do Brasil, certinho,<br />

tudo certinho...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Puxa, mas é uma mu<strong>da</strong>nça brusca <strong>de</strong> empresa<br />

para factoring.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Aí eu teria que falar<br />

uma particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>. Eu estava com problemas no<br />

meu casamento e tentei ficar mais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa e,<br />

por isso, optei pela factoring.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que o senhor ven<strong>de</strong>u a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É exatamente por<br />

causa disso. Eu achei que meus filhos não estavam<br />

sendo bem acompanhados. Empresa aérea no Brasil<br />

é uma coisa muito séria, trabalhava sábado, domingo<br />

e feriado, não tinha hora. Preferi <strong>de</strong>dicar um pouco<br />

mais à família.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor lembra qual foi o valor <strong>da</strong> transação,<br />

<strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> Brasair?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4949<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exª, eu também<br />

gostaria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ter contrato registrado, po<strong>de</strong>ria passá-lo...<br />

Não os trouxe aqui. Não vim preparado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Aproxima<strong>da</strong>mente o valor?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É que, na época,<br />

acho que foi alguma coisa como 100 mil reais, alguma<br />

coisa assim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Só isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas não eram 3 aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, tinha 1 avião<br />

só, tinha 1 avião só.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor falou que havia um avião 707 e,<br />

<strong>de</strong>pois, mais 2 aviões. Então, eram 3 aviões.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso, só que 1 <strong>de</strong>les<br />

nessa época já estava pago e os outros 2 estavam em<br />

leasing. Então, era um aluguel.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim, mas 1 <strong>de</strong>les pago é 1 milhão e 800<br />

mil dólares.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o sr. ven<strong>de</strong>u por 100 mil?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É. Eu po<strong>de</strong>ria trazer<br />

o contrato que foi feito. Eu traria para o senhor. Eu<br />

me proporia...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor per<strong>de</strong>u muito dinheiro, então?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu perdi, sim. Mais<br />

uma vez, optei pela minha felici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Saí, e saí rapi<strong>da</strong>mente<br />

<strong>da</strong> empresa. Foi uma coisa que ninguém esperava,<br />

nem eu esperava mesmo. Eu <strong>de</strong>ixei a empresa<br />

porque eu...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Pelo menos, à primeira vista, vejo um prejuízo<br />

<strong>de</strong> 1 milhão e 700 mil dólares.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Eu não era<br />

sócio sozinho. Eu já tinha empresa. Tinha a Transpak.<br />

Mas, realmente, optei por sair <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mesmo tendo esse prejuízo astronômico?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu optei por isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Pediria que V. Sª man<strong>da</strong>sse para nós.<br />

Esses 100 mil dólares, ou aproxima<strong>da</strong>mente, em<br />

torno disso...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Acho que eram 100<br />

mil reais, não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso <strong>de</strong>pois nós verificaremos.<br />

O senhor lembra como foi a forma <strong>de</strong> pagamento?<br />

Foi cheque? Dinheiro?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exª, não me lembro,<br />

me proporia a enviar para V. Exª aquilo que tenho.<br />

Mais uma vez, não tenho mais o controle <strong>da</strong> empresa<br />

há muito tempo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. Então, se V. Sª pu<strong>de</strong>sse man<strong>da</strong>r...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Aí o senhor montou uma factoring. Como<br />

chamava a factoring?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Chamava Exxel<br />

– E x x e l.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Exxel.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exxel.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ok. O senhor operou com a Exxel por<br />

quanto tempo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foram 2 anos e...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nesse período, o sr. mantinha relações com<br />

o dono <strong>da</strong> Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, nós mantíamos,<br />

sim. Nunca fomos inimigos. Nós sempre tivemos<br />

um relacionamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como o senhor o conheceu?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, foi no próprio<br />

mercado porque o Johannes é uma pessoa <strong>de</strong> mercado,<br />

é uma pessoa <strong>de</strong> transporte, e eu também era,<br />

e a gente... Esse mundo <strong>de</strong> transporte é um mundo<br />

pequeno, Exª.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se conheciam antes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, conhecia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ele atuava on<strong>de</strong> antes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ele era um chefe,<br />

um gerente <strong>da</strong> Vasp.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele era um gerente <strong>da</strong> Vasp. Então, quando ele<br />

sai para comprar sua empresa, ele sai <strong>da</strong> Vasp?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nessa época em que ele sai <strong>da</strong> Vasp é justamente<br />

a época em que a Vasp talvez não pu<strong>de</strong>sse mais<br />

prestar serviços ao po<strong>de</strong>r público? Seria isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, Exª.


4950 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem um momento em as empresas eram<br />

contrata<strong>da</strong>s e elas saem fora.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Esse momento<br />

aconteceu por volta <strong>de</strong> 99, 2000.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mais tar<strong>de</strong>, então.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Bem mais tar<strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. Então, até aí o Sr. Iones sai <strong>da</strong> Vasp<br />

e compra a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E o senhor, nesse período, não tinha nenhum<br />

contato com a Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Beta não existia<br />

ain<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Com a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, eu...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O sr. saiu do quadro societário não prestou<br />

serviços, não trabalhava mais para a Brasair?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não trabalhava<br />

mas veja: quando você sai <strong>de</strong> uma empresa, não sai<br />

brigado com ninguém, quer dizer, quando você sai <strong>de</strong><br />

uma empresa, é normal você continuar prestando alguma<br />

assessoria, alguma informação, isso é normal.<br />

Não houve briga, não houve na<strong>da</strong>, e nós continuamos<br />

ele com a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>le e eu com a minha.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o sr. não recebeu nenhuma remuneração<br />

nesse período fazendo trabalho extra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em 95, até 95 o sr. cuidou <strong>da</strong> factoring?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Depois <strong>de</strong> 95?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi <strong>de</strong> 95 a mais<br />

ou menos 98.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A factoring?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi do final <strong>de</strong> 95<br />

ao começo <strong>de</strong> 98 exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nesse período estava totalmente fora...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Completamente<br />

fora <strong>da</strong> aviação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...do mercado...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E, aí, em 98, o que acontece?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – E, aí, um dos sócios,<br />

o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Beta, que, na época, era o Sr. Antônio<br />

Augusto, me convi<strong>da</strong> para fazer uma assessoria...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Já havia sido transforma<strong>da</strong>, então, a Brasair<br />

em Beta, que foi em 95?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeitamente, a<br />

Brasair em Beta foi transforma<strong>da</strong> em 97, perdão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 97.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Brasair em Beta<br />

foi em 97.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o Sr. Johannes já não era o sócio sozinho,<br />

o Sr. Antônio Augusto teria entrado como sócio<br />

também?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, quem era sócio<br />

em 97 era o Sr. Ioannis e me parece que esposa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quando o Antônio Augusto entra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu acho que o Augusto<br />

nunca foi sócio <strong>da</strong> Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Antônio Augusto nunca foi sócio?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, nunca foi.<br />

Ele era Presi<strong>de</strong>nte do Grupo, mas nunca foi sócio <strong>da</strong><br />

Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Certo.<br />

Ele tinha uma outra empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tinha, tinha.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual era, o senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era a Promo<strong>da</strong>l.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Promo<strong>da</strong>l.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ou GPT, alguma<br />

coisa assim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, eles tinham uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fato.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, veja, o Sr. Antônio<br />

Augusto era o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Da Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É. Quando voltei,<br />

Excelência, o Sr. Ioannis não estava à testa <strong>da</strong> Beta,<br />

não sei por que ele estava afastado, o Sr. Antônio Augusto<br />

conhece muito o mercado, mas não é um técnico<br />

<strong>de</strong> aviação e...


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4951<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas ele trabalhava com carga também,<br />

não era?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim, mas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor o conhecia <strong>da</strong> época <strong>de</strong> transporte<br />

<strong>de</strong> carga?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim, sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tinha relação anterior com o Antônio<br />

Augusto?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim, perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como é que ele entra no mercado aéreo<br />

também?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, quando saí<br />

<strong>da</strong> empresa... Quando ele me chamou para voltar, ele<br />

era o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Beta e falou: olha, não conheço a<br />

aviação, os problemas do avião. Pediu para que eu o<br />

aju<strong>da</strong>sse e assim o fiz.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor volta, então, em 98?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Em 98.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E ele o contrata?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É. Não foi um contrato<br />

formal, não temos, isso não foi, foi um contrato,<br />

um acordo do tipo me aju<strong>da</strong>, presta assessoria, consultoria<br />

e fica. Só que a aviação é uma coisa muito<br />

forte, o sangue bate e, quando vi, eu já estava <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>da</strong> empresa como diretor executivo, como diretor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É uma paixão?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É uma paixão. É o<br />

(Incomprensível.) do avião no sangue.<br />

O SR.PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor acabou com a empresa em factoring<br />

quando, a Excel?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Exxel terminou<br />

nessa fase, em 98 mesmo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – 98. E o senhor começa, então, a trabalhar...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Voltei para a aviação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Voltou para a aviação, mas junto à Beta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Junto à Beta. Já<br />

era Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não sócio?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Era empregado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era empregado,<br />

eu era um assessor, quer dizer, era empregado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor recebia por isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Recebia por isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor tem idéia mais ou menos <strong>de</strong> quanto<br />

era o seu...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, por volta <strong>de</strong><br />

R$10 mil, R$12 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

E o senhor, então, auxiliava a gestão <strong>da</strong> empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu auxiliava a gestão<br />

<strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nunca...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perdão, excelência,<br />

na parte operacional, quer dizer...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Na parte operacional.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – ...to<strong>da</strong> a parte operacional<br />

era minha, nunca assinei um cheque, nunca<br />

fiz nenhuma ingerência financeira na empresa, sempre<br />

foi na parte operacional.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi nessa época que a Beta começa a operar<br />

diretamente para os Correios, não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Beta começa<br />

operar para os Correios em 99, 2000. Exatamente,<br />

2000, isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, mais ou menos quando o senhor<br />

volta...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...há essa operação direta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Bem, aí o senhor trabalha como assessor<br />

ou consultor?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era um diretor<br />

executivo <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Um diretor executivo <strong>da</strong> empresa. Isso foi<br />

até quando?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso foi até o dia 5<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – 2001. O que aconteceu nesse dia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />

Excelência, o...


4952 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Exxel tinha sido fecha<strong>da</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nossa! Foi fecha<strong>da</strong>.<br />

Não é o negócio, o negócio é a aviação.<br />

Desculpa, a sua pergunta?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dia 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

2001, o Sr. Ioannis, que estava afastado durante alguns<br />

anos, resolveu <strong>da</strong>r uma roupagem nova para a<br />

viagem, voltar para a empresa, e uma <strong>da</strong>s primeiras<br />

coisas, acho que é normal isso, ele basicamente me<br />

<strong>de</strong>stituiu <strong>da</strong> direção <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nesse período em que o senhor volta para a<br />

Beta, <strong>de</strong> 98 a 2001, o Sr. Antônio Augusto continuava<br />

com a Promo<strong>da</strong>l ou não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – <strong>Con</strong>tinuava, sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E era ele que dirigia também a Promo<strong>da</strong>l?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele que dirigia a Promo<strong>da</strong>l também.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está certo.<br />

Parece que houve, na época, um atrito entre o<br />

Sr. Ioannis e o Sr. Augusto. É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, isso, a minha<br />

saí<strong>da</strong>, como disse, foi abrupta, e <strong>de</strong>pois disso, Excelência,<br />

o que a gente sabe <strong>de</strong> mercado...Quer dizer, eu<br />

não presenciei, eu não vi na<strong>da</strong> e não gostaria...Houve<br />

qualquer ruptura entre eles. Isso a gente sabe.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Augusto tinha relações, à época, com<br />

a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – V. Exª está falando<br />

<strong>de</strong> que época? Nessa fase <strong>de</strong> 2000, 2001, na volta do<br />

Sr. Ioannis? Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quando ele começou a ter relações com<br />

a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, esse mundo<br />

<strong>de</strong> empresas aéreas, principalmente <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

cargas, é um mundo pequeno. Nós estamos falando...<br />

Com esse porte <strong>de</strong> aviões existem poucas empresas.<br />

Quer dizer, as empresas se conhecem, os presi<strong>de</strong>ntes<br />

se conhecem, os diretores se conhecem. Eu mesmo<br />

acho que conheço quase que todos os sócios <strong>da</strong> Skymaster.<br />

<strong>Con</strong>heço também <strong>da</strong>s outras empresas, <strong>da</strong> Total,<br />

<strong>da</strong> Gol, <strong>da</strong> Vasp eu conhecia, <strong>da</strong> TAM eu conheci o<br />

Sr. Rolim. Quer dizer, é um mundo muito pequeno. As<br />

pessoas se conhecem muito facilmente...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o Sr. Augusto tinha alguma relação,<br />

digamos, profissional com a Skymaster? Tinha algum<br />

tipo <strong>de</strong> relação negocial?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, profissional<br />

não. Por exemplo, quando surgiu o contrato dos Correios,<br />

era normal, sempre foi normal, isso é uma prática<br />

normal <strong>de</strong> mercado, fazer uma parceria para backup<br />

<strong>de</strong> avião. É normal fazer isso. Isso acontece no mundo<br />

inteiro. Nós tínhamos poucos aviões. Quando a Vasp<br />

saiu dos Correios <strong>de</strong>ixou cinco linhas, e o mercado<br />

nacional não tinha mais aviões que isso. Isso era normal.<br />

Esse acordo é normal. Isso é bom para ambas as<br />

empresas e era bom para os Correios também porque<br />

havia to<strong>da</strong> a garantia <strong>de</strong> um bom trabalho a ser executado.<br />

Isso é absolutamente normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, havia um acordo operacional entre<br />

a BETA e a Skymaster na linha <strong>de</strong> um fornecer o<br />

aparelho na falta...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. Inclusive, Excelência,<br />

parece-me que até isso consta na Lei <strong>de</strong><br />

Licitações. Essa é uma prática normal. Os Correios<br />

mesmo pediam isso. Isso é uma prática aparentemente<br />

normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Na época em que V. Sª esteve, nessa segun<strong>da</strong><br />

vez, na Beta, em 98, 2001, os aviões <strong>da</strong> Beta<br />

pertenciam à Beta ou eram leasing <strong>de</strong> alguma outra<br />

empresa, alocados?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Parece que esse primeiro<br />

avião já era <strong>da</strong> Promo<strong>da</strong>l. Um dos aviões era <strong>da</strong><br />

Promo<strong>da</strong>l. Os outros dois aviões eram <strong>da</strong> própria Beta,<br />

também com contrato <strong>de</strong> leasing, opção <strong>de</strong> compra.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Havia alguma empresa no exterior e que<br />

fornecesse aviões, alugasse?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, existem muitas<br />

empresas disposta a, no momento <strong>da</strong> garantia...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– A Beta alugava aviões <strong>de</strong> empresas do<br />

exterior?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, havia empresas<br />

<strong>de</strong> aviação com as quais nós fazíamos o normal,<br />

o contrato <strong>de</strong> leasing, com o Cotac, o DAC. O DAC<br />

aprova isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quais eram as empresas do exterior? V.<br />

Sª se lembra disso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Uma <strong>de</strong>las foi a<br />

International Leasing. A outra empresa era uma empresa<br />

chama<strong>da</strong> Omega Air, uma empresa <strong>de</strong> Dublin,<br />

na Irlan<strong>da</strong>. Um dos ramos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa empre-


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4953<br />

sa é fazer leasing <strong>de</strong> aeronaves <strong>de</strong>sse mesmo tipo,<br />

sempre 707.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Alguma empresa na região do Caribe?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nunca?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – No caso, os donos <strong>da</strong> Beta, o Sr.Ioannis, o Sr.<br />

Augusto, que não é dono <strong>da</strong> Beta, mas era dono <strong>da</strong><br />

Promo<strong>da</strong>l, tinham alguma empresa no exterior?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, que eu saiba<br />

não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – No dia 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001 V. Sª saiu.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu saí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – V. Sª vai para on<strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu precisei sobreviver,<br />

Excelência. Fui procurar no mercado alguma<br />

empresa. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, eu quis <strong>da</strong>r uma resposta à altura,<br />

uma resposta do mercado. Eu fui procurar uma<br />

empresa que tivesse uma boa filosofia <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e encontrei<br />

a Aeropostal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, a Aeropostal.<br />

Ela já existia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem eram os donos <strong>da</strong> Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eram o Sr. Hélio<br />

Ribeiro e o Sr. Sérgio Vignoli.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O objeto <strong>da</strong> Aeropostal também era o transporte<br />

<strong>de</strong> cargas e aéreo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era uma empresa<br />

que a sua filosofia era bem interessante, como o próprio<br />

nome. Era uma empresa cria<strong>da</strong> para os Correios.<br />

Ela foi cria<strong>da</strong> para os Correios, para que pudéssemos<br />

prestar um serviço para os Correios mais especializado.<br />

Por quê? Porque quase to<strong>da</strong>s as empresas que<br />

trabalham para os Correios têm uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> paralela<br />

similar, como no caso <strong>da</strong> Vaspex, <strong>da</strong> Varilog, e queríamos<br />

nos especializar nos Correios e sermos uma<br />

empresa exclusiva dos Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor entrou como sócio <strong>da</strong> Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Entrei como sócio,<br />

50%, em 1º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor é o sócio majoritário, porque<br />

o senhor tinha 50% e o Sr. Hélio e o Sr. Sérgio<br />

tinham 25% ca<strong>da</strong> um. A Aeropostal já tinha sido monta<strong>da</strong><br />

por eles?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quanto o senhor pagou à época para entrar<br />

como sócio na Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, o que<br />

aconteceu foi o seguinte: essas duas pessoas, esses<br />

dois sócios <strong>da</strong> Aeropostal... Veja, era uma empresa<br />

iniciando, uma empresa que não tinha ativo, tinha uma<br />

concessão e uma filosofia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Já tinha concessão?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, concessão.<br />

Inclusive, já tinha até manuais aprovados. Gostaria<br />

até <strong>de</strong> encaminhar à Comissão os manuais aprovados.<br />

Isso foi o que me levou, pois sabíamos que era só<br />

uma questão <strong>de</strong> tempo, porque ela já estava adianta<strong>da</strong><br />

em termos <strong>de</strong> manuais, já tínhamos informado vários<br />

manuais ao DAC e já tinha, inclusive, alguns manuais<br />

aprovados. Se o senhor me permitir...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, em 21<br />

<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001, temos aqui o manual geral <strong>de</strong> operações<br />

aprovado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esse manual <strong>de</strong> operações é o último?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É um dos manuais<br />

aprovados, inclusive um dos manuais muito difíceis.<br />

Tenho aqui, se o senhor me permitir também, os outros<br />

manuais. Tenho, em 2002, o programa <strong>de</strong> treinamento<br />

<strong>de</strong> tripulação, que gostaria <strong>de</strong> passar também,<br />

o programa <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes aeronáuticos,<br />

o manual <strong>de</strong> cargas perigosas e a aprovação final dos<br />

motores.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor foi trabalhar na Aeropostal por que o<br />

Sr. Hélio e o Sr. Sérgio chamaram o senhor?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o gran<strong>de</strong><br />

conhecimento <strong>de</strong>les era comercial, eles não tinham<br />

nenhum conhecimento do avião, do dia a dia <strong>da</strong> aviação.<br />

Eram muito importantes comercialmente, mas precisava<br />

<strong>de</strong> alguém que pu<strong>de</strong>sse operacionalizar isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E o senhor entrou com o capital?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não entrei com<br />

o capital, entrei exatamente com o meu conhecimento<br />

<strong>de</strong> mercado e todo esse conhecimento <strong>de</strong> Manaus,<br />

<strong>da</strong>s empresas <strong>de</strong> Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A empresa tinha aviões à época?


4954 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, ela não tinha<br />

avião até aquele momento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. O senhor entra no ano 2000, fica<br />

com 50% <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso. Em 2001,<br />

Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – 2001? Perdão, anotei errado. E, a partir <strong>da</strong>í, o<br />

que aconteceu com a Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ela seguiu o caminho<br />

<strong>de</strong>la tentando aprovar os manuais. Nós, inclusive,<br />

buscamos algumas áreas <strong>de</strong>ntro dos aeroportos. Tenho<br />

algumas comunicações. Se o senhor me permitir,<br />

gostaria <strong>de</strong> mostrar que nós conseguimos área <strong>de</strong>ntro<br />

do aeroporto <strong>de</strong> Manaus, conseguimos uma área para<br />

passagem <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>ntro do terminal <strong>de</strong> Guarulhos<br />

e agora, mais recentemente, conseguimos inclusive,<br />

a concessão <strong>de</strong> construção na área primária do Aeroporto<br />

<strong>de</strong> Guarulhos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim, mas do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> aviação<br />

mesmo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sempre aviação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quando que os senhores compraram o<br />

primeiro avião?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Aeropostal não<br />

possui avião, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Aeropostal não tem aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tem aviões.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tem avião porque<br />

na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> o que ... nós precisávamos do contrato,<br />

nós precisávamos <strong>de</strong> alguma coisa para mostrar para<br />

um investidor estrangeiro que teríamos condições <strong>de</strong><br />

atuar no Brasil. Nós precisávamos <strong>da</strong>r alguma garantia<br />

para ele já que é muito difícil <strong>da</strong>r um financiamento.<br />

Seria muito difícil hoje conseguir um financiamento.<br />

Então, se nós tivéssemos um contrato seria um canal<br />

muito fácil para que tivéssemos aí algumas empresas<br />

internacionais expostas a nos ce<strong>de</strong>r avião.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Mas na época <strong>da</strong> Brasair o senhor conseguiu,<br />

mas na mesma situação conseguiu um leasing<br />

para um 707, por um US$ 1.800 milhão (um milhão e<br />

oitocentos mil dólares).<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi em<br />

1995.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Por que agora com o Aeropostal não foi?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É em 1995 os momentos<br />

eram outros e nesse instante eu acho que to<strong>da</strong><br />

a aviação mundial sofreu um colapso e hoje é muito<br />

difícil ter um financiamento e hoje eu não estou preparado<br />

para ter esse financiamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Ou seja, Aropostal não é nem aero nem postal,<br />

objetivamente, porque não tem aviões e não trabalha<br />

para os Correios.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mas tenho muita<br />

esperança em sê-lo, Exª. Nós ain<strong>da</strong> continuamos buscando<br />

algum parceiro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Nesse período <strong>de</strong> 2001 o senhor entrou<br />

em alguma licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós entramos, em<br />

2001 nós entramos sim, a Aeropostal teve uma licitação<br />

a 045, nós entramos na licitação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Com que objetivo o senhor entrou nessa<br />

licitação se o senhor não tinha .... com que objetivo o<br />

senhor na licitação se o senhor não tinha nem a licença<br />

para operar e nem aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Bom, Exª, eu só<br />

quero vou tentar aqui mostrar ao senhor...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Qual foi a licitação em que o senhor entrou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi a 045, essa licitação<br />

aconteceu no dia 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Qual era a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, era concorrência,<br />

não é?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era pregão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Ótimo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era um pregão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Pregão. E aí o senhor entrou no pregão.<br />

Que linhas estavam sendo disputa<strong>da</strong>s nos Correios,<br />

o senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu lembro sim,<br />

era uma linha, para o senhor ter uma idéia, que fazia<br />

Fortaleza, Salvador, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Guarulhos, Brasília<br />

e Manaus, i<strong>da</strong> e volta. Era uma linha <strong>de</strong> mais ou<br />

menos 11 mil quilômetros, equivale essa linha hoje a<br />

São Paulo Frankfurt, basicamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Aí o senhor entrou num pregão?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4955<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Para conseguir uma linha aérea, sem ter o<br />

avião e nem a licença para operar. Por quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito. Exª, era<br />

normal, até antes <strong>de</strong>ssa licitação, na última licitação<br />

váli<strong>da</strong>, Exª, não havia necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> certificado e<br />

não havia necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do avião. Bastava, para isso,<br />

um contrato <strong>de</strong> uma aeronave, um contrato <strong>de</strong> uma<br />

aquisição futura, e esse contrato <strong>de</strong>ssa aquisição futura<br />

<strong>de</strong>ssa aeronave teria que ser no momento do início<br />

dos serviços. Eu gostaria, se o senhor me permitir, eu<br />

gostaria <strong>de</strong> apresentar esse documento ao senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Por favor. O edital não exigia que o senhor<br />

tivesse nem avião nem a licença para operar.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O edital imediatamente<br />

anterior, válido imediatamente anterior não<br />

exigia, Exª.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Como imediatamente válido? O do pregão<br />

045?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O edital anterior foi<br />

o Edital 002. Tenho aqui, gostaria <strong>de</strong> mostrar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– O anterior não exigia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não exigia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Mas e o do 045 que o senhor entrou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpa, nem o<br />

anterior nem todos os outros editais, Exª.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Mas e o 045?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Esse exigia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Esse exigia. Nos anteriores o senhor entrou na<br />

licitação? Essa foi a sua primeira licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, foi a primeira<br />

licitação <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Quer dizer, o senhor entrou justamente na<br />

licitação quando começaram a exigir?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito. Se o senhor<br />

me permitir, eu tenho aqui o Pregão 011/2000, esse<br />

pregão aconteceu no dia 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Se a assessoria tivesse produzido o Edital<br />

do Pregão nº 045 e pu<strong>de</strong>sse localizar as exigências<br />

relativas a essa matéria, por gentileza.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, tem aqui o<br />

Item nº 324, documentos relativos...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Deixa eu só...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu vou <strong>de</strong>ixar essa<br />

documento com o senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP)– Eu acompanho aqui, o senhor vai ler, eu estou<br />

com o edital aqui, nós já acompanhamos tudo. Quer<br />

dizer, até então não era exigido, até então o senhor<br />

não participou <strong>de</strong> licitações?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Perfeito.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É o item?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Três dois quatro.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Três dois quatro?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP)– Isso.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – São documentos<br />

relativos à qualificação técnica.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Três dois quatro.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está aqui.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O Item “a” fala que o<br />

certificado <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, contrato <strong>de</strong> leasing ou outro<br />

tipo <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> aquisição ou locação que garanta<br />

a posse ou disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aeronaves, no prazo<br />

<strong>de</strong>finido para o início <strong>de</strong> operação, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e especificações que aten<strong>da</strong>m às exigências <strong>da</strong> ECT<br />

durante to<strong>da</strong> a vigência contratual, ou seja, ele só precisava<br />

<strong>de</strong> um contrato futuro para o começo <strong>de</strong>...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perdão, é outro tipo <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> aquisição, o<br />

senhor só adquiriu o contrato. Uma coisa é eu adquirir<br />

para pagar em parcelas, outra, é um contrato que vou<br />

adquirir no futuro. Não, é um contrato <strong>de</strong> aquisição, o<br />

senhor adquiriu o aparelho.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ou locação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou locação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É (Incompreensível.)<br />

<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não. E o senhor tinha, na época, um<br />

contrato <strong>de</strong> aquisição ou locação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso, isso. Se o senhor<br />

me permitir...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eles falavam também<br />

que o único contrato <strong>de</strong> leasing e locação ou qualquer<br />

outro tipo <strong>de</strong> contrato que não po<strong>de</strong>ria ser feito era <strong>de</strong>


4956 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

uma empresa com problemas <strong>de</strong> documentação, fundo<br />

<strong>de</strong> garantia, CNPJ, coisa <strong>de</strong>sse tipo. É o Item a1.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Exato. Não se admitirá nenhuma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> leasing, locação ou qualquer outro tipo<br />

<strong>de</strong> contrato que garanta a posse ou disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aeronave, ou parte, <strong>da</strong> licitante, celebrado com empresas<br />

enquadra<strong>da</strong>s em quaisquer <strong>da</strong>s hipóteses previstas<br />

no <strong>Sub</strong>item 2.2 ou que não aten<strong>da</strong> às exigências<br />

estabeleci<strong>da</strong>s no <strong>Sub</strong>item 3.2.3 <strong>de</strong>sse edital.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, o senhor veja,<br />

eu não gostaria <strong>de</strong> fazer nenhuma acusação, mas sabemos<br />

aqui, por exemplo, que a Variglog que não tem<br />

ativos utilizava aviões <strong>da</strong> Varig e não estava muito <strong>de</strong><br />

acordo com esse contrato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, veja, era uso<br />

e costume entrarmos na licitação simplesmente com<br />

uma promessa, com um contrato, vi alguns <strong>de</strong>sses<br />

contratos, Excelência...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o senhor nunca havia entrado em nenhuma<br />

licitação até então?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Essa foi a primeira?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, <strong>da</strong> Aeropostal,<br />

sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Deputado Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Apenas pela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ele está fazendo uma<br />

acusação grave aqui, disse que não quer fazer, mas<br />

fez, quando disse que a Variglog não tinha aviões e participou<br />

<strong>da</strong> licitação porque usava os aviões <strong>da</strong> Varig.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Agora, era um pregão...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Por<br />

que utilizava a VarigLog? Porque tinha...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – CNPJ.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– CNPJ, não. Certidão negativa <strong>de</strong> débito do INSS, e<br />

a Varig, não. Então, quer dizer, ele está fazendo uma<br />

acusação grave.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, no pregão, Deputado Arnaldo<br />

Faria <strong>de</strong> Sá, há uma inversão <strong>de</strong> fases, primeiro,<br />

você faz a classificação, <strong>de</strong>pois, a habilitação, então,<br />

você vai examinar a qualificação só <strong>de</strong>pois. E, aí...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Sim, mas ele quer dizer que a VarigLog não tinha<br />

aviões, ganhou a concorrência e usava os aviões.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, ela não ganhou.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, ela ganhou<br />

muitas concorrências.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Ganhou, sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, antes disso.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Ganhou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Essa 45, não.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Mas ganhou outra.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não, essa<br />

não, mas...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Ganhou outra concorrência, utilizando-se <strong>da</strong> VarigLog,<br />

com os aviões <strong>da</strong> Varig, porque esta não podia<br />

participar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Entendi.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – A<br />

VarigLog participava, mas usava os aviões <strong>da</strong> Varig. É<br />

essa acusação grave que ele está fazendo aqui.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja, só po<strong>de</strong>mos examinar, mas é que essa<br />

que passou a exigir esse tipo <strong>de</strong> coisa foi a 045, antes<br />

disso não era exigido. De acordo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De acordo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, achávamos<br />

que, no item qualificação técnica, estávamos bastante<br />

qualificados.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja, mas se o edital pedia que o senhor<br />

tivesse um contrato <strong>de</strong> aquisição ou locação, e o senhor<br />

não tinha nenhum dos dois, como é que o senhor<br />

po<strong>de</strong>ria ser qualificado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, tínhamos<br />

uma empresa, sou obrigado, agora, a falar <strong>de</strong> uma<br />

outra empresa, cujo nome é Evergreen, que fica nos<br />

Estados Unidos, que tinha sérias intenções <strong>de</strong> fazer<br />

algum investimento na América Latina.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o senhor tinha o contrato com ela?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Se o senhor me<br />

permitir...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não, por favor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era uma empresa<br />

americana <strong>de</strong> médio porte, com mais <strong>de</strong> 20 aerona-


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4957<br />

ves Jumbo, 747, e o projeto <strong>da</strong> Aeropostal envolvia<br />

essa empresa. E o gran<strong>de</strong> problema <strong>de</strong> uma empresa<br />

nacional é a famosa lei dos 4/5, é convencer uma<br />

empresa estrangeira <strong>de</strong> que tem <strong>de</strong> participar do mercado<br />

brasileiro apenas com 20%. E estávamos assim<br />

a caminho, bastante interessante, <strong>de</strong> convencê-los e<br />

precisávamos <strong>de</strong> alguma garantia. Fomos mostrar a<br />

nossa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a nossa força, e esse pregão foi<br />

uma excelente oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para po<strong>de</strong>rmos também<br />

mostrar para essa empresa a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investir<br />

no Brasil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quer dizer, o senhor consi<strong>de</strong>ra que estava<br />

habilitado para essa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, não tínhamos<br />

o certificado <strong>de</strong> homologação. Não tínhamos o certificado.<br />

Agora...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E aqui eu vejo, um dos itens é, o senhor<br />

teria, para ser habilitado, ter certificado <strong>de</strong> homologação<br />

<strong>de</strong> empresa e transporte aéreo, Cheta, expedido<br />

pelo DAC. O senhor não tinha o Cheta. O senhor não<br />

tinha nem o avião, nem o Cheta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O avião, po<strong>de</strong>ríamos<br />

ter esse avião. Esse avião po<strong>de</strong>ria vir muito rápido<br />

para cá.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o Cheta o senhor não tinha, na época.<br />

Ou seja, o senhor entrou numa licitação, que normalmente<br />

envolve <strong>de</strong>spesa, claro, para não ganhar,<br />

sabendo disso. Essa é que é uma surpresa que esta<br />

comissão tem. Por que entrar numa licitação que sei<br />

que sou inabilitado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, excelência,<br />

tínhamos todos os documentos. Como falei para o senhor,<br />

tínhamos já manuais aprovados, tínhamos outros<br />

manuais já junto ao DAC...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tinha o Cheta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O Cheta era só uma<br />

questão <strong>de</strong> tempo, excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor apresentou o Cheta na documentação,<br />

na licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, porque não<br />

tínhamos o Cheta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estava inabilitado. Se o senhor não tinha<br />

o Cheta, o senhor estava inabilitado. Sabia que estava<br />

inabilitado, entrou na licitação por quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, quando<br />

falamos que a última licitação váli<strong>da</strong> foi a 02, preciso<br />

me referir a uma licitação que aconteceu no mês <strong>de</strong><br />

maio, que ela não foi váli<strong>da</strong>. E essa licitação também<br />

falava alguma coisa <strong>de</strong> Cheta...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É uma licitação anterior<br />

a essa aqui, é uma licitação <strong>de</strong> maio. E ela também<br />

falava <strong>de</strong> Cheta. E houve várias impugnações. E<br />

eu as tenho aqui.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor participou <strong>de</strong>ssa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Dessa licitação eu<br />

participei pela Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual foi? Que ano foi?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi maio <strong>de</strong> 2001.<br />

Tenho aqui os recursos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o edital era diferente.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O edital. Foi a primeira<br />

modificação que os Correios, que eles fizeram<br />

na licitação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foi essa <strong>de</strong> 45?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi a primeira modificação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Portanto, essa licitação não serve para<br />

justificar na<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, a única coisa<br />

que ela serve, excelência, é para mostrar que essa empresas,<br />

a Interbrasil, a Taf, a Trip, a Nacional, a Rico,<br />

a Perfil, Aero Express, to<strong>da</strong>s essas empresas tiveram<br />

também problemas com o Cheta, eles tentaram impugnar<br />

essa licitação e conseguiram. Achávamos, na<br />

época, não foi nenhuma má-fé.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas, na época, não exigia o Cheta. Então, se<br />

não exigia o Cheta, por que entrar? O que me parece<br />

estranho é o que leva uma empresa a ter gastos com<br />

uma licitação sabendo que não tem mínimas condições<br />

<strong>de</strong> ser habilita<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, Excelência, as<br />

mínimas condições, permito-me fazer qualquer comentário<br />

a respeito disso. Tínhamos to<strong>da</strong>s as condições.<br />

Não tínhamos...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor impugnou o edital? O senhor impetrou<br />

man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> segurança? Era ilegal exigir o Cheta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não tinha o Cheta, entra numa<br />

licitação. Quais foram as empresas que entraram nessa<br />

licitação?


4958 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Na 045? Foram <strong>de</strong>zesseis<br />

empresas. Eu as tenho aqui. Não sei quem são<br />

essas <strong>de</strong>zesseis empresas, mas <strong>de</strong>zesseis empresas<br />

compraram o edital.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, comprar o edital é uma coisa, apresentar<br />

proposta é outra. Quantas empresas apresentaram<br />

proposta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, mais uma<br />

vez, <strong>de</strong>zesseis empresas compraram o edital e quatro<br />

empresas apresentaram proposta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quatro empresas. Quais são as quatro<br />

empresas?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A nossa foi uma<br />

<strong>de</strong>las, a Aeropostal, a Total, a Skymaster e a Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Skymaster e a Beta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso. Foram quatro<br />

empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quatro empresas. Essa Total pertencia a<br />

quem?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Essa Total é uma<br />

empresa, parece-me, <strong>de</strong> Curitiba, o dono <strong>de</strong>la me parece<br />

que é o Sr. Alfredo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não conhecia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, conheço sim,<br />

mas não sei a composição acionária <strong>de</strong>la.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem foi que ganhou essa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Essa licitação foi<br />

ganha pela Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A diferença <strong>de</strong> preço foi gran<strong>de</strong>, no pregão.<br />

Como é que funcionou o pregão aqui?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, <strong>de</strong>mos<br />

um preço para ganhar essa licitação. E se tivéssemos<br />

ganhado essa licitação, que era nossa intenção...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor jamais teria levado, porque não<br />

estava habilitado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, Excelência,<br />

acho que íamos tentar mostrar a nossa habilitação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos falar com franqueza, o senhor sabe que<br />

não tinha a documentação, é um homem experiente,<br />

sabe que não po<strong>de</strong>ria jamais ganhar essa licitação.<br />

Sabemos, o senhor sabe, então po<strong>de</strong>mos eliminar<br />

essa parte. Claro? Porque se o senhor achasse que a<br />

especificação é ilegal, o senhor teria impetrado man<strong>da</strong>do<br />

<strong>de</strong> segurança, teria impugnado o edital. Não fez<br />

na<strong>da</strong> disso, entrou na licitação. Isso não estava evi<strong>de</strong>nte<br />

no momento em que entrou porque a habilitação vem<br />

<strong>de</strong>pois <strong>da</strong> classificação no pregão. Então, é evi<strong>de</strong>nte,<br />

estava aos olhos públicos que o senhor po<strong>de</strong>ria ter<br />

habilitação, é que ninguém sabia. E só seria conhecido<br />

no momento que abrisse o envelope <strong>da</strong> sua documentação.<br />

Só que, evi<strong>de</strong>ntemente, houve uma disputa<br />

e ganhou a Skymaster.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, qual a diferença do seu preço<br />

para a Skymaster<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Olha, eu tenho aqui.<br />

Essa linha é aquela linha que eu falei para o senhor<br />

<strong>de</strong> quase onze horas. Nós <strong>de</strong>mos um preço <strong>de</strong>.... São<br />

duas linhas, “a” e “c”. O total foram 424 mil reais. A<br />

Total <strong>de</strong>u 433, a Beta 396 e a Skymaster 390. Essa<br />

licitação aconteceu...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve novos lances para reduzir?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. Nós, nós...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor <strong>de</strong>u novos lances para reduzir?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Deixe eu.... Como<br />

nós tivemos o preço, uma <strong>da</strong>s empresas foi <strong>de</strong>sabilita<strong>da</strong><br />

em função...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual foi?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi a Total. Foi <strong>de</strong>sabilita<strong>da</strong><br />

em função...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Me parece que o<br />

preço <strong>de</strong>la era 10% acima...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>, não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Desclassifica<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perdão. Perdão. Eu<br />

não tenho conhecimento jurídico. Então,...<br />

O SR PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. É tão importante, porque se fosse na<br />

habilitação seria posteriormente à classificação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Então, essa empresa,<br />

ela foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong> por <strong>da</strong>r um preço 10% acima<br />

<strong>da</strong>s outras e nós fizemos uma correção que nós pu<strong>de</strong>mos<br />

fazer. Nós <strong>de</strong>mos o primeiro preço em função <strong>de</strong>


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4959<br />

que era o preço mais alto. E nós abaixamos esse preço<br />

para 389 mil e 500, ou seja, mais ou menos...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Sr.<br />

Relator, a Total foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong> porque <strong>de</strong>u 10% a<br />

mais do que as outras e a...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Do que o valor admitido como preço...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É. Me parece...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – E<br />

o seu preço é maior do que a Total, por que a sua não<br />

foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, Execelência.<br />

Não. Me parece que é <strong>de</strong>sclassificado no pregão a<br />

empresa que tem 10% acima do menor preço. O <strong>da</strong><br />

Total era 433 e o nosso era 424.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> variação em que<br />

se permite novos lances. Porque no pregão você tem<br />

uma faixa <strong>de</strong> valor acima do qual a empresa já está<br />

fora. Se há uma diferença <strong>de</strong> até 10% entre a primeira<br />

proposta e as outras, você tem o leilão ao inverso. Não.<br />

É que o leilão é o menor preço. Perdão, o pregão é o<br />

menor preço, não é o maior.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) –<br />

Alguém também está 10% acima do preço <strong>de</strong>le (Fora<br />

do microfone. Inaudível.).<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Ele está na faixa dos 10%. Não é isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Estamos na faixa<br />

dos 10%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A outra não. Está um pouquinho acima<br />

dos 10%.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Estamos próximo,<br />

na faixa dos 10%.<br />

E <strong>de</strong> 424, nós abaixamos o que nós podíamos<br />

abaixa, que era alguma coisa próxima a 8% e paramos<br />

no primeiro lance. Então, acho que isso é muito<br />

importante, Excelência, porque esse certame, ele foi<br />

até o décimo-sexto lance. E nós paramos no primeiro<br />

porque era a nossa, era a nossa margem, não é?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja, vou lhe dizer um expediente que é<br />

comum na disputa <strong>de</strong> licitações do pregão, porque a<br />

fase <strong>de</strong> habilitação, ela sempre fica a posteriori que<br />

é justamente para empresas que às vezes po<strong>de</strong>m até<br />

não serem inabilita<strong>da</strong>s forçarem a <strong>de</strong>scer o preço.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Às vezes, certos concorrentes usam braços<br />

ocultos para forçar <strong>de</strong>scer o preço e afastar um outro<br />

concorrente virtual. Então, vamos imaginar, por exemplo,<br />

que o senhor estivesse – não estou afirmando isso,<br />

estou falando em tese – o senhor estivesse atuando<br />

em conluio com a Skymaster, por exemplo. Se o senhor<br />

estivesse atuando em conluio com a Skymaster<br />

para tirar a Beta do mercado, se eventualmente, num<br />

certo momento, a Skymaster chegasse ao seu piso<br />

e a Beta estivesse abaixo do piso, o senhor po<strong>de</strong>ria<br />

entrar e tentar forçar o preço mais para baixo, <strong>de</strong> uma<br />

maneira a jogar a Beta para fora do mercado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu não<br />

sou especialista em licitação. Foi o nosso primeiro pregão.<br />

Eu digo para o senhor o seguinte: nós...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Porque o que me causa espécie é o senhor<br />

participar, <strong>da</strong>r novo lance sabendo que jamais ganharia.<br />

O senhor estava inabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O senhor sabia disso.<br />

E todos não sabiam, porque o seu envelopinho com<br />

a documentação estava fechado, mas era óbvio que<br />

estava inabilitado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Bom, Excelência,<br />

se eu conseguir <strong>de</strong>movê-lo <strong>de</strong>ssa opinião eu me sentiria,<br />

hoje, realizado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eu adoraria ser <strong>de</strong>movido. Eu só não sei<br />

como o senhor seria habilitado se o senhor não tinha<br />

o documento básico indispensável para ganhar a licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Digo ao senhor, o senhor<br />

fez uma certa simulação. Só digo o seguinte...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. Não. Não. Eu levantei uma tese. Uma<br />

tese. Porque o senhor há <strong>de</strong> concor<strong>da</strong>r comigo. O senhor<br />

é amigo do Sr. Antônio Augusto...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E, veja, vamos construir a situação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor saiu <strong>da</strong> sua empresa original,<br />

montou, saiu <strong>da</strong> Philips e montou a Brasair. Teve investimento<br />

<strong>de</strong> 1 milhão e 800 mil dólares, ven<strong>de</strong> essa<br />

empresa – estou falando por baixo – tem um avião <strong>de</strong><br />

1 milhão e 800 mil dólares, ven<strong>de</strong> esta empresa para<br />

o dono <strong>da</strong> Beta por 100 mil dólares alegando razões<br />

pessoais. Respeito.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, eu fiquei....<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o senhor há <strong>de</strong> concor<strong>da</strong>r que é raro<br />

no mercado uma pessoa abrir mão <strong>de</strong> 1 milhão e 700<br />

mil dólares, no mínimo, numa negociação, tendo um<br />

prejuízo tão gran<strong>de</strong>. E <strong>de</strong>pois volta para a própria empresa<br />

que ven<strong>de</strong>u com prejuízo para trabalhar como<br />

empregado ganhando 10 mil reais por mês. A sua história<br />

po<strong>de</strong> ser rigorosamente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira.


4960 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – E é...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estamos investigando. Mas o senhor há <strong>de</strong><br />

concor<strong>da</strong>r que no nosso espírito isso soa como bastante<br />

atípico e po<strong>de</strong>ria <strong>da</strong>r margem a que se enten<strong>de</strong>r<br />

que o tempo inteiro o senhor gravita nesse mercado<br />

como um satélite, ou seja, como alguém que opera<br />

para outras pessoas e, evi<strong>de</strong>ntemente, quando, <strong>de</strong>pois,<br />

tem a briga do Sr. Augusto – que é o seu amigo<br />

– com o Sr. Johannes, o senhor entra numa licitação<br />

com uma empresa que não tinha, minimamente, condições<br />

<strong>de</strong> ganhar, justamente em uma licitação que<br />

sabia que não tinha condições <strong>de</strong> ganhar, talvez, para<br />

estar servindo com o braço <strong>da</strong> Skymaster. Esta é uma<br />

suposição que eu não posso dizer que é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira.<br />

Nós estamos investigando. Porém, o senhor há <strong>de</strong><br />

concor<strong>da</strong>r que o nosso espírito fica um pouco tentado<br />

a pensar assim.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, foram<br />

retirados 16 editais. Eram 16 empresas. Como é que<br />

nós po<strong>de</strong>ríamos tentar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Olhe, retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> edital – vamos falar francamente<br />

– to<strong>da</strong>s as empresas retiram. Quando vêm<br />

as especificações técnicas e eles sabem que não tem<br />

condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, não entram. O que é importante<br />

numa licitação é quem apresenta proposta, e foram<br />

quatro empresas que apresentaram. Logo, 16 não diz<br />

na<strong>da</strong>. As quatro que entraram são as duas que brigam,<br />

uma que não tinha condições <strong>de</strong> ganhar e uma que<br />

colocou um preço acima.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, as duas<br />

brigam mesmo. As duas brigam, ferrenhamente, por<br />

esse mercado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Passaram a brigar porque antes tinham<br />

um acordo operacional, porque os sócios eram os<br />

mesmos. A partir <strong>de</strong> um certo momento, o Sr. Augusto<br />

tem um rompimento com a Beta e, aí, entra<br />

a briga. É o momento em que o senhor sai <strong>da</strong> Beta<br />

e, obviamente, alinhado com o Sr. Augusto, monta<br />

a Aeropostal e, aí, entra nessa licitação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – E já havia, esperança,<br />

<strong>de</strong> eu conseguir mostrar para o senhor que....<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eu estou aberto à <strong>de</strong>monstração.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – ...foram 16 empresas<br />

comprando edital. No dia, apareceram quatro, como<br />

po<strong>de</strong>riam ter aparecido 5, 8, 10 ou as 16 empresas.<br />

Nós não po<strong>de</strong>ríamos ter nenhum controle <strong>da</strong>s empresas<br />

que apareceram na licitação. Houve quatro empresas<br />

e nós fomos uma <strong>de</strong>las. Foi a nossa primeira licitação.<br />

Para nós era muito importante, Excelência, mostrar-<br />

mos... ganhar essa licitação, porque nós po<strong>de</strong>ríamos<br />

provar para o nosso parceiro internacional que nós<br />

tínhamos um contrato, que nós tínhamos condições.<br />

Era importante nós sabermos quem eram os nossos<br />

adversários. Era importante nós sabermos disso. Eu<br />

estava já há alguns meses fora e quem participou <strong>de</strong>ssa<br />

licitação – eu, pessoalmente, não participei – foi o<br />

meu sócio que participou <strong>da</strong> mesma. Era importante<br />

eles saberem e era importante nós conhecermos tudo<br />

o que acontecia com os meus concorrentes.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja uma coisa curiosa. Eu tenho, aqui, uma<br />

Declaração <strong>da</strong> Aeropostal, assina<strong>da</strong> pelo Sr. Sérgio<br />

Perrenoud Vignoli, dizendo que aten<strong>de</strong> a to<strong>da</strong>s exigências<br />

técnicas, mínimas, constantes do Edital. Então,<br />

vejam: sabi<strong>da</strong>mente, não atendia e assina uma <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>. Obviamente, isso po<strong>de</strong> ser até<br />

analisado sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lito, outro, <strong>de</strong><br />

natureza até criminal, eventualmente, porque é uma<br />

coisa obvia que não aten<strong>de</strong>. No entanto, esses indícios<br />

mostram uma razão estranha: por que alguém <strong>de</strong>clara<br />

que aten<strong>de</strong> quando não aten<strong>de</strong> e entra numa licitação<br />

que não po<strong>de</strong> ganhar e no meio <strong>de</strong> uma disputa como<br />

essa? Qual foi, exatamente, a <strong>da</strong>ta em que o senhor<br />

saiu <strong>da</strong> Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi no dia 5 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Depois disto, não assinou mais na<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

Beta?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – No mês <strong>de</strong> setembro,<br />

Excelência, houve um termo aditivo. Esse termo<br />

aditivo era uma antiga luta <strong>da</strong> Beta, junto aos<br />

Correios, <strong>de</strong> uma linha que era a Linha F. Essa Linha<br />

havia sido ganha em outubro <strong>de</strong> 2000 e houve<br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recomposição econômica <strong>de</strong>ssa<br />

linha, em função do aumento <strong>de</strong> combustível, na<br />

época, que aumentou 44% – houve um aumento<br />

<strong>de</strong> variação cambial na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 29% –, e nós pedimos<br />

uma equiparação, um reajuste <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

29% aos Correios. Eu tenho, se o senhor, também,<br />

me permitir...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu tenho, aqui, o termo aditivo.<br />

O que me chama a atenção é que o senhor assinou,<br />

no dia 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001, um termo aditivo<br />

com os Correios, sendo que o senhor tinha saído <strong>da</strong><br />

empresa em julho.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se o senhor saiu em julho <strong>da</strong> empresa, como<br />

é que o senhor assina um termo aditivo com o Diretor<br />

Executivo <strong>da</strong> Beta em setembro?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4961<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito. Eu tenho,<br />

aqui, uma carta en<strong>de</strong>reça<strong>da</strong> aos Correios – dia 5 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2001 – solicitando essa recomposição econômica<br />

na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 29%. A resposta <strong>de</strong>ssa carta, Excelência,<br />

veio num termo aditivo que chegou às mãos<br />

do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Beta por volta <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001.<br />

Esse documento gera um documento assinado. Os<br />

nomes já estavam aqui. O meu nome constava como<br />

Diretor Executivo <strong>da</strong> Beta.<br />

Eu acho muito importante nós falarmos o seguinte:<br />

foi a resposta <strong>de</strong>ssa carta solicitando 29 e essa recomposição,<br />

ela atingiu 10% e, principalmente, ela já<br />

estava em vigor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001... Acho que<br />

o senhor não <strong>de</strong>sconhece isso. Ela estava em vigor<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001. Foi nesse 13 <strong>de</strong> setembro,<br />

por volta <strong>de</strong> setembro, que esse termo aditivo chegou<br />

e o Sr. Antonio Augusto me pediu pra assinar porque<br />

estava no meu nome. Era simplesmente...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Pediu para assinar um contrato...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, Sr. Presi<strong>de</strong>nte,...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...quem já saiu <strong>da</strong> empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, não foi um<br />

contrato; foi um termo aditivo <strong>de</strong> um trabalho...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Um termo <strong>de</strong> aditamento é a mesma coisa.<br />

Não mu<strong>da</strong> na<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Um termo aditivo,<br />

Excelência, <strong>de</strong> um trabalho que já vinha...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...<strong>de</strong> um equilíbrio econômico-financeiro. O<br />

senhor assina em nome <strong>da</strong> empresa um termo aditivo<br />

sem pertencer à empresa?!<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, já era<br />

uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> há noventa dias, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que fosse a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Eu não posso assinar<br />

um documento como empresa <strong>da</strong> qual eu não sou<br />

mais sócio ou não sou empregado. Inclusive o senhor<br />

é nominado aqui como Diretor Executivo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não houve nenhuma<br />

má-fé. Foi assinado... Foi só consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uma<br />

situação. Foi só oficialização <strong>de</strong> uma situação que já<br />

vinha há noventa dias acontecendo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quando que houve o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro atrito entre o<br />

Sr. Augusto e o Sr. Johannes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foi antes <strong>de</strong> o senhor sair <strong>da</strong> empresa ou<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o senhor sair <strong>da</strong> empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, imagino que<br />

tenha sido <strong>de</strong>pois. Eu nunca vi nenhum atrito entre<br />

eles.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Certo. Então, eu vou reformular minha hipótese.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos imaginar, então, que não tinha nenhum<br />

atrito entre o Sr. Johannes e o Sr. Augusto quando o<br />

senhor saiu. O senhor sai e monta a Aeropostal. Eles<br />

estão bem. Tão bem que o senhor assina, mesmo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> ter saído <strong>da</strong> empresa, um aditamento, fazendo-se<br />

passar por Diretor Executivo <strong>da</strong> Beta, quando,<br />

na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não era. Claro? Bem, posteriormente a<br />

isso, o senhor monta a Aeropostal. Então entram três<br />

empresas amigas. Sim? Skymaster, Beta e Aeropostal.<br />

Para quê? Sabemos que <strong>de</strong>zesseis tinham comprado o<br />

edital. Havia uma empresa que ia forçar <strong>de</strong>scer o preço<br />

justamente para fazer a reserva <strong>de</strong> mercado para que<br />

não se corresse risco. Essa empresa era o senhor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mas a primeira<br />

empresa a baixar o preço fomos nós e nós saímos<br />

<strong>de</strong>sse pregão...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Claro, porque a Skymaster ganhou, o senhor<br />

não precisava baixar. Na medi<strong>da</strong> em que a outra<br />

efetivamente saiu, houve lá o evi<strong>de</strong>nte conluio e o senhor<br />

participou para fazer aquilo que nós chamamos<br />

em licitação <strong>de</strong> figuração <strong>de</strong> que há uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

competição.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eles<br />

foram até o décimo sexto lance brigando.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não estou afastando a briga.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eles foram até o<br />

décimo-sexto...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas se houvesse um estrangeiro...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não sei. Não sei.<br />

Desculpa. Eu só digo o seguinte: essa licitação veio<br />

do primeiro lance ao décimo sexto. Nós saímos no<br />

primeiro. Quer dizer, é... Que cobertura? Que tipo <strong>de</strong><br />

cobertura foi <strong>da</strong>do, Excelência? Esse documento... Eu<br />

tenho impressão...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Vamos lá. O senhor ingressou na Aeropostal<br />

com 50% do capital no dia 1 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

2001. De acordo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, senhor.


4962 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Assina, no dia 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001,<br />

um aditamento. Ou seja, o senhor assina como Diretor<br />

Executivo do seu concorrente. De acordo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Aí <strong>de</strong>pois entra, exatamente em <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2001, para disputar pela Aeropostal com sua<br />

antiga empresa, <strong>da</strong> qual o senhor já tinha saído, mas<br />

assinava também, <strong>de</strong> uma forma cortês e interessante,<br />

atos legais sem pertencer à empresa. Em tese,<br />

po<strong>de</strong>-se até dizer que seria nulo esse aditamento, na<br />

medi<strong>da</strong> em que não pertencia mais aos quadros <strong>da</strong><br />

empresa. Como se explica que alguém que vai montar<br />

uma empresa concorrente, que já montou a empresa<br />

concorrente, assina, <strong>de</strong>pois que saiu, como Diretor <strong>da</strong><br />

outra empresa, diz que não tem nenhuma relação com<br />

na<strong>da</strong> e entra numa licitação para ganhar quando não<br />

estava sequer habilitado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Bom, Excelência,<br />

eu... é... prestei serviço a uma pessoa, ao presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> Beta, e não houve nenhuma má-fé. Era uma coisa<br />

que foi só formalização <strong>de</strong> uma situação que já ocorria.<br />

Quer dizer, não houve um contrato, um novo contrato.<br />

Não! Há noventa dias esse reajuste já ocorria. Quer dizer,<br />

foi só... Foi absolutamente sem nenhuma má-fé.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja, eu acho, inclusive, do ponto <strong>de</strong> vista<br />

criminal, a assessoria tem que estu<strong>da</strong>r. Se o senhor<br />

não pertencia à empresa, nunca po<strong>de</strong>ria ter assinado<br />

esse documento. Do ponto <strong>de</strong> vista criminal, há que<br />

se analisar se não há um crime aqui até <strong>de</strong> falsi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ológica, eventualmente. O senhor percebe?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu só<br />

digo paro senhor o seguinte: foi na melhor <strong>da</strong>s intenções,<br />

não houve nenhuma outra...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não havia outra pessoa que pu<strong>de</strong>sse assinar<br />

pela empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É difícil alguém assinar um termo <strong>de</strong>...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tanto é que ele está<br />

assinado, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pelo senhor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ele está assinado<br />

pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso, por que o senhor precisava assinar?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – E faltava um... Era<br />

só questão burocrática. Quer dizer, esse documento,<br />

como ele era retroativo a 1º <strong>de</strong> julho...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não precisava o senhor assinar. O senhor<br />

é diretor executivo. O que é estranho é que bastava<br />

o Presi<strong>de</strong>nte Hassan Gebrin, o Sr. Carlos Augusto <strong>de</strong><br />

Lima Sena assinar e o Antônio Augusto assinarem, o<br />

senhor não precisava assinar. Então, o senhor figura<br />

assinando.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu não tenho esse<br />

conhecimento, me perdoe, eu não tenho esse conhecimento<br />

jurídico que o senhor tem.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas aí não é nem jurídico, é negocial. O senhor<br />

é um homem experiente. Eu não assino por uma<br />

empresa <strong>da</strong> qual não sou mais diretor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era a formalização<br />

<strong>de</strong> uma situação, só isso, Excelência. A única coisa<br />

que eu posso dizer é...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não eram. Os pagamentos <strong>de</strong>sse equilíbrio<br />

econômico-financeiro só po<strong>de</strong>riam ser feitos <strong>de</strong>pois<br />

<strong>da</strong> assinatura disso.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, ele já estava<br />

vigorando, Excelência. Ele já estava sendo pago. Ele<br />

já estava sendo...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Antes do aditamento?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu tenho a impressão<br />

que sim, Excelência. Eu não tenho essa informação,<br />

mas eu tenho a impressão que sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, antes do aditamento ser formalizado,<br />

já havia pagamento do equilíbrio econômicofinanceiro?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu imagino<br />

que sim. Eu não tenho essa formação jurídica.<br />

Infelizmente eu não tenho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eu solicito que se cheque isso, porque<br />

pagar equilíbrio econômico-financeiro antes do aditamento...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Eu<br />

acho que foi assinado em setembro, retroativo a julho.<br />

Acho que é isso. Ele não está sabendo dizer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não consta aqui.<br />

Eu estou com termo <strong>de</strong> aditamento nas mãos.<br />

Suspensa a reunião por dois minutos.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Obrigado.<br />

(Suspen<strong>de</strong>-se a reunião às 16 horas e 14 minutos.)<br />

(Reabre-se a reunião às 16 horas e 15 minutos.)


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4963<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Apenas para esclarecer ao <strong>de</strong>poente: <strong>de</strong> fato, o<br />

termo foi assinado em 13 <strong>de</strong> setembro para que entrasse<br />

em vigor dia 1º julho, porque é assim que funciona.<br />

Quando eu tenho <strong>de</strong>sequilíbrio econômico-financeiro,<br />

a partir do momento em que constato o <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

econômico-financeiro, a partir <strong>de</strong>ssa <strong>da</strong>ta eu tenho que<br />

ter o reequilíbrio e aí, então, pagar-se-á as diferenças<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>da</strong>ta em que houve essa retroação, porém<br />

nenhum pagamento po<strong>de</strong> ser liberado antes <strong>da</strong> assinatura.<br />

Logo, este é um documento constitutivo <strong>de</strong><br />

direitos, razão pela qual o senhor não sendo diretor<br />

jamais po<strong>de</strong>ria ter assinado ou mesmo que o <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

econômico-financeiro tivesse ocorrido três anos<br />

antes, quatro anos antes, cinco anos antes. Não quer<br />

dizer absolutamente na<strong>da</strong>.<br />

Claro, é aí que me causa surpresa em relação<br />

a isso. Mas vamos passar ao Deputado Arnaldo Faria<br />

<strong>de</strong> Sá, para que eu possa, <strong>de</strong>pois, retomar a minha<br />

argüição.<br />

Deputado Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Quem é seu advogado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É o Dr. Mário.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Atualmente você está ligado a que empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu estou, Excelência,<br />

na Aeropostal hoje, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – E<br />

até hoje sem aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Até hoje, Excelência.<br />

Quando nós per<strong>de</strong>mos o parceiro internacional,<br />

que nós tínhamos uma boa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tê-lo aqui,<br />

aconteceu, o ano <strong>de</strong> 2002, 2003 foi um ano muito difícil<br />

para a aviação...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – E<br />

como está se sustentando?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu tenho alguns<br />

aluguéis. Eu faço algumas consultorias. É basicamente<br />

isso.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) –<br />

Você teve recentemente algum problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não assim...<br />

Não, na<strong>da</strong> muito sério.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Mas não foi sério, o que foi então?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpa.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Não foi sério, mas o que foi?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, é problemas<br />

acho que <strong>de</strong> estresse, que é normal nessa nossa<br />

vi<strong>da</strong>.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Por<br />

que você acha que você teve estresse?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu acho que to<strong>da</strong><br />

essa situação, Excelência, a situação... Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

nós partimos... Nós temos uma empresa, nós investimos<br />

bastante nessa empresa e não conseguimos...<br />

Hoje o mercado mudou, o avião que nós falávamos<br />

na época, em 2001, hoje é outro avião. Nós falamos<br />

num avião 707, hoje se fala <strong>de</strong> uma série muito mais<br />

mo<strong>de</strong>rna. Um 707 hoje, o custo <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong>sse é<br />

US$ 600 mil. O avião que se fala hoje é <strong>de</strong> US$ 5 milhões,<br />

quer dizer, nós não temos... Não tive condição<br />

<strong>de</strong> acompanhar esse mercado.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Quando você investiu nessa empresa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu acho que basicamente<br />

o pagamento <strong>de</strong> alguns funcionários como<br />

engenheiro, como diretor <strong>de</strong> operação e os emolumentos<br />

do DAC. Não foi na<strong>da</strong> assim muito exorbitante, mas<br />

pesa para qualquer bolso.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 até agora se passaram quase cinco<br />

anos.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. O senhor vê<br />

como é difícil essa luta, Excelência. É uma luta insana.<br />

É uma luta insana.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Você está vivendo <strong>da</strong> Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Ela<br />

está há cinco anos sem ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Aeropostal não<br />

tem avião, não tem contrato postal. Você está servindo<br />

a alguém nesse jogo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Eu estou, na<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, para que o senhor tenha uma idéia, fazendo<br />

facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> novo. Optei por um outro ramo que é <strong>de</strong><br />

comunicações. Estou no terceiro semestre e pretendo<br />

encontra alguma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que eu possa exercer e<br />

que, talvez, seja até um pouco diferente porque estou<br />

muito <strong>de</strong>cepcionado com a aviação. Hoje, sinto-me<br />

<strong>de</strong>cepcionado com a aviação.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Por<br />

que você está <strong>de</strong>cepcionado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

Excelência. Pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> arrumar parceiro e pela<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> que o próprio mercado nos dá. Para que V.<br />

Exª tenha uma idéia, o combustível aumenta a ca<strong>da</strong><br />

quinze dias. O combustível <strong>de</strong> aviação não está sendo<br />

regulamentado e, a ca<strong>da</strong> quinze dias, ele aumenta.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Nesse tempo em que você esteve envolvido com<br />

essa situação, acabou percebendo que a questão<br />

<strong>da</strong> re<strong>de</strong> postal noturna está sujeita a muitas falhas e


4964 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

a muitos riscos. Você <strong>de</strong> certa maneira, já está meio<br />

contrariado com tudo isso. De que forma você po<strong>de</strong><br />

colaborar para que encontremos uma alternativa para<br />

consertar essa RPN?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, <strong>de</strong>ntro<br />

dos planos que havíamos traçado para a Aeropostal,<br />

o que o Correio americano fez, ao terceirizar to<strong>da</strong> a<br />

administração <strong>da</strong>s aeronaves para um outra empresa.<br />

Esse é um plano antigo que tínhamos porque os Correios<br />

têm várias especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e a especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

avião não é a gran<strong>de</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos Correios. Uma<br />

<strong>de</strong> nossas propostas era po<strong>de</strong>r exatamente fazer esse<br />

trabalho <strong>de</strong> terceirização com as empresas nacionais.<br />

Pela nossa experiência, pelo nosso conhecimento <strong>de</strong><br />

aviação e mercado, tenho certeza <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ríamos<br />

<strong>de</strong> maneira muito rápi<strong>da</strong>, pelo menos, reduzir o custo<br />

<strong>de</strong>sses contratos.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Você conhece o setor profun<strong>da</strong>mente.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – <strong>Con</strong>heço o setor<br />

razoavelmente bem.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Percebi que você conhece. Por que a Vasp, a Transbrasil<br />

e Varig <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> trabalhar com a Re<strong>de</strong> Postal<br />

Noturna?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tenho a impressão<br />

<strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> vantagem dos Correios é a não-sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Essa é a gran<strong>de</strong> vantagem dos Correios.<br />

Trabalha-se <strong>de</strong> janeiro a janeiro, sem gran<strong>de</strong>s variações<br />

<strong>de</strong> mercado. Tenho acompanhado que os Correios têm<br />

apertado ca<strong>da</strong> vez mais seus preços e, principalmente,<br />

acho que é muito difícil entrar em uma licitação hoje e<br />

ter que <strong>da</strong>r um preço para doze meses ou mais, com<br />

o combustível aumentando a ca<strong>da</strong> quinze dias. Como<br />

se faz? Como uma empresa entra? Ela tem que supor<br />

que esse combustível nos próximos doze meses...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Foi isso que excluiu a Vasp, a Varig e a Transbrasil<br />

dos Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tenho a impressão<br />

<strong>de</strong> que sim. Não posso respon<strong>de</strong>r por elas, mas tenho<br />

a impressão <strong>de</strong> que sim. Como se dá um preço para<br />

doze meses com o combustível aumentando <strong>de</strong>sse jeito?<br />

Temos a impressão, uma <strong>da</strong>s nossas suposições<br />

era a seguinte: se, por acaso, os Correios pu<strong>de</strong>ssem,<br />

por exemplo, pagar o combustível <strong>de</strong>ssas empresas,<br />

seria muito mais simples. Seria muito mais simples<br />

fazer uma avaliação <strong>de</strong>ssas empresas sem o impacto<br />

<strong>de</strong>sse reajuste a ca<strong>da</strong> quinze dias.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Se fosse para bancar o combustível, era melhor fazer<br />

um acordo com a FAB e voar direto. Não precisava<br />

haver licitação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Se for para essa<br />

alternativa, a minha empresa se proporia a colaborar<br />

com os Correios, terceirizando essa parte <strong>de</strong> contração<br />

<strong>de</strong> aeronaves ou algo assim. Um dos princípios<br />

<strong>da</strong> Aeropostal foi esse.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Quando você falava <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Vasp e <strong>da</strong><br />

Varig junto aos Correios, você colocou uma variante.<br />

Quero colocar outra: por que chegaram à insolvência,<br />

primeiro a Transbrasil, <strong>de</strong>pois a Vasp e agora praticamente<br />

a Varig, <strong>de</strong>pois que per<strong>de</strong>ram o contrato com<br />

os Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe-me. Não<br />

conheço essas empresas profun<strong>da</strong>mente e não saberia<br />

dizer para o senhor.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Não seria a gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong>las?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não sei. Acho que<br />

uma <strong>da</strong>s fontes, uma fonte confiável, uma fonte que<br />

paga no dia.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Até<br />

pela não-sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que você falou.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não-sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

um fator muito importante para que se possa planejar.<br />

O combustível é um fator muito difícil <strong>de</strong> se planejar<br />

atualmente.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– O que é a Lei dos Quatro Quintos, <strong>de</strong> que o senhor<br />

falou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Pela lei <strong>da</strong> aviação<br />

brasileira, um estrangeiro só po<strong>de</strong> entrar com 20% <strong>da</strong><br />

composição acionária <strong>da</strong> empresa. Ele não po<strong>de</strong> ter<br />

mais que isso.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – Por<br />

isso, você estava tendo um parceiro oculto?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não era oculto. O<br />

parceiro estava aí. Só precisávamos provar para ele<br />

nossa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> voar. Não era oculto, não. Para o<br />

senhor ter uma idéia, eu estive duas vezes em órgão.<br />

Em uma <strong>da</strong>s vezes, inclusive, estive com a alta diretoria<br />

<strong>da</strong> Varig, com o atual Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Varig Log na<br />

época, com o atual Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Varig e mais um Diretor<br />

<strong>da</strong> Varig <strong>de</strong> Miami. Estivemos lá para tentar fazer<br />

uma composição e criar essa empresa.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Varig <strong>de</strong> Miami?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Estivemos no órgão<br />

com o Diretor <strong>da</strong> Varig <strong>de</strong> Miami, o atual Presi<strong>de</strong>nte, o<br />

antigo Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Varig Log, tentando chamar essa<br />

empresa para o Brasil. Talvez estivéssemos até conseguindo<br />

se não houvesse essas agruras, se tivéssemos<br />

esse contrato que seria muito importante para nós.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4965<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Você é piloto?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não sou. Sou<br />

engenheiro.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP) – O<br />

senhor é engenheiro?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sou.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Qual a sua especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sou engenheiro<br />

eletrônico.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Por que essa incursão na aviação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O <strong>de</strong>stino me empurrou<br />

para isso. Daqueles 15 anos <strong>de</strong> empresa multinacional,<br />

trabalhei sete anos na área <strong>de</strong> logística e<br />

transporte. Gostei e me aficionei pelo trabalho.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Nesses cinco anos em que a Aeropostal não está<br />

transportando na<strong>da</strong>, você está transportando o quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós estamos em<br />

stand by. A empresa entrou em stand by já há algum<br />

tempo. Mais uma vez, Excelência, eu me <strong>de</strong>cepcionei<br />

muito. Já estamos fazendo todos os trâmites <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

muito tempo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito investimento, para fecharmos<br />

a empresa. Foram muitos anos <strong>de</strong> tentativa.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Você vai fechar a empresa, então?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Provavelmente. Provavelmente.<br />

Se não conseguirmos um investidor, algo<br />

assim, será muito difícil continuarmos.<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB – SP)<br />

– Obrigado, Sr. Relator.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço, Deputado Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá.<br />

Inicialmente, ain<strong>da</strong> tenho muitas perguntas a<br />

fazer ao senhor, mas estou muito curioso com esse<br />

Pregão 45.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Porque realmente... (Pausa.)<br />

Vamos voltar ao Pregão 45. Quando tenho dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> explicar algo, eu tento encontrar as hipóteses<br />

mais certas. Vamos continuar tentando explicar isso<br />

tudo. O senhor tinha conhecimento <strong>de</strong> que a Beta e a<br />

Skymaster tinham contrato operacional?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tinha.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Tinha. Na época do Pregão 45, esse contrato<br />

estava em vigor?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eu lhe afirmo que estava.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu não me lembro.<br />

Eu não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estava. Estava em vigor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – No Pregão 45, eu<br />

já tinha saído <strong>da</strong> empresa. Perdoe-me.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. O senhor já tinha saído, mas assinou,<br />

como Diretor Executivo, inclusive o termo <strong>de</strong> aditamento.<br />

Não estava tão <strong>de</strong>sinformado assim. Veja: eu levantei<br />

uma primeira hipótese que o senhor refutou. A primeira<br />

hipótese era a seguinte: teria havido uma briga entre<br />

a Beta e a Skymaster, o senhor sairia, rompido, criou<br />

a Aeropostal, uma terceira empresa, e atuava como<br />

braço <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Aeropostal já<br />

existia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor disse que não é isso. Aí levantei<br />

outra hipótese: não teria havido briga nenhuma, o<br />

senhor teria entrado para tentar eliminar algum outro<br />

concorrente. O senhor falou: “Em hipótese nenhuma”.<br />

Agora, vou lhe <strong>da</strong>r a hipótese que, para mim, parece<br />

um pouco mais plausível – veja se estou errado: tenho<br />

duas empresas, Beta e Skymaster, cujos sócios<br />

– embora formalmente não fossem os mesmos, os<br />

dois eram donos <strong>da</strong>s duas empresas, ou seja, o Sr.<br />

Augusto coman<strong>da</strong>va a Beta e o Sr. Johannes também<br />

tinha participação... Já há, inclusive, na CPI, um acordo<br />

em que eles mostram que informalmente um era<br />

dono <strong>da</strong>s coisas do outro, etc. Eram sócios, mas não<br />

se assumiam como sócios e não conseguiram explicar<br />

por que é que duas pessoas que não eram sócias<br />

não botavam no papel a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Então, tinham as<br />

duas empresas; fazem um acordo operacional entre<br />

as duas, ou seja, aquela que ganha usa outra, a outra<br />

que ganha usa a outra, quer dizer, donos <strong>da</strong> mesma<br />

empresa usam as duas empresas. Agora, realmente,<br />

entrar com uma licitação nessa condição e ter essas<br />

duas empresas sempre ganhando e disputando é um<br />

negócio que podia pegar mal, alguém po<strong>de</strong>ria suspeitar.<br />

Então imaginemos, por exemplo, que houvesse um<br />

conluio para ter um preço superfaturado no Pregão<br />

45. Ora, o preço era superfaturado, entram as duas<br />

empresas com clara situação <strong>de</strong> conluio, po<strong>de</strong>ria <strong>da</strong>r<br />

suspeita. O que eu faço? Crio uma terceira empresa,<br />

pego um amigo meu, que forma a terceira empresa e,<br />

mesmo sem estar habilitado, ele entra no leilão para<br />

<strong>da</strong>r aparência <strong>de</strong> disputa. Só que já se sabe o preço<br />

a que vai chegar, se partem <strong>de</strong> lances muito superfaturados,<br />

e aí tem uma disputa <strong>de</strong>scendo, <strong>de</strong>scendo,<br />

<strong>de</strong>scendo, para chegar num superfaturamento com<br />

uma aparência <strong>de</strong> resultado. Veja só, esse Pregão


4966 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

45, em que houve 16 lances, como se diz, o Tribunal<br />

<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União faz um estudo, o preço <strong>da</strong>do pela<br />

Skymaster é <strong>de</strong> 369.500 – o preço real era <strong>de</strong> 272 mil<br />

pelos estudos técnicos feitos –, ou seja, o senhor, que<br />

não podia ganhar, a Skymaster e a Beta entram <strong>da</strong>ndo<br />

lances e param no superfaturamento <strong>de</strong>sejado, criando<br />

formalmente a impressão <strong>de</strong> que estava tudo em<br />

or<strong>de</strong>m e houve uma disputa acirradíssima, quando, na<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, as duas empresas pertenciam praticamente<br />

ao mesmo dono, tinham um contrato operacional para<br />

que não houvesse nenhum problema, o senhor trabalhava<br />

para uma <strong>da</strong>s empresas e montou uma outra<br />

e jamais po<strong>de</strong>ria ganhar. A tese <strong>de</strong> que os senhores<br />

entraram para simular uma licitação para garantir um<br />

superfaturamento, essa razão pela qual o senhor entra,<br />

se é erra<strong>da</strong>, me diga por quê.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, é completamente<br />

erra<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, nós<br />

éramos, nós representávamos uma nova empresa,<br />

nós representávamos um risco para essas empresas.<br />

Em momento nenhum...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor não tinha condições <strong>de</strong> voar, não<br />

tinha avião nem autorização para operar.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O avião não era...<br />

era uma coisa exeqüível a um curtíssimo espaço <strong>de</strong><br />

tempo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Era, porque o edital... O senhor não tinha...<br />

dá licença, o senhor não podia ganhar. Pelo edital, o<br />

senhor não tinha como ganhar, não tinha avião nem a<br />

<strong>de</strong>cisão que permitia. O senhor sabia que não podia,<br />

assinaram uma <strong>de</strong>claração dizendo que podia, quando<br />

não podia, aliás, me parece estranho até que o correio<br />

não tenha tomado providências à época, porque configura<br />

possivelmente crime, o senhor, <strong>de</strong>pois que saiu,<br />

continuava assinando pela Beta. Como é que o senhor<br />

consegue <strong>de</strong>sconstituir – eu gostaria muito, porque eu<br />

prefiro a presunção <strong>de</strong> inocência até provem em contrário,<br />

mas eu tenho que fazer um relatório sobre isso<br />

e tenho que fazer as minhas tipificações: como é que<br />

o senhor po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstituir uma idéia <strong>de</strong> conluio se<br />

o senhor me diz que ven<strong>de</strong>u a Beta por 1.700.000... a<br />

Beta não; perdão, a empresa que me foge o nome...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu fiquei<br />

<strong>de</strong> passar para o senhor os <strong>da</strong>dos... os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

cabeça...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor ven<strong>de</strong>u a Brasair tendo um prejuízo<br />

<strong>de</strong> 1.700.000 dólares, ou seja, o senhor tinha um avião<br />

<strong>de</strong> 1.800.000, eu não estou falando <strong>de</strong> outras coisas,<br />

tinha um avião <strong>de</strong> 1.800.000 e ven<strong>de</strong>u por em torno <strong>de</strong><br />

100 mil. Então, calculando, mais ou menos, foram os<br />

<strong>da</strong>dos que o senhor <strong>de</strong>u. Depois volta a trabalhar para<br />

a mesma empresa que o senhor praticamente <strong>de</strong>u <strong>de</strong><br />

graça, porque quem ven<strong>de</strong> por menos <strong>de</strong> 10% dá <strong>de</strong><br />

graça uma empresa, para ser remunera<strong>da</strong> por ela, claro,<br />

pelo Sr. Ioannis. Aí o senhor amigo do Sr. Augusto,<br />

antes dos dois brigarem, porque o senhor disse que<br />

eles brigam <strong>de</strong>pois do Pregão 45, fazem uma situação<br />

em que o senhor monta a Aeropostal, entra com<br />

50% sem entrar com nenhum capital, numa empresa<br />

que não tinha avião, não tinha licença para voar, entra<br />

numa licitação, dizendo que tinha condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r,<br />

quando não atendia, a um simulacro <strong>de</strong> disputa<br />

– por que simulacro? Porque há um superfaturamento<br />

evi<strong>de</strong>nte –, e temos, então, um resultado final, on<strong>de</strong><br />

formalmente três empresas se engalfinharam, sendo<br />

que duas pertenciam às mesmas pessoas, tinham<br />

um acordo operacional e o senhor não podia voar. Em<br />

síntese, isso no jargão comum, chama-se simulação<br />

<strong>de</strong> competição.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, o senhor<br />

parece que o senhor já tem tudo em sua cabeça.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, não...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, me<br />

perdoe.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu gostaria muito que o senhor retirasse <strong>da</strong><br />

minha cabeça, mas, por favor, aja com vigor intelectual,<br />

para que saia essa idéia horrível <strong>da</strong> minha cabeça.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu estou tentando,<br />

eu estou tentando, acho que os argumentos, os gran<strong>de</strong>s<br />

argumentos que contradizem um pouco o seu raciocínio,<br />

o senhor me permite dizer isso, é o seguinte...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foram 16 empresas<br />

a comprar o edital, foram 16 empresas. Nós não<br />

po<strong>de</strong>ríamos nunca...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esqueça esse negócio <strong>de</strong> comprar. Esse<br />

negócio <strong>de</strong> comprar edital eu posso comprar, o Arnaldo<br />

po<strong>de</strong> comprar. Por favor, vamos trabalhar <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> razoabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, senão vou <strong>da</strong>r como<br />

sacramenta<strong>da</strong> minha opinião. Aju<strong>de</strong>-me a <strong>de</strong>sconstituir<br />

minha opinião. Mas não é acusando que 16 compraram<br />

que você vai <strong>de</strong>sconstituir.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu acho que os<br />

Correios têm o controle <strong>de</strong> quem comprou os editais.<br />

Eu acho que não foi nem o senhor. Acho que...


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4967<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quando alguém compra o edital, é para<br />

ver se aten<strong>de</strong>, para estu<strong>da</strong>r, para verificar se po<strong>de</strong>.<br />

Como há indícios...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós mesmos compramos<br />

muitos outros editais e nunca mais entramos,<br />

Excelência. Quer dizer, nós fizemos uma licitação, a<br />

empresa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quanto custou o edital, o senhor lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O edital é coisa<br />

<strong>de</strong> R$20,00.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Qualquer um po<strong>de</strong> comprar o edital até para<br />

ver como estão as coisas. Perdoe-me, mas isso é uma<br />

coisa banal. Quem mexe com licitação, e o senhor é<br />

um homem experiente, até trabalhou numa empresa<br />

que trabalhava com os Correios, sabe que comprar<br />

edital não quer dizer na<strong>da</strong>. Po<strong>de</strong> ter um milhão, não<br />

mu<strong>da</strong> na<strong>da</strong>. Importa quem... O edital, efetivamente, tem<br />

uma situação em que se ele favorece uma empresa,<br />

se ele coloca especificações <strong>de</strong> um certo avião – que<br />

é o que estamos investigando aqui, porque havia em<br />

certos casos – as empresas que não têm aquelas especificações<br />

dos aviões nem entram. Aí, tenho quatro<br />

empresas entrando, sendo que três estão intimamente<br />

liga<strong>da</strong>s, eu não sei essa quarta, para mim ela é nova.<br />

E mais, o resultado é superfaturado, com 16 lances.<br />

Use os argumentos, por gentileza, mas esqueça esse<br />

negócio <strong>de</strong> comprar o edital, porque isso, sinceramente,<br />

como já lhe disse, não é argumento para na<strong>da</strong>.<br />

Como o senhor infirma a tese <strong>de</strong> que: 1. Entrou<br />

nessa licitação em conluio com os outros dois, uma vez<br />

que não po<strong>de</strong>ria ganhá-la, sabia disso, assinou a sua<br />

empresa um atestado <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria aten<strong>de</strong>r, quando<br />

não entendia, sabia disso. Quer dizer, como o senhor<br />

<strong>de</strong>sconstitui esta tese <strong>de</strong> que, tendo um resultado superfaturado,<br />

o senhor não entrou nessa licitação para<br />

fazer uma simulação <strong>de</strong> competição e legitimar um<br />

resultado altamente lesivo aos Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, nós<br />

entramos numa licitação, na primeira licitação <strong>da</strong> Aeropostal,<br />

nós tínhamos necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer nossos<br />

competidores, nossos concorrentes. Nós precisávamos<br />

aparecer junto ao mercado como empresa consistente,<br />

como empresa séria, fazendo bom trabalho e nós<br />

entramos numa licitação com o preço que achamos<br />

justo e paramos no primeiro lance. É isso que tenho<br />

para falar para o senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor queria formar sua imagem <strong>de</strong><br />

empresa séria, não tendo avião nem o documento que<br />

lhe permitisse voar. É uma estratégia em marketing,<br />

perdoe-me, inovadora.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós tínhamos a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do avião e os manuais, e o Cheta estava<br />

quase acontecendo. Então, veja, não houve nenhuma<br />

tentativa, a não ser participar, mostrar e falar: “Olha,<br />

estamos aqui”. Caso nós houvéssemos ganhado, nós<br />

po<strong>de</strong>ríamos mostrar para o nosso parceiro internacional.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se o senhor me permite uma brinca<strong>de</strong>ira para<br />

<strong>de</strong>scontrair, eu quase ganhei na loteria nesse final <strong>de</strong><br />

semana. Comprei o bilhete. Faltou só ser sorteado, mas<br />

eu tinha quase a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhar. (Risos.)<br />

Vamos prosseguir a argüição.<br />

O senhor lembra <strong>da</strong> concorrência 10 <strong>de</strong> 2000<br />

<strong>da</strong> Linha F?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Dois mil?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso. O senhor estava na época...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Estava sim. Eu não<br />

lembro. Deixe-me ver se eu tenho alguma coisa aqui,<br />

Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois não.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A Linha F era uma<br />

linha Recife/Porto Alegre e o que eu me lembro <strong>de</strong>la<br />

é isso. Eu não peguei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Essa <strong>Con</strong>corrência 10 <strong>de</strong> 2000, quatro dias<br />

antes foi assinado o termo <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> subcontratação<br />

entre a Beta e a Skymaster. Quer dizer,<br />

foi assinado termo <strong>de</strong> compromisso quatro dias antes<br />

<strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> <strong>Con</strong>corrência 10 <strong>de</strong> 2000. <strong>Con</strong>correram<br />

duas empresas conheci<strong>da</strong>s nossas, a empresa Beta e<br />

a Skymaster. Venceu a Beta, com o preço <strong>de</strong> operação<br />

193 mil e Skymaster com 206 mil. Essas empresas tinham<br />

aquele contrato que as obrigava a dividir 50%<br />

para lá e 50% para cá.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, pelo<br />

que me consta nós tínhamos um acordo operacional<br />

<strong>de</strong> backup <strong>de</strong> aeronave. Isso é o que me consta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A empresa Beta, nesse caso, não era ti<strong>da</strong><br />

pela Skymaster como uma empresa que teria alguma<br />

preferência para ganhar essa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não me consta<br />

isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor garante?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não me consta<br />

na<strong>da</strong> disso, Excelência.


4968 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que a Beta tinha preferência para ganhar<br />

essa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe, nunca<br />

soube disso, nunca percebi isso. Isso não é a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor trabalhava na Beta na época?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim. O senhor está<br />

falando <strong>de</strong> 2000?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Dessa concorrência. Sabe quem disse isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Quem?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Augusto, aqui na CPI. Tenho aqui termos<br />

do <strong>de</strong>poimento prestado pelo Sr. Augusto. Ele chega a<br />

falar: “Sr. Presi<strong>de</strong>nte, não quero afirmar que houve, mas<br />

quem tinha condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r e já estava aten<strong>de</strong>ndo<br />

a um órgão público era a Beta” Pergunto eu: “Era<br />

a Beta?” “Era a Beta. Então, a preferência po<strong>de</strong>ria ser<br />

a Beta”. Aí eu digo: “Então, houve uma combinação<br />

prévia?” Ele dá uma risa<strong>da</strong> e diz: “Não. Não digo combinação.<br />

Combinação é uma palavra forte”.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu <strong>de</strong>sconheço o<br />

que ele falou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, a própria pessoa que atuava para a<br />

Skymaster diz que a sua empresa, on<strong>de</strong> o senhor trabalhava,<br />

a Beta, tinha uma combinação com ela para<br />

ganhar essa licitação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu era<br />

um diretor executivo. Nunca fui uma empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas era o senhor que operava essa parte.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor mesmo disse que o Sr. Augusto<br />

não mexia com isso, com <strong>de</strong>talhes.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu mexia<br />

com a aviação, eu mexia com o horário do avião. Essa<br />

era a minha função na empresa. Minha função era fazer<br />

a coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong>s aeronaves. Isso eu fazia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem é o Sr. Luiz Otávio Gonçalves?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É o dono <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dono <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Um dos donos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor mantinha contato freqüente com<br />

ele?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, freqüente, não,<br />

mas nós tínhamos contato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Para quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Como falei para o<br />

senhor, as empresas to<strong>da</strong>s se conheciam, e, em algum<br />

evento ou algo assim, nós nos encontrávamos.<br />

To<strong>da</strong>s as empresas, não só com ele, mas com outras<br />

empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor conversava periodicamente com<br />

ele?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, periodicamente,<br />

não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Trocava correspondência?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Claro que<br />

<strong>de</strong>ve ter sido troca<strong>da</strong> alguma correspondência, mas<br />

eu não saberia informar se foi por e-mail ou que tipo<br />

<strong>de</strong> correspondência foi.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas que tipo <strong>de</strong> correspondência po<strong>de</strong>ria ser,<br />

se o senhor não mantém contato com ele?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não falei que não<br />

mantenho contato. Falei que eu tinha conhecimento e,<br />

eventualmente, como eu falei...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele era um concorrente seu?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ele era concorrente,<br />

mas nós tínhamos um acordo <strong>de</strong> backup. Quer dizer,<br />

se o nosso avião falhasse, usaríamos o avião <strong>da</strong><br />

Skymaster e <strong>de</strong>pois passaríamos o relatório <strong>de</strong> horas<br />

voa<strong>da</strong>s ao Departamento Financeiro para fazer a referi<strong>da</strong><br />

cobrança.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor falava freqüentemente ao telefone<br />

com ele?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não se lembra?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Lembro-me. Eu não<br />

falava freqüentemente com ele.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Diariamente não falava com ele várias<br />

vezes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não, a não ser<br />

para resolver problemas do dia-a-dia, problemas... Não<br />

me recordo. Em <strong>de</strong>terminado instante, parece que o<br />

nosso avião <strong>de</strong>u problema, e nós usamos o avião <strong>de</strong>le.<br />

Então, esse avião tinha <strong>de</strong> estar, não tinha <strong>de</strong> estar.<br />

Ele estava fazendo o trabalho <strong>de</strong>le <strong>de</strong> Manaus. Esse<br />

avião tinha <strong>de</strong> chegar para os Correios. Eram telefonemas<br />

normais <strong>de</strong> negociação.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4969<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor se lembra <strong>da</strong> Dispensa <strong>de</strong> Licitação<br />

nº 2, <strong>de</strong> 2001, para as linhas A e C? Que houve<br />

uma dispensa <strong>de</strong> licitação que a Skymaster ganhou?<br />

O senhor se lembra disso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nº 2, <strong>de</strong> 2001?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi uma contratação rapidíssima, feita em 24<br />

horas. Abriu, todos apresentaram suas propostas, mas<br />

a proposta <strong>da</strong> Skymaster ganhou. Foi algo bem ágil.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A nº 2, <strong>de</strong> 2001?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Exatamente. Bem ágil. A nº 2, <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A nº 2, <strong>de</strong> 2001...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Dispensa <strong>de</strong> Licitação nº 2, <strong>de</strong> 2001,<br />

operação <strong>da</strong>s linhas A e C. Trata-se <strong>da</strong>quela que foi<br />

padrão <strong>de</strong> eficiência. Espantou-me esse fato, quando<br />

argüi o Presi<strong>de</strong>nte dos Correios, porque a proposta<br />

chegou no horário e poucas empresas respon<strong>de</strong>ram.<br />

À noite, já estava contrata<strong>da</strong> a empresa, e o avião já<br />

estava voando para Fortaleza. Um fato inédito no mundo<br />

administrativo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Essa concorrência<br />

foi aquela...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, é dispensa <strong>de</strong> licitação; não é concorrência.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho conhecimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor não se lembra <strong>de</strong>la?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho conhecimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Beta entrou.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Quem?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É uma dispensa <strong>de</strong> licitação para as linhas<br />

A e C, contratação realiza<strong>da</strong> em 24 horas – todo<br />

o processo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu era<br />

um Diretor Executivo. Quer dizer, se era preciso um<br />

avião realizar <strong>de</strong>terminado trabalho, nós fazíamos isso.<br />

Era isso que nos competia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não se lembra <strong>de</strong> ter conversado<br />

com a Skymaster sobre essa licitação?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – <strong>Con</strong>versei... <strong>Con</strong>versamos,<br />

como falei ao senhor, conversamos sobre<br />

a troca <strong>de</strong> informação... Não, na licitação, não...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quanto a essa dispensa <strong>de</strong> licitação, o senhor<br />

não conversou na<strong>da</strong> com a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem certeza?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Absoluta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nesse dia, o senhor recebeu quatro telefônicas<br />

do Sr. Luiz Otávio Gonçalves. O Sr. Luiz Otávio Gonçalves<br />

liga quatro vezes para o senhor no dia <strong>de</strong>ssa<br />

contratação, <strong>de</strong>ssa dispensa <strong>de</strong> licitação.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era um serviço a<br />

ser executado. Não era um serviço? Nós estávamos<br />

participando...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A dispensa <strong>de</strong> licitação? Era seu concorrente?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, veja. O senhor<br />

está dizendo que eu liguei no dia <strong>da</strong> dispensa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, não. Ele ligou para o senhor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho conhecimento<br />

disso, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas as companhias telefônicas têm, pois<br />

contam do sigilo telefônico as ligações.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito. Vamos lá.<br />

O senhor está falando que houve quatro ligações telefônicas.<br />

As duas empresas operavam no mercado <strong>de</strong><br />

Manaus. São ligações normais. O senhor <strong>de</strong>ve ter visto<br />

que, em outros dias, houve outras ligações.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. Nesse dia é muito simbólico. Os senhores<br />

falavam várias vezes, estava havendo uma<br />

disputa entre os senhores. Como há uma suspeita <strong>de</strong><br />

conluio <strong>da</strong> atuação entre a Skymaster e a Beta – aliás,<br />

<strong>de</strong> certa forma, confirma<strong>da</strong> pelo Sr. Augusto, quando<br />

fala que a Beta tinha uma preferência, não sendo uma<br />

concorrência normal –, supondo que os dois, inclusive,<br />

dividiam a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa e consi<strong>de</strong>rando que<br />

o senhor trabalhava em uma, saiu e assinava também<br />

como executor <strong>de</strong> outra, no dia <strong>da</strong> dispensa <strong>da</strong> licitação,<br />

os senhores falaram várias vezes por telefone. O<br />

senhor há <strong>de</strong> concor<strong>da</strong>r que essa atitu<strong>de</strong> causa um<br />

pouco <strong>de</strong> espécie.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não consigo. Não<br />

vejo assim. Desculpe-me.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A assessoria até me lembra que o acordo<br />

firmado entre a Skymaster e a Beta não era para caso<br />

a aeronave falhasse. Se a linha só exigisse uma aeronave,<br />

o acordo previa a utilização <strong>de</strong> outra aeronave <strong>da</strong>


4970 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Skymaster numa semana e, na outra, uma aeronave<br />

<strong>da</strong> Beta. Era uma divisão <strong>de</strong> mercado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desconheço, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor disse que conhecia esse acordo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu conhecia o seguinte:<br />

nós tínhamos que fazer um acordo <strong>de</strong> backup<br />

<strong>de</strong> aeronave. Isso eu conhecia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja se esse era o acordo que o senhor<br />

conhece. Isso não é backup <strong>de</strong> aeronave. Isso é partilha<br />

<strong>de</strong> mercado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não conheço esse<br />

documento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não conhece? O senhor não era o Diretor<br />

Executivo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, eu era Diretor.<br />

Eu era consultado no caso <strong>de</strong> backup.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor falou que conhecia um acordo e<br />

que até era normal. Qual é esse acordo que o senhor<br />

conhece?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É um acordo <strong>de</strong><br />

fornecer aeronaves e backup caso uma <strong>da</strong>s aeronaves<br />

falhe.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esse acordo o senhor não conhecia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor enten<strong>de</strong> que é normal esse acordo?<br />

Por favor, leia com atenção. O senhor é do mercado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Posso <strong>da</strong>r uma<br />

olha<strong>da</strong>?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja se é normal esse acordo. (Pausa)<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, <strong>de</strong>i uma<br />

olha<strong>da</strong> por alto e estou verificando que esse contrato<br />

foi registrado, não é?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tenho a impressão<br />

<strong>de</strong> que...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor crê que é normal? Po<strong>de</strong> ler com<br />

atenção as cláusulas. O senhor é do mercado e quero<br />

valer-me <strong>da</strong> sua consultoria.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Se o senhor <strong>de</strong>r um<br />

tratado sobre corrente ripo em capacitor eletrolítico,<br />

provavelmente, eu teria a minha opinião. Mas eu não<br />

sou jurista, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não é questão <strong>de</strong> ser jurista. Digo operacional<br />

mesmo. O senhor enten<strong>de</strong> que é normal um contrato<br />

operacional nesse sentido entre dois concorrentes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu não sei, Excelência.<br />

Não conheço o termo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Po<strong>de</strong> ler.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mas não adianta.<br />

Eu precisaria consultar um advogado para dizer exatamente...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Po<strong>de</strong> dizer que o aspecto jurídico nós analisamos.<br />

Eu quero saber o aspecto operacional. Eram duas<br />

empresas concorrentes, e uma dividia o avião com a<br />

outra. Esse procedimento é normal no mercado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu creio que dividir<br />

avião para backup é normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Leia para mim e veja se consi<strong>de</strong>ra normal.<br />

Eram dois concorrentes disputando licitação <strong>de</strong> forma<br />

tão acirra<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu não tenho conhecimento<br />

jurídico, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas não é jurídico. Estou dizendo mercado <strong>de</strong><br />

aviação. A legali<strong>da</strong><strong>de</strong> nós examinamos. O que eu quero<br />

saber é se é normal no mercado as duas empresas<br />

que estão concorrendo fazerem uma divisão: numa<br />

semana, é uma; na semana seguinte, é outra.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Fala-se aqui <strong>de</strong><br />

subcontratação, que <strong>de</strong>verá ser feita <strong>de</strong> forma que a<br />

meta... Se a linha exigir tantas aeronaves...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É normal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Apenas uma aeronave,<br />

o que vai acontecer... Eu tenho impressão <strong>de</strong><br />

que é um documento normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Normal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu creio que é um<br />

documento normal. Eu não tenho...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor, como Diretor <strong>de</strong> Operações, não<br />

sabia <strong>de</strong>sse contrato?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Não sabia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nunca se valeu <strong>de</strong>le?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Não sabia.<br />

Nunca me vali. Não sei que contrato é esse. Esse é<br />

um contrato é <strong>de</strong> sublocação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não houve sublocações <strong>de</strong>pois?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4971<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não sei, Excelência.<br />

Quando eu saí <strong>da</strong> empresa, não sei se o...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, quando o senhor estava na empresa...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Houve utilização <strong>de</strong><br />

aeronaves <strong>de</strong> um do outro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve sublocações. Se houve sublocações,<br />

foi com base nesse contrato?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não sei, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s e recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo senhor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não sei. Veja...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor não sabia do contrato.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu fui consultado<br />

por algumas coisas e, inclusive, pelo acordo operacional<br />

que consi<strong>de</strong>rei bom para ambas as empresas<br />

e inclusive para os Correios. É o que eu tenho a dizer<br />

ao senhor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso é bom para os Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, eu não<br />

tenho conhecimento técnico e jurídico para po<strong>de</strong>r analisar<br />

um contrato. Perdoe-me.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas eu estou falando operacional.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu estou dizendo<br />

operacional.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor é um homem <strong>de</strong> mercado e sempre<br />

comandou.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, operacional<br />

é o seguinte: “Eu não tenho aeronave suficiente<br />

e vou usar a sua aeronave. Você usa a minha quando<br />

eu tiver”. Todos saem beneficiados com isso, inclusive<br />

os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos voltar a falar <strong>de</strong>ssa Dispensa <strong>de</strong> Licitação<br />

nº 2, <strong>de</strong> 2001, aquela do dia em que o senhor<br />

recebeu várias ligações.<br />

A Beta entrou nessa tentativa <strong>de</strong> ser contrata<strong>da</strong>.<br />

Essa especialização foi realiza<strong>da</strong> do dia 25 para o dia<br />

26, quer dizer, um dia, 24 horas, 25 para 26. Foram<br />

consulta<strong>da</strong>s companhias aéreas com vistas a prestação<br />

<strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> preço para as operações <strong>da</strong>s<br />

linhas A e C. A Empresa Beta apresentou o preço <strong>de</strong><br />

236 mil – o senhor era o diretor <strong>de</strong> operações, então,<br />

obviamente, tem ciência disso – pela operação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

linha. E nessa oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Beta pediu 10 dias para<br />

início <strong>da</strong>s operações, por quê? Por que 10 dias para<br />

começar a operar?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não me recordo.<br />

Não me recordo se tinha algum avião em manutenção.<br />

Eventualmente, algum avião em manutenção, alguma<br />

turbina com algum problema. Não me recordo por que<br />

pedimos 10 dias no ano 2000, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Seria só na hipótese <strong>de</strong> haver um problema<br />

<strong>de</strong> manutenção que justificaria os 10 dias?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Provavelmente.<br />

Isso justificaria.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se não tivesse, não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso justificaria.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas que outras razões po<strong>de</strong>riam justificar<br />

pedir 10 dias?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De repente, para<br />

não largar o mercado <strong>de</strong> Manaus na mão, que era um<br />

dos mercados principais que tínhamos, para que essas<br />

empresas <strong>de</strong> Manaus que se serviam do nosso transporte<br />

pu<strong>de</strong>ssem se estruturar, por exemplo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, o senhor pediu 10 dias justamente<br />

para po<strong>de</strong>r se estruturar ou para consertar avião. Alguma<br />

coisa havia, não é?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, não<br />

lembro o que aconteceu no ano 2000.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Falemos em tese.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não lembro o que<br />

aconteceu no ano 2000, porque...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor era o diretor <strong>de</strong> operações, conhece<br />

tudo do assunto.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – <strong>Con</strong>heço <strong>da</strong> aviação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que leva o senhor a pedir 10 dias? O senhor<br />

falou um motivo: o avião estava quebrado.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O avião em pane,<br />

por exemplo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em pane.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Segun<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

era que houvesse uma preparação para o mercado<br />

<strong>de</strong> Manaus, para que os nossos clientes <strong>de</strong> lá encontrassem<br />

uma outra alternativa <strong>de</strong> transporte.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dar tempo, então, para remanejar as coisas?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Por exemplo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mais alguma razão?


4972 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não vejo, não lembro,<br />

neste momento, não me ocorre.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, veja que coisa curiosa: olha, houve a<br />

Dispensa <strong>de</strong> Licitação 2/2001, que foi realiza<strong>da</strong> do dia<br />

25 para o dia 26. A Beta pediu 236 mil por operação<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> linha e pediu o prazo <strong>de</strong> 10 dias. Ocorre que<br />

a Skymaster, não. Entrou, venceu com o preço <strong>de</strong> 157<br />

mil, bem abaixo do <strong>de</strong> vocês, e começou a operar no<br />

mesmo dia. De acordo? Só que a Beta que tinha oferecido<br />

o preço <strong>de</strong> 236 mil firmou uma subcontratação<br />

por 157 para operar na mesma <strong>da</strong>ta. Veja que curioso:<br />

olha, o senhor entrou com uma dispensa <strong>de</strong> licitação<br />

por 236 mil e pediu 10 dias. Por que? Porque o avião<br />

estava quebrado ou por outros motivos. No entanto, a<br />

Skymaster ganha com um preço <strong>de</strong> 157. E o senhor<br />

faz uma subcontratação, para, já a partir <strong>da</strong>quele dia,<br />

operar por 157. Se o senhor não tinha avião, tinha <strong>de</strong><br />

remanejar, por que o senhor topou ser subcontratado<br />

para ganhar menos, para operar no mesmo dia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, não falei<br />

que não tínhamos aviões. O senhor perguntou...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não podia operar, estava quebrado o avião.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – ...quais as hipóteses<br />

para que uma empresa fictícia, virtual, pu<strong>de</strong>sse<br />

adiar por 10 dias.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, não é virtual, a empresa é a Beta.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, mas o senhor<br />

falou assim: quais as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso. Em tese.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – ...para que a empresa<br />

pu<strong>de</strong>sse adiar por 10 dias? Em tese. Lembrei <strong>de</strong><br />

duas, posso lembrar <strong>de</strong> mais, não posso afirmar que<br />

a empresa <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> voar porque não tinha avião ou<br />

estava em manutenção.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, explique-me, porque quero enten<strong>de</strong>r.<br />

O senhor fez a proposta <strong>de</strong> 236 mil, per<strong>de</strong>u, para funcionar<br />

em 10 dias. Ganha a Skymaster com 157 mil.<br />

No dia em que ela ganha, o senhor assina um contrato<br />

<strong>de</strong> sublocação <strong>de</strong> aeronave com a Skymaster para<br />

ganhar 157 mil pelo mesmo dia.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que o senhor pediu 10 dias, se podia<br />

operar no mesmo dia? Por que não jogou um preço<br />

mais baixo, se podia operar por 157?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja, o que falei<br />

para o V. Exª foi o seguinte: quando se faz um contrato,<br />

temos <strong>de</strong> imaginar o que vai acontecer nos próximos<br />

12 meses. Combustível aumentando nessa veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

então, naquele instante, se o preço...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas aí tem (Incompreensível.) problema<br />

financeiro, sabemos.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O senhor fez uma<br />

pergunta, e estou tentando respon<strong>de</strong>r.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Respon<strong>da</strong>, por favor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Se, naquele dia,<br />

o preço <strong>da</strong> aeronave era <strong>de</strong> 157 mil, por que ven<strong>de</strong>r<br />

por 250 mil? Eram 157 mil, quer dizer, não vejo on<strong>de</strong><br />

tem irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> nisso. Quando há um contrato <strong>de</strong><br />

12 meses com os Correios, temos <strong>de</strong> prever todo esse<br />

aumento <strong>de</strong> combustível. Não vejo irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> ou<br />

motivo <strong>de</strong> espanto para isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Penso que não fui bem claro. Veja o seguinte:<br />

há uma dispensa <strong>de</strong> licitação. As empresas são consulta<strong>da</strong>s.<br />

A Beta apresenta o preço <strong>de</strong> 236 mil, pe<strong>de</strong><br />

o prazo <strong>de</strong> 10 dias para vencer.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Skymaster fala: não, meu preço é 157,<br />

começo agora. Então, a Skymaster vem, firma o contrato<br />

com os Correios, na mesma noite, já começa a<br />

voar, e, naquele dia, o senhor faz um contrato para ser<br />

subcontratado <strong>da</strong> Skymaster nessa mesma linha por<br />

157, começando a voar naquele dia.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, era<br />

um contrato...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que o senhor aceita? Para os Correios, para<br />

ganhar 236, o senhor pe<strong>de</strong> 10 dias. Para a Skymaster,<br />

o senhor concor<strong>da</strong> em levantar vôo no ato.<br />

Pois foi isso que eu lhe perguntei. O que leva?<br />

Eu queria enten<strong>de</strong>r.<br />

O senhor fala que é um avião que tinha ter manutenção,<br />

que tinha que remanejar. Agora, se o senhor<br />

foi sub-contratado no mesmo dia, significa que o avião<br />

podia levantar, que o senhor não precisava remanejar.<br />

Por que o senhor queria 10 dias para os Correios?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, é um<br />

contrato... Não sei que contrato é esse, mas era um<br />

contrato que <strong>de</strong>via vigorar durante 6 meses, 12 meses.<br />

O preço precisava ser interessante durante todo<br />

esse período.<br />

Agora, se naquele dia o avião estava disponível,<br />

se naquele dia eu po<strong>de</strong>ria ce<strong>de</strong>r o avião por um <strong>de</strong>terminado<br />

valor, por que não fazê-lo, Exª? Eu não vejo<br />

on<strong>de</strong> tem qualquer tipo <strong>de</strong> problema aí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja, todos nós sabemos, inclusive o senhor,


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4973<br />

até porque o senhor assinou um aditamento, que uma<br />

<strong>da</strong>s características do contrato é que quando ocorre<br />

um fato que <strong>de</strong>sequilibra a equação econômico-financeira,<br />

o senhor faz o aditamento, que nem aquele que<br />

o senhor assinou.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então o senhor dá o precinho <strong>de</strong> 157 hoje e<br />

acontece o aumento <strong>de</strong> gasolina, o senhor tem direito<br />

a receber mais. Nós sabemos disso e o senhor sabe<br />

disso até porque assinou...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso não ocorre<br />

mesmo, Exª, <strong>de</strong>sculpe. Isso não ocorre mesmo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor assinou um.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, foi um<br />

trabalho <strong>de</strong> meses para que nós conseguíssemos uma<br />

equiparação econômica. Foi um trabalho <strong>de</strong> meses.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja só, o seu preço é 157, mas supondo que<br />

o combustível po<strong>de</strong> aumentar, o senhor joga 236?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Veja uma coisa,<br />

eu não sei...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skymaster então opera com custo menor do<br />

que o senhor, porque ela arriscou o valor do combustível<br />

e jogou lá os 157. Ela subfaturou, a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, a aeronave,<br />

para um <strong>de</strong>terminado serviço, por exemplo, para<br />

os Correios, tem que consi<strong>de</strong>rar uma série <strong>de</strong> custos,<br />

por exemplo, Infraero, por exemplo, carregamento e<br />

<strong>de</strong>scarregamento. De repente, uma aeronave forneci<strong>da</strong><br />

por um concorrente, o concorrente po<strong>de</strong>ria arcar<br />

com esses custos.<br />

Eu não sei, não conheço os termos do contrato,<br />

não assinei esse contrato. Eu estou... Como o senhor<br />

fez algumas suposições, eu estou fazendo outras suposições.<br />

Po<strong>de</strong> ser que nesse contrato, por exemplo,<br />

a Skymaster pagasse o preço <strong>da</strong> Infraero, o valor <strong>da</strong><br />

Infraero, que é um valor alto.<br />

Eu não sei quais são os termos e os níveis do<br />

contrato, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os termos e os níveis do contrato para a<br />

Skymaster são os mesmos que foram ofertados para<br />

o senhor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu não vejo isso,<br />

Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas eu vejo e todo mundo vê, porque houve<br />

uma dispensa <strong>de</strong> licitação.<br />

Eu falo: quem dá o seu preço? Se cota. Todo<br />

mundo cota o preço no mesmo custo. Aliás, empresas<br />

que tinham tão bom entendimento, não é? É óbvio que<br />

a planilha <strong>de</strong> custos é a mesma. Ninguém, ninguém...<br />

Vocês operam na área. Só que, tudo bem, a Skymaster<br />

resolveu jogar um precinho lá embaixo, 157.<br />

O senhor pe<strong>de</strong> 10 dias e pe<strong>de</strong> 236. Aí a Skymaster<br />

ganha, no mesmo dia o senhor começa a operar,<br />

subcontratado pela Skymaster por um preço <strong>de</strong> 157.<br />

Veja, outra vez vem à minha cabeça aquela tese:<br />

será que o senhor não fez isso apenas para legitimar<br />

e dizer que havia uma disputa on<strong>de</strong> não havia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, se o<br />

valor que a Beta <strong>de</strong>u foi R$80 mil acima <strong>da</strong> Skymaster,<br />

o senhor vê que não tinha nenhum tipo <strong>de</strong> acordo,<br />

porque, senão, seria 236 e 235.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor passou a operar no mesmo dia,<br />

subcontratado por ele, pelo preço <strong>de</strong>le.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Em outras condições,<br />

Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como outras condições?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Outras condições.<br />

O avião... Como eu falei, a taxa <strong>da</strong> Infraero podia ser<br />

paga pela Skymaster. Eu não conheço os termos do<br />

acordo. Eu não tenho condição <strong>de</strong> avaliar isso, uma<br />

coisa que aconteceu há 5 anos atrás.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os termos do acordo são estes. Está aqui<br />

a subcontratação, está aqui o termo. É pelas mesmas<br />

condições. Está aqui o contrato, eu apresentei ao senhor,<br />

o senhor leu agora há pouco. Este é o contrato<br />

que permitiu essa subcontratação. É com as mesmas<br />

condições.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mais uma vez, não<br />

sei quais os termos que regeram esse contrato. Eu<br />

<strong>de</strong>sconheço esse contrato. Já falei para o senhor que<br />

fui consultado para saber se seria uma boa idéia a<br />

subcontratação <strong>de</strong> uma empresa por outra. Eu achei<br />

que sim. Eu não conheço os termos do contrato, eu<br />

não sei do que o senhor está falando.<br />

Eu fico numa situação muito... O senhor fala assim:<br />

Suponha que aconteça isso. E eu falo: Se acontecer<br />

isso, po<strong>de</strong> ser por causa disso e disso. Aí o se nhor<br />

fala assim: Não, mas o senhor afirmou isso.<br />

Eu não afirmei isso. Eu fiz uma suposição. O senhor<br />

pediu para eu colocar as razões por que um avião<br />

não po<strong>de</strong> trabalhar. Eu lembrei <strong>de</strong> duas, mas posso<br />

lembrar <strong>de</strong> 20 razões. E um contrato dos Correios num<br />

valor é diferente <strong>da</strong> subcontratação <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong> uma<br />

outra aeronave. São coisas diferentes.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, a Skymaster fez um preço fictício então<br />

para ganhar a dispensa <strong>de</strong> licitação, abaixo, subfatura-


4974 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

do, e o senhor concor<strong>da</strong> em trabalhar então por aquele<br />

dia por um preço subfaturado. É difícil! O senhor <strong>de</strong>ve<br />

concor<strong>da</strong>r comigo que a minha situação...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Fica difícil porque<br />

uma hora o senhor fala que existe um acordo e, <strong>de</strong>pois,<br />

o senhor fala assim: não, não existe o acordo<br />

porque os preços foram diferentes. Não sei se tem ou<br />

se não tem.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, não, perdão. É que estou tentando<br />

raciocinar com a sua premissa. Quando eu raciocino<br />

com a sua premissa <strong>de</strong> que não há acordo, não chego<br />

à conclusão nenhuma. Explico-me: quando eu raciocino<br />

com a minha, chego ao resultado e à explicação.<br />

Com a sua, tento o mais possível construir, até para<br />

po<strong>de</strong>r enten<strong>de</strong>r. Não quero... Sinceramente, to<strong>da</strong> vez<br />

que vejo situações irregulares em um órgão público,<br />

não é uma coisa que me traz prazer. Então, prefiro tratar<br />

com a sua premissa para ver se chego a alguma<br />

conclusão, mas não chego.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A minha premissa<br />

é a seguinte: um contrato <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviço por<br />

12 meses é diferente do valor <strong>de</strong>sse mesmo veículo<br />

naquele dia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E os <strong>de</strong>z dias?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É o que eu posso<br />

dizer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E os <strong>de</strong>z dias? São diferentes em quê?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, um contrato<br />

<strong>de</strong> backup é diferente <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> serviço por 12 meses. É completamente diferente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que o senhor pediu <strong>de</strong>z dias para iniciar a<br />

operação e, subcontratado, começou no mesmo dia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – O senhor já perguntou,<br />

já falou várias vezes para eu raciocinar com<br />

o senhor e vou pedir, por favor, para o senhor raciocinar<br />

comigo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por favor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Vamos imaginar<br />

que no quarto dia eu tivesse um problema sério <strong>de</strong><br />

manutenção. Naquele dia... Eu não podia começar o<br />

trabalho e parar na meta<strong>de</strong>. Eu não po<strong>de</strong>ria começar<br />

um trabalho e parar no quinto dia. Então, meu avião<br />

vai ficar pronto <strong>da</strong>qui <strong>de</strong>z dias, mas, hoje, ele está<br />

disponível. Essa seria uma alternativa. Ou não? Seria<br />

uma alternativa, <strong>de</strong>ssas premissas que o senhor pediu<br />

para eu supor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como é que seria a alternativa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É o seguinte: tenho<br />

uma manutenção para fazer nesse avião <strong>da</strong>qui a cinco<br />

dias e vai <strong>de</strong>morar quatro dias. Então, <strong>da</strong>qui a cinco<br />

dias, vou ficar com o avião indisponível. Então, não<br />

posso começar um contrato com os Correios hoje se<br />

sei que, <strong>da</strong>qui a cinco dias, o avião vai estar indisponível.<br />

Mas, posso, sim, alugar esse avião hoje.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor continuou operando <strong>de</strong>pois, não<br />

mudou na<strong>da</strong>. Não parou com o seu avião.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não. As multas<br />

dos Correios são pesadíssimas, Excelência. São<br />

pesadíssimas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. <strong>Sub</strong>contratado pela Skymaster, o senhor<br />

continuou operando. Não teve esse interregno.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mas eu tinha um<br />

avião para ser subcontratado. Não sei se, naquela época,<br />

há cinco anos, a Skymaster tinha um avião para<br />

nos fornecer, não sei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Vou ler agora o trecho do <strong>de</strong>poimento do<br />

Sr. Antonio Augusto, ao falar <strong>da</strong> dispensa <strong>de</strong> licitação<br />

nº 2 – aqui eu estou argüindo, eu era o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />

reunião que nem hoje, fazendo um duplo papel aqui.<br />

Falo eu: Vamos falar <strong>da</strong> dispensa <strong>de</strong> licitação nº<br />

2, <strong>de</strong> 2001, que foi uma dispensa <strong>de</strong> licitação realiza<strong>da</strong><br />

em 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001, em que foram consulta<strong>da</strong>s<br />

duas companhias aéreas para operação <strong>da</strong>s linhas a<br />

e c. A Beta apresentou o preço <strong>de</strong> R$236 mil por operação<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> linha e pediu um prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias para<br />

o início <strong>da</strong>s operações. Ganhou a Skymaster.<br />

Antonio Augusto: Ok.<br />

Eu: no entanto, a Skymaster ganhou e subcontratou<br />

a Beta por R$157 mil.<br />

Antonio Augusto: <strong>Sub</strong>contratou?<br />

Eu respondi: <strong>Sub</strong>contratou.<br />

Antonio Augusto: Quer dizer, os 50% <strong>da</strong> linha.<br />

Eu: Se o preço <strong>de</strong> R$157 mil atendia aos interesses<br />

operacionais e empresariais dos senhores – senão<br />

os senhores não teriam feito a subcontratação –, por<br />

que ofertaram no valor <strong>de</strong> R$236 mil, per<strong>de</strong>ndo com<br />

isso o contrato?<br />

Antonio Augusto: A Beta ofertou? A Beta ofertou?<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte: Ofertou R$236 mil.<br />

Antonio Augusto: É, acredito que era o valor pelo<br />

o qual ela tinha interesse em fazer o transporte.<br />

Eu: Mas fechou o contrato por R$157 mil <strong>de</strong>pois.<br />

Antonio Augusto: É, ok. Então, veja bem. Há o contrato<br />

<strong>da</strong> linha a e c, e o contrato <strong>da</strong> linha d e f são...<br />

Digo eu: Não, esse é o contrato <strong>da</strong> linha a e c.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4975<br />

Diz ele: São quatro linhas: a, c, d e f. Então, a<br />

e c, que o senhor está falando; d e f, que é litorânea,<br />

que <strong>de</strong>sce <strong>de</strong> Recife.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte: Não, essa é a linha a e c.<br />

Antonio Augusto: Sim. Mas vamos dizer assim:<br />

o acordo operacional feito entre a Skymaster e a Beta<br />

previa to<strong>da</strong>s as linhas, então numa ganhava mais e<br />

noutra ganhava menos. Imagino... Posso lhe respon<strong>de</strong>r<br />

com a maior clareza, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente,<br />

porque R$157 mil e não R$236 mil. Não é?<br />

Digo eu: Porque me chamou muito a atenção a<br />

diferença. Alguém per<strong>de</strong>u uma, não foi uma licitação,<br />

cotação. Foi feita para fazer dispensa.<br />

Antonio Augusto: O senhor está dizendo em 2001,<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte.<br />

– Sim, 2001.<br />

AA: Em 2001, foi quando houve uma emergência<br />

mesmo, que foi a emergência <strong>da</strong> para<strong>da</strong> <strong>da</strong> Transbrasil.<br />

E aí houve um contrato emergencial, não é?<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte: Perdão, não ouvi a última frase.<br />

– Não, não. Vou dizer ao senhor, vou repetir para o<br />

senhor. Em 2001, pelo o que a minha memória traz, foi<br />

quando a Transbrasil parou, Sr. Presi<strong>de</strong>nte. Ela parou.<br />

Foi o problema <strong>da</strong> Vasp também. Não estou falando<br />

mal <strong>de</strong> empresa nenhuma, mas parou. Então, aí, veio<br />

a emergência. A Varig aten<strong>de</strong>u e <strong>de</strong>pois houve o pregão,<br />

tudo meio emergencial.<br />

Eu: Mas aqui foi uma dispensa <strong>de</strong> licitação.<br />

Ele: Ok.<br />

– Vocês passaram o preço – digo eu – <strong>de</strong> R$236<br />

mil e <strong>de</strong>pois os senhores foram subcontratados por<br />

R$157 mil.<br />

Ele: Mas <strong>de</strong>pois houve uma licitação, porque foi<br />

emergencial.<br />

Eu: Depois houve, vamos falar nela aqui, agora,<br />

havia aquele contrato <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50% <strong>da</strong>s operações.<br />

Ele: Ok.<br />

Eu: O que nos leva a crer que os custos operacionais<br />

<strong>da</strong> Beta eram muito próximos <strong>da</strong> Skymaster,<br />

porque os senhores faziam uma partilha.<br />

Diz ele: Inclusive eram aviões semelhantes.<br />

Ele próprio fala: Eram aviões semelhantes.<br />

Eu: é exato isso, os custos operacionais são semelhantes.<br />

Ele: Em relação aos custos operacionais do 707,<br />

as diferenças são pequenas entre a Beta, a Total e a<br />

Skymaster, ou seja, quem for... porque tem a tripulação,<br />

o leasing do avião e há o consumo <strong>de</strong> combustível, que<br />

é a mesma turbina. Então não tem muita variação dos<br />

custos operacionais, a não ser o custo fixo, que po<strong>de</strong><br />

ter mais uma que a outra e menos que a outra.<br />

Ou seja, é o Sr. Antonio Augusto que fala que os<br />

senhores operavam na mesma faixa <strong>de</strong> custo.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A faixa <strong>de</strong> custo é<br />

normal, porque o avião é o mesmo, as turbinas são as<br />

mesmas, o combustível é o mesmo, a faixa <strong>de</strong> custo<br />

é normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas é que o senhor acabou <strong>de</strong> falar para<br />

explicar a diferença <strong>de</strong> valor que po<strong>de</strong>riam ser situações<br />

diferencia<strong>da</strong>s, e é a mesma.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não, Excelência,<br />

situação diferencia<strong>da</strong> é um contrato por 12 meses<br />

e uma situação, hoje, o que eu posso fazer com o<br />

avião. V. Exª há <strong>de</strong> convir também, eu acho que isso<br />

seria interessante...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas se o custo é o mesmo porque um propõe<br />

157, outro 236?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Posso tentar esclarecer<br />

isso?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por favor. Claro.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Esse avião opera<br />

numa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> rota, esse avião opera numa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

rota e existe todo um mercado que po<strong>de</strong>ria<br />

usar a ociosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa aeronave, então não sei qual<br />

é a composição que se possa fazer que, no preço <strong>de</strong><br />

157, po<strong>de</strong>-se chegar a 236 ou po<strong>de</strong>-se chegar a mais,<br />

porque hoje os Correios proíbem que se utilize a aeronave<br />

dos Correios para outro tipo <strong>de</strong> mercado, na<br />

época era possível fazer isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o Sr. Augusto fala que o custo dos senhores<br />

era imensamente semelhante, tanto que faziam a<br />

sub-contratação pelo mesmo valor. Ele fala isso.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, os custos,<br />

a mesma aeronave, o mesmo combustível, mesma<br />

tripulação – quer dizer, tripulação é regi<strong>da</strong> pelo sindicado<br />

–, quer dizer, os custos são os mesmos. Agora,<br />

administrativamente, não sei. Ca<strong>da</strong> um tem a sua, ca<strong>da</strong><br />

empresa tem o seu módulo <strong>de</strong> custo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Muito bem. O senhor conhece a empresa<br />

Force Field LTD, em Quintessência, o grupo LTD, com<br />

se<strong>de</strong> nas Ilhas Virgens britânicas.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não tenho<br />

idéia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nunca ouviu falar sobre isso?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nunca ouvi falar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor conhece o Sr. José Tomás Simioli?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, senhor.


4976 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nunca ouviu falar?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem certeza?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Tomás?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – José Tomás Simioli.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu, eu... Existe<br />

uma pessoa no mercado com o nome <strong>de</strong> Tomás, que<br />

ele é um agente <strong>de</strong> carga. Eu não sei se é o mesmo,<br />

Excelência. Não conheço o sobrenome.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. José Tomás Simioli é sócio <strong>da</strong> empresa<br />

Skycargas Lt<strong>da</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ah, sim, sim, conheço<br />

o Sr. Tomás, é o Tomás. Não conhecia o primeiro e<br />

o último nome <strong>de</strong>le. <strong>Con</strong>heço por Tomás, é um agente<br />

<strong>de</strong> cargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – On<strong>de</strong> é que tem se<strong>de</strong> a empresa Skycargas?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe, eu não<br />

conheço, eu sei que ele é um agente <strong>de</strong> carga e trabalha<br />

para o mercado, pega produto na indústria e<br />

transporta com vários tipos <strong>de</strong> aeronave, inclusive<br />

pela Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que tem a ver a Skycargas com a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe, não tenho<br />

a mínima idéia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É que o Sr. Hugo César, o Sr. Luiz Otávio, o<br />

Sr. João Marcos Pozetti, que são sócios <strong>da</strong> Skymaster,<br />

também são sócios <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe não tenho<br />

essa informação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem é o Sr. João Marcos Pozetti? O senhor<br />

conhece?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – <strong>Con</strong>heço sim, é um<br />

dos sócios <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E a Sr. Késia Maria do Nascimento Costa?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Como ?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Késia Maria do Nascimento Costa.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nunca ouvi falar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não? O Sr. João Marcos Pozetti é um dos<br />

sócios <strong>da</strong> Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele tem alguma empresa no exterior?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Que eu saiba<br />

não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor sabe se o Sr. Pozeti e a Dª Késia<br />

assinavam contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> aeronaves<br />

DC-8 para a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Excelência, não<br />

conheço Dª Késia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o Sr. Pozeti?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, o Pozeti eu<br />

conheço, inclusive se encontra aqui na sala ao lado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eles assinavam algum contrato <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho idéia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual é o preço médio <strong>de</strong> mercado para<br />

aquisição <strong>de</strong> aeronave 707-300, fabrica<strong>da</strong> em 67, 68?<br />

Mais ou menos.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Um 707-300? Tenho<br />

impressão, hoje... Isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito do estado<br />

<strong>da</strong> aeronave, <strong>da</strong>s turbinas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em dólares, mais ou menos. Mais ou menos.<br />

Preço médio.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 500<br />

a um milhão, dois milhões. Não sei. Depen<strong>de</strong> muito<br />

do estado. Sei que existem aeronaves... Existe pelo<br />

menos uma aeronave na China que está excepcional,<br />

tem excelente condição. Provavelmente o preço <strong>de</strong>la<br />

é muito maior.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O DAC dá um preço médio <strong>de</strong> US$720<br />

mil para o 707 fabricado em 1963. E para o DC-8, fabricado<br />

em 1970, 1971, o senhor tem mais ou menos<br />

uma idéia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, que tipo <strong>de</strong> DC-<br />

8? Porque o DC-8 tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 54, que é um avião<br />

que usa turbina...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 63F.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Meia, três, f. Olha,<br />

nesse instante, estou bem longe do preço <strong>de</strong> mercado,<br />

e esse preço aumenta, diminui com a política internacional.<br />

Eu não saberia precisar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O DAC dá em torno <strong>de</strong> US$2,910 milhões<br />

para um DC-8 fabricado em 1967. Qual o preço <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento,<br />

o senhor tem idéia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não tenho.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4977<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mais ou menos, em percentual.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho idéia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se o senhor fosse arren<strong>da</strong>r por sua empresa...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho idéia. Eu<br />

precisaria ver, precisaria estar comprando avião, precisaria<br />

estar, <strong>de</strong> novo, por <strong>de</strong>ntro dos preços <strong>de</strong> mercado,<br />

e eu estou longe há bastante tempo. (Pausa.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos falar um pouquinho <strong>da</strong> Aeropostal.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, senhor. Excelência...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não há problema. Imagine, o que é isso?<br />

Fique à vonta<strong>de</strong>.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não tenho essa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, não. Fique tranqüilo. Isso é <strong>de</strong> menos.<br />

A Aeropostal não opera nem com os Correios,<br />

eu até brinquei, não é nem postal nem aero, porque<br />

não tem aviões. Exatamente, o que ela tem feito <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, nós temos tentado,<br />

como falei para o senhor, temos tentado buscar um<br />

parceiro internacional, um parceiro local-internacional,<br />

e tentar utilizar nosso conhecimento <strong>de</strong> mercado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E quais são as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que ela faz?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, ela não operou,<br />

Excelência. O senhor sabe que ela não operou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não faz. Não operou, na<strong>da</strong>. Falou que tinha<br />

alguma coisa no aeroporto...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, nós estávamos<br />

montando uma estrutura, a estrutura <strong>de</strong> carga, estávamos<br />

montando uma estrutura para po<strong>de</strong>r operar e<br />

para ficar mais palatável.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Cheta, então, não existe? Não há Cheta. Foi<br />

pedido o Cheta, ou também não?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Houve uma solicitação<br />

<strong>de</strong> Cheta antes <strong>de</strong> eu entrar na empresa, mas<br />

tem uma solicitação <strong>de</strong> Cheta junto ao DSE. Como falei<br />

para o senhor, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito do manual.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que me parece interessante é o seguinte:<br />

no CNPJ <strong>da</strong> receita Fe<strong>de</strong>ral, a Aeropostal tem situação<br />

ca<strong>da</strong>stral nos seguintes termos: “ativa não regular,<br />

com pendência fiscal”. Se ela não funcionou, qual é a<br />

pendência fiscal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Fizemos algumas...<br />

Tentamos utilizar alguns vôos do mercado local. Fizemos<br />

algumas tentativas <strong>de</strong> embarcar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Com que aviões?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Com avião <strong>de</strong> mercado,<br />

Excelência, com avião <strong>de</strong> mercado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como assim?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós tentamos pegar...<br />

pegamos um avião <strong>de</strong> um concorrente, e fizemos<br />

algumas operações<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o senhor não tinha Cheta...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, não, não. Mas<br />

o concorrente tem. O Cheta é <strong>da</strong> outra empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então o senhor captou o cliente...<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É como se fosse<br />

uma sublocação, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor captou o cliente, mas o contrato tinha<br />

que ser... O senhor foi uma espécie <strong>de</strong> corretor.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É, um agente, um<br />

agente <strong>de</strong> carga, que é normal. O agente <strong>de</strong> carga,<br />

você tem a carga, faz uma composição <strong>de</strong> avião <strong>de</strong><br />

terceiros, e você faz um... Mas isso foi feito acho que<br />

uma ou duas vezes, e também não <strong>de</strong>u certo, porque<br />

o valor...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E que imposto o senhor não pagou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ah, Excelência. Todos<br />

os impostos foram pagos. Está contabilizado. Está<br />

nos livros <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na Receita consta pendência fiscal.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas já<br />

foi regularizado. Parece que a Receita está em greve<br />

há algum tempo. Isso já foi regularizado, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, consta que no CNPJ não houve<br />

entrega <strong>da</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> débitos e créditos <strong>de</strong> tributos<br />

fe<strong>de</strong>rais do segundo trimestre <strong>de</strong> 2003.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Posso verificar porque<br />

temos lá o pessoal <strong>da</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sempre procurei<br />

estar absolutamente <strong>de</strong> acordo com a legislação,<br />

com os impostos todos. Então, preciso ver o que está<br />

acontecendo, mas posso falar para o senhor que não<br />

temos nenhuma pendência atual. (Pausa.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Passo a palavra ao nobre Deputado Pompeo<br />

<strong>de</strong> Mattos para a sua argüição.


4978 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Quero<br />

cumprimentar o Sr. Presi<strong>de</strong>nte, os colegas Deputados<br />

e o Sr. Roberto Kfuri.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, eu estava acompanhando o <strong>de</strong>poimento<br />

<strong>de</strong> V. Sª e naturalmente, causa uma impressão<br />

o fato <strong>de</strong>ssa relação <strong>da</strong> Beta com a Sky. Quer dizer,<br />

as duas são concorrentes no mercado?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Sim, sim.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – São<br />

concorrentes?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – São concorrentes.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – O<br />

senhor disputou uma concorrência dos Correios com<br />

a Beta e a Beta ganhou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpe, não entendi<br />

sua pergunta, Excelência.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Houve<br />

uma licitação nos Correios. O senhor participou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Nós participamos<br />

<strong>de</strong> uma licitação em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) –<br />

Quem ganhou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Mais uma vez, houve<br />

<strong>de</strong>zesseis compras <strong>de</strong> editais. Eram quatro empresas<br />

a participar. Foi nossa primeira licitação. Saímos<br />

no primeiro lance, porque não tínhamos condições <strong>de</strong><br />

acompanhar o preço. Isso foi até o 16º lance. Nessa<br />

licitação, quem ganhou foi a Skymaster. Estamos falando<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Quem<br />

ganhou foi a Skymaster?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Foi.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – O<br />

senhor representava qual companhia?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Desculpa?<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – O<br />

senhor representava...?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Eu era dono <strong>da</strong><br />

Aeropostal nessa época.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Da<br />

Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Isso.<br />

Foi meu sócio quem participou <strong>de</strong>sse pregão, mas<br />

eu era <strong>da</strong> Aeropostal. Des<strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Até<br />

quando?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Eu adquiri uma<br />

parte <strong>da</strong> empresa no dia 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – E<br />

ficou na Aeropostal até quando?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Até neste instante.<br />

Ela existe ain<strong>da</strong>, embora, mais uma vez, estamos seriamente<br />

propensos a <strong>de</strong>sativá-la.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Quais<br />

são suas concorrentes mais fortes no mercado ali?<br />

Era a Beta...?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. A Aeropostal<br />

ven<strong>de</strong> um projeto, tem alguns manuais aprovados,<br />

mas nunca efetivamente trabalhou, nunca trabalhou<br />

para os Correios, nunca trabalhou, nunca voou por<br />

ela mesma.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Ela<br />

nunca funcionou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não... É...Ela nunca<br />

voou. Funcionar, ela está funcionando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000, no<br />

momento <strong>da</strong> Junta Comercial...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Com<br />

quem ela tem contrato no Governo?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ela não tem com<br />

ninguém, Excelência.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Com<br />

ninguém?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Ela nunca voou,<br />

ela não tem faturamento, ela não tem na<strong>da</strong>.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Eu<br />

sei, mas nunca teve?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, nunca teve.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Nem<br />

nunca teve subcontratação <strong>de</strong> serviço, na<strong>da</strong>?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não. Ela não tem<br />

avião, não é?<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Ela<br />

nunca operou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Nunca<br />

operou?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Não, nunca operou.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – E a<br />

relação <strong>de</strong>la no mercado era com quem?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – A relação <strong>da</strong> Aeropostal?<br />

A Aeropostal era basicamente basea<strong>da</strong>...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Era<br />

uma empresa para participar <strong>de</strong> concorrência?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Era uma empresa<br />

que fizemos com um projeto gran<strong>de</strong> para trabalhar<br />

<strong>de</strong>ntro dos Correios e no mercado nacional. Fizemos<br />

uma concorrência só, em 2001. Não ganhamos a concorrência,<br />

chegamos ao nosso limite, foi um lance só e<br />

saímos. Foi numa licitação em que participaram quatro<br />

empresas e foram <strong>de</strong>zesseis empresas a comprar<br />

edital. Isso, eu vou...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – A<br />

Aeropostal chegou, alguma vez, a representar interesses<br />

<strong>de</strong> algumas outras empresas?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4979<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De jeito nenhum,<br />

Excelência.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Nenhuma?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – De jeito nenhum,<br />

não.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – O<br />

senhor concorria na perspectiva <strong>de</strong>, em ganhando, ir<br />

ao mercado subcontratar?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Perfeitamente. Essa<br />

era uma <strong>da</strong>s intenções que tínhamos. Em se ganhando<br />

essa licitação, iríamos buscar... Tínhamos duas coisas.<br />

Veja: po<strong>de</strong>ríamos acelerar o processo junto ao DAC com<br />

os nossos manuais - já tínhamos os manuais aprovados,<br />

podíamos acelerar esse processo – e tínhamos<br />

um parceiro internacional que estava tentando investir<br />

no Brasil, que teria as aeronaves. Seria uma mostra,<br />

Excelência, <strong>de</strong> nós nos mostrarmos no mercado, falando<br />

assim: “Olha, estamos aqui, estamos seriamente<br />

propensos a entrar nesse negócio”. Éramos um risco<br />

para a Beta e para a Skymaster, porque conhecíamos<br />

esse mercado, conhecíamos aviação. Sempre fui muito<br />

técnico. Sou engenheiro. Minha formação é – o senhor<br />

não estava no começo – técnica.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sim.<br />

Eu sei.<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Estávamos dispostos<br />

a nos mostrar e falar: “Estamos aqui, vamos participar,<br />

somos uma alternativa consistente”.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Como<br />

se formou o contrato social <strong>da</strong> Aeropostal?<br />

O SR. ROBERTO KFOURI – Ela já havia sido<br />

aberta no ano 2000. Eu adquiri uma parte <strong>da</strong> empresa<br />

no dia 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vou suspen<strong>de</strong>r a reunião por cinco minutos,<br />

porque há processo <strong>de</strong> votação nominal na Câmara<br />

dos Deputados e os Deputados aqui presentes – inclusive<br />

este que, neste momento, presi<strong>de</strong>...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – E<br />

eu também.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E também o Deputado Pompeo <strong>de</strong> Mattos que<br />

argúi, temos <strong>de</strong> estar presentes no plenário.<br />

Está suspensa a reunião por cinco minutos.<br />

(Suspen<strong>de</strong>-se a reunião às 17 horas e 17 minutos.)<br />

(Reabre-se a reunião às 18 horas e 35 minutos.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está reaberta a reunião.<br />

Não havendo mais Srs. Deputados e Srs. <strong>Senado</strong>res<br />

inscritos e estando esta sub-<strong>relatoria</strong> satisfeita<br />

com a argüição, vou <strong>de</strong>clarar encerrado o <strong>de</strong>poimento,<br />

agra<strong>de</strong>cendo a presença do <strong>de</strong>poente e do advogado<br />

que o acompanha.<br />

Solicito que o mais brevemente possível, por<br />

gentileza, V. Sª encaminhe a documentação que lhe<br />

foi solicita<strong>da</strong>. Creio que o advogado está ciente <strong>da</strong><br />

documentação que foi pedi<strong>da</strong>, para que a CPMI, que<br />

preten<strong>de</strong> ultimar rapi<strong>da</strong>mente os trabalhos na parte<br />

<strong>de</strong> Correio Aéreo, possa apreciar a documentação e<br />

fazer, então, as consi<strong>de</strong>rações opinativas que esta investigação<br />

parlamentar exige.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a V. Sª e ao seu advogado.<br />

Declaro, então, encerrado o <strong>de</strong>poimento.<br />

Peço, então, à Assessoria que traga o próximo<br />

<strong>de</strong>poente. (Pausa.)<br />

Informo aos Srs. Parlamentares que, por <strong>de</strong>cisão<br />

do Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Senado</strong> Fe<strong>de</strong>ral, temos que suspen<strong>de</strong>r<br />

os nossos trabalhos porque está em funcionamento<br />

a Or<strong>de</strong>m do Dia do <strong>Senado</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Só po<strong>de</strong>remos<br />

prosseguir após o término <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m do Dia, o que<br />

faremos assim que terminar.<br />

(Suspen<strong>de</strong>-se a reunião às 18 horas e 42 minutos.)<br />

(Reabre-se a reunião às 19 horas e 31 minutos.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está reaberta a reunião.<br />

Há, sobre a mesa, já assinado, o termo <strong>de</strong> compromisso<br />

do senhor Américo Proietti, que se faz acompanhar<br />

<strong>da</strong> sua advoga<strong>da</strong>, Drª Rita <strong>de</strong> Cássia Miran<strong>da</strong><br />

<strong>Con</strong>sentino, OAB – SP, nº 95.175.<br />

A nobre advoga<strong>da</strong> encaminha a esta sub<strong>relatoria</strong><br />

uma petição vaza<strong>da</strong> nos seguintes termos:<br />

“À Comissão Parlamentar Mista <strong>de</strong> Inquérito –<br />

CPMI dos Correios.<br />

Américo Proietti, já qualificado perante esta CPMI,<br />

vem, respeitosamente, por meio <strong>de</strong> sua advoga<strong>da</strong>,<br />

informar que, convocado para prestar <strong>de</strong>poimento na<br />

presente <strong>da</strong>ta, compareceu à <strong>Sub</strong><strong>relatoria</strong> <strong>de</strong> contrato<br />

às 14h, tendo permanecido até às 19h20min.<br />

Tendo em vista a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suspensão <strong>da</strong><br />

sessão, por volta <strong>da</strong>s 19h, por motivos alheios à sub<strong>relatoria</strong>,<br />

e consi<strong>de</strong>rando o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do requerente,<br />

já exposto a esta CPMI e comprovado por<br />

laudos profissionais <strong>da</strong> área médica, vem requerer a<br />

dispensa <strong>da</strong> oitiva do convocado.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que o requerente, em razão <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral, está afastado <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

profissionais, bem como <strong>da</strong> Empresa Skymaster<br />

Airlines Lt<strong>da</strong>., <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, e que nessa conformi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em na<strong>da</strong> po<strong>de</strong>rá colaborar com a investigação em<br />

tela, a empresa Skymaster dispõe-se, por meio <strong>de</strong> seu<br />

Diretor Financeiro, a comparecer espontaneamente e


4980 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> intimação, em dia a e hora a<br />

serem <strong>de</strong>signados, para complementar os esclarecimentos<br />

que se fizerem necessários.<br />

Termos em que, aguar<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> <strong>da</strong>ta<br />

e acolhimento <strong>de</strong> dispensa <strong>de</strong>finitiva do Sr. Américo<br />

Proietti, pe<strong>de</strong> <strong>de</strong>ferimento.<br />

Brasília, 8 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2005.”<br />

Assina a Dr. Rita <strong>de</strong> Carvalho Miran<strong>da</strong> <strong>Con</strong>sentino.<br />

De fato, já na <strong>de</strong>signação anterior <strong>de</strong> oitiva do <strong>de</strong>poente,<br />

havia sido apresentado um atestado médico relatando<br />

as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do nobre <strong>de</strong>poente.<br />

Esta <strong>relatoria</strong> insiste no <strong>de</strong>poimento no seguinte<br />

sentido: há esclarecimentos indispensáveis que <strong>de</strong>vem<br />

ser prestados pela Skymaster. Mas, tendo a sua advoga<strong>da</strong><br />

assumido o compromisso <strong>de</strong> que o Diretor Financeiro,<br />

que já <strong>de</strong>pôs nesta CPMI, voltará para prestar<br />

novo <strong>de</strong>poimento na <strong>da</strong>ta que <strong>de</strong>signarmos e havendo<br />

dito que esse compromisso será prestado <strong>de</strong> próprio<br />

punho pelo Diretor Financeiro, esta <strong>relatoria</strong>, então,<br />

faz o seguinte <strong>de</strong>spacho à petição, comunicando-o,<br />

oficialmente, na forma cabível, ao <strong>de</strong>poente e à nobre<br />

advoga<strong>da</strong>: 1) dispenso, provisoriamente, o presente<br />

<strong>de</strong>poimento tendo em vista as razões ora apresenta<strong>da</strong>s;<br />

2) <strong>de</strong>signo a oitiva do Sr. João Marcos Pozetti,<br />

Diretor Financeiro, para o dia 10, às 14h, ou seja, na<br />

próxima quinta-feira; 3) caso necessário, serão en<strong>de</strong>reçados<br />

questionamentos adicionais ao ora <strong>de</strong>poente<br />

a serem respondidos por escrito; 4) oportunamente,<br />

esta <strong>relatoria</strong> avaliará a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mantido<br />

o presente <strong>de</strong>poimento.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, uma vez comparecendo os Sr.<br />

Pozetti e prestados os esclarecimentos, por escrito,<br />

que se fizerem necessários, não haverá por que V. Sª<br />

aqui comparecer. Se, eventualmente, houver alguma<br />

insuficiência <strong>de</strong> respostas, esta <strong>Sub</strong><strong>relatoria</strong> ver-se-á<br />

na contingência <strong>de</strong> pedir novamente o seu comparecimento,<br />

em <strong>da</strong>ta a ser <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>. Só por isso, não<br />

fiz a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sistiríamos <strong>da</strong> oitiva <strong>de</strong>finitivamente.<br />

Sai, então, a nobre advoga<strong>da</strong> ciente <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>spacho,<br />

bem como o <strong>de</strong>poente.<br />

<strong>Con</strong>cedo a palavra ao nobre Deputado Pompeo<br />

<strong>de</strong> Mattos.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, Srªs e Srs. Deputados, nobre <strong>de</strong>poente,<br />

tantos quantos acompanham esta CPMI, primeiramente,<br />

quero expressar minha concordância com a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> V. Exª, sábia, inteligente e jurídica,<br />

<strong>de</strong> conhecimento profundo, até porque, na medi<strong>da</strong> em<br />

que não vai ouvir, também não libera. E, se a CPMI se<br />

sentir suficientemente esclareci<strong>da</strong>, ficará a dispensa<br />

consuma<strong>da</strong> em <strong>de</strong>finitivo.<br />

Mas, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, antes <strong>de</strong> encerrar a reunião,<br />

gostaria <strong>de</strong> registrar dois fatos: primeiro, nós, na<br />

Casa, temos 1.001 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Estávamos ouvindo o<br />

<strong>de</strong>poimento do Sr. Roberto Kfouri, e, por conta <strong>da</strong> votação<br />

nominal, foi suspensa a reunião, e fomos requisitados<br />

para outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e não pu<strong>de</strong>mos, enfim,<br />

finalizar os questionamentos que pretendíamos fazer<br />

ao Sr. Roberto Kfouri. De qualquer sorte, gostaria <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar registrado aqui, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, que não ficou<br />

esclarecido, pelo menos para nós e acredito que para<br />

CPMI, o fato <strong>de</strong> o Sr. Roberto Kfouri pertencer a uma<br />

empresa que buscava atuar no mercado, embora não<br />

tenha conseguido, por inaptidão legal, com o fisco,<br />

enfim, a Aeropostal, ain<strong>da</strong> assim, ele representou a<br />

empresa Beta, ou seja, assinou como diretor <strong>da</strong> Beta,<br />

que, por via <strong>de</strong> conseqüência, fez um acordo com a<br />

Sky. Quer dizer, criou uma situação, no mínimo, inusita<strong>da</strong>.<br />

Ou seja, alguém que é diretor <strong>de</strong> uma empresa<br />

que tem a Beta e a Sky <strong>de</strong> concorrente. Essa empresa<br />

fica inoperante no mercado, e ele, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser<br />

o diretor <strong>da</strong> empresa, passa a dirigir a outra empresa<br />

concorrente e ali assina vários documentos, enfim, processos,<br />

procedimentos, contratos e licitações. E, além<br />

<strong>de</strong>sse aspecto, ele faz, como diretor <strong>de</strong> uma empresa,<br />

assinando pela diretoria <strong>da</strong> outra empresa, um acordo<br />

com a terceira empresa. É claro que isso é um pool,<br />

um pool <strong>de</strong> empresa. Isso não é concorrência, é um<br />

dumping. Esse é um entendimento.<br />

Quero dizer que isso ficou claro para nós, na<br />

CPMI, e que, com certeza, <strong>de</strong>pois, o Relator, no seu<br />

relatório final, fará a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos e<br />

<strong>de</strong>sses fatos, para <strong>da</strong>r, enfim, a sua interpretação e o<br />

encaminhamento <strong>de</strong>ssa questão.<br />

Por último, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, gostaria <strong>de</strong> dizer que,<br />

amanhã, esta CPMI vai ouvir a Drª Emily Sônia Yamashita,<br />

é isso?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Exatamente!<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Que<br />

é a Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Con</strong>selho <strong>de</strong> Franqueados do Brasil.<br />

Há poucos dias, apresentávamos à Mesa um documento<br />

em que revelávamos a preocupação dos franqueados<br />

gaúchos em relação aos questionamentos que<br />

estava-se fazendo às franquias, por conta <strong>de</strong> alguns<br />

maus franqueados que aqui vieram <strong>de</strong>por. Trouxemos<br />

esse documento exatamente mostrando que não é o<br />

coletivo. Ali, digamos, estava a exceção <strong>da</strong>queles que<br />

fazem mal-uso <strong>da</strong>s franquias dos Correios.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4981<br />

Por conta disso, está, em Brasília, um grupo <strong>de</strong><br />

franqueados gaúchos, li<strong>de</strong>rados pelo Sr. Sérgio Filereno,<br />

<strong>da</strong> franquia <strong>da</strong> 7 <strong>de</strong> setembro, <strong>de</strong> Novo Hamburgo, a Dª<br />

Elis Regina, <strong>da</strong> Rua Gran<strong>de</strong>, em São Leopoldo, a Dª Eva<br />

Barreto, <strong>da</strong> franquia Cristal, Bento Gonçalves, também<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e o Sr. Gilberto Mantovani, <strong>da</strong><br />

franquia Pio X, <strong>de</strong> Caxias do Sul, que vão acompanhar<br />

<strong>de</strong> perto. Espero que possamos avançar, Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

com o <strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> Drª Emily Sônia Yamashita, no<br />

sentido <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r mais e melhor a franquia para<br />

po<strong>de</strong>r separar o joio do trigo. É aquilo que digo: uma laranja<br />

podre apodrece um cento e apodrece um cesto.<br />

Agora, não é porque há uma ou algumas laranjas podres<br />

no cesto que vamos jogar o cesto <strong>de</strong> laranja fora. Temos<br />

<strong>de</strong> separar o que é bom do que é ruim e fazer essas leituras.<br />

Esperamos evoluir nessa questão!<br />

É essa a nossa comunicação. Obrigado!<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Agra<strong>de</strong>ço ao nobre Deputado Pompeo <strong>de</strong><br />

Mattos. Realmente a avaliação <strong>de</strong> V. Exª quanto ao<br />

<strong>de</strong>poimento anterior realmente, e <strong>de</strong> certa forma, é<br />

compartilha<strong>da</strong> por esta sub-<strong>relatoria</strong>. Essa é a razão<br />

pela qual julgamos <strong>de</strong> imprescindível importância o<br />

<strong>de</strong>poimento, mais uma vez, <strong>de</strong> um representante <strong>da</strong><br />

empresa Skymaster, e, por isso, o <strong>de</strong>signaremos em<br />

carta <strong>de</strong> urgência, uma vez que é intenção <strong>de</strong>sta sub<strong>relatoria</strong>,<br />

com o apoio sempre prestimoso <strong>da</strong>s assessorias<br />

que aqui colaboram conosco, apresentar, no dia<br />

17, o relatório parcial relativo à Skymaster, claro <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que todos os <strong>da</strong>dos seja, evi<strong>de</strong>ntemente, compilados,<br />

para que possamos fazê-lo.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao Deputado Pompeo <strong>de</strong> Mattos, às<br />

senhoras e aos senhores, ficando, então, encerra<strong>da</strong><br />

a reunião.<br />

Designo nova reunião para amanhã, às quatorze<br />

horas, quando serão ouvidos por esta Comissão<br />

dois <strong>de</strong>poentes vinculados aos franqueados ouvidos<br />

por esta sub<strong>relatoria</strong>, bem como ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>signado o<br />

<strong>de</strong>poimento, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> intimação e espontâneo,<br />

do Diretor Financeiro <strong>da</strong> Skymaster, Sr.<br />

João Marcos Pozetti, para ser prestado na próxima<br />

quinta-feira, às 14h.<br />

Peço à assessoria <strong>de</strong>sta Comissão Parlamentar<br />

<strong>de</strong> Inquérito que faça, uma vez que acabamos <strong>de</strong><br />

convocar a reunião <strong>de</strong> quinta-feira, a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> reserva<br />

e que provi<strong>de</strong>ncie a infra-estrutura para esse <strong>de</strong>poimento<br />

na quinta-feira.<br />

Declaro, então, encerra<strong>da</strong>, na forma regimental,<br />

a presente reunião.<br />

(Levanta-se a reunião às 19 horas e 40<br />

minutos.)<br />

COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA<br />

DE INQUÉRITO, CRIADA ATRAVÉS<br />

DO REQUERIMENTO Nº 3, DE 2005 – CN,<br />

PARA INVESTIGAR AS CAUSAS<br />

E CONSEQÜÊNCIAS DE DENÚNCIAS<br />

E ATOS DELITUOSOS PRATICADOS<br />

POR AGENTES PÚBLICOS NOS CORREIOS<br />

– EMPRESA BRASILEIRA<br />

DE CORREIOS E TELÉGRAFOS<br />

SUB-RELATORIA DE CONTRATOS<br />

<strong>Ata</strong> <strong>da</strong> 11ª <strong>Reunião</strong> <strong>da</strong> <strong>Sub</strong> -<strong>relatoria</strong> <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos,<br />

realiza<strong>da</strong> em 09 /11/2005.<br />

Aos nove dias do mês <strong>de</strong> novembro do ano <strong>de</strong><br />

dois mil e cinco, às quatorze horas e cinqüenta minutos,<br />

na sala 06, <strong>da</strong> Ala <strong>Senado</strong>r Alexandre Costa, sob<br />

a Presidência <strong>da</strong> <strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong> contratos o Deputado<br />

José Eduardo Cardozo, ain<strong>da</strong> com as presenças<br />

dos Senhores PARLAMENTARES: <strong>Senado</strong>res Álvaro<br />

Dias, Romeu Tuma e Aelton Freitas e os Deputados<br />

Pompeo <strong>de</strong> Mattos, Onyx Lorenzoni, Murilo Zaiuth, Arnaldo<br />

Faria <strong>de</strong> Sá e Feu Rosa e Jamil Murad. Reúne-se<br />

a <strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos <strong>da</strong> COMISSÃO PARLA-<br />

MENTAR MISTA DE INQUÉRITO, CRIADA ATRAVÉS<br />

DO REQUERIMENTO Nº 3, DE 2005 – CN, PARA IN-<br />

VESTIGAR AS CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DE DE-<br />

NÚNCIAS E ATOS DELITUOSOS PRATICADOS POR<br />

AGENTES PÚBLICOS NOS CORREIOS – EMPRESA<br />

BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, A Presidência<br />

<strong>de</strong>clara abertos os trabalhos às quatorze horas<br />

e cinqüenta minutos, e informa que a presente reunião<br />

<strong>de</strong>stina-se as oitivas do Senhor Ernesto Duarte que não<br />

po<strong>de</strong> comparecer, pois está internado e <strong>da</strong> Senhora<br />

Emily Sonia Fuku<strong>da</strong> Yamashita acompanha<strong>da</strong> por seu<br />

advogado, Dr. Dagoberto José Steinmeyer. Não tendo<br />

na<strong>da</strong> mais a <strong>de</strong>clarar, é encerra<strong>da</strong> a presente reunião<br />

às <strong>de</strong>zessete horas e cinqüenta e oito minutos E, para<br />

constar, eu, Wan<strong>de</strong>rley Rabelo <strong>da</strong> Silva, Secretário <strong>da</strong><br />

Comissão, lavrei a presente ata que, li<strong>da</strong> e aprova<strong>da</strong>,<br />

será assina<strong>da</strong> pelo Senhor Presi<strong>de</strong>nte e irá à publicação<br />

juntamente com as notas taquigráficas que fazem<br />

parte integrante <strong>da</strong> presente ata.<br />

NOTAS TAQUIGRÁFICAS<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Declaro aberta a 11ª <strong>Reunião</strong> <strong>da</strong> <strong>Sub</strong>-<strong>relatoria</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos <strong>da</strong> Comissão Parlamentar Mista<br />

<strong>de</strong> Inquérito, cria<strong>da</strong> através do Requerimento nº 03,<br />

<strong>de</strong> 2005, para investigar as causas e conseqüências<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias e atos <strong>de</strong>lituosos praticados por agentes<br />

públicos dos Correios – Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correios<br />

e Telégrafos.


4982 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Sobre a mesa, encontra-se a <strong>Ata</strong> <strong>da</strong> reunião anterior,<br />

a qual coloco em votação, propondo aos Srs.<br />

Parlamentares presentes a dispensa <strong>da</strong> leitura.<br />

Os Srs. Parlamentares que concor<strong>da</strong>m permaneçam<br />

como se encontram. (Pausa.)<br />

Aprova<strong>da</strong> por unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A pauta <strong>da</strong> presente reunião é <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à oitiva<br />

<strong>de</strong> dois <strong>de</strong>poentes: Emily Sonia Fuku<strong>da</strong> Yamashita e<br />

Ernesto Duarte.<br />

No que se refere ao Sr. Ernesto Duarte, esta<br />

sub-<strong>relatoria</strong> recebe, em mãos, informação <strong>de</strong> que o<br />

<strong>de</strong>poente está internado no Hospital e Materni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Voluntários – hospital e materni<strong>da</strong><strong>de</strong>, é melhor esclarecer,<br />

para evitar qualquer mal-entendido –, havendo,<br />

aqui, uma série <strong>de</strong> documentos que foram <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

encaminhados a esta sub-<strong>relatoria</strong>, razão pela qual,<br />

então, não po<strong>de</strong>remos, hoje, coletar o <strong>de</strong>poimento<br />

<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>poente <strong>de</strong>signado.<br />

Porém, quero observar que, relativamente a essa<br />

mesma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>, já estamos <strong>de</strong>signando<br />

o <strong>de</strong>poimento, para a próxima terça-feira à tar<strong>de</strong>, do<br />

Sr. João Leite Neto. Portanto, já fica <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>, relativamente<br />

a essa mesma uni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a oitiva do Sr. João<br />

Leite Neto, aten<strong>de</strong>ndo o requerimento <strong>de</strong> S. Exª a Juíza<br />

Denise Frossard. O <strong>de</strong>poimento está relacionado,<br />

portanto, a essa mesma uni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos então, <strong>de</strong> imediato, passar para o primeiro.<br />

Aliás, o único <strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> sub-<strong>relatoria</strong>, nesta<br />

tar<strong>de</strong>, <strong>da</strong> Dona Emily Sonia Fuku<strong>da</strong> Yamashita.<br />

Peço que ela seja conduzi<strong>da</strong> até a mesa, para<br />

que possamos iniciar os trabalhos.<br />

O SR. ALVARO DIAS (PSDB – PR) – Questão<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, Sr. Presi<strong>de</strong>nte.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Para uma questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, <strong>Senado</strong>r<br />

Alvaro Dias.<br />

O SR. ALVARO DIAS (PSDB – PR) – Apenas<br />

para registrar que V. Exª, em que pese a ausência<br />

<strong>de</strong> Parlamentares para este <strong>de</strong>poimento, vai cumprir<br />

o seu <strong>de</strong>ver com a competência <strong>de</strong> sempre. V. Exª,<br />

certamente, vale por muitos e representa todos neste<br />

momento.<br />

Menos sorte tem o outro sub-relator, que não<br />

po<strong>de</strong>rá colher o <strong>de</strong>poimento, hoje, <strong>da</strong> Srª Soraya, que,<br />

embora ela estivesse presente, foi adiado sine die, em<br />

razão, segundo se informa, <strong>de</strong> um pedido do Presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> República. O Presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio Lula <strong>da</strong> Silva<br />

solicitou ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> CPMI, Delcídio Amaral, que<br />

adiasse sine die o <strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> Srª Soraya.<br />

Eu confesso, Deputado José Eduardo, que não<br />

tive oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> conversar com o Presi<strong>de</strong>nte<br />

Delcídio, mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, se esse fato<br />

se confirmar e se isso for ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, é muito grave. O<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, em que pese o fato <strong>de</strong> ser a<br />

maior autori<strong>da</strong><strong>de</strong> do País, não tem essa prerrogativa.<br />

É uma interferência in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>, mas pior do que a interferência<br />

do Presi<strong>de</strong>nte é a aceitação <strong>de</strong>la.<br />

Portanto, não quero me precipitar. É uma informação<br />

que me chegou agora, nos corredores, mas,<br />

<strong>de</strong> qualquer maneira, faço questão do registro. Se for<br />

necessário, obviamente, posteriormente, retirarei esse<br />

registro, mas eu não po<strong>de</strong>ria ficar calado e, na primeira<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, me manifestar a respeito disso.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço, <strong>Senado</strong>r Alvaro Dias. Eu, sinceramente,<br />

<strong>de</strong>sconheço o assunto e nem sabia que havia<br />

sido <strong>de</strong>smarcado, mas, com certeza, o Presi<strong>de</strong>nte Delcídio<br />

Amaral <strong>da</strong>rá as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s explicações do caso.<br />

Apenas uma retificação, <strong>Senado</strong>r Alvaro Dias:<br />

eu disse terça-feira, mas é na próxima quinta-feira.<br />

Terça é feriado.<br />

Bem, inicialmente, agra<strong>de</strong>ço à Dona Emily a<br />

presença.<br />

V. Sª está acompanha<strong>da</strong> por advogado? Não?<br />

Está sem advogado? Está com advogado? (Pausa.)<br />

Então, se V. Sª pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>clinar o seu nome, por<br />

gentileza, e quisesse sentar-se à mesa...<br />

Presente o Dr. Dagoberto José Steinmeyer, OAB,<br />

São Paulo. Infelizmente, como eu não trouxe meus<br />

óculos, o senhor vai ter que dizer... 17.513.<br />

Então, feito o registro do advogado, esclareço<br />

que a nobre <strong>de</strong>poente, Srª Emily Sonia, aqui comparece<br />

na condição <strong>de</strong> testemunha, tendo, regularmente,<br />

firmado seu termo <strong>de</strong> compromisso, na forma <strong>da</strong><br />

legislação em vigor.<br />

Portanto, fica adverti<strong>da</strong> a testemunha <strong>da</strong>s penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

legais e do compromisso que tem relativamente<br />

ao presente <strong>de</strong>poimento.<br />

De imediato, passo a palavra à <strong>de</strong>poente, in<strong>da</strong>gando<br />

se gostaria <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong>la para uma exposição<br />

preliminar sobre os motivos e fatos que ensejam<br />

a sua convocação neste momento.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Boa-tar<strong>de</strong>, Sr. Presi<strong>de</strong>nte; boa-tar<strong>de</strong>, Sr. Relator.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu queria que aumentassem um pouco o volume<br />

do som, por favor, do microfone <strong>da</strong> <strong>de</strong>poente.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Nós gostaríamos <strong>de</strong> fazer uma breve apresentação e<br />

pediríamos permissão a V. Exªs para apresentar alguns<br />

números do segmento que representamos. Po<strong>de</strong>ríamos<br />

fazê-lo na forma do <strong>da</strong>tashow, do Power Point, porque<br />

acho que agilizaria, inclusive, a apresentação?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4983<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – De acordo, nenhum problema. V. Sª po<strong>de</strong>, então,<br />

conduzir a exposição como achar interessante.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Pois não, muito obriga<strong>da</strong>.<br />

Eu gostaria, também, <strong>de</strong> ressaltar, que, na seqüência<br />

<strong>da</strong> apresentação, <strong>de</strong>ixaremos, também, uma<br />

cópia física e, se necessário, em via magnética, para<br />

ser anexa<strong>da</strong> junto aos autos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. A documentação será <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

junta<strong>da</strong> aos autos <strong>de</strong>sta Comissão Parlamentar Mista<br />

<strong>de</strong> Inquérito.<br />

Tem V. Sª a palavra para a exposição.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Estamos vindo aqui na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte do<br />

<strong>Con</strong>selho Deliberativo <strong>da</strong> Abrapost – Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Empresas Prestadoras <strong>de</strong> Serviços Postais.<br />

É uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> que reúne 23 associações estaduais<br />

ou regionais, que congregam empresas, que mantêm<br />

contratos <strong>de</strong> franquia empresarial com a ECT.<br />

A re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong> dos Correios é composta,<br />

atualmente, por 1.466 agências ACFs, em todo o território<br />

nacional.<br />

Nesse sli<strong>de</strong>, temos aqui o mapeamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as 23 enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, no Brasil inteiro, e o número <strong>de</strong> ACFs<br />

<strong>da</strong>s quais se compõem as re<strong>de</strong>s estaduais.<br />

Ao final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, houve, inclusive, várias<br />

publicações, entre elas a <strong>da</strong> revista Veja, que falavam<br />

exatamente do problema do endivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s<br />

estatais. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, como todos se lembram,<br />

houve gran<strong>de</strong>s investimentos e gran<strong>de</strong>s projetos nos<br />

setores <strong>de</strong> petroquímica, eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e energia, si<strong>de</strong>rurgia,<br />

telecomunicações. Entretanto, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

80, as estatais estavam totalmente endivi<strong>da</strong><strong>da</strong>s, sem<br />

recursos, com impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão e melhoria<br />

dos serviços públicos.<br />

Em termos <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s, foi o período,<br />

no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 e início dos anos 90, em que<br />

houve todos aquelas reengenharias, downsizes, outsourcing,<br />

etc, etc, que levaram à redução dos níveis<br />

hierárquicos, ao enxugamento <strong>da</strong>s estruturas, tanto<br />

nas estatais quanto nas empresas priva<strong>da</strong>s. Houve<br />

gran<strong>de</strong>s planos PDVs, <strong>de</strong> <strong>de</strong>missões voluntárias, planos<br />

dos quais se originaram muitos dos nossos atuais<br />

franqueados.<br />

Qual era a situação <strong>da</strong> ECT naquele período, no<br />

final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80? Então, em 89, a estatal não tinha<br />

recursos para investimento.<br />

Nós temos, inclusive, matérias <strong>da</strong> época em que<br />

diretores <strong>da</strong> empresa diziam que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979, a empresa<br />

não havia instalado uma única agência.<br />

O fluxo <strong>de</strong> caixa, testemunhado, inclusive, pelos<br />

funcionários e diretores <strong>da</strong> época, era totalmente<br />

<strong>de</strong>ficiente. Não havia dinheiro, inclusive, para pagar a<br />

folha <strong>de</strong> pagamento. A empresa se socorria, inclusive,<br />

dos bancos, especialmente do Banco do Brasil, para<br />

po<strong>de</strong>r honrar a folha <strong>de</strong> pagamento em dia.<br />

O atendimento era precário e <strong>de</strong>ficiente, com muita<br />

insatisfação <strong>da</strong> população e <strong>da</strong>s empresas que se<br />

utilizavam dos serviços. Pecava pela falta <strong>de</strong> funcionários<br />

e proibição do Governo <strong>de</strong> novas contratações.<br />

Todos <strong>de</strong>vem-se lembrar que, nesse período, realmente<br />

vigorava uma legislação que proibia as estatais<br />

<strong>de</strong> fazerem, inclusive, concursos para contratação <strong>de</strong><br />

novos funcionários. Falta <strong>de</strong> equipamentos e a previsão,<br />

inclusive, segundo publicado naquela revista Veja, <strong>da</strong><br />

ECT para 90 era <strong>de</strong> colapso no sistema postal.<br />

Bom, em termos <strong>da</strong> solução <strong>de</strong> atendimento, em<br />

face <strong>de</strong> todos esses <strong>de</strong>safios, dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e pontos<br />

fracos <strong>da</strong> empresa na época, uma solução interna foi<br />

concebi<strong>da</strong>, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> para enfrentar e ultrapassar<br />

essas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

A solução era <strong>de</strong> franchising, para arreca<strong>da</strong>r receita<br />

e não gerar <strong>de</strong>spesa. Era uma solução em que a<br />

ECT não necessitava investir nem em pontos comerciais,<br />

nem em prédios e instalações, nem em manutenção,<br />

com a vantagem <strong>de</strong> disseminar, rapi<strong>da</strong>mente,<br />

os pontos <strong>de</strong> atendimento, e com uma vantagem: a<br />

<strong>de</strong> o Estado continuar no controle <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa,<br />

preservando, inclusive, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que ela<br />

consi<strong>de</strong>ra, até hoje, <strong>de</strong> monopólio e <strong>de</strong> exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mercado.<br />

Uma outra vantagem é que a ECT, até hoje, se<br />

abastece duas vezes ao mês, em seu fluxo <strong>de</strong> caixa,<br />

com dinheiro à vista <strong>de</strong>positado por nossas empresas,<br />

sem risco <strong>de</strong> inadimplência por parte dos clientes, ou<br />

seja, dos clientes que nós aten<strong>de</strong>mos em nossas lojas,<br />

em nossas agências. Nós somos responsáveis<br />

por esse pagamento frente à ECT. Se o cliente ficar<br />

inadimplente, ele está inadimplente conosco, nessas<br />

operações que nós praticamos à vista e que recolhemos<br />

aos cofres <strong>da</strong> empresa. Com isso, ela reduz os<br />

riscos financeiros.<br />

Em termos formais, <strong>de</strong> autorização governamental,<br />

a Lei nº 6.538, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978, em seu<br />

artigo 2º, § 3º, prevê o seguinte:<br />

A empresa exploradora dos serviços, aten<strong>de</strong>ndo<br />

a conveniências técnicas e econômicas e sem prejuízo<br />

<strong>de</strong> suas atribuições e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, po<strong>de</strong> celebrar<br />

contratos e convênios, objetivando assegurar a prestação<br />

dos serviços, mediante autorização do Ministério<br />

<strong>da</strong>s Comunicações.<br />

Nós temos cópias, já juntamos, inclusive, aos autos<br />

do processo <strong>de</strong>sta Comissão uma cópia do Ofício


4984 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

P-0558/90, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> janeiro do mesmo ano, em que<br />

o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> ECT, naquela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, solicitava<br />

ao Ministério <strong>da</strong> Infra-estrutura autorização para<br />

implantação do sistema <strong>de</strong> franchising, <strong>de</strong>talhando o<br />

mo<strong>de</strong>lo a ser implantado. Através do Ofício 064/90, do<br />

próprio Ministério <strong>da</strong> Infra-estrutura, <strong>de</strong> 15/09, há uma<br />

autorização para implantação.<br />

Passamos por processos seletivos que tinham<br />

sido formatados naquela ocasião, e, na ocasião, eram<br />

pré-requisitos <strong>de</strong>finidos e contidos no Manual <strong>de</strong> Organização<br />

<strong>da</strong> Empresa, no Módulo 21, Capítulo 3,<br />

Anexo I. Então, quais eram os critérios para que nós<br />

pudéssemos nos habilitar – nós e qualquer outro empresário<br />

– à operação <strong>de</strong> uma agência franquea<strong>da</strong>?<br />

Deveria haver uma empresa há mais <strong>de</strong> dois anos em<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica não concorrente com os Correios;<br />

comprovação <strong>da</strong> idonei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pessoa jurídica e <strong>da</strong>s<br />

pessoas físicas sócias, através <strong>de</strong> certidões negativas;<br />

análise do perfil dos proponentes e <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tempo para o gerenciamento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s postais;<br />

uma disponibilização <strong>de</strong> estabelecimento comercial<br />

em região alvo, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> previamente em plano <strong>da</strong><br />

ECT, com área útil mínima <strong>de</strong> doze metros quadrados.<br />

Inclusive sobre esse item <strong>de</strong> área, é importante<br />

ressaltar que existiam vários critérios para julgar e<br />

pontuar a avaliação <strong>de</strong>ssas áreas ofereci<strong>da</strong>s. Se fosse<br />

em prédios <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois an<strong>da</strong>res, seriam lojas<br />

que, preferencialmente, <strong>de</strong>veriam ficar no piso térreo,<br />

próxima à rua, <strong>de</strong> preferência ter local fácil para o<br />

estacionamento, inclusive <strong>da</strong>s viaturas dos Correios.<br />

Existia, assim, algumas especificações <strong>de</strong> pontuação<br />

a respeito dos locais.<br />

Apresentação e aprovação do layout <strong>da</strong>s instalações<br />

e dos equipamentos em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as<br />

especificações técnicas pre<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s.<br />

O que nós sabemos – e isso está retratado inclusive<br />

em notícias <strong>de</strong> jornal –, por exemplo, em São<br />

Paulo, o jornal O Estado <strong>de</strong> S.Paulo, no início <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> noventa, publicava um chamamento aos<br />

empresários que se dispusessem a compartilhar seus<br />

balcões com o atendimento postal. Então, houve uma<br />

busca intensiva, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>da</strong> por diretores e gerentes<br />

<strong>da</strong> empresa, atrás <strong>de</strong> empresários, <strong>de</strong> lojistas,<br />

com reuniões nas associações comerciais locais, nas<br />

fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> comércios, nos bairros. Vários colegas<br />

nossos que tinham papelarias e outros negócios foram<br />

procurados por diretores <strong>da</strong> época, digamos, ven<strong>de</strong>ndo,<br />

no bom sentido, a idéia <strong>da</strong> iniciativa. Entretanto, nesse<br />

período inicial, muitas dúvi<strong>da</strong>s estiveram presentes<br />

entre os franqueados procurados. A franquia era um<br />

formato novo <strong>de</strong> negócio, sem legislação específica.<br />

A legislação veio a se firmar... a Lei <strong>de</strong> Franchising,<br />

é <strong>de</strong> 94. Então, em 89, 90, 91, nem lei havia regulari-<br />

zando essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que estava em franca expansão<br />

no País. A relação contratual era uma relação inédita,<br />

por se tratar <strong>de</strong> um contrato administrativo, através <strong>de</strong><br />

cre<strong>de</strong>nciamento e seleção técnica, conforme manual<br />

<strong>de</strong> organização e normas complementares.<br />

Mais ain<strong>da</strong>: as dúvi<strong>da</strong>s eram sobre a própria<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> estatal em honrar os compromissos,<br />

compromissos operacionais <strong>de</strong> escoamento <strong>da</strong>s cargas<br />

capta<strong>da</strong>s, compromissos financeiros <strong>de</strong> nos pagar<br />

a comissão contratual comprometi<strong>da</strong>, compromissos<br />

<strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> materiais que nós ven<strong>de</strong>ríamos<br />

nas agências. E esse é um problema crônico,<br />

que até hoje, não foi só em 1990, até hoje, 2005,<br />

nós temos uma história <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> produtos, por uma<br />

série <strong>de</strong> problemas administrativos e <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mesmo, que envolvem a aquisição <strong>de</strong> produtos. Então,<br />

essas eram dúvi<strong>da</strong>s que permeavam todos os empresários<br />

na época procurados e se configuravam como<br />

riscos à aplicação <strong>de</strong> recursos, ao investimento a ser<br />

feito nessa nova ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Começou-se gra<strong>da</strong>tivamente. Em 89, teve uma<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> piloto, em 90, em 91, e até 94 foram implanta<strong>da</strong>s<br />

1.737 agências. Esse foi o total máximo em termos<br />

<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ACFs que foram autoriza<strong>da</strong>s<br />

a funcionar pela Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correios e<br />

Telégrafos. Significaram, na época, 5.100 guichês <strong>de</strong><br />

atendimento. E os pontos, as regiões alvos previamente<br />

<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s pelas empresas contemplavam, prioritariamente,<br />

a localização na periferia dos gran<strong>de</strong>s centros<br />

urbanos. Inclusive, era bom lembrarmos, em São Paulo,<br />

em Belo Horizonte e em outras capitais, até hoje, nas<br />

periferias urbanas, não existe uma agência própria dos<br />

Correios aten<strong>de</strong>ndo. Somos nós que estamos lá. A empresa,<br />

inclusive, em 90 ou 91, <strong>de</strong>cidiu substituir alguns<br />

<strong>de</strong>sses pontos on<strong>de</strong> ela já tinha agência própria, mas<br />

que envolviam riscos imensos <strong>de</strong>vido ao problema <strong>de</strong><br />

insegurança gera<strong>da</strong> pela violência urbana e ao baixo<br />

potencial <strong>de</strong> exploração econômica local. Então, eram<br />

agências completamente <strong>de</strong>ficitárias e com um alto<br />

grau <strong>de</strong> periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, inclusive para os seus próprios<br />

funcionários. Então, até hoje temos aí a nossa re<strong>de</strong>,<br />

é a re<strong>de</strong> que se encontra nas periferias dos gran<strong>de</strong>s<br />

centros urbanos.<br />

Eu gostaria <strong>de</strong> fazer um parênteses aqui. Eu<br />

não tenho, infelizmente, formação jurídica. Eu falo infelizmente<br />

porque hoje, para ser empresário no País<br />

e enfrentar todo um cipoal tributário e outras coisas,<br />

eu acho que a formação jurídica é alguma coisa fun<strong>da</strong>mental<br />

até para a boa gestão <strong>da</strong>s empresas e <strong>de</strong><br />

tudo. Mas, infelizmente, a minha formação é em outra<br />

área. Eu vou falar alguma coisa que é um consenso<br />

que temos, através <strong>de</strong> pareceres <strong>de</strong> juristas que nós<br />

tivemos ao longo do tempo.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4985<br />

Então, o TCU já <strong>de</strong>finiu que a ECT é uma concessionária<br />

<strong>de</strong> serviços públicos, sendo a União Fe<strong>de</strong>ral o<br />

Po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte. Em conseqüência, à ECT se aplica<br />

a Lei nº 8.987/95, que, em seu art. 25, faculta à concessionária<br />

contratar terceiros para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (§1º), sendo os contratos firmados,<br />

no caso os contratos <strong>de</strong> franquia empresarial, <strong>de</strong> direito<br />

privado, não se estabelecendo qualquer relação<br />

jurídica entre os terceiros e o Po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte, ou<br />

seja, com a União Fe<strong>de</strong>ral (§2º).<br />

Os contratos <strong>de</strong> franquia foram celebrados anteriormente<br />

à Lei nº 8.987/95. No entanto, se encontram<br />

hoje sob seu amparo legal.<br />

Outro fator a consi<strong>de</strong>rar é que prece<strong>de</strong>ram também<br />

a Lei nº 8.666/93, que regula as contratações do<br />

Po<strong>de</strong>r Público. Por isso, as <strong>de</strong>cisões do Plenário do<br />

TCU <strong>de</strong> nºs 601 e 721, <strong>de</strong> 1994, convali<strong>da</strong>ram os contratos<br />

com as ACFs já implanta<strong>da</strong>s ou em processo <strong>de</strong><br />

autorização em an<strong>da</strong>mento na época, recomen<strong>da</strong>ndo<br />

licitações apenas para a concessão <strong>de</strong> novas franquias.<br />

Em 94, a ECT, inclusive, paralisou e o total máximo <strong>de</strong><br />

franquias que nós tivemos foram as 1.737, anteriores,<br />

então, àquelas duas <strong>de</strong>cisões.<br />

Por outro lado, o mesmo TCU, mediante voto do<br />

Ministro-Relator Adhemar Paladini Ghisi, aprovado pelo<br />

seu Plenário através do Acórdão nº 59/98, ratificou o<br />

entendimento <strong>de</strong> que os contratos <strong>de</strong> franquia empresarial<br />

são <strong>de</strong> natureza priva<strong>da</strong> e não pública. No referido<br />

julgado do TCU, é referen<strong>da</strong>do o mesmo entendimento<br />

já aprovado no Processo nº 013.899/94, sobre a natureza<br />

dos contratos <strong>de</strong> franquia dos Correios.<br />

A Lei nº 9.648, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998, aprova<strong>da</strong><br />

pela Câmara dos Deputados e <strong>Senado</strong> Fe<strong>de</strong>ral,<br />

sanciona<strong>da</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> então, prorroga até<br />

2002 os contratos iniciais que venciam em 98. E a Lei<br />

nº 10.577, sanciona<strong>da</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República<br />

em 27 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2002, tramitou por to<strong>da</strong>s as<br />

Comissões e foi aprova<strong>da</strong> pelos Plenários <strong>da</strong> Câmara<br />

dos Deputados e do <strong>Senado</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Prorroga legalmente<br />

o prazo dos contratos <strong>de</strong> franquia vigentes até<br />

novembro <strong>de</strong> 2007.<br />

Tais leis (9.648/98 e 10.577, <strong>de</strong> 2002) têm como<br />

respaldo o inciso IV do parágrafo único do art. 175 <strong>da</strong><br />

<strong>Con</strong>stituição Fe<strong>de</strong>ral, que dispõe que competirá à lei<br />

dispor sobre a obrigação <strong>de</strong> manter serviço a<strong>de</strong>quado<br />

na prestação dos serviços públicos.<br />

Nós gostaríamos também <strong>de</strong> ressaltar que, em<br />

93, foi coloca<strong>da</strong> como condição <strong>de</strong> permanência no<br />

sistema <strong>de</strong> franquia a exigência <strong>da</strong> extinção dos negócios<br />

originais <strong>da</strong>s empresas parceiras para <strong>de</strong>dicação<br />

exclusiva às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s postais, tendo a ECT<br />

encaminhado, naquela ocasião, às nossas ACFs um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> minuta até <strong>de</strong> contrato social com as especificações<br />

exigi<strong>da</strong>s.<br />

Eu gostaria aqui <strong>de</strong> apresentar apenas alguns<br />

<strong>da</strong>dos do perfil estrutural <strong>da</strong>s nossas ACFs. Somos,<br />

como já disse, 1.466 ACFs, opera<strong>da</strong>s em sua quase<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong> por micro e pequenas empresas nacionais.<br />

Vinte mil empregos diretos é o que nós proporcionamos,<br />

<strong>de</strong>z mil empregos indiretos, 2.500 veículos <strong>de</strong> carga,<br />

2.500 motocicletas e em torno <strong>de</strong> 7.500 estações <strong>de</strong><br />

trabalho completas, com microcomputadores, impressoras,<br />

leitores <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> barras, autenticadoras,<br />

entre outros.<br />

Temos aqui, inclusive, a fotografia do parque <strong>de</strong><br />

máquinas <strong>de</strong> algumas <strong>da</strong>s nossas ACFs.<br />

Essa aqui é uma impressora usa<strong>da</strong> pelos print<br />

centers e birôs. Algumas <strong>da</strong>s nossas ACFs trabalham<br />

com isso. Os senhores vêem que há bobinas aqui,<br />

não é nem em papel cortado, sulfite. Temos ali autoenvelopadoras,<br />

aqui insersoras automáticas <strong>de</strong> correspondência.<br />

V. Exªs <strong>de</strong>vem receber aquelas correspondências<br />

<strong>de</strong> bancos e outros gran<strong>de</strong> remetentes em<br />

que, além <strong>da</strong> carta, po<strong>de</strong> vir algum encarte junto. Elas<br />

são máquinas que fazem esse tipo <strong>de</strong> operação. Nós<br />

recebemos em bruto, imprimimos ou recebemos <strong>da</strong>s<br />

gráficas. E aquelas são máquinas em que entram os<br />

vários mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> objetos a serem inseridos em um<br />

mesmo envelope. Na ponta do processo, elas já saem<br />

totalmente envelopa<strong>da</strong>s e, se for o caso <strong>de</strong> franqueamento<br />

em máquina, saem franquea<strong>da</strong>s.<br />

Temos uma frota <strong>de</strong> kombis, fiorinos, caminhões,<br />

motocicletas. O nosso trabalho, como em qualquer ciclo<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> serviço, envolve pessoas. E o ciclo <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> serviços, no nosso caso, é diário – tudo<br />

que entra tem <strong>de</strong> sair no dia – e é feito por pessoas e<br />

por equipes, que têm <strong>de</strong> estar treina<strong>da</strong>s, motiva<strong>da</strong>s.<br />

Não <strong>de</strong>vemos esquecer que a ECT, em 1969, foi<br />

reformula<strong>da</strong>: era o DCT e virou ECT. Em 1969, ain<strong>da</strong><br />

no regime militar, para fazer frente ao <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ssa<br />

distribuição em um país continental como o nosso e<br />

cumprindo esses prazos <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> cartas que<br />

até hoje são referência mundial – poucos países conseguem<br />

cumpri-lo, mesmo naqueles <strong>de</strong> dimensões<br />

territoriais muito menores –, o ciclo <strong>de</strong> produção é<br />

extremamente minucioso, complexo, <strong>de</strong> uma logística<br />

altamente precisa e dita<strong>da</strong> pelo relógio. É uma corri<strong>da</strong><br />

contra o tempo em qualquer dia do ano.<br />

Se não tivermos equipes treina<strong>da</strong>s, motiva<strong>da</strong>s<br />

e comprometi<strong>da</strong>s com o trabalho, não conseguiremos<br />

manter esses prazos <strong>de</strong> entrega. Qualquer carta<br />

posta<strong>da</strong>, para qualquer capital, é entregue em um dia<br />

útil, e para o interior dos outros Estados, não sendo<br />

no próprio Estado, em dois dias úteis. Para conseguir<br />

fazer isso, são 3,2 milhões <strong>de</strong> objetos transportados e


4986 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

tratados diariamente. Esse ciclo <strong>de</strong> produção tem <strong>de</strong><br />

ser extremamente preciso, extremamente regulado e<br />

controlado.<br />

Nós temos o maior orgulho e a satisfação <strong>de</strong><br />

dizer que participamos <strong>de</strong>ssa guerra diária. É uma<br />

operação <strong>de</strong> guerra que é monta<strong>da</strong> todos os dias e as<br />

nossas equipes estão treina<strong>da</strong>s e motiva<strong>da</strong>s por nós<br />

para comparecer. São equipes estáveis.<br />

Desculpem-me, <strong>de</strong>ixem-me voltar ao ponto, porque<br />

começamos a viajar, a nos emocionar, porque temos<br />

muito orgulho <strong>de</strong> ostentar a ban<strong>de</strong>ira e a marca<br />

Correios e <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r o trabalho para os nossos clientes<br />

com esse padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Então, somos os<br />

primeiros a querer cumprir todos esses padrões.<br />

Eu gostaria <strong>de</strong> trazer alguns <strong>da</strong>dos a respeito <strong>da</strong><br />

composição <strong>da</strong> receita <strong>da</strong> empresa ao longo dos anos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, que são <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> que dispomos, até 2004,<br />

os últimos <strong>da</strong>dos que temos em mãos.<br />

Temos, em azul, a receita carrea<strong>da</strong> pela re<strong>de</strong><br />

franquea<strong>da</strong> ao longo dos anos para a Empresa Brasileira<br />

<strong>de</strong> Correios e Telégrafos. Então, em 2004, como<br />

V. Exªs po<strong>de</strong>m ver, foi <strong>de</strong> pouco acima <strong>de</strong> R$2 bilhões.<br />

Em vermelho, temos a receita auferi<strong>da</strong> diretamente<br />

pela empresa. Com isso, queremos <strong>de</strong>ixar muito claro<br />

que não estamos tirando mercado <strong>da</strong> estatal. Como V.<br />

Exªs po<strong>de</strong>m verificar, a receita carrea<strong>da</strong> diretamente<br />

pela estatal...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Qual é a fonte?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– São os relatórios <strong>de</strong> avaliação empresarial. São relatórios<br />

internos <strong>da</strong> empresa.<br />

Temos, em 2004, a receita total, somando a nossa<br />

e a que a empresa carreou diretamente, totalizando R$7<br />

bilhões. Essa é a receita operacional <strong>da</strong> empresa.<br />

Gostaríamos também <strong>de</strong> mostrar uma comparação<br />

<strong>da</strong> receita que trazemos para a ECT e a comissão<br />

que nos é paga.<br />

Esta é a receita, são os mesmos valores que V.<br />

Exªs viram no gráfico anterior, e agora a comissão, em<br />

vermelho, <strong>da</strong>quilo que auferimos sobre o que <strong>de</strong>ixamos<br />

no cofre <strong>da</strong> estatal. Como po<strong>de</strong>m perceber, a diferença<br />

é o saldo que <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> estatal. Em 2004,<br />

foi <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$1,5 bilhão o resultado <strong>da</strong>s nossas<br />

operações para a estatal fazer face ao seu <strong>de</strong>safio <strong>de</strong><br />

auto-sustentação ao longo <strong>de</strong> todos esses anos.<br />

No ano passado, recebemos ao redor <strong>de</strong> R$588<br />

milhões <strong>de</strong> comissão. Temos ali o primeiro quadro, que<br />

é levemente lilás. Das 1.468 agências <strong>de</strong> 2004, 31,9%<br />

eram agências que tiveram uma comissão média mensal<br />

<strong>de</strong> R$7.300,00 e 34% tiveram uma comissão média<br />

<strong>de</strong> R$20 mil. Quando me refiro à comissão, significa o<br />

faturamento total <strong>da</strong> empresa franquea<strong>da</strong> para fazer<br />

frente às suas <strong>de</strong>spesas. Num sli<strong>de</strong> seguinte, estaremos<br />

mostrando o planilhamento <strong>de</strong> custos que representa<br />

a operação <strong>de</strong> uma agência. Temos ali 28% que têm<br />

uma comissão <strong>de</strong> R$41 mil; 28% têm uma comissão<br />

<strong>de</strong> R$65 mil; 6,8% com uma comissão <strong>de</strong> R$88 mil;<br />

3,4% têm uma comissão <strong>de</strong>... As em roxo, que são<br />

6,8%, têm uma comissão <strong>de</strong> R$65 mil por mês em<br />

média. As em ver<strong>de</strong> têm comissão <strong>de</strong> R$88 mil; 1,4%<br />

<strong>da</strong> nossa re<strong>de</strong> tem uma comissão <strong>de</strong> R$115 mil; 1,4%,<br />

<strong>de</strong> R$141 mil; e apenas 0,7% <strong>da</strong> nossa re<strong>de</strong> tem comissão<br />

<strong>de</strong> R$409 mil.<br />

Acho que tem um outro sli<strong>de</strong> com as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> agências. Passe para mim. Ali, temos 468 empresas<br />

franquea<strong>da</strong>s no Brasil, que tiveram, em 2004,<br />

uma comissão média mensal <strong>de</strong> R$7.300,00. São 468<br />

empresas no Brasil. Quinhentas empresas tiveram<br />

uma comissão média mensal <strong>de</strong> R$20 mil; 300 agências<br />

tiveram uma comissão <strong>de</strong> R$41 mil; 100 agências<br />

tiveram uma comissão <strong>de</strong> R$65 mil; 50 agências,<br />

<strong>de</strong> R$88 mil; 20 empresas franquea<strong>da</strong>s tiveram uma<br />

comissão <strong>de</strong> R$115 mil; 20 empresas, <strong>de</strong> R$148 mil;<br />

e apenas 10 empresas tiveram uma comissão média<br />

mensal <strong>de</strong> R$409 mil.<br />

Se pensarmos que o limite hoje, ain<strong>da</strong> em 2005,<br />

para as empresas estarem no regime tributário do<br />

Simples, é <strong>de</strong> R$1,2 milhão por ano, veremos que a<br />

quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais <strong>de</strong> 95% <strong>de</strong> nossas agências<br />

e <strong>de</strong> nossas empresas franquea<strong>da</strong>s, enquadra-se no<br />

mo<strong>de</strong>lo tributário do Simples.<br />

Eu gostaria também <strong>de</strong> apresentar um planilhamento<br />

<strong>de</strong> nossos custos. Peço <strong>de</strong>sculpas, pois ficou<br />

um pouco pequeno ali, mas <strong>de</strong>ixaremos esse material<br />

protocolado à disposição <strong>de</strong> todos os membros<br />

<strong>de</strong>sta CPMI.<br />

Mas o que posso dizer para os senhores é que,<br />

<strong>da</strong> comissão total, temos aqui as <strong>de</strong>spesas fixas e as<br />

<strong>de</strong>spesas variáveis.<br />

As <strong>de</strong>spesas fixas, que envolvem pessoal, encargos<br />

e benefícios, provisão <strong>de</strong> férias, décimo terceiro,<br />

rescisões, aluguel, impostos e contribuições, IPTU,<br />

IPVA, Tilif, que é a taxa <strong>de</strong> licença <strong>de</strong> funcionamento,<br />

TFA, taxa <strong>de</strong> anúncios etc, manutenção e consumo<br />

dos veículos, telecomunicações, serviços <strong>de</strong> terceiros,<br />

assistência técnica, contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> etc, energia elétrica,<br />

água, material <strong>de</strong> consumo, papelaria, higiene etc, prólabore,<br />

treinamentos, <strong>de</strong>spesas financeiras, <strong>de</strong>preciação,<br />

consomem, para aquelas empresas classifica<strong>da</strong>s<br />

no regime tributário do Simples, 72,3%, em média, do<br />

que auferimos como comissão mensal.<br />

As <strong>de</strong>spesas variáveis, recolhimento do tributário<br />

do Simples, ISSQN, CPMF, taxas <strong>de</strong> cobrança, <strong>de</strong>spesas<br />

comerciais, consomem 12,9%, em média.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4987<br />

Temos, então, um total <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas na faixa <strong>de</strong><br />

85,2%, restando 14,8%, em média, para as nossas<br />

agências.<br />

Para as nossas agências se manterem competitivas<br />

no mercado, elas precisam agregar valor ao processo<br />

produtivo do cliente por meio <strong>de</strong> serviços complementares<br />

que to<strong>da</strong>s as concorrentes oferecem hoje<br />

<strong>de</strong> forma rotineira. As nossas ACFs fazem manuseio <strong>de</strong><br />

objetos, que significa envelopamento, colagem, ensacamento,<br />

plastificação, fazemos coleta <strong>de</strong> documentos<br />

e encomen<strong>da</strong>s junto aos nossos clientes...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Com licença, apenas para nos orientarmos,<br />

quanto tempo ain<strong>da</strong> há <strong>de</strong> exposição?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Mais uns <strong>de</strong>z minutos.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Cinco minutos.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Vou tentar correr.<br />

Fazemos impressão a lazer...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – É porque <strong>da</strong>qui a pouco começará a Or<strong>de</strong>m<br />

do Dia e teremos <strong>de</strong> interromper a sua exposição, o<br />

que eu gostaria <strong>de</strong> evitar.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desculpem-me pelo entusiasmo. Acabei me esten<strong>de</strong>ndo.<br />

Fazemos também gerenciamento <strong>de</strong> base <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>dos.<br />

Aqui, tem umas fotos dos serviços que oferecemos,<br />

pessoas e máquinas fazendo o trabalho, oferecendo<br />

soluções completas para os nossos clientes.<br />

A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos serviços é avalia<strong>da</strong> sempre<br />

pela empresa. Somos auditados, recebemos mensalmente,<br />

sem sabermos, a visita <strong>de</strong> clientes ocultos.<br />

Anualmente, a ECT contrata pesquisa, junto a vários<br />

institutos <strong>de</strong> opinião, para avaliar os seus serviços. No<br />

ano passado, foi contrata<strong>da</strong> a Vox Populi.<br />

Então, em setembro <strong>de</strong> 2004, temos os itens pesquisados<br />

e o resultado alcançado pela re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Numa escala <strong>de</strong> zero a 100, a competência dos<br />

nossos funcionários foi avalia<strong>da</strong> em 89,7; rapi<strong>de</strong>z no<br />

atendimento, 90,7; comunicação visual, 87,7; acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

91,2; e o índice <strong>de</strong> satisfação com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> atendimento, 89,8.<br />

Para ter uma comparação, em azul a receita<br />

total <strong>da</strong> empresa e em vermelho a <strong>de</strong>spesa total <strong>da</strong><br />

empresa. Esse azul quadriculado é o faturamento <strong>da</strong>s<br />

ACFs e em vermelho quadriculado é a comissão <strong>da</strong>s<br />

ACFs. Apenas para se ter uma comparação <strong>de</strong> que a<br />

empresa continua crescendo muito mais do que nós<br />

crescemos e as <strong>de</strong>spesas, muito mais do que a evolução<br />

<strong>da</strong> nossa comissão.<br />

Queríamos também aqui fazer uma comparação<br />

entre itens <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, os mais representativos<br />

<strong>da</strong> Empresa. Em vermelho, temos lá a <strong>de</strong>spesa total<br />

<strong>da</strong> ECT. Nessa cor lilás aqui, temos o que ela gasta<br />

com pessoal, é a <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal; em azul, o que<br />

gasta com transporte; em amarelo, o que gasta com a<br />

comissão <strong>da</strong>s ACFs. É apenas para completar e comparar<br />

qual é o faturamento que a gente está <strong>de</strong>ixando<br />

para a Empresa lá.<br />

Temos preocupação com a evolução do fluxo <strong>de</strong><br />

objetos no tráfego postal. Percebemos lá que houve<br />

crescimento até 2001 e que a partir <strong>de</strong> 2001 ela vem<br />

<strong>de</strong>crescendo em termos <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos físicos<br />

transportados <strong>de</strong>ntro do fluxo total.<br />

Gostaríamos aqui só <strong>de</strong> fazer um breve apanhado<br />

sobre a questão do monopólio e do segmento<br />

concorrencial.<br />

A Empresa tem-se pautado pela Lei nº 6.538, que<br />

dispõe sobre serviços postais, que, em seu art. 9º, regula<br />

o que seria o regime <strong>de</strong> monopólio a ser explorado<br />

pela União e pela concessionária ECT: recebimento,<br />

transporte e entrega no território nacional <strong>da</strong> expedição<br />

para o exterior <strong>de</strong> carta e cartão postal; recebimento,<br />

transporte e entrega no território nacional <strong>de</strong> correspondência<br />

agrupa<strong>da</strong> e fabricação e emissão <strong>de</strong> selos<br />

e <strong>de</strong> outras fórmulas <strong>de</strong> franqueamento postal.<br />

Num artigo seguinte, no art. 47 temos a <strong>de</strong>finição<br />

do que é carta, cartão postal e correspondência<br />

agrupa<strong>da</strong>. Então, o conceito que a Empresa usa é o<br />

conceito que está lá: objeto <strong>de</strong> correspondência, com<br />

ou sem envoltório, sob a forma <strong>de</strong> comunicação escrita<br />

<strong>de</strong> natureza administrativa, social, comercial ou<br />

qualquer outra que contenha informação <strong>de</strong> interesse<br />

específico do <strong>de</strong>stinatário. Esse é um conceito que tem<br />

<strong>da</strong>do margem ao questionamento pela concorrência. É<br />

uma concorrência que existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1950, que coloca<br />

que a situação <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> talão <strong>de</strong> cheque, cartão<br />

<strong>de</strong> crédito, boletos bancários <strong>de</strong> cobrança e extratos<br />

bancários não se aplicaria nessa conceituação <strong>de</strong> carta.<br />

E a Empresa tem brigado, com ações <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral,<br />

com ações na Justiça, contra a concorrência, que<br />

existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1950 e que vem fazendo a entrega.<br />

Eu gostaria aqui <strong>de</strong> colocar a classificação, <strong>de</strong>ntro<br />

do portfólio <strong>da</strong> Empresa, que a Empresa usa para<br />

classificar para ela o que é a reserva <strong>de</strong> mercado, o<br />

monopólio, e o que é o concorrencial. Então, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

reserva <strong>de</strong> mercado cabem carta, SEED, FAC e malote<br />

Serca. No concorrencial, temos lá encomen<strong>da</strong> Se<strong>de</strong>x,<br />

encomen<strong>da</strong> normal, PAC, impresso simples, impresso<br />

especial, mala direta postal, porte pago e outros.


4988 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Eu gostaria <strong>de</strong> mostrar, rapi<strong>da</strong>mente, o seguinte.<br />

Em 1999, por ocasião <strong>da</strong> tramitação do Projeto nº<br />

1.491, conhecido como Projeto <strong>da</strong> Lei Postal, que se<br />

encontra, inclusive, ain<strong>da</strong> hoje, na Câmara dos Deputados,<br />

as próprias enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s que congregam as concorrentes<br />

do Correio apontaram a existência <strong>de</strong> 17 mil<br />

empresas <strong>de</strong> entrega em todo o País, com 1,2 milhões<br />

<strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

Estão tramitando no Supremo duas ações, as<br />

DPFs nºs 46 e 70, interpostas pela concorrência, por<br />

meio <strong>da</strong> Abraed, Abraec, Sineex, com vista à <strong>de</strong>scaracterização<br />

do monopólio postal, tendo em vista as<br />

interpretações diversas <strong>da</strong>queles textos legais em que<br />

a empresa se baseia.<br />

Estou tentando correr, Sr. Presi<strong>de</strong>nte.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Fique à vonta<strong>de</strong>.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Em<br />

termos <strong>da</strong> evolução do fluxo dos objetos por segmento,<br />

eu gostaria <strong>de</strong> trazer aqui alguns <strong>da</strong>dos. Em vermelho,<br />

na linha superior, temos ali o total <strong>de</strong> objetos, ano a<br />

ano, que a Empresa transporta. É aquele gráfico em<br />

que mostramos a tendência <strong>de</strong> que<strong>da</strong>. Na linha lilás,<br />

temos lá o que são os objetos no monopólio, e, na linha<br />

azul, está o que são os objetos. Aqui estamos falando<br />

<strong>de</strong> objeto físico transportado pela Empresa. Essa é a<br />

situação em termos <strong>de</strong> objetos.<br />

Entretanto, em termos <strong>de</strong> receita, temos a seguinte<br />

configuração. Na receita operacional <strong>da</strong> ECT,<br />

ao longo dos anos, po<strong>de</strong>mos perceber na linha lilás<br />

que é a receita trazi<strong>da</strong> por meio dos produtos que a<br />

Empresa consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> monopólio estatal. Em azul, é<br />

a receita trazi<strong>da</strong> pelos segmentos concorrenciais. Po<strong>de</strong>mos<br />

perceber que existe, ao longo dos anos, um<br />

equilíbrio muito gran<strong>de</strong> na composição <strong>da</strong> receita: o<br />

que vem do segmento concorrencial e o que vem do<br />

segmento <strong>de</strong> monopólio.<br />

Temos aqui alguns <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Diretoria Regional<br />

São Paulo Metropolitana.<br />

A Diretoria Regional São Paulo Metropolitana é,<br />

pelo próprio mercado em que atua, a Diretoria em que<br />

o maior volume <strong>de</strong> negócios é feito, em que o maior<br />

número <strong>de</strong> contratos é feito, em que a maior receita <strong>da</strong><br />

Empresa é carrea<strong>da</strong>. Então, achamos por bem trazer<br />

o que representam as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> contratos. Em<br />

outubro <strong>de</strong> 2005, temos o que eram contratos operados<br />

diretamente pela estatal nas suas agências próprias e<br />

o que eram contratos trazidos pela re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Em azul, temos lá os contratos operados diretamente<br />

pelas agências próprias. E, em vermelho, temos lá os<br />

contratos operados pela re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Gostaria <strong>de</strong> ressaltar que as quatro primeiras<br />

colunas se referem a contratos do segmento concor-<br />

rencial. Do segmento <strong>de</strong> monopólio, existem apenas<br />

81 contratos FAC, dos quais 37 são operados pela<br />

re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Se somarmos todos os vermelhos ali, certamente<br />

o maior volume <strong>de</strong> contratos, especialmente do segmento<br />

concorrencial, é trazido pela re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Ali temos um <strong>da</strong>do comparativo <strong>de</strong> dois períodos,<br />

janeiro a junho <strong>de</strong> 2004 e janeiro a junho <strong>de</strong> 2005, em<br />

um segmento concorrencial, que é o segmento <strong>de</strong> marketing<br />

direto. Então, no período <strong>de</strong> 2004, em valores<br />

– marketing direto envolve serviço <strong>de</strong> impresso, mala<br />

direta etc –, a Empresa teve R$193 milhões. Em 2005,<br />

no mesmo período, ela teve uma receita <strong>de</strong> R$239 milhões.<br />

Entretanto, em termos do número <strong>de</strong> objetos,<br />

que é a linha que está acima, tivemos um aumento <strong>de</strong><br />

336 mil para 435 mil objetos.<br />

(O Sr. Presi<strong>de</strong>nte faz soar a campainha.)<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desculpe-me.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Po<strong>de</strong> completar.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Há alguns <strong>da</strong>dos aqui. Po<strong>de</strong> passar esse aí, que é<br />

do segmento concorrencial <strong>de</strong> Se<strong>de</strong>x.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Drª<br />

Emily…<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Pois não, Deputado.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Eu só<br />

queria, pedindo licença...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Está concedi<strong>da</strong> a palavra a V. Exª, Deputado<br />

Onyx Lorenzoni.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – São só<br />

<strong>de</strong>z segundos, Sr. Presi<strong>de</strong>nte. Só queria pedir para<br />

passar o anterior, em que se <strong>de</strong>monstra o perfil <strong>da</strong>s<br />

ACFs e <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção do próprio Correio. Acho que<br />

ele é muito eluci<strong>da</strong>tivo sobre a ação <strong>da</strong>s franquias. É um<br />

pouco mais para trás, por favor. É o anterior. É esse.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Esse mostra a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contratos. Então, somando<br />

os azuis, são 2,6 mil mais 1,8 mil, ou seja, vamos<br />

ter em torno <strong>de</strong> cinco mil contratos contra algo<br />

em torno <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> oito mil contratos operados<br />

pela re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Ali fica,<br />

com clareza, especifica<strong>da</strong> essa participação relevante<br />

<strong>da</strong>s ACFs, exatamente na captação <strong>de</strong>sses contratos,<br />

o que se vai manifestar <strong>de</strong>pois.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4989<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– PA) – Vamos ficar com isso à disposição <strong>da</strong> Comissão.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Acho<br />

que isso é muito importante, porque não dá para esquecer<br />

que há uma briga i<strong>de</strong>ológica aí.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – É importante<br />

ficar claro o que o mundo real mostra. É só<br />

por isso.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Sim. É importante também ficar claro que, no segmento<br />

concorrencial, numa rápi<strong>da</strong> amostragem que fizemos<br />

– po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar isto aqui também –, conseguimos<br />

listar os seiscentos concorrentes, <strong>da</strong>queles <strong>de</strong>zessete<br />

mil anunciados pelas próprias enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que têm<br />

batido <strong>de</strong> frente com a nossa re<strong>de</strong> nos últimos meses<br />

em todo o Brasil.<br />

Temos esse <strong>da</strong>do não no quadro, mas o temos<br />

fisicamente. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixá-lo aqui.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> falar o seguinte...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – É o encerramento agora?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Passa o último lá, na conclusão.<br />

Por to<strong>da</strong> a experiência ao longo <strong>de</strong>sses últimos<br />

<strong>de</strong>zesseis anos, temos plena convicção <strong>de</strong> que a parceria<br />

público-priva<strong>da</strong> existente entre a ECT e suas<br />

ACFs somente tem trazido benefícios para se cumprir<br />

o man<strong>da</strong>mento constitucional <strong>da</strong> cobertura postal<br />

acessível universalmente – vejam bem! – com quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e eficiência, permitindo que os Correios possam<br />

competir com a concorrência priva<strong>da</strong> num mercado<br />

não protegido pelo monopólio estatal.<br />

Acreditamos nesse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> franquia que movimenta<br />

pequenas e microempresas, to<strong>da</strong>s <strong>de</strong> controle<br />

nacional. Acreditamos, pela instalação <strong>de</strong>las em todo<br />

o Brasil, que elas geram e fazem movimentar a economia<br />

local, oferecem serviços <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, oferecem<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para os serviços postais, hoje tão carentes<br />

e <strong>de</strong>ficientes em outras áreas.<br />

Sabemos que o Ministério <strong>da</strong> Indústria e Comércio<br />

vem <strong>de</strong>senvolvendo também estudos para que haja<br />

uma melhor caracterização do uso <strong>da</strong> franquia pública,<br />

abarcando as experiências <strong>da</strong> Petrobras com a BR<br />

Mania, <strong>da</strong> Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral com as Lotéricas,<br />

<strong>da</strong> Embrapa, ce<strong>de</strong>ndo suas sementes <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s.<br />

Temos várias experiências no setor e sabemos que o<br />

Ministério <strong>da</strong> Indústria e Comércio vem trabalhando na<br />

regulamentação <strong>de</strong>ssa nova mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, que – temos<br />

absoluta certeza – faria um bem enorme para os serviços<br />

públicos no País.<br />

Muito obriga<strong>da</strong>. Desculpe-me, Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

pela...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – A senhora tem alguma ACF para ven<strong>de</strong>r?<br />

(Risos.)<br />

<strong>Con</strong>cedo a palavra ao nosso Relator, Deputado<br />

José Eduardo Cardozo.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço à nobre Depoente a exposição.<br />

Eu começaria, então, a fazer a primeira pergunta.<br />

In<strong>da</strong>go: quando foi cria<strong>da</strong> a Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Empresas Prestadoras <strong>de</strong> Serviços Postais –Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Suce<strong>de</strong>mos a Febrafranco, que foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1993.<br />

Em 2003, tivemos a fusão <strong>de</strong> duas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s nacionais<br />

que existiam, que eram a Febrafranco e a Anaserco,<br />

e, a partir <strong>de</strong> 2003, a nossa <strong>de</strong>nominação...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Espere só um pouquinho. Vá um pouco mais<br />

<strong>de</strong>vagar, porque, agora, eu me perdi.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A primeira que surgiu foi a Febrafranco?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim, foi a Febrafranco.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Surgiu quando?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Em 1993.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E a Abrapost surgiu quando?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – A<br />

Abrapost surgiu em 2003.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quando surgiu a Abrapost, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir<br />

a Febrafranco?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ela suce<strong>de</strong>u a Febrafranco?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Suce<strong>de</strong>u a Febrafranco.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora disse que <strong>de</strong>pois houve a fusão <strong>de</strong><br />

duas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Quais foram?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Perdão. Eu não entendi.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve a fusão <strong>de</strong> duas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Quais foram?


4990 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Tínhamos uma outra enti<strong>da</strong><strong>de</strong>, que era a Anaserco...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Anaserco?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Anaserco.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Qual a diferença <strong>de</strong>la e <strong>da</strong> Febrafranco?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, as duas <strong>de</strong>fendiam nossos interesses. E, em<br />

qualquer movimento, po<strong>de</strong> haver...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Divisões.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Divisões.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Febrafranco foi sucedi<strong>da</strong> pela Abrapost. E a<br />

Anaserco <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir quando?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Também por volta disso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E foi incorpora<strong>da</strong> à Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. To<strong>da</strong>s as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s passaram a ser congrega<strong>da</strong>s<br />

pela Abrapost nacional.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Hosando Pereira <strong>de</strong> Souza, a senhora<br />

o conhece?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Ele foi Presi<strong>de</strong>nte, por uma gestão, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

Febrafranco.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em 2002? É isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Acho que em 2001, em 2002.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, a Abrapost vem<br />

acompanhando essas questões que resultaram na Lei<br />

nº 9.648 e na Lei nº 10.577. Quer dizer, a Lei nº 9.648<br />

ain<strong>da</strong> não era a Abrapost.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas já na Lei nº 10.577 era a Abrapost.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, a Abrapost passou a existir em 2003 e a lei é<br />

<strong>de</strong> 2001. O projeto <strong>de</strong> lei, se não me engano, era <strong>de</strong><br />

2001 e foi aprovado em 2002.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tem razão a senhora.<br />

A senhora acompanhou a tramitação <strong>de</strong>sses<br />

projetos <strong>de</strong> lei?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, na época eu não fazia parte <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

mas...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vou dizer o porquê. Des<strong>de</strong> a origem, isso tem<br />

uma discussão jurídica, que a senhora bem sabe até,<br />

e não vamos discutir aqui e nem é o caso <strong>de</strong> a CPMI<br />

entrar nessa tertúlia jurídica. Embora a Lei <strong>de</strong> Licitações<br />

tenha surgido em 1993, portanto <strong>de</strong>pois <strong>da</strong>s franquias,<br />

a Lei nº 8.666, e a Lei nº 8.987 tenha surgido em 1995,<br />

no momento <strong>da</strong> outorga <strong>da</strong>s franquias já estava em vigor<br />

a <strong>Con</strong>stituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, cujo artigo 37, em seu<br />

inciso XXI, proclama o princípio <strong>da</strong> licitação. Então, há<br />

quem diga – se eu tivesse que opinar, opinaria <strong>de</strong>ssa<br />

forma – que teria sido necessário fazer essa licitação<br />

na origem. No entanto, optou-se por essa outra situação,<br />

discutível – e, claro, coloque-se também no plano<br />

<strong>da</strong> discussão se essas prorrogações foram constitucionais<br />

ou não –, uma discussão que, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

não cabe a nós nem ao seu <strong>de</strong>poimento. No entanto,<br />

houve, à época, algumas matérias que foram publica<strong>da</strong>s<br />

na imprensa que quero verificar se a senhora conhece<br />

algum fato relacionado a isso ou não.<br />

A revista Carta Capital, em setembro <strong>de</strong> 2005,<br />

fazendo referência a uma matéria que saiu em maio<br />

<strong>de</strong> 2002 no Jornal do Brasil, fala que havia uma notícia<br />

<strong>de</strong> que donos <strong>de</strong> agências dos Correios franquea<strong>da</strong>s<br />

em todo o País estavam arreca<strong>da</strong>ndo dinheiro<br />

para corromper Deputados com o objetivo <strong>de</strong> aprovar<br />

o projeto <strong>de</strong> lei. A senhora teve alguma notícia <strong>de</strong>sse<br />

tipo, se houve alguma arreca<strong>da</strong>ção, algum tipo <strong>de</strong> situação<br />

para convencer, digamos assim, Deputados a<br />

aprovarem esse projeto <strong>de</strong> lei?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, não é do meu conhecimento essa situação. As<br />

informações <strong>de</strong> que eu disponho são <strong>de</strong> que se tratou<br />

<strong>de</strong> uma situação muito individual, isola<strong>da</strong>, e que<br />

na época teria sido, inclusive, apura<strong>da</strong> pelos órgãos<br />

competentes.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que seria individual e isola<strong>da</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– De iniciativa individual. Mas eu não po<strong>de</strong>ria lhe fornecer...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – De alguns franqueados tentando arreca<strong>da</strong>r<br />

dinheiro? É isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Talvez <strong>de</strong> alguma pessoa menciona<strong>da</strong>. Mas<br />

eu não teria, assim, elementos objetivos para trazer<br />

à CPMI.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4991<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve algum inquérito ou a senhora não<br />

sabe?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – As<br />

informações que nós temos são <strong>de</strong> que tinha passado<br />

alguma coisa pela própria...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Corregedoria <strong>da</strong> Câmara.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – ...<br />

pela Corregedoria <strong>da</strong> Câmara. Mas eu não acompanhei<br />

e não tenho acesso à informação.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

A senhora conhece ou saberia me dizer qual é a<br />

maior <strong>da</strong>s franquias dos Correios hoje? A mais rentável<br />

e por isso, costuma-se dizer, a maior.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, a gente não tem acesso aos <strong>da</strong>dos individuais<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s franquias. Isso não é passado. Inclusive,<br />

aqueles <strong>da</strong>dos que eu não forneci com aquelas<br />

“pizzas”...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – “Pizza” não é uma boa referência em comissões<br />

parlamentares <strong>de</strong> inquérito. (Risos.)<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desculpe-me. (Risos.)<br />

Desculpe-me, é gráfico, Excelência. Não houve<br />

nenhuma intenção. Tecnicamente, a gente usa estatisticamente.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Eu estou brincando. Apenas para <strong>de</strong>scontrair.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Mas nós... Aqueles <strong>da</strong>dos mesmo foram fornecidos<br />

não individualmente, mas foram fornecidos “agências<br />

que receberam na faixa <strong>de</strong> tanto a tanto”. Recebemos,<br />

inclusive, há pouco tempo diretamente <strong>da</strong> empresa.<br />

Mas nós não temos a relação nominal com os seus<br />

<strong>de</strong>vidos faturamentos.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A nossa informação é <strong>de</strong> que essa maior é a<br />

ACF Shopping Tamboré, que fica no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo. E o que chamou a atenção a esta Comissão<br />

Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito – eu gostaria que a senhora<br />

comentasse isso – é que, no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s<br />

titulares do Shopping Tamboré – aliás, o outro titular<br />

viria hoje, mas, como já informei, ele está internado<br />

–, ela afirmou que nunca havia entrado na franquia,<br />

embora seja sócia, e que a ren<strong>da</strong> mensal dos dois titulares<br />

seria menor que R$10 mil, o que nos chamou<br />

muito a atenção, o que nos levou à suspeita <strong>de</strong> que<br />

pu<strong>de</strong>ssem ser, digamos assim, os que constam como<br />

proprietários, não os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros proprietários, mas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>quilo que nós chamamos habitualmente <strong>de</strong><br />

“laranjas”.<br />

A senhora tem ciência se existem “laranjas” coman<strong>da</strong>ndo<br />

franquias?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, essa situação que o senhor acaba <strong>de</strong> nos<br />

apresentar é uma situação assim totalmente, eu diria,<br />

excepcional na nossa re<strong>de</strong>. Na nossa re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>,<br />

os proprietários, os empresários titulares <strong>da</strong>s empresas<br />

são, normalmente, titulares que “encostam a<br />

barriga no balcão”, que estão lá dialogando e fazendo<br />

a captação <strong>de</strong> clientes. Então, essa questão <strong>de</strong> ter<br />

titulares que passam – não sei como o senhor disse<br />

– que passam...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – “Laranjas”.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– ... passam na frente <strong>da</strong> agência mas não conhecem<br />

a operação é uma situação extremamente irregular.<br />

Apenas para constar, essa agência, inclusive, não é<br />

nossa associa<strong>da</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – No Shopping Tamboré?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, ela nunca foi e ela não é... Não temos acesso<br />

a <strong>da</strong>dos a respeito <strong>de</strong>ssa agência.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Há muitas agências que não são associa<strong>da</strong>s<br />

à Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. As agências são associa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

estadual e as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s estaduais é que são associa<strong>da</strong>s<br />

à nacional. Eu po<strong>de</strong>ria dizer, por exemplo, <strong>da</strong><br />

associação <strong>de</strong> São Paulo, que eu atualmente presido.<br />

No Estado <strong>de</strong> São Paulo temos 355 ACFs, somando<br />

interior e capital. Das 355, hoje temos ao redor <strong>de</strong> 310<br />

a 312 que são nossas associa<strong>da</strong>s regulares.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Essas que não pertencem à Abrapost são<br />

justamente as maiores franquias?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Algumas sim. Normalmente são... A gente não po<strong>de</strong><br />

dizer se a primeira, a segun<strong>da</strong> ou a décima, mas muitas<br />

<strong>de</strong>las são agências <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Mas temos,<br />

também, agências menores que não fazem parte.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu po<strong>de</strong>ria dizer ou estaria mentindo se dissesse<br />

que as maiores franquias do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo, que são as maiores franquias do País, não pertencem<br />

à Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, algumas <strong>de</strong>las pertencem.


4992 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Algumas <strong>de</strong>las pertencem.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Algumas pertencem, são associa<strong>da</strong>s.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que levaria essas agências a não pertencerem<br />

à Abrapost? Há alguma razão?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, Sr. Relator e Professor Eduardo Cardozo, o<br />

que po<strong>de</strong> acontecer? Quando o nosso grupo se aproximou<br />

mais <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s – nós assumimos<br />

a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> com 140 a 150 <strong>da</strong>quelas 350, e na época<br />

eram umas 360 –, menos <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> eram associa<strong>da</strong>s.<br />

É todo um trabalho. Essa questão do coletivo no<br />

País, do associativismo, é uma questão, muitas vezes,<br />

<strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> conscientização também.<br />

Então existem razões as mais varia<strong>da</strong>s. Mas estamos<br />

tentando conseguir uma a<strong>de</strong>são maior para sermos<br />

mais representativos também. Entretanto, ain<strong>da</strong> não<br />

chegamos a cem por cento <strong>da</strong> re<strong>de</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Voltando a essa questão dos “laranjas”, a senhora<br />

<strong>de</strong>scarta totalmente a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> existirem<br />

“laranjas” coman<strong>da</strong>ndo franquias ou acha que po<strong>de</strong>m<br />

existir, mas em situação excepcional?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, a associação nossa não faz, não tem acesso,<br />

inclusive, ao controle <strong>da</strong>s titulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s agências.<br />

Quem tem esse tipo <strong>de</strong> controle é a própria franqueadora<br />

nossa. Agora, os titulares que costumam freqüentar<br />

nossas reuniões, nossas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, são titulares que<br />

estão à frente do negócio, batalhando e tal. Então, se<br />

existir, <strong>de</strong>ve ser alguma coisa muito excepcional.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

Nós tivemos aqui o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> um titular <strong>da</strong><br />

ACF Anchieta. E após algum trabalho, em alguma confusão<br />

na argüição, ele <strong>de</strong>ixou, digamos assim, confessou<br />

que na ACF <strong>de</strong>le existiam “contratos <strong>de</strong> gaveta”, ou<br />

seja, aqueles contratos firmados entre pessoas sem<br />

que se pu<strong>de</strong>sse, inclusive, se registrar nos Correios. Ele<br />

chega até a falar: “Olha, os contratos são registrados,<br />

mas não nos Correios”. É comum na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong><br />

haver “contratos <strong>de</strong> gaveta”?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, ao que nos consta, não é. Eu trouxe até uma<br />

publicação <strong>de</strong> 94. Nós temos, inclusive, até hoje muitos<br />

dos citados aqui... A publicação chama-se Franchising,<br />

é <strong>da</strong> revista Pequenas Empresas Gran<strong>de</strong>s Negócios,<br />

é <strong>de</strong> 94. E nós temos aqui... Eu não gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

a revista porque é a única que sobrou do meu acervo,<br />

mas se quiserem copiar, está à disposição.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Claro.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –Então,<br />

nós temos aqui, inclusive temos vários franqueados<br />

falando... Até guar<strong>de</strong>i até porque eu estou aqui.<br />

O dia <strong>da</strong> inauguração, por exemplo, <strong>da</strong> minha agência<br />

foi noticiado lá no jornal <strong>de</strong> Perdizes, em São Paulo,<br />

falando e tal. Aqui está falando exatamente <strong>da</strong> questão<br />

<strong>de</strong>... Temos várias publicações, principalmente <strong>de</strong><br />

egressos, <strong>de</strong> PDV, <strong>de</strong> Banco do Brasil e <strong>de</strong> empresas<br />

priva<strong>da</strong>s que se candi<strong>da</strong>taram a ter a sua franquia e<br />

até hoje estão...<br />

Lembrei <strong>de</strong> uma coisa. No início, o próprio Correio<br />

tinha um PDV em vigência no período <strong>de</strong> oferta<br />

<strong>de</strong> franquias. E foi oferecido primeiro para aqueles que<br />

estavam saindo do PDV dos Correios. Poucos se habilitaram<br />

a enfrentar os riscos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial.<br />

Mas nós temos, ain<strong>da</strong> hoje, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992 ou 1993, vários<br />

<strong>de</strong>sses colegas que foram funcionários do Correio<br />

e saíram no PDV.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agora, houve também muitas mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong><br />

titulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, e aí é que surge a suspeita <strong>de</strong> que existam<br />

muitos “contratos <strong>de</strong> gaveta”. Há informações,<br />

boatos – isso foi até comentado por alguns dirigentes<br />

dos Correios –, não como provas, mas como boatos,<br />

<strong>de</strong> que existem políticos por trás <strong>de</strong> várias <strong>da</strong>s franquea<strong>da</strong>s,<br />

e essa seria a razão pela qual se teria certos<br />

“contratos <strong>de</strong> gaveta” e alguns “laranjas”. A senhora<br />

tem ciência se existem políticos por trás <strong>de</strong> algumas<br />

agências franquea<strong>da</strong>s?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Essa é uma situação com que a gente não se<br />

<strong>de</strong>frontou. Eventualmente, po<strong>de</strong> ter algum familiar <strong>de</strong><br />

alguém que po<strong>de</strong> nem ter sido político na época, quinze<br />

anos atrás, mas são pessoas que estão lá, com a “barriga<br />

no balcão”, tocando agências, e eu não acredito<br />

que sejam “laranjas” <strong>de</strong> político nenhum. São pessoas<br />

que estão trabalhando.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E os “contratos <strong>de</strong> gaveta”? A senhora não<br />

tem ciência <strong>de</strong> “contratos <strong>de</strong> gaveta”?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não, eu não tenho... Em termos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, a gente<br />

não tem acesso a esse tipo <strong>de</strong> documentação.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Mas não somos favoráveis à existência <strong>de</strong>sse tipo<br />

<strong>de</strong> situação. Nós queremos que se preserve a própria<br />

saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4993<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora chegou a falar <strong>de</strong> parentes <strong>de</strong> políticos.<br />

A senhora lembra <strong>de</strong> algum?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, <strong>de</strong> cabeça, não. Mas assim como o parente <strong>de</strong><br />

político po<strong>de</strong> ter um posto <strong>de</strong> gasolina, po<strong>de</strong> ter uma<br />

lotérica, po<strong>de</strong>ria ter também uma agência <strong>de</strong> correio.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não teria nenhum problema, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não<br />

tivesse usado a influência política para passar para o<br />

parente a franquia. No caso do posto <strong>de</strong> gasolina, não é<br />

uma concessão, não é um serviço público do ponto <strong>de</strong><br />

vista <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>legação do Po<strong>de</strong>r Público para realizála;<br />

no caso <strong>da</strong> franquia, sim. Então, se um Parlamentar<br />

utiliza sua ação política para obter uma vantagem para<br />

os seus parentes, isso já qualificaria uma situação, eu<br />

diria, bastante complica<strong>da</strong> em face <strong>da</strong> lei. Esta é a razão<br />

pela qual nós estamos investigando isso.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Está certo.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O atual Presi<strong>de</strong>nte dos Correios suspen<strong>de</strong>u<br />

a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, exatamente por força, talvez,<br />

<strong>de</strong> alguma suspeição nesses procedimentos. A<br />

senhora tem alguma informação sobre isso? Acha<br />

que foi razoável ter tomado essa medi<strong>da</strong>? Como a<br />

senhora comentaria essa <strong>de</strong>cisão do atual Presi<strong>de</strong>nte<br />

dos Correios?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Bom, nós recebemos, em setembro, uma comunicação<br />

<strong>de</strong> que haveria uma suspensão, por cento e vinte<br />

dias, para que fossem estu<strong>da</strong>dos novos procedimentos,<br />

novos critérios para efetuar. Agora, é uma situação...<br />

Não sei até que ponto se encontra um amparo legal<br />

porque transferências <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong> são <strong>de</strong> empresas.<br />

Então, se um sócio morre, como fica a situação em<br />

relação aos seus sucessores? Existem ene situações<br />

que envolvem a questão <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Como em qualquer empresa, acho que temos o direito,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a franqueadora concor<strong>de</strong> e aprove, eu<br />

acho que é direito nosso po<strong>de</strong>r solicitar essa questão<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong>. Muitas vezes há uma<br />

<strong>de</strong>sinteligência entre os próprios sócios em que não<br />

é possível permanecer ambos à frente. Então, como<br />

é que faz?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que é exatamente o problema, porque na<br />

ACF Anchieta se revelam contratos <strong>de</strong> gaveta não<br />

colocados frente aos Correios. E, na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o<br />

<strong>de</strong>poente diz que é muito comum ter contratos <strong>de</strong> gaveta<br />

na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, ao que nos consta não é comum este tipo <strong>de</strong><br />

situação.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sr. Presi<strong>de</strong>nte, se algum dos Deputados quiser<br />

fazer suas perguntas agora, já que tenho, até por função<br />

natural, uma série <strong>de</strong> perguntas a fazer, colocaria<br />

a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> aos Srs. Deputados e iria alternando<br />

as perguntas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Onyx Lorenzoni. PFL – RS)<br />

– Próximo orador inscrito, pela or<strong>de</strong>m, Deputado Murilo<br />

Zauith, a quem concedo a palavra por <strong>de</strong>z minutos.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Obrigado,<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte. Srª Emily Yamashita, que é presi<strong>de</strong>nte<br />

do <strong>Con</strong>selho <strong>da</strong> Abrapost, que <strong>de</strong>tém as franquias dos<br />

Correios do nosso País, qual é a maior preocupação,<br />

hoje, dos franqueados?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Já<br />

posso ir respon<strong>de</strong>ndo? A maior preocupação nossa é<br />

com a incerteza em relação ao futuro <strong>da</strong>s nossas empresas<br />

em 2007. Em 2007, conforme apresentamos,<br />

é o prazo para a vigência dos nossos contratos que<br />

foram prorrogados.<br />

Para qualquer empresário, acho que é ruim inclusive<br />

para a própria empresa, essa incerteza em relação<br />

às perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isso<br />

cerceia investimentos, melhorias, cerceia... Acho que<br />

essa é a preocupação maior.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Na lei<br />

que administra as franquias no País, as senhoras têm<br />

a franquia dos Correios. Mas existem vários tipos <strong>de</strong><br />

franquias em empresas priva<strong>da</strong>s. O mesmo tipo <strong>de</strong><br />

franquia <strong>de</strong> empresa priva<strong>da</strong> é a que existe hoje com a<br />

ECT? Existe essa insegurança no mercado para qualquer<br />

franqueado em qualquer tipo <strong>de</strong> serviço?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não. Isso não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Inclusive, existem contratos<br />

extensos. Outros nem fixam o prazo para encerramento<br />

<strong>da</strong> loja franquea<strong>da</strong>. E a re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong> dos Correios,<br />

em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, é a terceira maior re<strong>de</strong> <strong>de</strong> franquias<br />

do País, atrás apenas do Boticário e <strong>da</strong> Kumon. Mas<br />

é a maior receita <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s elas.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Gostaria<br />

<strong>da</strong> participação do José Eduardo como jurista. Estou<br />

dizendo a ela, Deputado José Eduardo, que esse<br />

contrato que os Correios têm com os franqueados é<br />

baseado na Lei <strong>de</strong> Franquia. Gostaria <strong>de</strong> saber se é<br />

igual ao <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong> ou <strong>de</strong>veria ser, porque ela<br />

é uma empresa priva<strong>da</strong> que não vai respeitar uma lei<br />

nacional <strong>de</strong> franqueados. Então, gostaria que V. Exª<br />

participasse nesse sentido.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Po<strong>de</strong>r Público, às vezes, tem algumas es-


4994 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

pecifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s, Deputado Murilo Zauith, que <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s. Uma <strong>de</strong>las é essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> licitação<br />

que o mundo privado não tem. Ou seja, há algumas<br />

características. Essa é uma questão que vamos ter que<br />

refletir bastante, nesta Comissão, quando chegarmos<br />

à parte propositiva, isto é, quando formos propor mu<strong>da</strong>nças<br />

para o futuro. Há notícias que temos, inclusive,<br />

projetos <strong>de</strong> lei tentando mu<strong>da</strong>r essa relação. Portanto,<br />

temos que nos <strong>de</strong>bruçar sobre essa questão, captar as<br />

informações que nos dão aqueles que têm experiência<br />

e verificarmos até que ponto essa legislação tem que<br />

ser estritamente a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> àquilo que acontece no<br />

mundo privado ou se temos que fazer algumas inovações<br />

que assegurem mais o interesse público.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – A preocupação<br />

maior dos senhores é investimento e vencer o<br />

contrato que <strong>de</strong>tém com os Correios. Então, se vencer<br />

esse contrato e não houver uma discussão maior no<br />

<strong>Con</strong>gresso Nacional, encerra-se esse serviço?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Gostaríamos muito <strong>de</strong> contar com o conhecimento,<br />

a expertise <strong>de</strong> V. Exªs para que... Inclusive, colocamonos<br />

à disposição para fornecer subsídios para estu<strong>da</strong>r<br />

a questão. Seria fun<strong>da</strong>mental esse tipo <strong>de</strong> busca <strong>de</strong><br />

uma solução. Para nós também é totalmente <strong>de</strong>sconfortável<br />

essa incerteza.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – A senhora<br />

tem <strong>de</strong>sconforto, hoje, como presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Associação,<br />

com alguns franqueados que não fazem parte<br />

<strong>da</strong> Associação e têm um comportamento adverso dos<br />

princípios que a Associação procura ter?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Certamente. A Associação não aprova irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

O maior bem que temos...<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Existem<br />

franqueados que não fazem parte <strong>da</strong> Associação e<br />

que trazem incômodos?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> bater por regras gerais, claras e que<br />

todos cumprissem, porque isso aju<strong>da</strong> a preservar a<br />

própria marca. O maior bem que uma empresa franquea<strong>da</strong><br />

po<strong>de</strong> ter é uma marca forte, saudável. E nós,<br />

que representamos a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s agências,<br />

queremos cumprimento <strong>de</strong> regras claras. Somos a favor<br />

<strong>de</strong> que se houver irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sejam apura<strong>da</strong>s<br />

e sejam aplica<strong>da</strong>s as sanções contratuais.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – O franqueado<br />

dos Correios, na sua loja, só po<strong>de</strong> ter serviços dos<br />

Correios ou po<strong>de</strong> ter outros tipos <strong>de</strong> serviços?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não. Como pré-requisito, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, foi exigido<br />

que tivéssemos um outro comércio para po<strong>de</strong>r instalar.<br />

Mas em 1993 já foi exigido que extinguíssemos aquele<br />

negócio original.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Hoje é<br />

exclusivo?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Hoje praticamente é exclusivo. Mas os Correios vêm<br />

permitindo alguma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> complementar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

não ocupe a mesma área do serviço postal, tipo papelaria,<br />

por exemplo.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Os Correios,<br />

hoje, <strong>de</strong>têm o monopólio, no País, <strong>da</strong> postagem<br />

e do telegrama. Isso é monopólio dos Correios?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Mas isso vem sendo sistematicamente quebrado pela<br />

concorrência, até em função <strong>da</strong>queles conceitos...<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Mas quando<br />

a senhora fala em concorrência é só serviço <strong>de</strong><br />

carga...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. De correspondência, porque...<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – ... que<br />

concorre hoje. Quem concorre hoje com os Correios<br />

na postagem, na ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> selos e telegramas?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Excelência,<br />

ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> selos e telegramas é exclusivo dos<br />

Correios, mas a maior parte dos serviços...<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Os senhores<br />

não po<strong>de</strong>m fazer telegramas?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Po<strong>de</strong>mos captar o telegrama...<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Essa exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos Correios também é transferi<strong>da</strong> aos<br />

senhores?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Também é transferi<strong>da</strong>. Nós captamos o telegrama,<br />

transmitimos para as centrais dos Correios, que se<br />

encarregam <strong>de</strong> fazer a distribuição.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – E a senhora<br />

po<strong>de</strong> ter esse serviço <strong>de</strong> postagem, quer dizer,<br />

usar uma parte dos Correios e se quiser fazer serviço<br />

<strong>de</strong> carga também po<strong>de</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Mas sem transportar pelo Correio?<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Sim.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Isso seria uma prática <strong>de</strong>sleal <strong>de</strong> concorrência e é<br />

puni<strong>da</strong>, inclusive, contratualmente, com o <strong>de</strong>scre<strong>de</strong>nciamento.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – A senhora<br />

é exclusiva dos Correios? Então não po<strong>de</strong> fazer os<br />

serviços que eles têm em paralelo?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. De forma nenhuma.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4995<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Para fazer<br />

os serviços que os Correios oferecem, tem que fazer<br />

conjuntamente?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Temos que ser exclusivos e é passível <strong>de</strong> <strong>de</strong>scre<strong>de</strong>nciamento<br />

qualquer um que venha a praticar<br />

uma concorrência... Seria uma concorrência com os<br />

próprios Correios.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL – MS) – Já estou<br />

satisfeito, Sr. Presi<strong>de</strong>nte. Obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – O próximo orador inscrito é o Deputado Pompeo<br />

<strong>de</strong> Mattos, a quem concedo a palavra.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Damos<br />

tempo ao tempo para que com tempo tenha tempo<br />

e eles não percam tempo. Chegou meu tempo.<br />

Quero cumprimentar nosso Presi<strong>de</strong>nte, Deputado<br />

Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá; nosso Relator, Deputado<br />

José Eduardo Cardozo; e cumprimentar também a Srª<br />

Emily Sonia Fuku<strong>da</strong> Yamashita, japonesa, e todos os<br />

colegas Parlamentares. Em primeiro lugar, gostaria <strong>de</strong><br />

dizer que essa questão <strong>da</strong>s franquias – razão pela qual<br />

V. Sª está aqui presente. Aliás, quem lhe acompanha<br />

é um advogado. Não sei se o Deputado Arnaldo Faria<br />

<strong>de</strong> Sá perguntou o nome do advogado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – O Relator já havia perguntado.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Essa<br />

é a primeira pergunta do Deputado Arnaldo Faria <strong>de</strong><br />

Sá.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Estou presidindo e não...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Estou<br />

secun<strong>da</strong>ndo... Ele está light; quando presi<strong>de</strong> está<br />

light. Então é colega, é um advogado que está em sua<br />

companhia.<br />

Veja bem, Srª Emily, a senhora está aqui exatamente<br />

por todo esse questionamento que se faz em<br />

função <strong>da</strong>s franquias. Absolutamente não há uma acusação<br />

grave, não há um fato relevante, não há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um indiciamento. Muito pelo contrário, queremos<br />

compreen<strong>de</strong>r to<strong>da</strong> essa situação que ocorre,<br />

até para que fique claro, porque algumas pessoas que<br />

sentaram nessa mesma ca<strong>de</strong>ira não falavam a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

distorciam, escapavam, não sabiam, silenciavam-se,<br />

negavam-se a respon<strong>de</strong>r, etc. Então, o que queremos<br />

<strong>da</strong> senhora é exatamente as informações <strong>de</strong> quem é<br />

do setor, vive o setor e, naturalmente, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os interesses<br />

do setor, porque é uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> representativa,<br />

mas para que possamos fazer uma leitura clara<br />

e completa do setor. E isso porque aí já se sentaram<br />

pessoas liga<strong>da</strong>s às ACFs que não tinham a altura que<br />

a senhora tem, <strong>de</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e que estavam<br />

dirigindo ACFs como laranjas, enfim, sendo usados<br />

como laranjas, às vezes sendo a própria laranja, enfim,<br />

pessoas que não tinham a ACF em seu nome, que tinham<br />

contratos <strong>de</strong> gaveta, e as ACFs, não por acaso,<br />

milionárias, as mais ricas.<br />

Então, tudo isso criou uma imagem negativa em<br />

relação às franquias, que passaram a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

como gran<strong>de</strong>s esquemas que estavam sendo montados.<br />

Passavam a impressão <strong>de</strong> serem caixa dois dos<br />

Correios, quando sabemos – e tenho essa leitura bem<br />

clara – que não é isso.<br />

Obviamente que em to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> há <strong>de</strong>scaminhos,<br />

há pessoas que não estão com as melhores intenções,<br />

com as melhores práticas, as melhores ações.<br />

Por isso, queremos estabelecer o equilíbrio para ter<br />

uma leitura bem clara do que é uma ACF, do que é<br />

uma franquia, como funciona, a sua capilari<strong>da</strong><strong>de</strong>, a sua<br />

atuação, o seu atendimento, as suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, enfim,<br />

a sua amplitu<strong>de</strong>, até porque temos algumas questões<br />

que <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong>s pelo <strong>Con</strong>gresso Nacional<br />

no futuro, e uma <strong>de</strong>las é exatamente a continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ou não <strong>da</strong>s franquias. E se continuarem, qual será a<br />

mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong>s franquias a partir <strong>de</strong> então. Temos,<br />

portanto, que aprofun<strong>da</strong>r bem essas questões.<br />

Sobre isso gostaria <strong>de</strong> fazer algumas perguntas<br />

preliminares. A senhora presi<strong>de</strong> também a associação<br />

<strong>da</strong>s franquias <strong>de</strong> São Paulo, além <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> associação nacional.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Sim. Sou presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Diretoria Executiva <strong>da</strong> Abrapost<br />

<strong>de</strong> São Paulo e do <strong>Con</strong>selho Deliberativo <strong>da</strong> Abrapost<br />

nacional, composto pelos presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

estaduais.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Perfeito.<br />

Não sei se a senhora percebeu, pelo menos eu<br />

tenho esta leitura, que os maiores problemas <strong>de</strong> ACFs<br />

estão em São Paulo.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Será que as melhores soluções também não?<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – O<br />

que a senhora falou?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desculpe, Deputado.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Não.<br />

Os problemas que se constataram aqui foram exatamente<br />

em... batem sempre em São Paulo. Outros colegas,<br />

<strong>de</strong> outros Estados, dizem que nos seus respectivos<br />

Estados funcionam bem. Tive, por conta disso,<br />

um encontro com as franquias do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />

até para ter uma leitura...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – É que mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> está em São Paulo, então<br />

os problemas também estão na mesma proporção.


4996 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Mas<br />

vemos que há algumas coisas que causaram impressão,<br />

por exemplo, <strong>de</strong> migração, <strong>de</strong> transferência, as<br />

mais ricas estão lá, as <strong>de</strong> maior volume estão em São<br />

Paulo, e exatamente na sua área. Então, pergunto: <strong>da</strong>s<br />

vinte maiores franquea<strong>da</strong>s, a senhora tem uma noção...<br />

A senhora tem uma franquia, não é? Além <strong>de</strong> ter uma<br />

franquia, é presi<strong>de</strong>nte...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – ...<strong>da</strong>s<br />

franquea<strong>da</strong>s <strong>de</strong> São Paulo e nacional, então a senhora<br />

tem uma leitura... ain<strong>da</strong> que a senhora não tenha... a<br />

senhora diz: não sei bem...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Deputado, ela não é presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Associação<br />

Nacional, só <strong>da</strong> Associação Regional.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Da<br />

Nacional também.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Da<br />

Nacional também.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Do<br />

<strong>Con</strong>selho Deliberativo...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Das<br />

duas. Aliás, ela está aqui em função...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Do<br />

<strong>Con</strong>selho Deliberativo <strong>da</strong> nacional...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – ...<br />

<strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> nacional.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Do<br />

<strong>Con</strong>selho Deliberativo...<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Do <strong>Con</strong>selho Deliberativo.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Mas<br />

é o que representa... É a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional <strong>da</strong>s franquias.<br />

A senhora já não tem o balanço aqui... Enfim,<br />

não sei qual é o melhor, mas, pelo seu conhecimento,<br />

pela sua vivência, a senhora tem noção <strong>de</strong> quais as<br />

maiores franquias – a senhora po<strong>de</strong> não saber os números<br />

exatos, mas tem visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> –, então, <strong>da</strong>s vinte<br />

maiores franquias <strong>de</strong> São Paulo, quantas são filia<strong>da</strong>s<br />

à Associação dos Franqueados <strong>de</strong> São Paulo?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Excelência, até por eu não ter a relação do “rankiamento”,<br />

fica complicado eu discriminar. Não sabendo<br />

exatamente quais são as vinte, acho que eu cometeria<br />

uma imprecisão. Mas, certamente, talvez a meta<strong>de</strong><br />

seja. Eu precisaria ter um “rankiamento” para dizer que<br />

está é associa<strong>da</strong>, está não é.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Eu<br />

vou dizer por que faço esse questionamento. Pelo que<br />

eu senti, pelo que <strong>de</strong>preendi <strong>de</strong> sua manifestação anterior<br />

e pelo que eu tenho aprendido em relação a fran-<br />

quias – não é uma máxima, mas é um entendimento,<br />

talvez empírico –, quem está na Associação está no<br />

batente, está na luta, no dia-a-dia, está no balcão, é<br />

interessado, vai à luta, enfim, está preocupado; e aqueles<br />

que não estão na Associação estão em um outro<br />

jogo, o que, inclusive, lhe dá mais autori<strong>da</strong><strong>de</strong>. Alguns<br />

não estão na Associação e já nem vão lá, são outra<br />

coisa, o que dá mais respeito a sua enti<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Abrapost,<br />

em São Paulo. Então, o pessoal sequer se mistura,<br />

porque o negócio <strong>de</strong>les é outro. Fico imaginando<br />

como alguém que é laranja vai à Associação!<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, não vai. Nem é permitido entrar. A não ser que<br />

comprove.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Po<strong>de</strong><br />

entrar, sem que saibam, mas <strong>da</strong>qui a pouco acabam<br />

<strong>de</strong>scobrindo. Então, a CPMI tem que colocar os olhos<br />

nesses que não estão na Associação para vermos o<br />

porquê <strong>de</strong> eles não estarem associados, especialmente<br />

esses gran<strong>de</strong>s. Por que não estão associados? Não<br />

estão na sua enti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> classe lutando, lá, pela sua<br />

própria classe para moralizar, para colocar or<strong>de</strong>m, para<br />

reivindicar, para bem encaminhar as questões, para<br />

ter algo organizado, representativo? Essa é a minha<br />

primeira preocupação. Inclusive acho que a senhora<br />

também <strong>de</strong>veria ter essa preocupação para não <strong>de</strong>ixar<br />

que alguns, que nem são, digamos assim, seus aliados,<br />

mas que estão no setor, acabem por manchar a<br />

imagem <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> sem a ela pertencerem, acabem<br />

manchando o nome do setor, <strong>de</strong>le participando e não<br />

colaborando com a enti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

(O Presi<strong>de</strong>nte faz soar a campainha)<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Que<br />

coisa violenta, tchê!<br />

Quando vencem as franquias?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Em<br />

novembro <strong>de</strong> 2007.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Pela<br />

sua experiência, o que a senhora po<strong>de</strong>ria sugerir para<br />

esta CPMI, diante do fato <strong>de</strong> a senhora ser uma dirigente<br />

nacional, ser uma franquea<strong>da</strong>, e sabendo que<br />

esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> franquia <strong>de</strong> “<strong>da</strong>r para quem quer” está<br />

vencido, ultrapassado – a Lei nº 8.666 não vai mais<br />

permitir essa questão <strong>da</strong>s trocas <strong>de</strong> franquias com<br />

contratos <strong>de</strong> gavetas –, não dá mais para “tapar o sol<br />

com o peneira”? Qual é a sua sugestão?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nós acreditamos muito na viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Está provado<br />

que é viável e que viabilizou a própria auto-sustentação<br />

<strong>da</strong> nossa franqueadora, a ECT, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> franquia. O<br />

franqueador preserva o controle <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, preserva<br />

a marca, não investe, os riscos são todos do franqueado.<br />

Então, nós achamos que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> franquia


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4997<br />

po<strong>de</strong>ria merecer uma atenção, especialmente a <strong>de</strong> V.<br />

Exªs, aqui no <strong>Con</strong>gresso, para verificarem se não seria<br />

o caso <strong>de</strong> se pensar na franquia não só para nós,<br />

mas como mo<strong>de</strong>lo até para movimentar as economias<br />

locais, nos Estados e nos Municípios. Acreditamos, e<br />

até ofereceríamos subsídios, se necessários, e nos<br />

enquadraríamos nesse mo<strong>de</strong>lo futuro a ser <strong>de</strong>finido.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Em<br />

primeiro lugar, quero sou a favor <strong>da</strong> franquia. Não tenho<br />

por que “ficar tapando o sol com a peneira”. Sou<br />

a favor por achar que é uma mo<strong>de</strong>lagem boa para que<br />

uma empresa pública tenha capilari<strong>da</strong><strong>de</strong> e agili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

que tenha o braço longo <strong>da</strong> companhia estendido nos<br />

mais diferentes espaços, com um trabalho <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

com clientes fi<strong>de</strong>lizados, enfim, estou <strong>de</strong> acordo<br />

com tudo isso que a senhora disse. Inclusive vou<br />

brigar, aqui na CPMI, para que nós construamos um<br />

relatório no sentido <strong>de</strong> apontar um caminho para as<br />

franquias. Mas quero que possamos sinalizar esse caminho<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já. Partindo do princípio que as franquias<br />

vão continuar – na minha concepção, eu quero que<br />

elas continuem –, mas, do jeito que está, não po<strong>de</strong>m<br />

ficar. <strong>Con</strong>trato <strong>de</strong> gaveta nunca foi permitido e agora<br />

vai ser <strong>de</strong>smascarado, vamos dizer assim. Quanto à<br />

questão <strong>da</strong>s franquias por QI – quem indica –, também<br />

não dá, portanto, vai ter <strong>de</strong> haver licitação. A senhora<br />

concor<strong>da</strong> que haja uma licitação? A senhora acha que<br />

há mecanismos? Teria como <strong>da</strong>r uma contribuição para<br />

a formatação do sistema licitatório para uma franquia?<br />

Vocês teriam como contribuir para isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nós nos colocamos à disposição para cooperarmos,<br />

para estu<strong>da</strong>rmos e para colocarmos à disposição estudos<br />

e pareceres que já tenhamos feito. Gostaríamos <strong>de</strong><br />

cooperar não só para o nosso segmento, mas porque<br />

acreditamos no mo<strong>de</strong>lo.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, para concluir, porque o meu tempo já se<br />

esgotou.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Faz tempo, mas eu fui complacente com V.<br />

Exª.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Paciência<br />

<strong>de</strong> Jó. Depois V. Exª me dá um mate. Enquanto<br />

falar, eu tomo um “amargo-doce que sorvo, não beijo<br />

em lábios <strong>de</strong> prata que tem o perfume <strong>da</strong> mata molhado<br />

pelo sereno”. Para nós, gaúchos, “a cuia é como<br />

um seio moreno que passa <strong>de</strong> mão em mão e que<br />

traduz, no chimarrão, em nossa simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, a velha<br />

hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> gente do meu rincão, lá do meu Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul”.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – EmprestE o chimarrão para S. Exª.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, parabenizo a Srª Emily pela sua participação.<br />

Acho que é uma contribuição importante esses<br />

documentos ficarem aqui, porque vão corroborar com<br />

os trabalhos <strong>de</strong>sta CPMI. Quero fazer um pedido à senhora<br />

– imagino que a senhora tenha uma assessoria<br />

jurídica –: que essa assessoria possa trazer ain<strong>da</strong>, eu<br />

me disponho a receber, assim como outros colegas<br />

também, um documento no sentido <strong>de</strong> criar uma alternativa<br />

<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> como seriam as franquias<br />

<strong>da</strong>qui para frente, observando o ponto <strong>de</strong> vista do franqueado<br />

– eu sei que vocês vão olhar do ponto <strong>de</strong> vista<br />

do franqueado –, sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> transparência<br />

pública, do preenchimento <strong>da</strong> Lei nº 8.666, <strong>da</strong> questão<br />

<strong>da</strong> licitação, <strong>da</strong> juridici<strong>da</strong><strong>de</strong>, enfim, todos aqueles<br />

requisitos que a lei exige, para termos uma noção <strong>de</strong><br />

encaminhamento, porque é importante que eu tenha<br />

essa leitura no relatório <strong>da</strong> CPMI. “Quem madruga,<br />

Deus aju<strong>da</strong>”; “boi lerdo bebe água suja, e quem chega<br />

primeiro à fonte bebe <strong>da</strong> melhor água”. Não dá para<br />

esperar o dia <strong>da</strong> renovação para ver o que se vai fazer.<br />

As coisas têm <strong>de</strong> ser encaminha<strong>da</strong>s a tempo. Então,<br />

penso que esse trabalho cabe a vocês também, e eu<br />

estou disposto a recebê-lo e a contribuir com a CPMI<br />

no sentido <strong>de</strong> oferecer uma sugestão prática e objetiva<br />

para <strong>da</strong>rmos segmento a esse trabalho.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Peço a liberação <strong>da</strong> antepenúltima fileira, para<br />

que as pessoas que estão em pé possam ocupá-la.<br />

Tem a palavra a Srª Emily Sonia Fuku<strong>da</strong> Yamashita.<br />

A SRª EMYLI SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Meus respeitos pela visão e pela preocupação <strong>de</strong><br />

V. Exª.<br />

Para esclarecer, no Ministério <strong>da</strong> Indústria e Comércio<br />

há um projeto formulado por várias enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Franchising, além <strong>de</strong><br />

várias re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> franquias e vários Ministérios que têm<br />

experiências similares, e que participaram <strong>da</strong> elaboração<br />

<strong>de</strong> um anteprojeto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> franquia, alterando<br />

a lei existente. Nesse anteprojeto, que ain<strong>da</strong> não veio<br />

para cá, mas está sendo proposto, inclusive em um<br />

dos artigos se contempla a implantação ou a adoção<br />

do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> franquia pelas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Administração<br />

Pública, respeitando os preceitos constitucionais<br />

<strong>de</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong>, publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, enfim, to<strong>da</strong>s essas preocupações<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>da</strong>s por V. Exª. Então, talvez fosse<br />

interessante que o próprio Ministério <strong>da</strong> Indústria e do<br />

Comércio também pu<strong>de</strong>sse...<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Se<br />

a senhora tiver cópia <strong>de</strong>sse anteprojeto, por favor, faça<br />

com que ele chegue a minha mão.


4998 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nós o encaminharemos, com certeza.<br />

Muito obriga<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – <strong>Con</strong>cedo a palavra ao Deputado Onyx Lorenzoni.<br />

V. Exª dispõe <strong>de</strong> 10 minutos.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – A senhora<br />

apresentou um sli<strong>de</strong> que me chamou a atenção.<br />

Acompanho a luta dos franqueados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000. À época,<br />

eu era Deputado Estadual, e o Deputado Pompeu<br />

<strong>de</strong> Mattos também, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então acompanhamos a<br />

luta dos franqueados, porque, em um <strong>da</strong>do momento<br />

– isso é importante ficar registrado nos Anais –, se estabelece<br />

uma luta que é completamente i<strong>de</strong>ológica e<br />

ultrapassa<strong>da</strong>. A participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

públicas é algo que não se discute mais em lugar<br />

nenhum do mundo <strong>de</strong>mocrático, inclusive em países<br />

<strong>de</strong> corte socialista, ou com partidos que estejam no<br />

po<strong>de</strong>r e tenham esse corte. Por quê? Porque, mesmo<br />

no monopólio público, a participação em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

áreas <strong>da</strong> ação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é absolutamente dispensável,<br />

até no balizamento, no regramento e na limpeza<br />

do monopólio quando público. Portanto, quero <strong>de</strong>ixar<br />

claro que nós não vamos permitir que se reabra aqui<br />

a discussão para acabar com o sistema <strong>de</strong> franqueamento<br />

nos Correios, por mais que algumas pessoas<br />

pensem que isso seja possível. Se há problemas, nós<br />

vamos trabalhar para resolvê-los, agora, retroce<strong>de</strong>r é<br />

impensável por conta <strong>de</strong> que há, hoje, uma re<strong>de</strong> que<br />

não é a <strong>da</strong> franquia <strong>de</strong> que eu vou falar. Que País é<br />

este e que sistema maravilhoso e perfeito é este <strong>de</strong><br />

monopólio, que tem 17 mil empresas concorrendo com<br />

1,2 milhões <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalhos criados? Quem está<br />

certo? É a ECT e seus problemas ou é a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que se organiza para superar aquilo que o ente estatal<br />

não é capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r? Portanto, acho que não há<br />

uma coisa nem outra.<br />

Sr. Presi<strong>de</strong>nte, faço essa preliminar por enten<strong>de</strong>r<br />

fun<strong>da</strong>mental o trabalho coor<strong>de</strong>nado pelo Deputado<br />

José Eduardo Cardozo no sentido <strong>de</strong> se buscar a higi<strong>de</strong>z<br />

do sistema, a correção. Brevemente teremos que<br />

discutir como o sistema vai se reorganizar, como se<br />

garantirá o direito que está adquirido, na minha visão,<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> empresas no Brasil, como se agregarão<br />

as novas. Agora, quero dizer aqui, em alto e bom<br />

som, que muitas vozes vão se erguer na preservação<br />

<strong>de</strong> uma participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que, a meu ver, é<br />

imprescindível no setor público.<br />

Dito isso, gostaria <strong>de</strong> fazer alguns questionamentos<br />

que me intrigam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o Sr. Maurício Marinho<br />

começou todo esse imbróglio lá nos Correios. Há algumas<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>de</strong>le que V. Sª po<strong>de</strong>ria nos aju<strong>da</strong>r a<br />

eluci<strong>da</strong>r, do ponto <strong>de</strong> vista conceitual, <strong>de</strong> operação, e<br />

algumas leituras técnicas que ele fez com um interesse.<br />

Eu gostaria <strong>de</strong> conhecer a sua opinião.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Pois não.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Nas várias<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo Sr. Maurício Marinho, e ele<br />

é a base por on<strong>de</strong> se iniciam as nossas investigações,<br />

lá pelas tantas, ele diz que estima em R$4,5 milhões<br />

a R$5 milhões mensais a sonegação <strong>de</strong> receitas dos<br />

Correios, consoante informações oficiais <strong>da</strong> própria<br />

ECT. Mais adiante ele diz: “As estimativas <strong>de</strong> sonegação<br />

seriam <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente R$1 milhão/ano”.<br />

E afirma, ain<strong>da</strong>, que o faturamento oficial <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

agências franquea<strong>da</strong>s gira em torno <strong>de</strong> R$2 bilhões,<br />

dos quais R$600 milhões pertencem às franquea<strong>da</strong>s<br />

a título <strong>de</strong> comissão.<br />

A senhora acha que o Sr. Maurício Marinho fala<br />

a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>? Se a senhora acha que sim, por quê? Se<br />

a senhora acha que não, por quê?<br />

A senhora po<strong>de</strong>ria explicar como se dá o repasse<br />

<strong>da</strong> comissão <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> às franquea<strong>da</strong>s? Esse número <strong>de</strong><br />

R$2 bilhões <strong>de</strong> faturamento é mais ou menos o que<br />

é mesmo? E esses R$600 milhões é o valor que vai<br />

para as franquea<strong>da</strong>s? Esse recurso recebido é limpo<br />

ou é o bruto e tem que aten<strong>de</strong>r a to<strong>da</strong> a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

infra-estrutura dos franqueados?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Em<br />

relação aos números, em 2004 – o senhor po<strong>de</strong> encontrar<br />

em um dos gráficos –, o faturamento que trouxemos<br />

para a empresa, especialmente carreado no segmento<br />

concorrencial, foi <strong>de</strong> R$2 bilhões, e a comissão que as<br />

nossas empresas auferiram totalizou R$588 milhões.<br />

O resultado, o saldo credor <strong>da</strong> nossa operação para a<br />

empresa foi em torno <strong>de</strong> R$1,5 bilhão.<br />

Em relação ao que o senhor está dizendo, não conhecemos<br />

pessoalmente Maurício Marinho, até porque<br />

as nossas interlocuções são feitas muito mais numa<br />

diretoria diferente. Não temos participação alguma em<br />

diretorias <strong>de</strong> administração, <strong>de</strong> recursos humanos ou<br />

financeira. Nossas tratativas são sempre com a diretoria<br />

comercial. Em momento algum tivemos interlocução<br />

com ele. Não sei se ele tem algum tipo <strong>de</strong> acesso, se<br />

a área <strong>de</strong>le lhe permite falar com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as<br />

questões que afetam a relação nossa com a empresa.<br />

Agora, muito nos assustou a todos, porque o diálogo e<br />

o trabalho cotidiano que temos com o quadro <strong>de</strong> funcionários<br />

<strong>da</strong> ECT não são com funcionários com esse<br />

perfil; são funcionários que estão lá labutando, juntamente<br />

com os nossos 20 mil funcionários. Os 108 mil<br />

funcionários ecetistas com quem trabalhamos todos<br />

os dias do ano são funcionários que realmente estão<br />

lá batalhando, trabalhando para fazer cumprir os pa-


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 4999<br />

drões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> eficiência. E nunca tivemos<br />

esse tipo <strong>de</strong> interlocução com quem quer que seja<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> empresa.<br />

A avaliação nossa foi um pouco <strong>de</strong> espanto e <strong>de</strong><br />

dor, <strong>de</strong> muita dor, <strong>de</strong> saber que a empresa pela qual<br />

lutamos todos os dias, cuja ban<strong>de</strong>ira abraçamos com<br />

muito orgulho, pu<strong>de</strong>sse ter situações como essa. Mas<br />

é uma situação que <strong>de</strong> forma nenhuma é o perfil dos<br />

funcionários <strong>da</strong> ECT. Aliás, é uma organização que<br />

foi remo<strong>de</strong>la<strong>da</strong> pelo regime militar e, culturalmente, é<br />

uma empresa em que se preserva muito a hierarquia,<br />

a obediência, o cumprimento <strong>de</strong> prazos, o controle e<br />

a supervisão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para fazer girar a máquina<br />

diária <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> serviços. A nós nos causou<br />

muito espanto.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Mais<br />

adiante, mesmo sabendo que isso agri<strong>de</strong> muitas vezes<br />

aqueles que estão <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> empresa, quer como franqueados,<br />

quer como funcionários, essas <strong>de</strong>clarações<br />

são muito importantes no nosso processo investigativo.<br />

Então, vou continuar me reportando ao que ele diz, e<br />

a senhora apresentando a sua leitura.<br />

O Maurício Marinho disse que as máquinas digitais<br />

têm por escopo registrar to<strong>da</strong>s as entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> objetos postais nas agências, e que certamente há<br />

frau<strong>de</strong>s verifica<strong>da</strong>s no não-controle dos objetos postados<br />

nas agências franquea<strong>da</strong>s – isso é textual <strong>de</strong>le.<br />

Declara, ain<strong>da</strong>, que o controle está a cargo <strong>da</strong>s<br />

áreas operacional e comercial; que o não franqueamento<br />

<strong>de</strong> objetos é uma <strong>da</strong>s frau<strong>de</strong>s, e que a franquea<strong>da</strong><br />

informa somente o número <strong>de</strong> contrato, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> objetos postados; que não é comum checar a <strong>de</strong>claração<br />

<strong>da</strong> franquea<strong>da</strong> com a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos<br />

que foram lançados por ela no tráfico postal e que há<br />

o problema do cabeçote clonado – palavras do Marinho<br />

–; que o cabeçote possui uma bobina por on<strong>de</strong> o<br />

objeto postal passa, ficando impresso nele o nome <strong>da</strong><br />

agência, a <strong>da</strong>ta e o valor, e que as franquea<strong>da</strong>s usam<br />

cabeçotes clonados no que se refere aos franqueamentos<br />

à vista.<br />

Pergunto para a senhora: como é feito o controle<br />

dos objetos postados nas agências? Existem vistorias<br />

nessas máquinas digitais? Quem é responsável pelas<br />

vistorias?<br />

V. Sª já teve notícia <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> favorecimento<br />

a alguma franquea<strong>da</strong>, por parte <strong>da</strong> área operacional<br />

<strong>da</strong> ECT?<br />

Hoje, as máquinas digitais atingem que percentual<br />

<strong>da</strong>s agências franquea<strong>da</strong>s? É que havia uma discussão<br />

<strong>de</strong> que, antes do advento <strong>da</strong>s digitais, era muito mais<br />

fácil haver as irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e que, <strong>de</strong>pois do advento,<br />

ficaria mais difícil. Foi o que passou por aqui.<br />

Gostaria que a senhora explicasse um pouco em<br />

cima do que ele disse e em cima <strong>da</strong> sua experiência<br />

pessoal como compreen<strong>de</strong> esse mecanismo.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Causa-nos, <strong>de</strong> momento, uma revolta muito gran<strong>de</strong><br />

quando temos <strong>de</strong>clarações que generalizam esse tipo<br />

<strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> que, se tiver sido cometi<strong>da</strong>, não é<br />

irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> que o sistema comete.<br />

V. Exª me pergunta sobre a questão <strong>de</strong> quais<br />

controles. Diariamente, somos obrigados a transmitir<br />

os arquivos, por meio eletrônico, <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as operações<br />

que realizamos. Ca<strong>da</strong> um dos se<strong>de</strong>x, tudo que<br />

passou pelas máquinas <strong>de</strong> franquia. Essa carga é retira<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s nossas agências por caminhões ou peruas<br />

<strong>da</strong> própria empresa que levam para centros <strong>de</strong> tratamento<br />

<strong>de</strong> carga.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – O controle<br />

é diário, então?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – O<br />

controle é diário. Sabemos que é por amostragem, todos<br />

os dias tem, e que a qualquer dia essa carga que<br />

estamos enviando fisicamente, as cartas, po<strong>de</strong> ser<br />

confronta<strong>da</strong> com os <strong>da</strong>dos eletrônicos que passamos<br />

diariamente.<br />

Além disso, nas agências on<strong>de</strong> ocorrem volumes<br />

maiores <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> carga em máquinas<br />

<strong>de</strong> franquia existe um controle, uma auditoria presencial.<br />

Os Correios têm nas maiores franquias – eu não<br />

saberia lhe dizer exatamente to<strong>da</strong>s ou quais, o que<br />

certamente a empresa po<strong>de</strong> fornecer – controles presenciais<br />

<strong>de</strong> fiscais que auditam a carga e o processo<br />

<strong>de</strong> franqueamento. E, nas <strong>de</strong>mais, que não são, existe<br />

uma amostragem, e estamos sujeitos, durante a semana,<br />

a receber um fiscal que fica lá o dia inteiro. E<br />

não sabemos em que dia ele estará na nossa agência<br />

fazendo também essa verificação presencial.<br />

Agora, uma empresa com 108 mil funcionários,<br />

em que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les está nas áreas operacionais,<br />

acho muito difícil haver qualquer tipo <strong>de</strong> mecanismo <strong>de</strong><br />

favorecimento. Existem turnos, a empresa funciona, em<br />

muitos setores, em três turnos. As nossas cargas são<br />

retira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> manhã, no horário <strong>de</strong> almoço e à tar<strong>de</strong>,<br />

no final do dia, com turnos diferentes <strong>de</strong> funcionários,<br />

centenas <strong>de</strong> funcionários trabalhando. Acho que seria<br />

uma operação impossível <strong>de</strong> se fazer.<br />

Outra coisa: gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s nossas agências<br />

processa um volume relativamente pequeno a médio<br />

<strong>de</strong> objetos. Se houver uma divergência, uma agência<br />

que todo dia man<strong>da</strong> 20 caixetas processa<strong>da</strong>s e num<br />

<strong>de</strong>terminado dia chega a 100 e não está no movimento,<br />

quer dizer, os funcionários que estão lá têm uma percepção<br />

do perfil <strong>da</strong>s agências. Acho muito arriscado.


5000 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O senhor me perguntou também <strong>da</strong>s máquinas <strong>de</strong><br />

franquia digital. Os <strong>da</strong>dos que temos são <strong>de</strong> que estão<br />

implanta<strong>da</strong>s nas agências. Acor<strong>da</strong>mos, sempre fomos<br />

a favor <strong>de</strong> ter controles rigorosos. Chegamos a propor,<br />

em 2001, inclusive, serviços que não necessitavam <strong>de</strong><br />

franqueamento, mas a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> impresso<br />

especial foi uma iniciativa nossa, para que se<br />

processasse a carga sem o franqueamento.<br />

Então, as máquinas <strong>de</strong> franquias digitais, pelos<br />

relatórios que nos têm chegado às mãos, estão<br />

implanta<strong>da</strong>s nas agências que geram 70% do volume<br />

<strong>de</strong> receita nessa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>. To<strong>da</strong>s que não têm<br />

estão aguar<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> empresa a instalação <strong>de</strong>ssas<br />

máquinas.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Des<strong>de</strong><br />

quando essas máquinas estão implanta<strong>da</strong>s?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Des<strong>de</strong> 2004.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – E quanto<br />

à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>quela história... Porque ele insistiu<br />

muito no fato dos cabeçotes clonados, que os objetos<br />

franqueados por contrato não são obrigados a passar<br />

pelas máquinas mecânicas <strong>de</strong> franqueamento vendi<strong>da</strong>s<br />

pela Pitney Bowes dos Estados Unidos; que há<br />

situações <strong>de</strong> franqueamento por contrato envolvendo<br />

gran<strong>de</strong>s clientes, on<strong>de</strong> os objetos postais saem <strong>da</strong><br />

gráfica direto para o tráfico postal, sem passar pela<br />

franquea<strong>da</strong>.<br />

Essa é uma sistemática ain<strong>da</strong> existente ou existia<br />

antes do advento <strong>da</strong>s máquinas digitais?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– A sistemática <strong>de</strong> postagem <strong>de</strong> cargas sem franqueamento,<br />

mas na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contratos com a<br />

empresa?<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – É.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– São mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s que já existem. O cliente precisa<br />

fazer um contrato diretamente com a ECT. A carga,<br />

no caso em que o franqueado está operando, é leva<strong>da</strong><br />

ao centro <strong>de</strong> tratamento, é pesa<strong>da</strong> pelas equipes<br />

<strong>da</strong> empresa; é feito todo um comprovante <strong>da</strong>quela<br />

postagem, e, pelo peso <strong>da</strong> carga e para o <strong>de</strong>stino <strong>da</strong><br />

carga, é feita a precificação e a fatura vai diretamente<br />

para o cliente.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Então,<br />

o controle é <strong>de</strong> uma outra forma que não pela marcação<br />

unitária?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – No<br />

ato, é pesado pelos próprios funcionários dos Correios,<br />

que fazem a tarifação.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Os Correios<br />

é que fazem, não é a agência franquea<strong>da</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – É,<br />

os Correios.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – A agência<br />

só captou o contrato.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Isso, e <strong>de</strong>scarregou a carga lá. Nos gran<strong>de</strong>s contratos,<br />

nós somos obrigados a levar a carga no centro<br />

<strong>de</strong> tratamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Nobre Deputado Onyx Lorenzoni, o tempo <strong>de</strong><br />

V. Exª já se esgotou.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Então,<br />

eu me reinscrevo, porque tenho mais duas ou três perguntas.<br />

Nós, que não somos especialistas nessa área,<br />

estamos apren<strong>de</strong>ndo muito hoje e <strong>de</strong>smistificando muitas<br />

coisas com o <strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> Srª Emily.<br />

Peço minha reinscrição.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – V. Exª já está reinscrito.<br />

Com a palavra o <strong>Senado</strong>r Aelton Freitas.<br />

O SR. AELTON FREITAS (PL – MG) – Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Deputado Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá, Sr. Relator,<br />

Deputado José Eduardo Cardozo, Srª Emily – é um<br />

prazer conhecê-la. Como Prefeito <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pequena<br />

no interior <strong>de</strong> Minas Gerais, tive a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ter, em meu man<strong>da</strong>to, a abertura <strong>de</strong> uma agência<br />

franquea<strong>da</strong> em minha ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ver o quanto beneficiou<br />

o trabalho, principalmente <strong>da</strong>s pessoas mais carentes.<br />

Agora, como <strong>Senado</strong>r – cheguei pela suplência do<br />

vice-Presi<strong>de</strong>nte José Alencar – tive o dissabor <strong>de</strong> ver<br />

este momento pelo qual os Correios passam, atingindo<br />

tantos segmentos e tantas pessoas que estão direta<br />

ou indiretamente ligados aos Correios.<br />

Entendo que o momento é propício para separarmos<br />

o joio do trigo, porque a partir <strong>da</strong> dor é que conseguimos<br />

fazer isso, e para mostrar o quanto o trabalho<br />

terceirizado, hoje, é uma <strong>da</strong>s principais saí<strong>da</strong>s para o<br />

País, o quanto o sistema <strong>de</strong> franquia funciona, a partir<br />

<strong>de</strong>sses 16 anos <strong>de</strong> experiência que a sua empresa já<br />

tem com os Correios, com mais <strong>de</strong> 20 mil empregos,<br />

para ver o que é bom e o que é ruim. Ou seja, vai servir<br />

<strong>de</strong> cobaia. Sabemos que o momento por que vocês<br />

passam é <strong>de</strong>sgastante, assim como o momento<br />

por que o País passa, e muito mais nós aqui, como<br />

Parlamentares, queríamos que tudo estivesse <strong>da</strong>ndo<br />

muito certo, que o nosso Governo Lula estivesse caminhando<br />

<strong>da</strong> maneira que <strong>de</strong>sejamos; mas existem<br />

essas pedras no caminho.<br />

Quero parabenizar o sistema <strong>de</strong> parceria com o<br />

qual vocês estão servindo <strong>de</strong> exemplo para o País e,<br />

a partir <strong>de</strong>sse momento, possam muito mais aprimorar<br />

essa parceria, servindo <strong>de</strong> exemplo para outras empresas,<br />

outros segmentos, outras estatais.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5001<br />

Não vejo crítica a fazer. Pelo contrário, tenho que<br />

parabenizar o trabalho que vocês fazem. A parceria<br />

sempre fica com o osso do negócio. O que é bom, muitas<br />

vezes, ou na maioria dos casos, não é terceirizado.<br />

E percebemos que hoje as agências franquea<strong>da</strong>s estão<br />

em periferia, em segundo plano, e vocês fazem tudo<br />

para sobreviver. Há problema aqui? Não sabemos. A<br />

CPMI existe para isso.<br />

Quero cumprimentar a sua empresa pelo trabalho<br />

que <strong>de</strong>senvolve, pelo benefício que faz aos brasileiros,<br />

em especial ao interior do meu Estado. Se não<br />

fossem as agências terceiriza<strong>da</strong>s, a maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

pequenas <strong>de</strong> Minas Gerais tinham <strong>de</strong> ir às ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

maiores, como é o caso <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Previdência<br />

Social quanto aos caixas eletrônicos, em relação aos<br />

quais temos trabalhado junto às instituições financeiras,<br />

principalmente a Caixa Econômica e o Banco do<br />

Brasil. Mas temos <strong>de</strong> cumprimentar os Correios pela<br />

iniciativa e sua agência pelo trabalho prestado nesses<br />

16 anos.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Muito obriga<strong>da</strong>, <strong>Senado</strong>r.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Farias <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço a participação do <strong>Senado</strong>r Aelton<br />

Freitas.<br />

<strong>Con</strong>cedo a palavra, por cinco minutos, ao Deputado<br />

Feu Rosa.<br />

O SR. FEU ROSA (PP – ES) – Sr. Presi<strong>de</strong>nte, Sr.<br />

Relator, Srs. <strong>de</strong>poentes, Srªs e Srs. Deputados, nobre<br />

assistência, gostaria <strong>de</strong> sau<strong>da</strong>r a senhora, Drª Emily,<br />

pelo trabalho que vem <strong>de</strong>senvolvendo e por acreditar<br />

no bem que está fazendo para o Brasil.<br />

Enquanto estamos aqui discutindo estas questões,<br />

to<strong>da</strong>s relevantes e justas, faço um a<strong>de</strong>ndo ao<br />

que o <strong>Senado</strong>r acabou <strong>de</strong> dizer. Devemos muito aos<br />

franqueados. Estamos <strong>de</strong>vendo <strong>de</strong>mais. Só citarei um<br />

exemplo: no Município on<strong>de</strong> nasci, Município <strong>da</strong> Serra,<br />

ao norte <strong>da</strong> capital, Vitória, no Estado do Espírito Santo,<br />

temos bairros <strong>de</strong> 20 a 30 mil habitantes, bairros <strong>de</strong> 5 a<br />

15 mil habitantes, com um comércio intenso, mas que<br />

não possuem sequer uma franquea<strong>da</strong> dos Correios.<br />

O bairro <strong>de</strong> Novo Horizonte, bairro que antece<strong>de</strong><br />

a Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica Tubarão, a maior si<strong>de</strong>rúrgica<br />

do Brasil, não tem agência dos Correios. O bairro Pedro<br />

Feu Rosa, com mais <strong>de</strong> 40 mil habitantes e um comércio<br />

forte, não tem uma agência sequer dos Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Farias <strong>de</strong> Sá.<br />

PTB – SP) – Qual o nome do bairro?<br />

O SR. FEU ROSA (PP – ES) – Bairro Pedro Feu<br />

Rosa. É <strong>de</strong> um ascen<strong>de</strong>nte meu.<br />

O bairro José <strong>de</strong> Anchieta...<br />

Bem, seria muita pretensão minha, não é? (Risos.)<br />

É porque a nossa família tem centenas <strong>de</strong> anos<br />

no Município.<br />

O bairro José <strong>de</strong> Anchieta, com mais <strong>de</strong> 15 mil habitantes,<br />

não tem uma agência sequer dos Correios.<br />

O bairro Planalto Serrano, com 20 mil habitantes,<br />

não tem uma agência dos Correios.<br />

Quero parabenizá-la pelo que já foi feito e solicitar<br />

a todos os envolvidos nesse processo <strong>de</strong> franquias,<br />

principalmente dos Correios – é ocioso repetir –, uma<br />

agência dos Correios, especialmente alia<strong>da</strong> a um banco<br />

<strong>de</strong> pequenos negócios, como o Bra<strong>de</strong>sco.<br />

Eu queria parabenizá-la pelo que a senhora representa,<br />

esperando que o tempo passe, as coisas<br />

fiquem mais claras e dê tudo certo.<br />

Agora tenho umas perguntas a fazer, Srª Emily,<br />

que são as seguintes: as franquias foram cria<strong>da</strong>s pelos<br />

Correios para expandir sua re<strong>de</strong>. É isso correto?<br />

Tenho cinco perguntas aqui. Eu as farei e a senhora,<br />

pouco a pouco, po<strong>de</strong> respondê-las.<br />

Como a senhora acredita que ocorrerá a continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> em sua expansão, pela situação<br />

em que ela se encontra hoje?<br />

Existem experiências semelhantes a essa franquia<br />

dos Correios no setor público brasileiro?<br />

Finalmente, como se encontra a proposta <strong>de</strong><br />

renovação <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Franquias no Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento?<br />

São, <strong>de</strong> fato, quatro perguntas, às quais eu solicitaria<br />

a senhora a gentileza <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r.<br />

Obrigado, Sr. Presi<strong>de</strong>nte.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Farias <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço a V. Exª.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Posso respon<strong>de</strong>r?<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Farias <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Muito obriga<strong>da</strong>.<br />

Em relação à questão <strong>da</strong> expansão do atendimento<br />

e <strong>da</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong> nessa<br />

expansão, reconhecemos que a empresa, assim como<br />

em 1989, ficou 10 anos sem recursos e não implantou<br />

agência alguma, <strong>de</strong> 1979 a 1989, por não ter recursos<br />

<strong>de</strong> investimento e <strong>de</strong> manutenção e estar proibi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

contratar e fazer concurso para novos servidores. Havia<br />

um déficit imenso naquela época, e nós, em 3 anos,<br />

conseguimos implantar 5.100 guichês no País.<br />

A situação <strong>da</strong> empresa hoje é muito semelhante.<br />

Os resultados que a empresa tem são pequenos:<br />

no ano passado, algo em torno <strong>de</strong> R$300 milhões a<br />

R$400 milhões, que não seriam suficientes para o investimento<br />

e a manutenção. Sabemos, como V. Exª


5002 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

estava dizendo, dos vários bairros no Espírito Santo,<br />

mas no resto do País também existe uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e<br />

uma carência <strong>de</strong> serviços. Não somos contra; achamos<br />

que a empresa é, constitucionalmente, responsável<br />

pela universalização, pela entrega dos serviços<br />

postais em todos os domicílios. Acreditamos que o<br />

mo<strong>de</strong>lo que adotamos é um mo<strong>de</strong>lo vencedor, que<br />

po<strong>de</strong>ria ser expandido.<br />

No caso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, quando V. Exª pergunta se<br />

existem outras re<strong>de</strong>s, nas re<strong>de</strong>s priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> franquia,<br />

há até mesmo o incentivo, para aqueles franqueados<br />

que tiveram um excelente <strong>de</strong>sempenho, <strong>de</strong> assumirem<br />

novos postos, antes <strong>de</strong> serem oferecidos para novos<br />

empresários. Não estou querendo dizer, com isso, que<br />

queremos ou que vamos assumir. Estamos dispostos<br />

a colaborar, a cooperar com aquilo que estiver a nosso<br />

alcance para fazer com que a empresa expan<strong>da</strong> o<br />

atendimento e garanta o seu <strong>de</strong>ver constitucional.<br />

Quanto à indústria e comércio, existe um anteprojeto<br />

<strong>de</strong> lei no Ministério <strong>da</strong> Indústria e Comércio,<br />

que vem sendo <strong>de</strong>senvolvido pelo Ministério <strong>da</strong> Indústria<br />

e Comércio e pela ABF – Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Franchising, que congrega as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> franquia e os<br />

franqueados.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Por que o Ministério <strong>da</strong> Indústria e Comércio,<br />

se as franquias estão ligados ao Ministério <strong>da</strong>s Comunicações?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, porque é um projeto mais amplo <strong>de</strong> franquias,<br />

para revisão <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Franchising, que existe hoje e<br />

que já está <strong>de</strong>fasa<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Já entendi, já entendi.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– O Ministro Furlan tem muito empenho e a meta <strong>de</strong><br />

internacionalizar as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> franquia vencedoras no<br />

País, uma forma <strong>de</strong> trazer novos recursos, novas divisas<br />

para o País.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Para encerrar os inscritos...<br />

O SR. FEU ROSA (PP – ES) – Sr. Presi<strong>de</strong>nte,<br />

fiz as perguntas to<strong>da</strong>s e há uma aqui por que tenho<br />

especial interesse.<br />

Existe experiência semelhante no setor público<br />

brasileiro?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. A Petrobras tem as BR Mania, as lojas <strong>de</strong> conveniência<br />

instala<strong>da</strong>s nos postos Petrobras. Há também<br />

as lotéricas <strong>da</strong> Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral. A Embrapa<br />

faz o licenciamento <strong>de</strong> suas sementes <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />

geneticamente. Temos experiências estaduais, como<br />

serviços aos ci<strong>da</strong>dãos. Na área <strong>de</strong> águas, também temos<br />

experiências, se não me engano, no Paraná.<br />

Temos várias experiências do Po<strong>de</strong>r Público na<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> franchising.<br />

O SR. FEU ROSA (PP – ES) – Muito bem, muito<br />

obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Declaro encerra<strong>da</strong>s as inscrições.<br />

<strong>Con</strong>cedo a palavra, como reinscrito, ao Deputado<br />

Onyx Lorenzoni, por três minutos.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Espero<br />

que sejam três minutos com alguma tolerância.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – É só olhar no relógio.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – V. Exª<br />

está muito rígido, Sr. Presi<strong>de</strong>nte.<br />

Tenho duas questões importantes. Vou parar <strong>de</strong><br />

conversar e vou direto ao ponto. O Presi<strong>de</strong>nte é paulista<br />

e está correto no que está fazendo.<br />

Vou explorar mais uma parte do <strong>de</strong>poimento do<br />

Marinho, porque acho que isso lhe dá a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trazer esclarecimentos.<br />

O Maurício diz que havia <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s<br />

envolvendo objetos postais na época <strong>da</strong> campanha<br />

eleitoral, objetos que seriam postados durante a campanha<br />

por meio <strong>de</strong> contratos com os partidos ou por<br />

contratos <strong>de</strong> terceiros, com encaminhamento direto <strong>de</strong><br />

objetos para tráfico postal, e que, nesse caso, po<strong>de</strong>ria<br />

ter havido subfaturamento ou nenhum faturamento.<br />

Diz ele que o empregado <strong>da</strong> ECT, lotado no Centro<br />

<strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Guarulhos, ligou para ele, <strong>de</strong> forma<br />

anônima, para dizer que estavam postando objetos <strong>de</strong>stinados<br />

à campanha <strong>de</strong> candi<strong>da</strong>tos a vereador, sem o<br />

<strong>de</strong>vido franqueamento; que o <strong>de</strong>poente avisou a área<br />

operacional, não se lembrando com quem falou – diz<br />

que foi um tal <strong>de</strong> Júlio Imoto ou outra pessoa –; que<br />

correm vários processos na Gerência <strong>de</strong> Inspetorias<br />

<strong>da</strong>s Diretorias Regionais e também no Departamento<br />

<strong>de</strong> Inspetoria, versando sobre irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s cometi<strong>da</strong>s<br />

por franquea<strong>da</strong>s.<br />

A pergunta é: durante o período eleitoral – porque<br />

isso também é algo relevante nessa investigação –, a<br />

senhora teve conhecimento <strong>de</strong> políticos ou partidos<br />

que se valeram <strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>s para obter a remessa<br />

– normalmente são malas diretas, não é? –, nesse<br />

período, a senhora tem informação disso? A senhora<br />

tem conhecimento ou não?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, não tenho conhecimento. O que eu po<strong>de</strong>ria<br />

esclarecer é que existem duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> serviços, por ocasião <strong>da</strong>s campanhas <strong>de</strong><br />

eleição. Uma, é passar, normalmente, nas máquinas<br />

<strong>de</strong> franquia, que me parece é o caso aqui, a que a


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5003<br />

pessoa está se reportando, porque chegou num centro<br />

<strong>de</strong> tratamento sem franqueamento, etc.; e a outra<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> é por contrato, em que o candi<strong>da</strong>to faz um<br />

contrato. Somente nessa situação excepcional é que<br />

o Correio permite que se faça contrato com pessoa física,<br />

porque todos os <strong>de</strong>mais contratos só po<strong>de</strong>m ser<br />

feitos por pessoa jurídica. Mas, na época <strong>da</strong> eleição,<br />

num <strong>de</strong>terminado período, os Correios permitem que<br />

se faça esses contratos. E esses contratos, como os<br />

outros, têm que ser levados para pesagem, para que<br />

seja feito todo um controle e seja verifica<strong>da</strong> a exatidão<br />

<strong>da</strong> cobrança. Então, acho meio complicado. Porque, no<br />

caso em que os objetos passam pela máquina <strong>de</strong> franquia<br />

e ficam estampados, se passar esse tipo <strong>de</strong> objeto<br />

num centro <strong>de</strong> tratamento qualquer, no primeiro centro<br />

on<strong>de</strong> nós <strong>de</strong>ixamos a carga, ou foi <strong>de</strong>scarrega<strong>da</strong>, até<br />

chegar ao eleitor, ao <strong>de</strong>stinatário, essa mesma carta<br />

passa por vários centros <strong>de</strong> triagem e <strong>de</strong> distribuição<br />

domiciliária. Nesse fluxo todo, existem vários centros,<br />

várias equipes <strong>de</strong> funcionários, até chegar no carteiro.<br />

Em todo esse fluxo, se houver qualquer irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como essa, <strong>de</strong> uma carta que foi sem fraqueamento,<br />

qualquer funcionário do Correio po<strong>de</strong>rá lavrar um auto<br />

<strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> – e ele <strong>de</strong>ve fazê-lo, porque objetos<br />

estão passando pelo fluxo sem que tenham sido <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />

precificados. Então, esse é um <strong>de</strong>ver, e até<br />

o carteiro final tem <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar isso. E, normalmente,<br />

quando um candi<strong>da</strong>to, numa eleição, posta, ele não<br />

posta <strong>de</strong>z, vinte cartas. No mínimo, são mil, duas mil,<br />

cinqüenta mil peças. Imagine <strong>de</strong>scarregar, lá, vinte mil<br />

peças sem franqueamento – que vão para vários lugares,<br />

normalmente no mesmo Estado ou no mesmo<br />

Município –; alguém vai <strong>de</strong>tectar que está sem franqueamento.<br />

E, por isso, é lavrado um auto <strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O carteiro <strong>da</strong> zona “a”, do bairro “b”, do Município<br />

tal, chega para a agência fazer o recolhimento. Então,<br />

acho muito difícil esse tipo <strong>de</strong> situação ocorrer.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Para concluir, nobre Deputado.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Até vou<br />

parar com as perguntas em cima do <strong>de</strong>poimento do<br />

Marinho, porque, se não, teria mais algumas. Mas acho<br />

que foi muito útil, porque vai esclarecendo, <strong>de</strong>smistificando<br />

muita coisa que foi cria<strong>da</strong> e que tinha o objetivo,<br />

na minha opinião, claro, <strong>de</strong> atingir o sistema.<br />

Eu queria lhe fazer uma outra pergunta, que é a<br />

seguinte – e, com esta, encerro, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, com<br />

a tolerância <strong>de</strong> V. Exª –: existe, já manifestei isso em<br />

outro <strong>de</strong>poimento, algo que me incomo<strong>da</strong> pessoalmente,<br />

o fato <strong>de</strong> que houve um período em que, para haver<br />

uma transferência ou assunção <strong>de</strong> uma empresa,<br />

uma franquia, os Correios não faziam transferência.<br />

Tomei conhecimento, e ouvi um <strong>de</strong>poimento recente<br />

aqui, <strong>de</strong> que uma pessoa teve que transferir, porque<br />

o volume <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong>s por operação era tão gran<strong>de</strong> que<br />

ela não tinha condição financeira <strong>de</strong> suportar. Como<br />

a regra era a <strong>de</strong> que os Correios não transferem ao<br />

proprietário, que alternativa tinha a pessoa que queria<br />

ven<strong>de</strong>r e a que queria comprar que não fazer um contrato<br />

chamado “contrato <strong>de</strong> gaveta”, para que, quando<br />

reabrisse a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> companhia, a<br />

transferência fosse feita?<br />

Eu já usei, naquele dia – e chamo a atenção do<br />

Presi<strong>de</strong>nte para isto –, o exemplo <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas<br />

no Brasil que adquiriram, nos últimos 15 anos, o<br />

seu imóvel, a sua casa própria <strong>de</strong>ssa forma. A Caixa<br />

não aceitava as revisionais, as dívi<strong>da</strong>s eram astronômicas<br />

e as pessoas transferiam a posse, via contratos<br />

particulares, que foram todos vali<strong>da</strong>dos, nos últimos<br />

três anos, pela própria Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, que<br />

fez a transferência e até criou uma empresa específica<br />

para administrar isso.<br />

Então, gostaria que a senhora fizesse um comentário<br />

sobre isso, para que ficasse registrado no seu<br />

<strong>de</strong>poimento – a senhora que representa as franquias<br />

–, porque eu tenho a impressão <strong>de</strong> que centenas <strong>de</strong><br />

franqueados no Brasil passaram por essa situação. E,<br />

em alguns momentos, tenta-se <strong>da</strong>r uma capa <strong>de</strong> ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ou irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, na minha<br />

leitura, é um mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong>s pessoas, para<br />

po<strong>de</strong>rem acessar uma prestação <strong>de</strong> serviço e ter um<br />

documento dizendo que ela não jogou fora aquele dinheiro<br />

que transferiu para alguém e que, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente,<br />

ela <strong>de</strong>tém a posse, para, <strong>de</strong>pois, po<strong>de</strong>r colocar<br />

na Justiça, se fosse o caso, para conseguir manter a<br />

franquia no nome do adquirente. Eu queria que a senhora<br />

comentasse isso, porque a preocupação do Relator<br />

<strong>de</strong> ir atrás dos laranjas é compartilha<strong>da</strong> por todos nós.<br />

E nós queremos isso a fim <strong>de</strong> sanear o sistema.<br />

Gostaria <strong>de</strong> ouvir o seu comentário, porque houve<br />

um período – e eu queria que a senhora explicitasse,<br />

para ficar gravado – em que os Correios não aceitavam<br />

transferência. E compreendo que, nesse período, essa<br />

era a única arma que as pessoas tinham para po<strong>de</strong>r<br />

transferir algo que já não lhe era mais conveniente para<br />

alguém que achava que era um bom negócio, como<br />

ocorre no mundo real, no cotidiano.<br />

Obrigado, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, pela paciência que<br />

teve comigo.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Muita paciência.<br />

Srª Emily.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Excelência, eu não tenho as <strong>da</strong>tas precisas, mas,<br />

se não me falha a memória, durante o período que<br />

foi <strong>de</strong> 94 – inclusive, na época em que o próprio TCU


5004 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

questionou e soltou as Decisões 601 e 721 – até por<br />

volta <strong>de</strong> 96 ou 97, não se permitiam transferências.<br />

Mas, nos períodos mais recentes, essa transferência<br />

é feita <strong>de</strong> acordo com uma série <strong>de</strong> critérios técnicos e<br />

os possíveis, digamos, futuros franqueados que substituiriam<br />

o anterior passam por comissões e há todo<br />

um ritual <strong>de</strong> procedimentos normatizados pelos quais<br />

eles têm que passar.<br />

O senhor levantou uma questão <strong>de</strong> agências que<br />

ficavam <strong>de</strong>vendo – é isso? – e que precisariam ser fecha<strong>da</strong>s.<br />

Houve momentos em que – <strong>de</strong> 1737, hoje nós<br />

somos 1466 – houve uma <strong>de</strong>puração no sistema. Isso<br />

representou algo em torno <strong>de</strong> 15,5% <strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong><br />

agências. Muitas <strong>de</strong>ssas agências foram fecha<strong>da</strong>s em<br />

conseqüência <strong>de</strong> alguns planos econômicos no País.<br />

Tivemos muitas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s gera<strong>da</strong>s, inclusive, pelo<br />

congelamento <strong>de</strong> tarifas, mas os nossos custos não<br />

ficaram congelados. Muitos naufragaram <strong>de</strong>sses 15%.<br />

Além <strong>de</strong> nós termos situações <strong>de</strong> inadimplência dos<br />

clientes, o que <strong>de</strong>rrubou muito os nossos franqueados,<br />

que tiveram suas agências fecha<strong>da</strong>s por não po<strong>de</strong>r<br />

honrar o pagamento. Agora, uma posição que a enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

tem tomado é pedir para que a empresa aplique<br />

as punições <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s a quem cometeu algum tipo <strong>de</strong><br />

ilícito, mas sem que se perca o ponto. Então, que se<br />

responsabilizasse e continuasse o processo <strong>de</strong> responsabilização<br />

por aqueles titulares que tenham cometido<br />

algum tipo <strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas que se permitisse a<br />

transferência para que não se fechasse o ponto. Essa<br />

tem sido a nossa posição a respeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço a Srª Emily e concedo a palavra,<br />

para completar a sua tarefa, ao <strong>Sub</strong>-Relator, Deputado<br />

José Eduardo Cardozo.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Sr. Presi<strong>de</strong>nte, gostaria <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gar a <strong>de</strong>poente,<br />

porque uma <strong>da</strong>s questões que vêm sendo coloca<strong>da</strong>s<br />

reitera<strong>da</strong>mente é quanto ao problema <strong>de</strong>, num eventual<br />

novo sistema, ao final <strong>de</strong>sses contratos, exigir-se<br />

a licitação. Qual a posição <strong>da</strong> Abrapost relativamente<br />

a que, ao final <strong>de</strong> 2007 – não é isso? –, seja aberta a<br />

licitação para as franquias? Há uma posição <strong>da</strong> Abrapost<br />

a esse respeito?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nós não fizemos nenhuma discussão, em âmbito<br />

nacional, a respeito disso. Agora, como disse um dos<br />

parlamentares aqui, nós achamos que nós investimos<br />

15, 16 anos nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e nós gostaríamos <strong>de</strong> permanecer<br />

nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas gostaríamos também <strong>de</strong><br />

cumprir os rituais que forem necessários e a<strong>de</strong>quados<br />

para essa situação e que nos dêem uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Acho que isso seria bom, inclusive para a própria em-<br />

presa po<strong>de</strong>r contar ou não com o seu braço comercial<br />

hoje mais atuante.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas aí haveria uma posição favorável à licitação<br />

ou não?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Eu acho que teríamos que fazer um plebiscito na<br />

re<strong>de</strong>. Acredito que gran<strong>de</strong> parte dos nossos colegas<br />

gostaria que houvesse uma regulamentação mais<br />

clara e com critérios lícitos etc. numa mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong><br />

franquia, não numa mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> permissão, <strong>de</strong> permissionários,<br />

como aconteceu com uma experiência<br />

recente <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, <strong>de</strong>preendo que a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> não tem<br />

posição. É isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu não estou discutindo mo<strong>de</strong>lo; estou discutindo<br />

a licitação. Então, a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> não tem posição<br />

sobre isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É isso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Rogério Buratti afirmou, num <strong>de</strong>poimento<br />

prestado a uma <strong>da</strong>s Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito<br />

instaura<strong>da</strong>s atualmente, que a empresa GTech<br />

tem franquias dos Correios. Isso é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Ao<br />

que nos consta, não. Inclusive, uma multinacional <strong>de</strong><br />

um porte assim...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora <strong>de</strong>sconhece essa questão?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desconhecemos. Não. Não conhecemos não.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Há gran<strong>de</strong>s empresas que têm franquias?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, não é do nosso conhecimento que tenhamos<br />

gran<strong>de</strong>s empresas, não.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora <strong>de</strong>sconhece qualquer gran<strong>de</strong> empresa,<br />

megaempresa na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Que seja uma megaempresa e que tenha também<br />

uma agência dos Correios como uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Desconheço. Completamente.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5005<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas se po<strong>de</strong> dizer, então, que há uma megaempresa<br />

na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>? Ou seja, não proprietário<br />

<strong>de</strong> uma franquia, mas que uma franquia seja uma<br />

megaempresa?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Como o senhor viu, nós temos ali em torno <strong>de</strong> 0,4%<br />

<strong>da</strong> re<strong>de</strong> que tem um comissionamento médio acima <strong>de</strong><br />

R$ 400 mil. Se o critério for o <strong>de</strong> faturamento, eu não<br />

sei exatamente a partir <strong>de</strong> quanto seria consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

uma megaempresa. Nós temos algumas agências, <strong>de</strong>z<br />

agências, que faturam acima <strong>de</strong> R$ 400 mil/mês.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós temos um <strong>da</strong>do <strong>de</strong> que as 36 maiores<br />

franquias, em 2003, receberam 14,18% <strong>de</strong> tudo aquilo<br />

que receberam os franqueados. O que mostra uma<br />

gran<strong>de</strong> concentração dos pagamentos <strong>de</strong> comissões<br />

nas mãos <strong>de</strong> poucos.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Trinta e seis?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – As 36 maiores franquias recebem 14,18%, o<br />

que mostra uma gran<strong>de</strong> concentração dos pagamentos<br />

<strong>de</strong> comissões nas mãos <strong>de</strong> poucos.<br />

A senhora conhece situações em que um franqueado<br />

tem mais <strong>de</strong> uma franquia?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Sim, porque a empresa permite. Des<strong>de</strong> <strong>de</strong> 97 – acho<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, mas em 97 –, e nós até temos aqui<br />

divulgação que foi feita quando se permitiram transferências,<br />

em que está muito claro que, no máximo,<br />

uma empresa po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ter a operação <strong>de</strong> duas ACFs.<br />

Mas essa não é a prática comum; a maioria tem uma<br />

agência só. Devem ser poucos os casos <strong>de</strong>...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós <strong>de</strong>tectamos 18 casos.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Oito?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Dezoito.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Dezoito casos? Ah! Nós vimos na revista Carta Capital<br />

essa notícia.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora acha, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do aspecto <strong>da</strong><br />

legali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou não – não a senhora, mas a Abrapost –,<br />

razoável que uma pessoa tenha duas franquias, tendo<br />

em vista as próprias razões que a senhora pon<strong>de</strong>rou,<br />

<strong>da</strong> dimensão social, ou seja, <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> empregos?<br />

É razoável <strong>da</strong>r esse tipo <strong>de</strong> benefício, mais <strong>de</strong><br />

uma vez, para uma pessoa só?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Sr.<br />

Relator, eu não consi<strong>de</strong>raria um benefício. Nas re<strong>de</strong>s<br />

priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> franchising, é incentivado o franqueado que<br />

<strong>de</strong>monstrou um <strong>de</strong>sempenho empresarial excelente,<br />

que tem <strong>de</strong>senvolvido aquela loja com competência a<br />

assumir novas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem abertas.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas há um critério objetivo <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong>sse<br />

<strong>de</strong>sempenho? Porque nós <strong>de</strong>sconhecemos isso.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Há,<br />

porque tem a questão <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> receita...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Existe?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

–...do bom atendimento, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu não estou discor<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong> que existam critérios<br />

objetivos, mas <strong>de</strong>sconhecemos que eles tenham<br />

sido aplicados para <strong>da</strong>r mais <strong>de</strong> uma franquia. Ao que<br />

nos consta, foram critérios totalmente discricionários<br />

e políticos; não passou por um critério objetivo.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não sei... talvez não fossem políticos. Há alguns<br />

casos em que <strong>de</strong>tectamos aí que são empresários,<br />

muitas vezes, que têm clientes em bairros diferentes<br />

que... É importante você ter a base <strong>de</strong> operação próxima,<br />

estrategicamente...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas houve alguma coisa objetiva, transparente,<br />

dizendo que os melhores franqueados teriam<br />

direito a ter mais uma?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Desconheço.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Portanto, é nessa linha que eu falo <strong>de</strong> um beneficiamento<br />

in<strong>de</strong>vido.<br />

Houve um momento em que o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas<br />

<strong>da</strong> União – e a senhora mesmo relatou isso na sua<br />

exposição original – enten<strong>de</strong>u que não seria mais admissível<br />

concessão <strong>de</strong> novas franquias sem licitação,<br />

ou seja, as antigas franquias ficariam manti<strong>da</strong>s, mas,<br />

<strong>da</strong>li para frente, só com licitação. Nesse período, foi<br />

aberta uma licitação em que o objetivo era a outorga<br />

<strong>de</strong> permissões.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Correto.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós constatamos que somente quatro franqueados<br />

participaram <strong>de</strong>sse processo licitatório e nenhum<br />

venceu o certame. <strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando-se que, naquele momento,<br />

existiam 1,5 mil franqueados, sendo que cerca<br />

<strong>de</strong> 20% <strong>de</strong>sses 1,5 mil franqueados tinham o perfil <strong>de</strong><br />

faturamento <strong>da</strong>s agências licita<strong>da</strong>s, como a senhora<br />

po<strong>de</strong>ria explicar que houve tão pouco interesse, ou


5006 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>de</strong>sinteresse dos franqueados <strong>de</strong> participar<br />

<strong>de</strong>ssa licitação?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É o seguinte: esse foi um mo<strong>de</strong>lo que formatado<br />

pela ECT como a consultoria cana<strong>de</strong>nse em termos<br />

<strong>de</strong> uma loja compartilha<strong>da</strong> <strong>de</strong> negócios; era um prérequisito<br />

novamente que houvesse um negócio, uma<br />

loja, um estabelecimento comercial <strong>de</strong> outro negócio<br />

para po<strong>de</strong>r instalar nela essa uni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos Correios,<br />

que é conheci<strong>da</strong> como ACC1. Ora, nós tínhamos sido<br />

obrigados a fechar aquele nosso negócio original em<br />

93; para po<strong>de</strong>rmos competir, nós teríamos que abrir<br />

um outro negócio – para cumprir o pré-requisito – num<br />

momento extremamente <strong>de</strong>licado, quer dizer, abrir que<br />

negócio <strong>da</strong>queles ramos permitidos para uma mo<strong>de</strong>lagem<br />

que não permitia operação dos serviços que nós<br />

já praticávamos e <strong>de</strong> clientes fi<strong>de</strong>lizados ao longo <strong>de</strong><br />

todos esses anos. E essas agências não po<strong>de</strong>m ter<br />

máquina <strong>de</strong> franquia, pelo próprio edital <strong>de</strong> licitação,<br />

não po<strong>de</strong>m ter operação sob contrato serviços <strong>de</strong> impresso<br />

pessoal, mala direta, fac, e o comissionamento<br />

foi fixado em 16%. Nós fizemos, foi motivo <strong>de</strong> inúmeras<br />

reuniões <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> negociação, cria<strong>da</strong> pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> ECT na época, para que <strong>de</strong>batêssemos<br />

o tema, e nós apresentamos estudos <strong>de</strong>monstrando a<br />

inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômico-financeira <strong>da</strong>quela operação,<br />

<strong>da</strong>quele portfólio a 16%. Era inviável. E no nosso caso<br />

ain<strong>da</strong> obrigar-nos a abrir mão dos clientes, instalarmos<br />

um novo negócio... Que novo negócio? Uma farmácia,<br />

posto <strong>de</strong> gasolina, uma papelaria? O que vamos fazer<br />

para po<strong>de</strong>r fazer jus a uma ACC1 com uma limitação<br />

total <strong>de</strong> portfólio.<br />

Nós <strong>de</strong>monstramos a inviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre a questão<br />

e a maioria realmente não entrou por essas razões.<br />

E não fomos só nós que não entramos, os empresários<br />

do Brasil inteiro não se interessaram. Das 3.999,<br />

se não me falha a memória, mais <strong>de</strong> 3 mil foram licitações<br />

<strong>de</strong>sertas, não teve um. E não foi porque nós<br />

fizéssemos propagan<strong>da</strong>, uma contrapropagan<strong>da</strong>, nem<br />

na<strong>da</strong>. Não havia viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isso foi reconhecido pela<br />

própria empresa que conseguiu ter sucesso em torno<br />

<strong>de</strong> 300, hoje já são em torno <strong>de</strong> 200...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – 282.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– ...uma boa parte com ações na Justiça, até por propagan<strong>da</strong><br />

enganosa contra o Correio, muitas em situação<br />

pré-falimentar, algumas tiveram que fechar. A<br />

empresa, reconhecendo isso, não sei nem se é correto<br />

ou não: na licitação, a remuneração era 16%, ela fixou<br />

unilateralmente no <strong>de</strong>correr do ano passado 25,65%. O<br />

que nós fomos inclusive questionados por alguns franqueados<br />

que não entraram naquela ocasião dizendo o<br />

seguinte: mas como, então não era 16, era 25? Porque<br />

dá uma senhora diferença, 10% <strong>de</strong> comissionamento<br />

é alguma coisa que faz diferença nos cálculos <strong>de</strong> uma<br />

empresa. Então...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora consi<strong>de</strong>ra que 25,65% é uma taxa<br />

<strong>de</strong> congelamento razoável?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Essa é a taxa, digamos, média, que tem se mantido<br />

nos últimos anos, ao redor <strong>de</strong> vinte e cinco... assim a<br />

média <strong>da</strong>s comissões no global dividi<strong>da</strong> pelo número<br />

<strong>de</strong> ACF’s.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agora, pelo que temos <strong>de</strong> <strong>da</strong>do aqui, os franqueados<br />

que têm as mesmas características <strong>de</strong> faturamento<br />

dos permissionários têm uma faixa média que<br />

varia <strong>de</strong> 40 a 35%. Se consi<strong>de</strong>rarmos que 25,65% é<br />

uma faixa a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, haveria então uma situação <strong>de</strong><br />

pagamento a maior quando se fala <strong>de</strong> 40 a 35% para<br />

os franqueados?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Sr.<br />

Relator, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos muito a aplicação <strong>da</strong>quilo que se<br />

convencionou chamar como a tabela A. Foi uma tabela<br />

que mostrou uma inteligência até para a sobrevivência<br />

<strong>da</strong>s empresas, porque, conforme até um gráfico que<br />

já protocolamos junto a V. Exª...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós temos o gráfico.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

...quanto maior o faturamento, a curva <strong>de</strong> progressão<br />

do faturamento é muito maior do que a <strong>da</strong> comissão.<br />

Então, ao mesmo tempo em que a curva <strong>de</strong> faturamento<br />

sobe bastante, a <strong>de</strong> comissão se mantém mais ou<br />

menos estável. E para empresa é uma construção inteligente,<br />

porque quanto mais serviço nós captarmos,<br />

nós nem vamos ficar em 25, hoje o gran<strong>de</strong> objeto, a<br />

gran<strong>de</strong> meta, o objetivo para todos nós, é ganharmos<br />

10% porque, na concepção atual, ganhar 10% significa<br />

que estamos processando um volume <strong>de</strong> carga e<br />

<strong>de</strong> receita equivalente maior. Em escala a gente consegue<br />

chegar numa equação boa entre o custo e a<br />

nossa comissão.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos abdicar um pouco <strong>da</strong> economia <strong>de</strong> escala.<br />

O estudo que temos aqui, o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas<br />

nos revela, nos mostra que franqueados com o mesmo<br />

perfil dos permissionários recebem <strong>de</strong> 40 a 35% <strong>de</strong><br />

comissão e que os permissionários recebem 25,65%.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando, pelo seu próprio <strong>de</strong>poimento, que na<br />

origem <strong>da</strong> licitação era 16% e, unilateralmente, subiu<br />

para 25,65%, não haverá no caso <strong>da</strong> re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong><br />

um pagamento maior do que o necessário, uma vez que<br />

com 25,65% se consegue operar normalmente?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5007<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Eu acho que com 25,65% não se consegue operar<br />

normalmente, porque continuamos e sabemos <strong>da</strong> situação<br />

bastante crítica, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>corrido acho que um<br />

ano ou mais...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas não era por causa dos 16% que era crítica?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Mas, mesmo com 25,65%, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong><br />

movimento que essa agência tenha, ela não consegue<br />

sobreviver com isso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas estão sobrevivendo, têm 282 permissionários.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Seria interessante que a própria empresa pu<strong>de</strong>sse<br />

fornecer inclusive a lista <strong>da</strong>quelas agências que estão<br />

em dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira para honrar os seus compromissos,<br />

apesar <strong>de</strong> estar em vigência, se não me<br />

engano, há mais <strong>de</strong> um ano esse percentual.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas, veja, a questão <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira<br />

po<strong>de</strong> ter outros fatores. Há franqueados que, mesmo<br />

recebendo 35%, 40%, também estão em dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

financeiras por má-gestão, ou seja, não é necessariamente<br />

esse comissionamento. O que nós precisamos<br />

aprofun<strong>da</strong>r é verificar por que empresas <strong>de</strong> perfil<br />

equivalente têm uma diferença <strong>de</strong> remuneração tão<br />

acentua<strong>da</strong>, <strong>de</strong> maneira a que ou um está subfaturado<br />

ou outro está superfaturado. Isso interessa a nós verificarmos,<br />

se realmente a margem <strong>de</strong> remuneração <strong>da</strong>s<br />

franquea<strong>da</strong>s é correta ou não. Nesse sentido, se V. Sª<br />

tiver <strong>da</strong>dos que possam nos permitir formar uma convicção,<br />

por favor, envie-nos, porque nos causa espécie<br />

que empresas do mesmo perfil atuem na mesma re<strong>de</strong><br />

com margens diferentes, o que nos leva a crer que ou<br />

alguém está ganhando muito menos ou alguém está<br />

ganhando muito mais.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Colocaremos à disposição os estudos que, eventualmente,<br />

tivermos.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agra<strong>de</strong>ço.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Só<br />

completando, Sr. Relator, a ACC1...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A ACC1 é a permissionária, não é isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É a permissionária. Então, como foi pré-condição<br />

<strong>de</strong> participação na licitação, ela tem um outro negócio<br />

principal e a agência é um suplemento <strong>de</strong>ssa opera-<br />

ção. Então, ela tem custos compartilhados com outra<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas, pelo que a senhora disse, esse negócio<br />

adicional po<strong>de</strong>ria ser um ônus e não uma vantagem.<br />

Essa teria sido a razão pela qual...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. No nosso caso, que não tínhamos nenhum negócio<br />

mais e teríamos que investir para montar um negócio<br />

<strong>de</strong>sconhecido, para po<strong>de</strong>r entrar numa licitação,<br />

para nós era um risco <strong>de</strong>sconhecido e muito gran<strong>de</strong>.<br />

Ninguém hoje sai no País montando qualquer negócio,<br />

qualquer empresa.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em relação a esses permissionários, qual o<br />

peso <strong>de</strong>sse outro negócio na arreca<strong>da</strong>ção? A senhora<br />

tem algum estudo sobre isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não tenho. Infelizmente, não po<strong>de</strong>ria...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. Existem muitas ACFs <strong>de</strong>ficitárias<br />

atualmente?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nós temos situações <strong>de</strong> ACFs com problemas, sim,<br />

certamente, como tem acho que em qualquer ramo. O<br />

senhor mesmo estava dizendo: são vários os fatores<br />

que levam a uma boa gestão do negócio.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Muitas têm fechado, ao longo do tempo, por<br />

causa disso ou não?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Acho que, recentemente, acredito que não,<br />

mas tivemos momentos <strong>de</strong> muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> pegar<br />

dinheiro em banco para po<strong>de</strong>r honrar compromissos<br />

com os Correios...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Naqueles momentos mais agudos <strong>da</strong> conjuntura<br />

brasileira.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Da conjuntura brasileira ou em situações pontuais.<br />

Por exemplo, quando há uma falência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

grupo empresarial, em ca<strong>de</strong>ia, aquilo bate, vem como<br />

um dominó. Ele cai e po<strong>de</strong> atingir agências nossas que<br />

prestavam serviços para empresas <strong>da</strong>quele grupo e<br />

que se vêem, <strong>de</strong> repente, sem condições <strong>de</strong> estar honrando<br />

e tendo que arcar com o ônus e buscar recursos<br />

para honrar junto aos Correios. Aí temos alguns casos<br />

nessas situações, sim,...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– ...<strong>de</strong> inadimplência <strong>de</strong> clientes que causaram problemas<br />

na franquea<strong>da</strong>.


5008 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Abrapost chega a afirmar que o faturamento<br />

que provém dos clientes estratégicos representa mais<br />

<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a receita operacional <strong>da</strong> Empresa<br />

Brasileira <strong>de</strong> Correios e Telégrafos. Também afirma a<br />

Abrapost que a receita dos vinte maiores clientes do<br />

exercício <strong>de</strong> 2004 representou 22,1% <strong>da</strong> receita operacional<br />

<strong>de</strong> to<strong>da</strong> a ECT. Bom, nos vinte maiores clientes<br />

do exercício <strong>de</strong> 2004, estão incluídos os Bancos<br />

Itaú, Unibanco, Real e Santan<strong>de</strong>r. Porém, no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, foi autorizado, excepcionalmente, a<br />

migração <strong>de</strong>sses clientes dos Correios para algumas<br />

poucas ACFs, em 2005, ou seja, isso não foi uma política<br />

geral. Foi uma <strong>de</strong>cisão que favoreceu algumas<br />

ACFs. Essa situação <strong>de</strong> migração <strong>de</strong>sses clientes foi<br />

uma reivindicação <strong>da</strong> Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. A Abrapost não entra na gestão <strong>de</strong> contratos<br />

específicos, que são contratos, digamos, não sei se<br />

seria um termo a<strong>de</strong>quado, trilaterais. Os contratos <strong>de</strong><br />

prestação <strong>de</strong> serviço se dão entre o cliente, os Correios<br />

e a agência franquea<strong>da</strong>, seja do Banco Itaú, Real,<br />

Santan<strong>de</strong>r ou Unibanco, que o senhor citou, ou seja <strong>de</strong><br />

uma pequena empresa que faz pequenas postagens,<br />

a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> não participa <strong>da</strong> negociação, não interfere<br />

nessa administração entre as partes...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, a Abrapost não reivindicou essas<br />

migrações que foram feitas?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. O que nós reivindicamos é que houvesse uma<br />

liberação <strong>de</strong> todos os serviços, porque a empresa vem<br />

caindo. Nós temos sentido os nossos clientes saindo<br />

assim pelo meio <strong>da</strong>s mãos, dos <strong>de</strong>dos, e nós reivindicamos.<br />

Mas no acordo que foi firmado em novembro<br />

<strong>de</strong> 2004, o acordo se restringiu a formatar algumas<br />

modificações nos serviços concorrenciais. E pelo que<br />

eu... Eu não sei se o senhor teria, assim, um <strong>da</strong>do<br />

maior. Seriam esses contratos <strong>de</strong> FAC?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso. De FAC.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Porque os contratos <strong>de</strong> FAC nem foram objeto, a empresa<br />

não colocou isso no nosso acordo. Nós negociamos<br />

contratos <strong>de</strong> Se<strong>de</strong>x, <strong>de</strong> mala direta, empréstimo...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas havia nesse acordo um entendimento<br />

<strong>de</strong> que não haveria disputa entre os Correios e os<br />

franqueados por novos clientes. Ou seja, não haveria<br />

uma briga; ca<strong>da</strong> um respeitaria os clientes do outro.<br />

Não seria isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim. Isso foi uma condição.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora vendo isso... Quer dizer, pelo que<br />

eu entendi a Abrapost não reivindicou essas migrações?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Específicas?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É. Não.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Nós...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não reivindicou?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– ...aceitamos a regra <strong>de</strong> que não haveria...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Aceitou a regra geral?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – No caso, inclusive, nós tivemos uma situação<br />

um pouco curiosa. Porque no Rio <strong>de</strong> Janeiro foram<br />

in<strong>de</strong>feri<strong>da</strong>s migrações. No entanto, em São Paulo, esses<br />

quatro bancos tiveram migrações <strong>de</strong>feri<strong>da</strong>s, com<br />

favorecimento direto <strong>de</strong> algumas ACFs.<br />

Ao invés <strong>de</strong> uma política geral relativamente a<br />

isso, parece-me, talvez até como ofensa ao acordo<br />

que foi feito com os senhores, porque o Correio ce<strong>de</strong>u<br />

clientes para a re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>, ou para alguns franqueados...<br />

Isso me pareceu, e nos parece até agora,<br />

na CPMI, estranho.<br />

A senhora enten<strong>de</strong> que esse mecanismo que foi<br />

utilizado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ferimento <strong>da</strong>s migrações, <strong>de</strong> certa forma,<br />

é um mecanismo que foi feito em benefício dos<br />

Correios?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Eu... O que eu po<strong>de</strong>ria dizer é <strong>de</strong> algumas regras...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – A senhora po<strong>de</strong> falar no microfone, por favor?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Ah, <strong>de</strong>sculpe! O que eu po<strong>de</strong>ria... Eu não tenho <strong>da</strong>dos<br />

específicos para falar <strong>de</strong>sses clientes ou <strong>de</strong>sses<br />

contratos, mas o que eu po<strong>de</strong>ria testemunhar, até por<br />

estar na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992, é que aconteceram<br />

momentos em que a empresa criou serviços.<br />

O FAC original foi criado apenas para objetos. Esses<br />

auto-envelopados. Não sei se V. Exª... Aqueles que são<br />

dobrados e serrilhados.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu sei. Aqueles que você não coloca em envelope.<br />

Já tem envelope à parte.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Apenas para esses objetos que pesassem até <strong>de</strong>z gramas<br />

o cliente po<strong>de</strong>ria usar a mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> FAC. E nesse


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5009<br />

caso, não po<strong>de</strong>ria ser vincula<strong>da</strong> na re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>.<br />

Isso foi por volta, talvez, <strong>de</strong> 1990 e alguma coisa. O que<br />

aconteceu? O Banco, por exemplo, qualquer um <strong>de</strong>les<br />

ou um outro, tem correspondências <strong>de</strong>ssas pequenininhas,<br />

como tem correspondências envelopa<strong>da</strong>s, em<br />

que <strong>de</strong>ntro do envelope tem o extrato bancário, uma<br />

eventual propagan<strong>da</strong> <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> seguro, etc. O<br />

que acontece? Esses objetos que não são <strong>da</strong>ta maily,<br />

ou auto-envelopado, eram ...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – FAC.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, não. O FAC era só <strong>de</strong>sse pequenininho autoenvelopado.<br />

Os <strong>de</strong>mais, o mesmo Banco que utilizava<br />

o FAC para esses objetos, utilizava-se <strong>da</strong> re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong><br />

para ser postado na máquina <strong>de</strong> franquia. E<br />

aí, na máquina <strong>de</strong> franquia, vigora a tabela A, <strong>de</strong> 10%<br />

a 40%.<br />

Num <strong>de</strong>terminado momento, a empresa esten<strong>de</strong>u<br />

o FAC para objetos <strong>de</strong> peso... abrangeu outras faixas<br />

<strong>de</strong> peso e <strong>de</strong> tarifas também.<br />

E po<strong>de</strong>ria dizer, também, que em 2001... Eu estou<br />

tentando até achar, porque eu gostaria que ficasse protocolado<br />

aqui. Em 2001, a empresa cometeu um gran<strong>de</strong><br />

equívoco na mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s tabelas <strong>de</strong> preços e tarifas.<br />

Especialmente em relação ao segmento <strong>de</strong> marketing<br />

direto, a própria Abemd, a associação que congrega<br />

as empresas <strong>de</strong> marketing direto, na época, em 2001,<br />

entrou com um processo contra os Correios, porque o<br />

Correio andou formatando alguns serviços com... por<br />

exemplo, impressos eram tarifados <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

até vinte gramas; <strong>de</strong> vinte a cinqüenta; cinqüenta a cem;<br />

cem a duzentos e cinqüenta; duzentos e cinqüenta a<br />

quinhentos gramas. O que aconteceu em 2001? A partir<br />

<strong>de</strong> cem gramas, a empresa <strong>de</strong>smembrou <strong>de</strong> cinqüenta<br />

em cinqüenta gramas. Então, nós per<strong>de</strong>mos, por<br />

exemplo, praticamente... Se os senhores perceberem<br />

nas correspondências e revistas que são entregues<br />

em seus domicílios, em seus escritórios, muito pouca<br />

coisa, hoje, é a ECT quem entrega. Naquela ocasião,<br />

nós tínhamos muitos periódicos – como são chamados<br />

– são revistas <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, editoras especializa<strong>da</strong>s,<br />

em que o assinante paga pela assinatura, para ter direito<br />

a um ano <strong>de</strong> exemplares. O que aconteceu? Aquilo<br />

que a editora tinha imaginado e pagava 99 centavos,<br />

passou a pagar, por exemplo, R$3,99.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, eu até entendo que é uma<br />

disputa <strong>de</strong> mercado. Mas, em relação a bancos? Por<br />

que bancos?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Pois é. Agora, Bancos, existem – até por aquele concei-<br />

to <strong>de</strong> monopólio –; existem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1950, concorrentes<br />

que fazem a entrega <strong>de</strong> talão <strong>de</strong> cheque...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Mas ilegalmente, não?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não... Existe to<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> até judicial, se questionando.<br />

Acho que careceria <strong>de</strong> uma precisão maior<br />

e <strong>de</strong> regulamentar...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Veja, até on<strong>de</strong> eu sei, o Correio enten<strong>de</strong> que<br />

isso não é permitido.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – E<br />

vai com ações <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, mas existe esse tipo.<br />

Tanto que o Correio enten<strong>de</strong>, é sempre...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Eu não posso dizer que há uma concorrência<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> lei. Aí é a mesma coisa que o contrabando<br />

ter uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> concorrencial com o comércio lícito.<br />

O contrabando é ilícito. Então, isso não me autoriza<br />

a, por exemplo, permitir a importação, sem imposto,<br />

claro, para não ter concorrência comigo. Acho que aí<br />

é que é o problema. No caso, a gran<strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong> que<br />

nós temos...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Dezessete mil concorrentes no mercado...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Não, mas, especificamente, por que essa migração<br />

foi <strong>da</strong><strong>da</strong> para Bancos? Não se <strong>de</strong>u para outros<br />

setores. Não se <strong>de</strong>u... Por que para Bancos?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Eu<br />

po<strong>de</strong>ria só acrescentar em termos <strong>de</strong>ssa evolução, o<br />

que aconteceu? No caso...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Não, isso nós temos. O que eu quero enten<strong>de</strong>r...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Pois é. O FAC passou a ser mais abrangente em<br />

termos <strong>da</strong>s várias mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – A senhora po<strong>de</strong> ficar tranqüila que esses atos,<br />

nós temos.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Tá.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – O que eu quero enten<strong>de</strong>r é, localiza<strong>da</strong>mente,<br />

esta questão. Se a senhora tem alguma explicação<br />

para nós do porquê que, ao invés <strong>de</strong> uma política geral,<br />

foi feito em relação a Bancos e, especificamente,<br />

por que em relação a certos franqueados? A senhora<br />

teria alguma explicação para isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não. Acho que a enti<strong>da</strong><strong>de</strong>... Não participamos <strong>de</strong>ssa<br />

negociação... Acho que precisaria...


5010 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Claro. Enten<strong>de</strong>r as razões. A senhora não tem,<br />

não conheceria as razões pelas quais isso foi feito?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Agora, em um <strong>de</strong>terminado momento, eu gostaria até <strong>de</strong><br />

anexar aqui, em 2001, como eu estava dizendo, existiu<br />

uma questão <strong>de</strong> discussão sobre a precificação. E, na<br />

ocasião, que foi no dia 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001, foi assinado<br />

um acordo entre a Diretoria Comercial... Assinaram um<br />

acordo sete diretores <strong>da</strong> empresa e oito franqueados<br />

dizendo o seguinte. Um dos itens era: Os clientes, habitualmente<br />

atendidos por ACFs, que tenham migrado<br />

após o reajuste para contrato <strong>de</strong> mala direta postal e<br />

FAC, se <strong>de</strong>sejarem, retornarão para o atendimento nas<br />

respectivas ACFs. Isso foi assinado em julho <strong>de</strong> 2001.<br />

Então, nessa ocasião se permitiu...<br />

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Só houve a<br />

migração <strong>de</strong> quem já era cliente <strong>da</strong>quela ACF?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Já<br />

era conhecido que já em 2001 existia essa situação. E<br />

aí em 2002 com aquela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> extinção dos<br />

nossos contratos, então, houve...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Isso está claro. A nossa dúvi<strong>da</strong>, a questão, a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> quem vai fazer ou não é uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

política administrativa, que vai implicar em discussões<br />

<strong>de</strong> mérito. O que nos chamou a atenção é que, ao invés<br />

<strong>de</strong> uma medi<strong>da</strong> geral, foi feita uma específica e com<br />

o favorecimento para algumas franquea<strong>da</strong>s, enquanto,<br />

em alguns outros casos, como no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

houve in<strong>de</strong>ferimentos. Foi isso o que nos chamou a<br />

atenção.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Talvez a enti<strong>da</strong><strong>de</strong>... Nós não participamos.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Não participou. É essa a minha in<strong>da</strong>gação.<br />

O ex-Presi<strong>de</strong>nte Carlos Hassan Gebrim, dos<br />

Correios, em um <strong>de</strong>poimento prestado à CPMI, falou o<br />

seguinte. Eu quero ler para a senhora o que ele disse e<br />

vou pedir para a senhora comentar. Ele disse o seguinte:<br />

“Colocar franqueado para cliente coorporativo é tirar<br />

dinheiro dos Correios. Quem tem investimento são os<br />

Correios, quem investe em tecnologia são os Correios.<br />

Eles que têm um gran<strong>de</strong> investimento e eles que têm<br />

que ter o retorno <strong>de</strong>sse investimento. Não tem sentido<br />

repassar, todos os anos, 400, 500 milhões. Não tem<br />

sentido. Po<strong>de</strong> se passar 100 para os pequenos, para o<br />

varejo, para aquele que está em um supermercado ou<br />

num shopping, on<strong>de</strong> o ci<strong>da</strong>dão vai e coloca a carta <strong>de</strong>le.<br />

Agora, ir no Itaú, ir no Bra<strong>de</strong>sco ou ir nesses Bancos<br />

pegar aquele pacote <strong>de</strong> coisa, carregar e entregar para<br />

os Correios fazerem o resto do trabalho e ganharem<br />

não sei quanto? Sou absolutamente contra isso. Estou<br />

sendo absolutamente franco. Trabalhei muito para isso.<br />

Trabalhei muito. Foi um <strong>de</strong>sgaste gran<strong>de</strong>.”<br />

Quero dizer o seguinte: é injusto para os Correios,<br />

quando se autorizam bancos, por exemplo, porque<br />

basta ir lá, pegar o pacote e levar. E são os Correios<br />

que têm <strong>de</strong> fazer tudo; eles que vão investir em tecnologia.<br />

E, <strong>da</strong> parte do franqueado, não há nenhum<br />

investimento efetivo para esse tipo <strong>de</strong> trabalho.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Não é<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT –<br />

SP) – Quem falou não fui eu, foi o Hassan Gebrin.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – O Presi<strong>de</strong>nte<br />

conhecia muito pouco os Correios.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Talvez conheça.<br />

Estou argüindo a <strong>de</strong>poente. Não nos cabe<br />

aqui... Teceremos o nosso juízo <strong>de</strong> valor no relatório.<br />

No momento, tenho <strong>de</strong> fazer referência.<br />

Isso é o que fala o relatório do Hassan Gebrin.<br />

Não estou <strong>da</strong>ndo nenhum juízo <strong>de</strong> valor. Vou pedir<br />

para que ela me comente.<br />

O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Use a<br />

inteligência <strong>de</strong> V. Exª.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardoso. PT<br />

– SP) – Veja, foi <strong>da</strong>do um <strong>de</strong>poimento à CPMI que tem<br />

<strong>de</strong> ser comentado. E é um argumento que, digamos<br />

assim, não merece comentários.<br />

Ele está dizendo o seguinte: os franqueados não<br />

investem e que, portanto, basta pegar o material e levar,<br />

que isso é injusto para os Correios.<br />

Gostaria que a senhora me comentasse isso, sem<br />

prejuízo dos comentários adicionais, esclarecedores<br />

do Deputado Onyx Lorenzoni.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Pois não.<br />

Não concor<strong>da</strong>mos. Trouxemos, inclusive, fotografias<br />

dos equipamentos que utilizamos e que agências<br />

que aten<strong>de</strong>m gran<strong>de</strong>s clientes efetuaram ao longo<br />

<strong>de</strong>sses anos.<br />

Não são só bancos, mas clientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<br />

e até pequenas empresas – nossas clientes; hoje, do<br />

que elas precisam? Elas precisam <strong>de</strong> fornecedores, <strong>de</strong><br />

prestadores <strong>de</strong> serviços que assumam, ca<strong>da</strong> vez mais,<br />

soluções completas, eliminando a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> negociação<br />

com muitas empresas. Então, quanto mais quaisquer<br />

fornecedores, prestadores <strong>de</strong> serviços se prepararem<br />

para oferecer uma solução mais global, melhor, que<br />

vá <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a geração <strong>de</strong> arquivos, impressão, auto-envelopamento<br />

etc. São as empresas que têm sucesso<br />

na obtenção <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> cliente <strong>de</strong> carga.<br />

Temos as CFs, que investiram, algumas mais,<br />

com equipamentos <strong>de</strong> maior porte; outras, com equipa-


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5011<br />

mentos <strong>de</strong> menor porte. E, ca<strong>da</strong> vez mais, o mercado<br />

exige que ofereçamos soluções completas.<br />

Inclusive, em relação a esses clientes, que V. Exª<br />

menciona, <strong>de</strong> bancos, sabemos <strong>de</strong> casos em que os<br />

franqueados permaneceram imprimindo, auto-envelopando<br />

e fazendo a entrega, pelo cliente, apesar <strong>de</strong><br />

não receber, mas cobrando por esse tipo <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> serviço.<br />

Então, acreditamos; e é tendência do mercado<br />

isso, po<strong>de</strong>r oferecer a solução ca<strong>da</strong> vez mais completa.<br />

Acho que há um certo <strong>de</strong>sconhecimento nesse<br />

<strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> enxergar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s nossas<br />

agências. Não somos simplesmente, hoje, agências<br />

com funcionários que ficam atrás do balcão esperando<br />

que o cliente traga tudo pronto. Vamos muito mais no<br />

início <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia produtiva do cliente <strong>de</strong> comunicação<br />

para po<strong>de</strong>r oferecer esse tipo <strong>de</strong> solução.<br />

Então, não concordo. Viemos fazendo investimento,<br />

sim; posso, inclusive, testemunhar que, em 1993,<br />

fomos os pioneiros em informatizar as agências <strong>de</strong><br />

Correios, a contragosto <strong>da</strong>s franqueadoras, porque<br />

achávamos que haveria uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> muito maior<br />

do serviço sair preciso, ágil.<br />

E, pasmem V. Exªs! Quantas vezes tivemos <strong>de</strong><br />

convencer os Correios <strong>de</strong> que apresentar uma lista informatiza<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> se<strong>de</strong>x, era muito mais<br />

preciso e sujeito a menos trabalho, a erros, oferecendo<br />

um alista informatiza<strong>da</strong> do que aquela carbona<strong>da</strong>,<br />

escrita à mão, que o cliente tinha <strong>de</strong> preencher manualmente.<br />

E, pasmem: tivemos, por muitos meses, <strong>de</strong><br />

passar a limpo, à mão, os balancetes que eram gerados<br />

no computador para que os Correios aceitassem,<br />

naquele formulário tradicional e com carbono.<br />

Vínhamos investindo. Acho que existe certo <strong>de</strong>sconhecimento<br />

do ex-Presi<strong>de</strong>nte ao fazer esse tipo <strong>de</strong><br />

afirmação.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Ele prossegue dizendo o seguinte – eu o estava<br />

argüindo naquele momento. Eu disse a ele: “Houve um<br />

momento em que a re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong> atendia os gran<strong>de</strong>s<br />

clientes, mas, <strong>de</strong>pois disso, passou para a alça<strong>da</strong> dos<br />

Correios. Parece que essa <strong>da</strong>ta foi em 2002, portanto,<br />

talvez durante a gestão <strong>de</strong> V. Sª”. Ele disse: “Foi na minha<br />

gestão”. Perguntei eu: “Como foi esse processo?”<br />

Respon<strong>de</strong>u-me ele: “Foi uma <strong>de</strong>cisão interna nossa”.<br />

Perguntei eu: “Por quê?” Disse-me ele: “Porque os custos<br />

repassados aos franqueados eram muito altos, muito<br />

significativos, e tínhamos condições <strong>de</strong> realizar aquela<br />

tarefa. Tão simples quanto isto”. Perguntei eu: “Houve<br />

algum estudo escrito para isso?” Respon<strong>de</strong>u-me ele:<br />

“Ah, <strong>de</strong>ve ter estudo, sim, mas lhe digo o seguinte: eu<br />

dispensaria estudos. Houve estudos no seguinte sen-<br />

tido – isso posso lhe afirmar: o que precisamos dispor<br />

para prestar o serviço, isso houve”.<br />

Nesse sentido, Sr. Relator, houve. De que forma<br />

<strong>de</strong>veríamos a<strong>de</strong>quar aquilo que não estava sendo feito<br />

para que pudéssemos fazê-lo? Então, por exemplo,<br />

alocar um ou dois carros? Isso, com certeza, foi feito.<br />

Perguntei eu: “Portanto, quando houve a absorção <strong>de</strong>sse<br />

cliente pela estrutura central dos Correios, o senhor<br />

consi<strong>de</strong>ra que essa operação foi um êxito?” Disse-me<br />

ele: “Com certeza e será a qualquer momento que os<br />

Correios resolvam fazê-lo”. Perguntei eu: “Houve redução<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>? Permaneceu no mesmo nível?” Ele<br />

me respon<strong>de</strong>u: “Não. A mesma coisa”. Eu perguntei:<br />

“No <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> ontem, do Diretor Comercial dos<br />

Correios, que <strong>de</strong>cidiu, em maio <strong>de</strong> 2005, pelo retorno<br />

<strong>de</strong> quatro bancos para a re<strong>de</strong> franquea<strong>da</strong>, foi argumentado<br />

que esse retorno implicou uma substantiva<br />

elevação <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e, portanto, em ganhos para os<br />

Correios. O senhor vê alguma razão para que tenha<br />

havido essa elevação <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>?” Respon<strong>de</strong>u-me<br />

ele: “Eu não posso respon<strong>de</strong>r em cima <strong>de</strong> coisas que<br />

eu não conheço, não é? Mas, se eu fosse respon<strong>de</strong>r,<br />

seria uma informação”... In<strong>da</strong>guei: “Pela sua experiência?”<br />

Ele respon<strong>de</strong>u: “Eu diria que ao contrário. Se<br />

fosse aumentar a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, seria no sentido contrário,<br />

ou seja, quando os Correios assumiram, porque, com<br />

certeza, não há dúvi<strong>da</strong> quanto a isso, o relatório dos<br />

Correios mostra que havia frau<strong>de</strong>s na postagem, no<br />

franqueamento <strong>de</strong> objetos. Então, a lógica seria que<br />

fosse o contrário, não é? Mas eu não estou fazendo<br />

uma afirmação, estou fazendo uma avaliação, uma<br />

ilação”.<br />

Ou seja, ele diz que existiam frau<strong>de</strong>s, à época, na<br />

postagem e que, portanto, o fato <strong>de</strong> os Correios terem<br />

absorvido, ao ver <strong>de</strong>le, como uma ilação, como uma<br />

<strong>de</strong>dução, isso implicaria uma elevação <strong>de</strong> ganhos, em<br />

vez <strong>de</strong> per<strong>da</strong> para os Correios.<br />

A senhora tem ciência <strong>de</strong>sse fato ou não? Ele<br />

mais uma vez <strong>de</strong>sconhece a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Eu não sei. A questão central é que ele está achando<br />

que tem...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Que havia frau<strong>de</strong>s na época e que, quando,<br />

na postagem, fazia uma série <strong>de</strong> questões, quando<br />

os Correios absorveram, obviamente, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> haver<br />

uma per<strong>da</strong>.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Olha, acho que, em termos <strong>da</strong> re<strong>de</strong> do nosso sistema,<br />

<strong>da</strong> re<strong>de</strong> como um todo, isso não é a prática habitual.<br />

Estamos sujeitos a tantos controles! E somos a favor,<br />

havendo situações pontuais <strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> que<br />

se apure, que as regras sejam justas, claras, transpa-


5012 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

rentes. Queremos preservar, inclusive, a boa imagem<br />

que temos junto aos clientes.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito.<br />

Um outro <strong>da</strong>do que nos chamou a atenção nessa<br />

migração é que o Manual dos Correios foi, a nosso<br />

ver, <strong>de</strong>srespeitado. Lá se previa que seria necessário<br />

fazer uma média histórica dos últimos seis meses. No<br />

entanto, como <strong>de</strong>tecta o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União,<br />

foi utiliza<strong>da</strong> uma média histórica <strong>de</strong> 2002, que elevou,<br />

sem aparente justificativa, aquilo que aquelas franquea<strong>da</strong>s<br />

receberiam – digo isso apenas para que V.<br />

Sª tenha ciência.<br />

No caso do cliente Itaú, a média <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

pelos seis meses, se fossem seguir o manual, seria<br />

<strong>de</strong> R$7.988 milhões. Aplicando-se a média <strong>de</strong> 2002,<br />

passou a ser R$12.285 milhões. Portanto, houve um<br />

exce<strong>de</strong>nte artificial, só no Itaú, <strong>de</strong> R$4.297 milhões.<br />

No Unibanco, a média dos seis meses era <strong>de</strong><br />

R$3.721 milhões. Passou a ser <strong>de</strong> R$7 milhões. Aqui,<br />

houve um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> R$3.279 milhões. No Real,<br />

eram R$2 milhões, se fossem seguir a regra do manual;<br />

passou a ser R$4.270 milhões, exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

R$2.178 milhões. Santan<strong>de</strong>r seria zero, mas passou<br />

a ser R$4.362 milhões, portanto R$4 milhões.<br />

Só nessas quatro migrações, houve mais <strong>de</strong> R$10<br />

milhões <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>nte, segundo o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas<br />

<strong>da</strong> União, <strong>de</strong>finidos artificialmente como forma <strong>de</strong> remuneração<br />

a maior para aqueles franqueados que<br />

foram beneficiados nesse caso.<br />

A senhora tinha ciência <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>ssa média<br />

<strong>de</strong> 2002 para aten<strong>de</strong>r esses franqueados?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não. O que nós conhecemos e a regra que é aplica<strong>da</strong>,<br />

realmente, é a do manual <strong>de</strong> comercialização.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Que é a <strong>de</strong> seis meses, que diz: seis meses<br />

anteriores.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora consegue vislumbrar alguma explicação<br />

para essa média <strong>de</strong> 2002?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, primeiro que nós <strong>de</strong>sconhecemos os contratos<br />

e esses valores aí. Eu acho que seria assim um<br />

pouco... Não me sinto, assim, segura <strong>de</strong> tecer nenhuma<br />

análise a respeito <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos porque a gente<br />

<strong>de</strong>sconhece, inclusive, o histórico <strong>de</strong> relacionamento<br />

anterior a 2002, o que foi que aconteceu. Não temos<br />

elementos, objetivos para fun<strong>da</strong>mentar uma avaliação<br />

sobre isso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se a senhora, como uma franquea<strong>da</strong>, fosse<br />

receber uma migração <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses clientes e fosse<br />

adota<strong>da</strong> a média dos seis meses, a senhora estaria<br />

bem remunera<strong>da</strong>?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Se<br />

o cliente tiver uma perspectiva <strong>de</strong> crescimento, a gente<br />

precisaria avaliar...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Um banco. Se, por exemplo, na sua franquia,<br />

eu fosse o diretor dos Correios e dissesse o seguinte:<br />

“Eu vou-lhe <strong>de</strong>ferir a migração do Banco Itaú; a regra<br />

é a do manual”.” A senhora aceitaria?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Precisaríamos avaliar qual seria. Especialmente no<br />

segmento financeiro, tem havido muitas fusões, aquisições,<br />

etc.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas isso não modifica.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, modifica.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por quê?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Modifica. Modifica, porque hoje, por exemplo, há uma<br />

gran<strong>de</strong> concentração <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>sses bancos em<br />

São Paulo. Alguns anos atrás, a matriz <strong>de</strong> muitos bancos<br />

que hoje estão absorvidos por outros até ficava na<br />

Bahia, no Paraná, em outros Estados.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, mas isso não altera.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não, altera pelo seguinte: se houver uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> postagem, suponha que qualquer um<br />

<strong>de</strong>sses vá comprar...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, consi<strong>de</strong>re-se o Banco Itaú.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – O<br />

Banco Itaú é sempre um candi<strong>da</strong>to a estar adquirindo<br />

novos bancos. Se houver uma perspectiva <strong>de</strong> crescimento...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Não só novos bancos. Obviamente, ele tem uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> clientela permanentemente sendo acresci<strong>da</strong>,<br />

ou seja, não é um banco paralisado. Se eu passar o<br />

Banco Itaú para a senhora – olha que a senhora vai<br />

ter um volume gran<strong>de</strong> -, a senhora, com seis meses,<br />

não aceita?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Se<br />

houver uma perspectiva <strong>de</strong> crescimento...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Senão, não aceita?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5013<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– É, senão....<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Ou seja, então, po<strong>de</strong>mos fixar como regra, para<br />

nossas orientações futuras, que qualquer migração não<br />

necessariamente tem que estar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas regras?<br />

Temos que mu<strong>da</strong>r as regras para admitir a migração?<br />

Ou seja, se não houver perspectiva <strong>de</strong> crescimento, eu<br />

posso <strong>de</strong>scartar, então, qualquer política <strong>de</strong> migração<br />

<strong>da</strong>qui para frente?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA –<br />

Não. Eu acho o seguinte: os Correios não têm condições<br />

<strong>de</strong> fazer o atendimento em termos <strong>de</strong>ssas soluções<br />

mais completas que os clientes precisam. Existe muita<br />

insatisfação, inclusive dos clientes, em relação...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja, a minha pergunta... Vamos abstrair a<br />

satisfação do cliente. Estou perguntando <strong>da</strong> sua remuneração.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora ou os franqueados, se a CPMI, por<br />

exemplo, tivesse uma orientação e dissesse o seguinte<br />

para a senhora: “Olha, queremos passar os bancos para<br />

a senhora, sem nenhuma garantia <strong>de</strong> que vai haver<br />

crescimento, fusão, etc., etc., mas a regra do manual.<br />

Os senhores aceitam?<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Só uma<br />

pergunta para aju<strong>da</strong>r. Essa migração se <strong>de</strong>u para quem<br />

tinha captado o cliente antes ou não? Porque isso mu<strong>da</strong><br />

o jogo. Se o cliente era <strong>da</strong> ACF <strong>de</strong>la e ela investiu e<br />

captou esse cliente, é uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi só para alguns, Ônix.<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Se esse<br />

cliente vai para o Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá, que nunca teve<br />

o cliente, é importante essa diferença.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, não. O que eu quero saber é a quantificação<br />

<strong>da</strong> remuneração <strong>da</strong> média <strong>de</strong> 2002.<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Sim, mas<br />

eu vou-te explicar porque eu tive distribuição, e eu paguei<br />

representante. Eu vivi isso 15 anos <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>.<br />

E há uma regra para o cálculo, que não é regra <strong>de</strong> nenhum<br />

manual. Está na lei. O que ocorre? Tu tens que<br />

retroagir até a circunstância em que operava o mercado,<br />

<strong>de</strong> todos os fatores que inci<strong>de</strong>m. Então, se esse cliente<br />

foi captado por ela, tem que ver qual era a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>le lá, o que aconteceu no curso <strong>de</strong>ntro...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o recurso foi captado quatro anos<br />

<strong>de</strong>pois.<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Espera<br />

aí. Espera aí. Não, espera aí. O que quero enten<strong>de</strong>r é<br />

o seguinte, e quero aju<strong>da</strong>r no raciocínio: se o cliente foi<br />

captado originalmente pela ACF, ela operou, investiu,<br />

fez uma série <strong>de</strong> coisas. Ao que eu sei <strong>da</strong> história, a<br />

ECT, unilateralmente, a empresa, retirou os clientes<br />

porque ela criou uma outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em 2002?<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) - Isso. Mas<br />

eles operavam antes. E, <strong>de</strong>pois, houve exigência dos<br />

clientes originais, exatamente porque agregava uma<br />

série <strong>de</strong> novos serviços - é por isso que eu disse que<br />

esse Vice-Presi<strong>de</strong>nte tinha <strong>de</strong> conhecer um pouco<br />

mais a operação, e eu tive o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> conhecer algumas<br />

-, ou seja, eles prestavam uma série <strong>de</strong> outros<br />

serviços, por isso o cliente original forçou os Correios<br />

a voltarem. Então, tem <strong>de</strong> calcular exatamente o que<br />

eles tinham <strong>de</strong> investimento, o que agregou e ampliou<br />

enquanto esteve nas mãos dos Correios, para fazer<br />

uma equalização.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas isso não foi calculado?<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Não, mas<br />

eu estou só perguntando. Não estou respon<strong>de</strong>ndo. Eu<br />

só estou aju<strong>da</strong>ndo a pensar.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – É que, objetivamente, não houve cálculo nenhum.<br />

Aliás, uma <strong>da</strong>s perguntas que foram feitas é com base<br />

em que estudo financeiro foi calcula<strong>da</strong> essa fórmula.<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) - Quando<br />

veio o diretor <strong>de</strong> São Paulo, ele <strong>de</strong>u uma explicação.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, ele falou que era uma questão ética.<br />

O SR. ONIX LORENZONI (PFL – RS) – Ah, bom.<br />

Isso é negócio.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Uma questão ética. Posteriormente, quando<br />

veio o diretor comercial, ele falou que era exatamente<br />

uma tentativa <strong>de</strong> se resgatar essa explicação que V.<br />

Exª está <strong>da</strong>ndo. Aí, foi perguntado: “O senhor fez um<br />

estudo financeiro caso a caso?” A resposta foi “não”.<br />

E o próprio Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União aponta que é<br />

uma média arbitrária, sem nenhum fun<strong>da</strong>mento. E é<br />

aí que eu pergunto, exatamente para tentar subsidiar<br />

a nossa reflexão. No caso, essa média que consta do<br />

manual, que diz o seguinte: “Olha, Manual <strong>de</strong> Comercialização<br />

e <strong>de</strong> Atendimento – assim, nesses casos, a<br />

remuneração <strong>da</strong> agência franquea<strong>da</strong> é <strong>de</strong> 5% sobre o<br />

valor que eventualmente exce<strong>de</strong>r a média mensal dos<br />

serviços que a ECT vinha executando diretamente<br />

nos últimos seis meses anteriores.” Ou seja, essa é a


5014 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

regra. Foi <strong>de</strong>srespeita<strong>da</strong> essa regra, especificamente<br />

para esse caso, <strong>de</strong>ssas quatro migrações.<br />

A minha pergunta é: se houvesse uma diretriz,<br />

hoje, dos Correios, encomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pela CPMI, <strong>de</strong> que<br />

haveria migração, retornando ao estado anterior <strong>de</strong><br />

2002, por essa média a senhora diria que todos seriam<br />

bem remunerados ou teríamos que <strong>de</strong>scartar<br />

essa política?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Olha, eu não conheço a situação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

um <strong>de</strong>sses casos que foram apontados. Agora, o que<br />

é muito difícil para qualquer empresário, que nós somos,<br />

é trabalhar exatamente com essa mutação <strong>de</strong><br />

regras. Trabalhar, inclusive com empresa pública no<br />

País – não sei em outro país, nunca vivi – é muito difícil.<br />

Ca<strong>da</strong> nova diretoria que assume tem novas idéias,<br />

novas iniciativas, regras. É difícil para a gente administrar<br />

uma empresa, fazer uma empresa sobreviver<br />

nessa conjuntura econômica que nós atravessamos<br />

ao longo <strong>de</strong>sses 16 anos.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu entendo o seu argumento.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – E<br />

a regra fica mu<strong>da</strong>ndo, uma hora é uma coisa, <strong>da</strong>í a seis<br />

meses não é, <strong>da</strong>í a seis meses não é mais.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Eu entendo o seu argumento, mas perceba...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Acho que essas situações to<strong>da</strong>s...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – São ruins.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– São situações <strong>de</strong>correntes até <strong>de</strong>ssas mu<strong>da</strong>nças<br />

<strong>de</strong> regras.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, então, para não haver mutação <strong>de</strong><br />

regra, seria melhor não retornarem esses clientes,<br />

porque aí ficaria com o <strong>de</strong> 2002 estabilizado.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Agora, acho que nem a ECT, nem ninguém, é dono<br />

do cliente. Os clientes são empresas...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja, estou usando a sua premissa. Ou seja,<br />

se a idéia é a estabilização, então o i<strong>de</strong>al seria não<br />

retornar mais.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Não, não entendi.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Veja, houve uma mu<strong>da</strong>nça em 2002. A senhora<br />

falou que o gran<strong>de</strong> problema é a mutação; então, o i<strong>de</strong>al<br />

é que, <strong>da</strong>qui para frente, fique tudo como está.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sr.<br />

Relator, <strong>de</strong>ixe-me intrometer e falar aqui em nome <strong>de</strong><br />

um outro; e colocar mais uma figura no meio, que não<br />

são nem os Correios nem a franquea<strong>da</strong>. É o ci<strong>da</strong>dão,<br />

quer dizer, o cliente, o interessado, pois <strong>da</strong>qui a pouco<br />

tem um trabalho capacitado no meio e ele até prefere<br />

um trabalho diferenciado, prefere um trabalho com mais<br />

especificação, com mais apoio, com melhor logística,<br />

com maior estrutura, digamos assim, um trabalho que<br />

vai buscar em casa, levar em casa, transportar. É o que<br />

eu chamo <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lização. Então, não adianta também<br />

só os Correios franqueados ficarem aqui Tem <strong>de</strong> olhar<br />

também o interesse do cliente. O cliente vai querer<br />

também fazer a opção pelo melhor para ele.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Só que o interesse do cliente, em última instância,<br />

nesse caso, também é a população que paga<br />

imposto e isso é dinheiro público. Ou seja, temos <strong>de</strong><br />

verificar se a remuneração é justa. Ninguém quer que<br />

ganhe mais ou menos.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Então,<br />

tem mais uma parte no meio.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ninguém quer quebrar ninguém. O que não<br />

po<strong>de</strong> é haver ganhos e favorecimentos in<strong>de</strong>vidos para<br />

alguns, essa é a questão. E, no caso, o que estamos<br />

tentando investigar é se a afirmação que foi feita pelos<br />

auditores é correta.<br />

O Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União nos dá uma auditoria<br />

dizendo que essa meta <strong>de</strong> 2002 foi infla<strong>da</strong>, injustifica<strong>da</strong>,<br />

e inaceitável, por isso eu estava tentando<br />

extrair <strong>da</strong> <strong>de</strong>poente uma avaliação em relação a essa<br />

fórmula, para que nós pudéssemos ter um paradigma<br />

<strong>da</strong> experiência <strong>de</strong>la, no que se refere a ser uma boa<br />

ou má remuneração, se é justa ou injusta. Essa é a<br />

intenção do questionamento.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Somos<br />

a favor <strong>de</strong> que não há como engessar a vonta<strong>de</strong><br />

do cliente no mercado. Ca<strong>da</strong> vez mais, não há como.<br />

Então, acho que os casos <strong>de</strong>veriam ser analisados. É<br />

caso a caso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, a senhora seria contrária a uma fórmula<br />

uniforme <strong>de</strong> remuneração. Seria isso? A senhora<br />

seria contrária a uma fórmula uniforme, como existe<br />

no manual? A senhora acha que ca<strong>da</strong> caso teria <strong>de</strong><br />

ser analisado?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – A<br />

captação <strong>de</strong> novos clientes é uma coisa. Agora, esses<br />

clientes que ficaram indo e vindo...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, estou falando <strong>da</strong> migração, bem objetivamente.<br />

Da migração. A senhora seria contra uma<br />

fórmula uniforme para todos se eu fosse <strong>de</strong>cidir uma<br />

migração?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5015<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – Até<br />

porque acho que ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s situações retrata<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>ve ter tido uma evolução diferente na evolução do<br />

relacionamento. Tenho certeza, porque quando o senhor<br />

me fala que Santan<strong>de</strong>r era zero, quer dizer que<br />

ele nem tinha contrato, então, em 2002, suponho.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Exato. Era isso, não era?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Nem tinha contrato. Então, acho que precisaria, nos<br />

casos...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não tinha contrato e voltou com ganhos. É<br />

isso o que está nos espantando.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – A<br />

nossa posição seria analisar caso a caso.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o Santan<strong>de</strong>r, na época, era<br />

Banespa, e foi privatizado. Por isso que o coeficiente<br />

é zero. Era um novo banco.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – A<br />

minha posição seria <strong>de</strong> analisar caso a caso, ca<strong>da</strong><br />

um <strong>de</strong>les.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT –<br />

SP) – Então, a minha pergunta é: a senhora acha que<br />

teria <strong>de</strong> ter, ao invés <strong>da</strong> fórmula uniforme do manual,<br />

teria <strong>de</strong> ser estu<strong>da</strong>do caso a caso, para ver qual é a<br />

remuneração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> situação específica?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Porque, nesse caso, alguém po<strong>de</strong> estar ganhando<br />

mais e alguém po<strong>de</strong> estar ganhando menos.<br />

Seria isso?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Eventualmente, sim.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Essa é a pergunta para a qual eu estava tentando<br />

obter uma resposta.<br />

Relativamente ao monopólio dos Correios, qual<br />

é a posição <strong>da</strong> Abrapost?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – A<br />

privatização?<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, o monopólio, o contrário. Bom, se quiser<br />

respon<strong>de</strong>r sobre a privatização...<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Achamos o seguinte: a empresa... Essa questão do<br />

monopólio, o conceito, hoje, está bastante polêmico e<br />

tem-se valido disso a concorrência para po<strong>de</strong>r... Apesar<br />

<strong>de</strong> o senhor discor<strong>da</strong>r, <strong>de</strong> fato, existe a concorrência.<br />

Agora, se a empresa prescindir <strong>da</strong> reserva <strong>de</strong> mercado<br />

que ela tem hoje, ela não se tornará sustentável e<br />

não sobrevive, porque a estrutura <strong>de</strong> custos, a <strong>de</strong>spesa<br />

alta que ela tem é uma <strong>de</strong>spesa que garante a entrega<br />

universal dos objetos. Sem o monopólio, ela não tem<br />

condição <strong>de</strong> manter essa estrutura, assim como sem<br />

o segmento concorrencial também não. Se tirar o monopólio,<br />

vamos ter situações como as que acontecem<br />

em outros países. Já acontece hoje. A concorrência<br />

só atua nos gran<strong>de</strong>s centros, que são rentáveis. As<br />

populações dos rincões, dos Municípios não tão rentáveis<br />

não serão atendi<strong>da</strong>s. Acho que per<strong>de</strong>remos em<br />

termos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Agora, o mercado carece <strong>de</strong> uma regulamentação.<br />

É um mercado totalmente <strong>de</strong>sregulado. Qualquer<br />

um po<strong>de</strong> abrir ou não uma empresa e sair entregando<br />

objeto e captando objeto. Acho que carece <strong>de</strong> regras<br />

claras, até para o empresário que vá...<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A senhora, então, é favorável ao monopólio?<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA<br />

– Sou favorável ao monopólio, sim. Hoje, sem o monopólio,<br />

a nossa empresa vai fenecer e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

serviços vai ser prejudica<strong>da</strong> para o ci<strong>da</strong>dão comum.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – Sr.<br />

Presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>ixa eu fazer uma colocação final, em<br />

cima <strong>de</strong>ssa questão. Acho que é importante <strong>de</strong>ixar,<br />

pelo menos é a minha convicção e combina com a <strong>da</strong><br />

nossa <strong>de</strong>poente, que há, na questão dos Correios, o<br />

fato <strong>de</strong> eles terem o monopólio, o que permite a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do subsídio cruzado. Ou seja, tem lugares<br />

que são um filé mignon para os Correios atuarem e<br />

tem lugar que é carne <strong>de</strong> pescoço. Havendo o monopólio,<br />

os Correios dão o mesmo tratamento para todos,<br />

tendo prejuízo num, mas em outro tendo lucro,<br />

que cobre. Dou como exemplo o Banco do Brasil. Sou<br />

funcionário do Banco do Brasil, que é um pouco parecido<br />

com isso. Tem agência do Banco do Brasil que<br />

dá prejuízo, mas ele tem <strong>de</strong> estar lá como um banco<br />

público, como um banco estatal, como um banco do<br />

Governo para prestar um serviço social. Os Correios<br />

também têm <strong>de</strong> estar lá, é um preço que têm <strong>de</strong> pagar.<br />

Aí, eles têm <strong>de</strong> ter uma compensação. A compensação<br />

é o monopólio.<br />

Agora, para avançar sem per<strong>de</strong>r o monopólio, na<br />

minha concepção, o jeito mais mo<strong>de</strong>rno é a franquia.<br />

Aí, os Correios atuam <strong>de</strong> duas formas: uma, sem abrir<br />

mão do monopólio, mas abrindo espaços para qualificar<br />

o serviço dos Correios. Aliás, dou como exemplo, e<br />

concluo, a questão <strong>da</strong> Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral com<br />

as loterias. A Caixa Fe<strong>de</strong>ral não teria como atuar nas<br />

loterias se tivesse – ela, Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral<br />

– que ser a dona <strong>da</strong>s lotéricas. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ela ce<strong>de</strong>


5016 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

o direito <strong>de</strong> as lotéricas explorarem o seu serviço, e<br />

funciona bem. E a Caixa ganha, os lotéricos ganham<br />

também, gera-se emprego, enfim, funciona muito bem.<br />

Uma coisa mais ou menos pareci<strong>da</strong> tem que funcionar<br />

nos Correios, sem abrir mão do monopólio, mas<br />

possibilitando que as franquias se ampliem, inclusive,<br />

e dêem a capilari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que os Correios precisam,<br />

e a lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os Correios não têm que ter lucro,<br />

mas não é <strong>de</strong>mais ter lucro.<br />

A SRª EMILY SONIA FUKUDA YAMASHITA – No<br />

caso <strong>da</strong>s lotéricas, especialmente, eles prorrogaram<br />

por 20 anos os contratos dos lotéricos que já estavam<br />

(Incompreensível.), sem licitação.<br />

O SR. POMPEO DE MATTOS (PDT – RS) – E a<br />

Caixa está bem <strong>da</strong>s pernas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Aproveitando o Deputado Pompeu <strong>de</strong> Mattos,<br />

nossa carne <strong>de</strong> pescoço é o horário. Temos o plenário<br />

<strong>da</strong> Câmara e temos a audiência com a coletiva <strong>da</strong><br />

CPMI dos Correios.<br />

Eu queria agra<strong>de</strong>cer a Srª Emily Sonia Fuku<strong>da</strong><br />

Yamashita.<br />

Foi dispensado o outro <strong>de</strong>poente, Ernesto Duarte.<br />

Antes <strong>de</strong> encerrar, <strong>de</strong>volvo a palavra ao Sr. Relator.<br />

O SR. RELATOR (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Apenas uma correção para orientação <strong>da</strong> assessoria:<br />

vamos alterar a <strong>da</strong>ta do <strong>de</strong>poimento do Sr.<br />

João Leite Neto, que irá <strong>de</strong>por em torno <strong>de</strong> uma ACF<br />

franquea<strong>da</strong> específica, justamente aquela que foi, hoje,<br />

libera<strong>da</strong> do <strong>de</strong>poimento, em face <strong>de</strong> o <strong>de</strong>poente estar<br />

internado em hospital. Será na próxima quarta-feira,<br />

às 14 horas. Então, vamos retificar, não quinta-feira,<br />

mas quarta-feira, às 14 horas. Amanhã, a <strong>Sub</strong>-Relatoria<br />

volta a ter <strong>de</strong>poimentos, quando será ouvido um<br />

dos diretores <strong>da</strong> empresa Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria <strong>de</strong> Sá. PTB<br />

– SP) – Na quinta-feira que vem o <strong>Sub</strong>-Relator, José<br />

Eduardo Cardozo, apresentará um relatório às 10 horas,<br />

na CPMI dos Correios.<br />

Lembro apenas um <strong>de</strong>talhe: a Drª Emily somente<br />

recebeu intimação por parte <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral porque<br />

a Comissão não tem pessoal <strong>de</strong> campo. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

intimação era <strong>da</strong> Comissão e foi apenas entregue pela<br />

Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Não havia nenhuma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser intimação <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral. A intimação é <strong>da</strong> Comissão<br />

Parlamentar Mista <strong>de</strong> Inquérito dos Correios.<br />

Está encerra a reunião.<br />

(Levanta-se a reunião às 17 horas e 58<br />

minutos.)<br />

COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA<br />

DE INQUÉRITO, CRIADA ATRAVÉS<br />

DO REQUERIMENTO Nº 3, DE 2005 – CN,<br />

PARA INVESTIGAR AS CAUSAS<br />

E CONSEQÜÊNCIAS DE DENÚNCIAS<br />

E ATOS DELITUOSOS PRATICADOS<br />

POR AGENTES PÚBLICOS NOS CORREIOS<br />

– EMPRESA BRASILEIRA<br />

DE CORREIOS E TELÉGRAFOS<br />

SUB-RELATORIA DE CONTRATOS<br />

<strong>Ata</strong> <strong>da</strong> 12ª <strong>Reunião</strong> <strong>da</strong> <strong>Sub</strong> -<strong>relatoria</strong> <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos,<br />

realiza<strong>da</strong> em 10 /11/2005.<br />

Aos <strong>de</strong>z dias do mês <strong>de</strong> novembro do ano <strong>de</strong><br />

dois mil e cinco, às quatorze horas e cinqüenta minutos,<br />

na sala 15, <strong>da</strong> Ala <strong>Senado</strong>r Alexandre Costa, sob<br />

a Presidência <strong>da</strong> <strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong> contratos o Deputado<br />

José Eduardo Cardozo. Reúne-se a <strong>Sub</strong>-Relatoria<br />

<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos <strong>da</strong> COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA<br />

DE INQUÉRITO, CRIADA ATRAVÉS DO REQUERI-<br />

MENTO Nº 3, DE 2005 – CN, PARA INVESTIGAR AS<br />

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DE DENÚNCIAS E<br />

ATOS DELITUOSOS PRATICADOS POR AGENTES<br />

PÚBLICOS NOS CORREIOS – EMPRESA BRASI-<br />

LEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. A Presidência<br />

informa que a presente reunião <strong>de</strong>stina à oitiva <strong>de</strong><br />

João Marcos Pozzetti, diretor-financeiro <strong>da</strong> empresa<br />

Skymaster, que se apresenta juntamente com o seu<br />

advogado o Dr. Carlos Vinícius <strong>de</strong> Araújo e, na seqüência,<br />

a Presidência passa a interrogar o <strong>de</strong>poente,<br />

que <strong>de</strong>screveu como funcionavam as operações na<br />

sua empresa, bem como em outras empresas liga<strong>da</strong>s<br />

a ela, após a explanação do <strong>de</strong>poente, e não tendo<br />

na<strong>da</strong> mais a <strong>de</strong>clarar, é encerra<strong>da</strong> a presente reunião<br />

às vinte horas e vinte e sete minutos. E, para constar,<br />

eu, Wan<strong>de</strong>rley Rabelo <strong>da</strong> Silva, Secretário <strong>da</strong> Comissão,<br />

lavrei a presente ata que, li<strong>da</strong> e aprova<strong>da</strong>, será<br />

assina<strong>da</strong> pelo Senhor Presi<strong>de</strong>nte e irá à publicação<br />

juntamente com as notas taquigráficas que fazem parte<br />

integrante <strong>da</strong> presente ata.<br />

NOTAS TAQUIGRÁFICAS<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – (Fora do microfone. Inaudível.) <strong>Reunião</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>Sub</strong>-Relatoria <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tratos <strong>da</strong> Comissão Parlamentar<br />

Mista <strong>de</strong> Inquérito, cria<strong>da</strong> por meio do Requerimento<br />

nº 3, <strong>de</strong> 2005, para investigar as causas e conseqüências<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias e atos <strong>de</strong>lituosos praticados por<br />

agentes públicos nos Correios – Empresa Brasileira<br />

<strong>de</strong> Correios e Telégrafos.<br />

Sobre a mesa, encontra-se a <strong>Ata</strong> <strong>da</strong> reunião anterior,<br />

a qual coloco em votação, propondo seja dispensa<strong>da</strong><br />

a leitura.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5017<br />

Os Srs. Parlamentares que aprovam a <strong>Ata</strong> queiram<br />

permanecer sentados. (Pausa.)<br />

Não havendo manifestações em contrário, a <strong>Ata</strong><br />

está aprova<strong>da</strong> por unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Esclareço que a pauta <strong>da</strong> presente reunião se<br />

<strong>de</strong>stina à oitiva do Sr. João Marcos Pozzetti, sócio <strong>da</strong><br />

empresa Skymaster Lt<strong>da</strong>.<br />

<strong>Con</strong>vido a tomar assento à Mesa, acompanhado<br />

<strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong>sta Casa, o Sr. João Marcos Pozzetti,<br />

para que possamos, então, iniciar os esclarecimentos.<br />

(Pausa.)<br />

Agra<strong>de</strong>ço a presença do <strong>de</strong>poente, que, pela segun<strong>da</strong><br />

vez, comparece a esta Comissão Parlamentar<br />

<strong>de</strong> Inquérito.<br />

Informo que V. Sª prestará <strong>de</strong>poimento na condição<br />

<strong>de</strong> investigado por esta Comissão Parlamentar<br />

<strong>de</strong> Inquérito.<br />

Nesta oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o <strong>de</strong>poente se faz acompanhar<br />

do advogado, a quem peço que, por gentileza,<br />

<strong>de</strong>cline o nome e inscrição na Or<strong>de</strong>m dos Advogados<br />

do Brasil.<br />

Está presente, acompanhando o <strong>de</strong>poente, o<br />

Sr. Carlos Vinícius <strong>de</strong> Araújo, que é inscrito na Or<strong>de</strong>m<br />

dos Advogados do Brasil sob o nº 169.887, seção do<br />

Paraná. É isso?<br />

O SR. CARLOS VINÍCIUS DE ARAÚJO – <strong>de</strong><br />

São Paulo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Seção São Paulo.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a V. Sª a colaboração com a Comissão.<br />

Este é o segundo <strong>de</strong>poimento que V. Sª presta. Isso se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que, com o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s investigações<br />

e o <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> tudo, outras informações<br />

se fizeram necessárias serem obti<strong>da</strong>s. Então, diante <strong>da</strong><br />

impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o outro sócio prestar <strong>de</strong>poimento,<br />

por razões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, nós contamos com a sua colaboração<br />

para que pu<strong>de</strong>sse estar aqui presente.<br />

Apenas hoje lhe vou pedir gran<strong>de</strong> paciência. Teremos<br />

um <strong>de</strong>poimento, embora com poucos argüidores,<br />

talvez longo. Isso se pren<strong>de</strong> ao fato <strong>de</strong> que nós<br />

já estamos praticamente ultimando o relatório final<br />

<strong>de</strong>ssa área, e, evi<strong>de</strong>ntemente, as minúcias, os <strong>de</strong>talhes,<br />

começam a ser agora indispensáveis para que<br />

possamos fazer um juízo final em relação a todos os<br />

acontecimentos. Então, peço ao Dr. Advogado e a V.<br />

Sª escusas se eventualmente esse <strong>de</strong>poimento se<br />

alongar, mas será estritamente necessário.<br />

Embora V. Sª já tenha feito um <strong>de</strong>poimento, vamos<br />

apenas resgatar rapi<strong>da</strong>mente, para que possamos ter<br />

registros <strong>da</strong> situação <strong>de</strong> V. Sª.<br />

Qual foi a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional ao longo <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>? Como começou a atuar profissionalmente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Inicialmente,<br />

quando eu estava ain<strong>da</strong> atuando em São Paulo, a minha<br />

formação era <strong>de</strong> contador. Sou bacharel em Ciências<br />

<strong>Con</strong>tábeis, atuei alguns anos na área <strong>de</strong> auditoria<br />

externa, mu<strong>de</strong>i-me para Manaus, on<strong>de</strong> estou já há 24<br />

anos, também trabalhando na área <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em algumas empresas. Em 1995, reunimos um grupo<br />

<strong>de</strong> amigos e fun<strong>da</strong>mos a empresa Skymaster. De lá<br />

para cá, tenho me <strong>de</strong>dicado...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Skymaster Airlines?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Skymaster<br />

Airlines. De lá para cá, eu tenho me <strong>de</strong>dicado a cui<strong>da</strong>r<br />

<strong>da</strong> área administrativa e financeira <strong>da</strong> empresa. Ca<strong>da</strong><br />

sócio atua num segmento, naquilo que tem um pouco<br />

mais <strong>de</strong> competência do que o outro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – V. Sª é sócio <strong>de</strong> outras empresas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De quais?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De uma<br />

empresa chama<strong>da</strong> Skycargas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Skycargas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...uma empresa<br />

<strong>de</strong> logística e transporte rodoviário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Com se<strong>de</strong> on<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A se<strong>de</strong>,<br />

agora, é em Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em Manaus. Antes era on<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Antes era<br />

em São Paulo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ok.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E skyavionics.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sky...?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Skyavionics<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Skyavionics.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É uma empresa<br />

que presta serviços <strong>de</strong> reparos aeronáuticos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Reparos aeronáuticos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tanto volta<strong>da</strong><br />

para a Skymaster quanto para outras empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – São só essas duas empresas?


5018 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São. A<br />

Skycargas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem são os sócios <strong>de</strong>la? São os mesmos<br />

sócios <strong>da</strong> Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São os mesmos<br />

sócios <strong>da</strong> Skymaster, mais dois sócios, que são<br />

do ramo <strong>de</strong> logística e transporte rodoviário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Vamos aos nomes, então. Os sócios <strong>da</strong><br />

Skymaster quem são, além do senhor? Qual a sua<br />

participação na empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – 20%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 20%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Depois?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Luís Otávio<br />

Gonçalves, também com 20%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ok.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hugo César<br />

Gonçalves, também com 20%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 20%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Euzer <strong>de</strong><br />

Ávila Nascimento, com 10%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Euzer <strong>de</strong> Ávila Nascimento, com 10%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Expresso<br />

Lucat, com 30%, que é uma empresa pessoa jurídica.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Empresa... Como é que chama?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Expresso<br />

Lucat.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Expresso Lucat.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Euzer tem 10%? No nosso registro não<br />

constava que ele tinha 10%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É que ele<br />

entrou na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> agora, em...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – <strong>Con</strong>stava Expresso Lucat com 30%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, e o Sr.<br />

Luís Otávio com 30%. Só que, agora, em fevereiro,<br />

março, não me lembro exatamente a <strong>da</strong>ta...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve uma alteração recente.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Houve<br />

uma alteração recente, e ele adquiriu 10% do Sr. Luís<br />

Otávio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Adquiriu 10% do Sr. Luís Otávio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Agora, <strong>da</strong> Skycargas, quem são os proprietários?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pozzetti,<br />

Luís Otávio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pozzetti é o senhor?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem quanto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho<br />

14,57%. São sete sócios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não é 29%?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 14,57%?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

São sete sócios, e todos têm participações iguais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, vamos lá. Todos com 14,57%?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos com<br />

14,57%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, Pozzetti, quem mais?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Luís Otávio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Luís Otávio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hugo...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Hugo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Euzer...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Euzer.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Américo...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Américo Proietti.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, que<br />

esteve aqui anteontem. Jaime...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Jaime.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ... e José<br />

Tomaz.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – José Tomaz.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5019<br />

A Skyavionics...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pozzetti,<br />

Luís Otávio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Espere um pouquinho só: Pozzetti... Quantos<br />

por cento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Também<br />

14, 57%.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – São os mesmos sete?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, sai<br />

Jaime e sai Tomaz e entra Ricardo e Wagner.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Espere um pouquinho: saem Jaime e José<br />

Tomaz...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E entra...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – ...e entram Ricardo... Ricardo o quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ricardo<br />

Gonçalves.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ricardo Gonçalves...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E Wagner<br />

Main.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Wagner...?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Main. “M”<br />

“a” “i” “n”.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Ricardo Gonçalves é parente do Luís<br />

Otávio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É filho do<br />

Hugo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Filho do Hugo. E o Wagner Main é parente<br />

<strong>de</strong> alguém?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Parente <strong>de</strong> alguém que seja sócio, evi<strong>de</strong>ntemente.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ele é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

ele é um técnico <strong>da</strong> área.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Essa Expresso Lucat... Lucat é com “t”<br />

mudo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem são os sócios?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Américo...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Américo Proietti.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ... e Maria<br />

<strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esposa <strong>de</strong>le?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esposa<br />

<strong>de</strong>le, Barros Proietti.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Bom, eles têm 30% <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Da Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Bem, então, o senhor formou essa empresa e<br />

o senhor exerce função administrativa nas três ou só<br />

na Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Só na Skymaster.<br />

Não, na Skycargas também. Agora exerço<br />

administração; eu, Jaime e Tomaz.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor, o Jaime e o Tomaz.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E na Skyavionics?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na Skyavioniscs,<br />

não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem faz administração lá?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O Ricardo<br />

e o Wagner.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Ricardo e o Wagner.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Está certo. Dessas três empresas, quais são<br />

aquelas que mantêm contatos com o po<strong>de</strong>r público?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Somente<br />

a Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Só a Skymaster. A Skycargas trabalha<br />

para quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A Skycargas<br />

trabalha para a Skymaster, exclusivamente para a<br />

Skymaster, e fretamentos esporádicos com outras empresas<br />

<strong>de</strong> aviação, mas o foco <strong>de</strong>la é a Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sob o ponto <strong>de</strong> vista do percentual <strong>de</strong> faturamento<br />

<strong>de</strong>la, quantos por cento são <strong>da</strong> Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Noventa<br />

e nove.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Noventa e nove, quer dizer, é bem esporádico<br />

e pequeno.


5020 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Muito pouco<br />

o faturamento com outras empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. E a Skyavionics?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A Skyavionics<br />

fatura... presta serviços para a Skymaster, digamos<br />

<strong>de</strong> 80%, presta serviços para a TAM, prestou para a<br />

Vasp, para a Beta, para a TAF, para as empresas <strong>de</strong><br />

aviação <strong>de</strong> um modo geral.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sob o ponto <strong>de</strong> vista do faturamento <strong>de</strong>la, o senhor<br />

tem idéia <strong>de</strong> quanto representa a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Oitenta<br />

por cento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Oitenta por cento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso. É uma<br />

empresa nova, tem dois anos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e está tentando,<br />

ain<strong>da</strong>, conseguir espaço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dois anos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ela tinha algum nome anterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Já era Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Já.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – To<strong>da</strong>s elas, na origem, chamavam...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esses mesmos<br />

nomes.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esses mesmos nomes?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Bom, feita essa introdução preliminar do <strong>de</strong>poimento,<br />

eu gostaria <strong>de</strong> começar falando com o senhor<br />

sobre a questão do superfaturamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Dos contratos <strong>da</strong> Skymaster com os Correios,<br />

com o correio aéreo noturno.<br />

A auditoria feita pelo Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União<br />

nos mostra um elevado superfaturamento. Isso já foi<br />

objeto <strong>de</strong> argüição anterior, mas, até agora, a nossa<br />

convicção vai na linha <strong>de</strong> que, realmente, esses contratos<br />

estariam superfaturados, por isso gostaríamos<br />

<strong>de</strong> ouvir o senhor, exatamente para que pudéssemos<br />

ter certeza, efetivamente, do que falamos.<br />

Então, apenas para registrar: a auditoria do<br />

TCU i<strong>de</strong>ntifica um superfaturamento <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

R$64.018.664,5.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso relativamente à operação <strong>da</strong>s linhas A e<br />

C junto aos Correios. Isso tudo, também, no período<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001 a abril <strong>de</strong> 2005.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esse cálculo foi realizado <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

partiu-se do preço inicial, que foi verificado no Pregão<br />

106, <strong>de</strong> 2003, que era <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$300.154,79. Levou-se<br />

em consi<strong>de</strong>ração, para se fazer esse cálculo<br />

<strong>de</strong> superfaturamento, a variação dos indicadores utilizados<br />

no setor <strong>de</strong> transporte aéreo, isso é, variação<br />

do preço <strong>de</strong> combustível, IGPM e dólar americano.<br />

Então, fez-se todo esse cálculo pegando-se o preço<br />

atual, voltando-se no tempo, fazendo essa variação e<br />

chegando-se a esse superfaturamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que V. Sª teria a dizer sobre isso, ou<br />

acerca disso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

primeiro, é necessário que a gente i<strong>de</strong>ntifique o que é<br />

superfaturamento, porque, na concepção <strong>de</strong> mercado,<br />

um preço que está cotado no mercado nunca po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado superfaturamento, porque ele é praticado<br />

por to<strong>da</strong>s as empresas do setor.<br />

Essa conclusão dos técnicos do TCU e, primeiro<br />

ain<strong>da</strong>, dos técnicos do CGU é totalmente equivoca<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque ele<br />

parte <strong>de</strong> uma premissa, <strong>de</strong> um preço <strong>da</strong>do no pregão<br />

ocorrido no final <strong>de</strong> 2003, promovido pelos Correios,<br />

on<strong>de</strong> a Skymaster teve que mergulhar o preço muito<br />

abaixo dos seus próprios custos para manter o contrato<br />

que ela tinha junto aos Correios. Isso foi amplamente<br />

explicado pelo Luiz Otávio, que apresentou uma série<br />

<strong>de</strong> documentos, foi objeto <strong>de</strong> representação <strong>da</strong> Skymaster<br />

junto ao Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral, foi objeto<br />

<strong>de</strong> representação <strong>da</strong> Skymaster junto à Pregoeira e<br />

junto a vários órgãos, e nós <strong>de</strong>ixamos bastante claro<br />

que esse preço é um preço pre<strong>da</strong>tório, muito abaixo<br />

dos preços <strong>de</strong> mercado. E a Skymaster só chegou<br />

nesses preços em função <strong>de</strong> um conluio que houve<br />

entre algumas empresas participantes <strong>de</strong>sse pregão<br />

com o objetivo único e exclusivo <strong>de</strong> tirar a Skymaster<br />

<strong>da</strong> prestação <strong>de</strong> serviços dos Correios.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5021<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Particularmente aí, nesse caso, o conluio<br />

teria sido coman<strong>da</strong>do pela Beta?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, pela<br />

Promo<strong>da</strong>l.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pela Promo<strong>da</strong>l?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pela Promo<strong>da</strong>l.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Que pertence ao Sr. Augusto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Antonio<br />

Augusto Morato Leite Filho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que chegou a trabalhar também na Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Antonio Augusto<br />

nunca chegou a trabalhar na Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas tinha um contrato com a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tinha um<br />

contrato <strong>de</strong> parceria <strong>de</strong> negócios. Isso é comum entre<br />

as companhias aéreas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o que aconteceu para se <strong>da</strong>r esse rompimento<br />

com o Sr. Augusto, para que ele coman<strong>da</strong>sse<br />

um lobby, mais que um lobby, um conluio <strong>de</strong> empresas<br />

para afastar a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ele queria<br />

o contrato que era <strong>da</strong> Skymater. Ele queria ele prestar<br />

serviço para os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Os senhores quando mergulharam com esse<br />

preço, obviamente, colocaram o preço subfaturado.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sabiam que ganhariam a licitação com o<br />

preço subfaturado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E, portanto, um preço inexeqüível. Os senhores<br />

pretendiam manter esse contrato com preços<br />

inexeqüíveis <strong>de</strong> que maneira?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quando<br />

mergulhamos nesse preço, fomos instruídos pelos advogados<br />

<strong>de</strong> que o processo licitatório estava tão eivado<br />

<strong>de</strong> vícios, com evidências claras <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a manobra<br />

que havia ocorrido, que os advogados, na época, nos<br />

garantiram que esse certame ia ser anulado e promovido<br />

outro certame, porque a seqüência <strong>de</strong> erros e as<br />

arbitrarie<strong>da</strong><strong>de</strong>s pratica<strong>da</strong>s no processo eram tão gran<strong>de</strong>s<br />

que ele não tinha condição <strong>de</strong> continuar.<br />

Nós, inicialmente, acreditamos nisso e ganhamos<br />

a licitação, certos <strong>de</strong> que to<strong>da</strong>s as irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s seriam<br />

aponta<strong>da</strong>s, inclusive foi objeto nosso do recurso<br />

junto aos Correios; apresentamos para a apregoeira, no<br />

dia do pregão, to<strong>da</strong>s as irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s sobre as outras<br />

empresas: Varig Log, Beta, Promo<strong>da</strong>l, TCB; ninguém<br />

nos <strong>de</strong>u ouvidos, sequer abriram a documentação dos<br />

outros licitantes. E tínhamos convicção <strong>de</strong> que ia prevalecer<br />

a parte legal do processo, <strong>de</strong> que o processo<br />

seria anulado pelos vícios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Anulado por quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pelo Po<strong>de</strong>r<br />

Público. Nós nos socorremos do Po<strong>de</strong>r Público.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Po<strong>de</strong>r Público seria os Correios?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O Ministério<br />

Público Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Fizemos os nossos recursos junto aos Correios<br />

e acreditávamos que as evidências que estávamos<br />

apresentando...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os senhores chegaram a representar ao<br />

Ministério Público?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Chegamos.<br />

No dia 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, fizemos uma<br />

representação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que não foram à Justiça?<br />

Veja: os senhores são uma empresa que atua<br />

há tempos em licitação e são pessoas experientes. É<br />

evi<strong>de</strong>nte que se eu tenho uma licitação que é vicia<strong>da</strong>,<br />

não uso como estratégia subfaturar preços para inviabilizá-la;<br />

eu impetro um man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> segurança contra<br />

os vícios do edital e consigo uma liminar, o que, aliás,<br />

é uma prática comum no meio <strong>de</strong> quem atua em procedimentos<br />

licitatórios.<br />

Por que os senhores não fizeram isto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nós fizemos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Impetraram man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> segurança?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Impetramos<br />

man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> segurança; o processo licitatório foi<br />

suspenso, mas dois ou três dias <strong>de</strong>pois a liminar foi<br />

cassa<strong>da</strong> e o processo aconteceu normalmente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, os senhores não tinham, então, tanta<br />

certeza <strong>de</strong> que <strong>da</strong>ria resultado.<br />

É sabido que, numa licitação, quando alguém oferece<br />

um preço está obrigado a assinar o contrato, até<br />

porque a Lei nº 8.666 diz que aquele que se recusa a<br />

aperfeiçoar o contrato fica numa situação equivalente


5022 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

àquele que <strong>de</strong>scumpre totalmente as obrigações assumi<strong>da</strong>s.<br />

Os senhores estariam submetidos a sanções<br />

administrativas, <strong>de</strong>ntre as quais, inclusive, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> serem <strong>de</strong>clarados inidôneos em licitação e<br />

se submeteriam a per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos.<br />

Como os senhores se arriscam <strong>de</strong>ssa forma num<br />

caso <strong>de</strong>sse tipo? Isso po<strong>de</strong>ria aniquilar a empresa,<br />

porque fun<strong>da</strong>mentalmente o grosso do trabalho <strong>da</strong><br />

Skymaster é com os Correios. Ou seja, me parece estranho<br />

que uma empresa que não tenha conseguido<br />

liminar na Justiça se arrisque a um subfaturamento <strong>de</strong><br />

tal natureza em que fosse obrigado a aceitar um contrato<br />

sem que tivesse algum tipo <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> que<br />

esse preço seria elevado no futuro.<br />

O senhor enten<strong>de</strong>u o meu raciocínio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Entendi.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, me parece estranho, e essa é uma<br />

<strong>da</strong>s coisas que têm chamado muito a atenção <strong>de</strong>sta<br />

Comissão, como alguém po<strong>de</strong> correr um risco <strong>de</strong> subfaturar<br />

um preço, quando não teve liminar, quando não<br />

tinha garantia judicial, quando, ao vencer a licitação,<br />

estaria numa condição <strong>de</strong> ter que assinar o contrato,<br />

contrato que não po<strong>de</strong>ria cumprir, que era inexeqüível<br />

e que se não cumprisse seria penalizado a ponto <strong>de</strong><br />

inviabilizar a própria empresa. O senhor conseguiria<br />

me explicar essa estratégia? Porque, sinceramente,<br />

não conseguimos entendê-la.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Inicialmente,<br />

foi uma estratégia traça<strong>da</strong> pelos advogados que tinham<br />

convicção e nenhum sócio <strong>da</strong> empresa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – V. Sª podia dizer quais foram os advogados<br />

que o orientaram nesse caso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dr. Luiz<br />

Shimonovski, cujo escritório é em São Paulo, na época.<br />

Eles nos garantiram reverter, juridicamente, essa<br />

situação. Inicialmente, eles achavam que íamos conseguir<br />

reverter isso <strong>de</strong>ntro dos Correios, administrativamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Permita-me. Se havia tanta segurança que<br />

iam reverter juridicamente, V. Sª não precisaria ter entrado<br />

com o preço subfaturado, porque a Justiça não<br />

<strong>da</strong>ria a licitação.<br />

Por que entrar com o preço subfaturado, se tenho<br />

certeza <strong>de</strong> que vai reverter na Justiça? Se não reverter<br />

na Justiça, a licitação é nula.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas o problema<br />

maior era esse. Se <strong>de</strong>ixássemos que atravessasse<br />

uma nova empresa na relação entre a Skymaster e<br />

os Correios, aí sim, não haveria chance nenhuma <strong>de</strong><br />

reverter, porque o po<strong>de</strong>r público iria ter <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar<br />

essa empresa <strong>de</strong> outra maneira. Então, a instrução do<br />

advogado era para não <strong>de</strong>ixar atravessar nenhuma<br />

outra empresa entre Correios e Skymaster. Só assim<br />

a gente conseguiria reverter esse assunto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Para quem tinha segurança <strong>de</strong> reverter na<br />

Justiça, é uma estratégia, no mínimo, estranha, porque<br />

os senhores estavam correndo um gran<strong>de</strong> risco,<br />

que era o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a própria empresa, e os<br />

senhores sabiam disso porque não são inexperientes<br />

no mercado.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir a própria empresa não havia, nem houve nunca<br />

esse risco, porque...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Imagine se o senhor tomasse uma sanção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> inidonei<strong>da</strong><strong>de</strong> para licitar. O que aconteceria<br />

com a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, isso<br />

não iria acontecer, porque nós traçamos... O nosso<br />

planejamento é muito bem focado, e nós sabíamos<br />

exatamente até on<strong>de</strong> podíamos chegar sem comprometer<br />

a...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quantos por cento <strong>da</strong> receita <strong>da</strong> Skymaster<br />

são oriundos dos Correios?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hoje?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – À época.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em 2004,<br />

40% foi relativa aos Correios e 60% <strong>de</strong> outros clientes.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quantos outros clientes <strong>da</strong> área pública?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em 2004,<br />

fizemos alguns vôos para o Banco Central, dois ou<br />

três, não me lembro a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tirando isso, não<br />

tínhamos nenhum outro cliente <strong>da</strong> área pública além<br />

dos Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, nessa estratégia, o senhor per<strong>de</strong>ria,<br />

no mínimo, 40% do seu faturamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quarenta<br />

por cento do meu faturamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que po<strong>de</strong>ria, evi<strong>de</strong>ntemente, inviabilizá-lo<br />

para quaisquer outras disputas com quaisquer outros<br />

entes públicos, inclusive com os Correios e, reconheci<strong>da</strong>mente,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista jurídico, os senhores<br />

estariam aniquilados, digamos assim, no mercado. É<br />

isso que nos causa surpresa.<br />

E por que causa surpresa? Porque há <strong>de</strong>núncias,<br />

informações e até afirmações feitas em <strong>de</strong>poimentos


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5023<br />

<strong>de</strong> que os senhores teriam algum tipo <strong>de</strong> relação privilegia<strong>da</strong><br />

com os Correios que lhes permitiria recompor<br />

mais tar<strong>de</strong> os preços.<br />

O que nos chama a atenção? Se era subfaturado,<br />

por que os Correios não <strong>de</strong>sclassificaram a proposta<br />

– a lei permite isso – por ser manifestamente<br />

inexeqüível?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, não houve a <strong>de</strong>sclassificação por<br />

parte dos Correios, os senhores assinam os contratos<br />

e, <strong>de</strong>pois, sob o pretexto <strong>de</strong> restabelecer o equilíbrio<br />

econômico-financeiro, o preço foi recomposto<br />

no patamar <strong>de</strong> origem, em clara ofensa ao equilíbrio<br />

econômico-financeiro, que é <strong>de</strong>finido no momento <strong>da</strong><br />

proposta.<br />

Ou seja, na medi<strong>da</strong> em que o senhor – e aí pediria<br />

que o senhor comentasse isso... Se o preço realmente<br />

estava subfaturado, todos os reequilíbrios econômicos<br />

posteriores teriam mantido o preço subfaturado, porque<br />

o reequilíbrio econômico-financeiro não eleva preço,<br />

ele apenas ajusta a equação original.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na medi<strong>da</strong> em que foram <strong>da</strong>dos reequilíbrios<br />

econômico-financeiros posteriores e o preço ficou<br />

satisfatório, sou obrigado a concluir que houve aditamentos<br />

rigorosamente irregulares na medi<strong>da</strong> em que<br />

não mantiveram o equilíbrio econômico-financeiro, mas<br />

elevaram o preço. Estou enganado no raciocínio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Completamente<br />

enganado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O nosso<br />

contrato começou <strong>de</strong> um preço, digamos, <strong>de</strong> cem;<br />

nunca teve reajuste <strong>de</strong> preço nenhum. Nós cumprimos<br />

um ano <strong>de</strong> contrato – o contrato é por um ano –,<br />

rigorosamente no preço...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não houve reequilíbrio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não houve<br />

reajuste. Houve reequilíbrio em função do aumento do<br />

combustível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Houve revisão <strong>de</strong> preços.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Como?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Houve revisão <strong>de</strong> preços.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

Revisão <strong>de</strong> preço, não. Houve reequilíbrio financeiro<br />

em função <strong>da</strong>s variáveis dos custos <strong>da</strong>s empresas<br />

aéreas e não foi a única...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se o senhor me permite: sempre que ocorre<br />

o reequilíbrio econômico-financeiro, o senhor tem a<br />

revisão <strong>de</strong> preços.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas esse<br />

é que é o engano total, porque não foi só a Skymaster<br />

que teve reequilíbrio econômico-financeiro, foram<br />

to<strong>da</strong>s as empresas do setor aéreo que o tiveram em<br />

função do aumento do combustível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja o meu raciocínio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Para tentar ser bem preciso: o que é a equação<br />

econômico-financeira <strong>de</strong> um contrato? É a relação<br />

econômica e financeira entre as obrigações <strong>da</strong>s partes<br />

no momento em que se apresenta a proposta.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A garantia que a lei dá é que, ocorrendo<br />

qualquer fato futuro que implique o <strong>de</strong>sequilíbrio, a<br />

equação seja reajusta<strong>da</strong>, e é para isso que se faz a<br />

revisão <strong>de</strong> valores.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A partir<br />

<strong>da</strong>í só.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, por exemplo, vamos imaginar que<br />

o preço fosse cem e que a gasolina subisse 10%. O<br />

senhor calcula o componente na gasolina e revê o<br />

preço só para isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Cento e<br />

seis.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ora, se o contrato estava subfaturado na<br />

origem, ele permanecerá subfaturado durante o ano<br />

inteiro.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o senhor está, então, me afirmando que,<br />

durante o ano inteiro, apesar do reequilíbrio econômico-financeiro<br />

do contrato, os senhores operaram em<br />

prejuízo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De quanto o prejuízo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Por volta<br />

<strong>de</strong> vinte, vinte e um milhões, no ano <strong>de</strong> 2004, com<br />

esse contrato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vinte a vinte e um milhões. Qual o faturamento<br />

que do senhor naquele ano?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Naquele<br />

ano?


5024 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É, aproxima<strong>da</strong>mente.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Deixa eu me<br />

lembrar. Aproxima<strong>da</strong>mente cem milhões <strong>de</strong> reais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, o senhor teve um faturamento <strong>de</strong><br />

cem milhões?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

Não com os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Geral. Um faturamento <strong>de</strong> cem milhões <strong>de</strong><br />

reais, está certo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O custo <strong>da</strong> empresa nesses cem milhões<br />

é <strong>de</strong> quanto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em torno<br />

<strong>de</strong> noventa, noventa e dois.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, o senhor tem também um lucro<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z milhões?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, o lucro,<br />

hoje, <strong>da</strong> operação está em torno <strong>de</strong> 8%. Exclusivamente<br />

nesse ano, não. Nesse ano <strong>de</strong> 2004, eu tive prejuízo.<br />

O meu custo superou cem milhões.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O seu custo, claro, pelo que o senhor está<br />

dizendo superou cem milhões. Ou seja: o senhor atuou<br />

proposita<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>ficitária...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – No Correio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – ...no Correio para impedir que outra empresa<br />

tivesse presença nesse período.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não para<br />

impedir, mas para manter a minha posição <strong>de</strong>ntro do<br />

Correio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Para impedir que outra ocupasse o contrato.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Po<strong>de</strong> ser<br />

analisado <strong>de</strong>ssa forma, mas basicamente era para manter<br />

a minha posição <strong>de</strong>ntro do Correio, porque montar<br />

uma estrutura <strong>de</strong> uma empresa aérea nas principais<br />

capitais do Brasil, ninguém se <strong>de</strong>sfaz <strong>de</strong>ssa estrutura<br />

do dia para a noite. O prejuízo seria tão gran<strong>de</strong> quanto<br />

o <strong>de</strong> manter o contrato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Qual a margem <strong>de</strong> remuneração consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, justa, já <strong>de</strong>scontado o imposto, para a Skymaster<br />

operar uma linha <strong>de</strong> re<strong>de</strong> postal noturna?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É aquilo que<br />

coloquei, em torno <strong>de</strong> 8%. Como o contrato, às vezes,<br />

é inelástico, é leonino...Por exemplo, tenho reajuste <strong>de</strong><br />

combustível no mês <strong>de</strong> janeiro e só vou conseguir repor<br />

esse reajuste em março, abril, maio. Então, tenho<br />

uma <strong>de</strong>fasagem muito gran<strong>de</strong> entre a <strong>da</strong>ta do início<br />

do contrato e o término <strong>de</strong>le. Começo com <strong>de</strong>z, doze<br />

por cento e termino com zero, às vezes até com prejuízo<br />

no contrato em função <strong>da</strong>s variáveis <strong>de</strong> custo que<br />

afetam essa operação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas, em média, oito por cento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em média,<br />

oito por cento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. A Skymaster vinha praticando<br />

preço por operação <strong>de</strong> ar nas linhas A e C no valor <strong>de</strong><br />

R$429.987, 00 no ano <strong>de</strong> 2003. <strong>Con</strong>fere?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>fere.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – <strong>Con</strong>trato esse que foi firmado com base<br />

no Pregão 45, <strong>de</strong> 2001. De acordo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Desse pregão, participaram a Skymaster,<br />

a Beta e a Aeropostal. O senhor se recor<strong>da</strong> disso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Se não me<br />

engano, ain<strong>da</strong> tinha a Total.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso. E foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Acho que<br />

a Total.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong> acima. A Varilog não<br />

pô<strong>de</strong> participar porque havia cláusula restritiva à participação<br />

<strong>de</strong> empresa que exerciam ramo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

concorrentes e/ou empresas que utilizassem aeronaves<br />

<strong>de</strong>ssas empresas concorrentes aos Correios. A Varilog<br />

foi afasta<strong>da</strong>. Essa cláusula, posteriormente, o TCU julgou<br />

ilegal por meio do Acórdão nº 1577, <strong>de</strong> 2004, <strong>da</strong><br />

Segun<strong>da</strong> Câmara, uma vez que evi<strong>de</strong>ntemente estava<br />

em <strong>de</strong>sacordo com a legislação em vigor. Esse pregão<br />

nos chamou muito a atenção, porque há uma cláusula<br />

impeditiva <strong>da</strong> Varilog participar. Entram nesse pregão<br />

a Skymaster, Beta, Aeropostal e...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Total.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ..e Total. A Total, <strong>de</strong> cara, já apresentou<br />

um preço muito alto.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Muito<br />

alto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E ficou fora.A Sky e a Beta pertencem a<br />

pessoas que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, têm um contrato entre si<br />

<strong>de</strong> operação recíproca. E se não bastasse isso, confessam-se<br />

informalmente donos recíprocos <strong>da</strong>s suas


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5025<br />

respectivas empresas, porque são sócios <strong>de</strong> fato, não<br />

<strong>de</strong> direito. Essa empresa outra, a Aeropostal, é <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma pessoa que tem uma trajetória que<br />

me pareceu um tanto interessante. Ele era um gerente<br />

<strong>de</strong> suprimento <strong>da</strong> Philips, sai e monta uma empresa<br />

para a qual consegue, <strong>de</strong>pois, um crédito num avião, <strong>de</strong><br />

um milhão e oitocentos mil dólares. Mais tar<strong>de</strong>, faz um<br />

leasing <strong>de</strong> dois aviões. Resolve, <strong>de</strong>pois, ven<strong>de</strong>r essa<br />

empresa para uma pessoa, segundo <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>le<br />

à CPI, por R$100 mil. Ou seja, tinha um patrimônio <strong>de</strong><br />

US$1,8 milhão na empresa e a ven<strong>de</strong> por R$100 mil.<br />

In<strong>da</strong>gado pela razão <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>, ele disse: “Eu tinha um<br />

problema conjugal, eu estava muito ausente <strong>de</strong> casa<br />

e queria aten<strong>de</strong>r aos meus filhos”. Assim, ele per<strong>de</strong>u<br />

quase US$2 milhões por essa situação. Foi trabalhar<br />

numa factoring e, posteriormente, voltou a trabalhar<br />

na empresa que ele ven<strong>de</strong>u, que já tinha o nome <strong>de</strong><br />

Beta. Essa pessoa trabalha na Beta durante algum<br />

tempo, sai e monta a Aeropostal, que participa <strong>de</strong>ssa<br />

licitação, curiosamente, não tendo aviões nem autorização<br />

para operar.<br />

A nossa suposição – eu queria ouvi-lo – é que,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, Skymaster, Beta e Aeropostal atuaram<br />

em conluio nesse pregão visivelmente, tratando-se a<br />

Aeropostal <strong>de</strong> uma empresa braço <strong>de</strong> operação <strong>de</strong>sse<br />

sistema que, obviamente, envolve relações entre a<br />

Skymaster, Beta e Aeropostal.<br />

Gostaria <strong>de</strong> ouvi-lo a respeito.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O que me<br />

chama atenção, Excelência, é que essa <strong>de</strong>dução feita<br />

pela CGU e pelo TCU foi...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Essa é nossa. Essa é uma afirmação prévia.<br />

Eu gostaria <strong>de</strong> ouvi-lo para verificar os seus argumentos<br />

para ver se conseguimos <strong>de</strong>scaracterizar<br />

essa situação.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Acho que<br />

essas situações têm <strong>de</strong> ser analisa<strong>da</strong>s em um conjunto.<br />

Nesse pregão, doze empresas retiraram o edital, entre<br />

elas a TAM, a Varig, to<strong>da</strong>s as empresas <strong>de</strong> transporte<br />

aéreo no Brasil retiraram o pregão. Compareceram ao<br />

pregão apenas as quatro, que tinham aeronaves ou que<br />

tinham supostamente condições <strong>de</strong> participar.<br />

Foi constatado que a Aeropostal não tinha Cheta.<br />

Porém, no pregão <strong>de</strong> 2003, on<strong>de</strong> a Skymaster diminuiu<br />

o preço, participaram também a empresa Promo<strong>da</strong>l,<br />

que não tinha Cheta, não tinha a mínima condição <strong>de</strong><br />

ter Cheta, participou a TCB...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Promo<strong>da</strong>l é a empresa que pertenceu ao<br />

Sr. Augusto, que também tinha relações operacionais<br />

com a Skymaster...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, nessa<br />

época, não tínhamos operação comercial nenhuma.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas eram amigos. Ele mesmo fala isso<br />

em <strong>de</strong>poimento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Fomos amigos.<br />

Depois, não fomos mais amigos. Nessa área <strong>de</strong><br />

companhia aérea ninguém é amigo. Nós somos profissionais,<br />

somos empresas que temos <strong>de</strong> sobreviver.<br />

Então, participou a TCB, que tinha o próprio Cheta<br />

cancelado, participou a Varig Log, que não paga seus<br />

impostos em dia, que não tem certidões negativas, que<br />

não tem a mínima condição <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a prestação <strong>de</strong><br />

serviço público, porque não <strong>de</strong>volve para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aquilo que ela embolsa.<br />

Participou a própria Beta, que não tinha condição,<br />

o avião <strong>de</strong>la era alugado <strong>da</strong> Promo<strong>da</strong>l, que também<br />

não tinha certidões.<br />

Isso é que estranha, porque, num edital, numa<br />

concorrência, todos apresentam claramente condições<br />

<strong>de</strong> não participação no certame. E nós provamos isso,<br />

porque apresentamos documentação para a pregoeira,<br />

apresentamos documentação no recurso aos Correios,<br />

e não <strong>de</strong>ram qualquer atenção para esse problema.<br />

Quer dizer, empresas que não têm condições entram<br />

com preços pre<strong>da</strong>tórios, obrigam a Skymaster a diminuir<br />

o preço.<br />

No outro certame, é questionado que a Aeropostal<br />

não tem o Cheta. Quer dizer, o pregão já é uma<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> licitação pública que não exige a apresentação<br />

<strong>da</strong> documentação prévia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perdão. Exige a apresentação <strong>da</strong> documentação,<br />

apenas a documentação é aberta numa<br />

fase posterior.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Só <strong>da</strong> empresa<br />

que vence. Da empresa que não vence não é<br />

aberta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Claro, exatamente. Mas é apresenta<strong>da</strong>. Todos<br />

apresentam a documentação, que fica em envelopes<br />

lacrados. Os que são classificados são abertos posteriormente.<br />

É isso que permite entrarem empresas<br />

que não po<strong>de</strong>m ter a habilitação e que não preten<strong>de</strong>m<br />

ganhar a disputa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Exatamente o que estamos afirmando aqui.<br />

Embora em leilões anteriores os editais não exigissem<br />

a Cheta, esse exigiu. Querer discutir se é necessária<br />

a Cheta ou não em outros seria discutível. Acho que<br />

seria impossível, logicamente, alguém que não po<strong>de</strong>


5026 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

voar participar, mas o edital não era explícito. Nesse<br />

pregão, foi explícito. Portanto...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em todos<br />

os outros foi explícito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Portanto, a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssa empresa Aeropostal<br />

era uma entra<strong>da</strong> em que seu participante sabia <strong>de</strong><br />

antemão que não ganharia. O fato <strong>de</strong> doze empresas<br />

terem comprado o edital, o senhor sabe tanto quanto<br />

eu, não quer dizer absolutamente na<strong>da</strong>. Qualquer<br />

pessoa po<strong>de</strong> comprar um edital.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que importa, em uma licitação, para configurar<br />

um eventual conluio ou não, é a entra<strong>da</strong>, o número<br />

<strong>de</strong> participantes. E são quatro. Um que apresenta uma<br />

proposta claramente inexeqüível, não do ponto <strong>de</strong> vista<br />

do superfaturamento, mas muito eleva<strong>da</strong>. E os outros<br />

três, atuando visivelmente em uma profun<strong>da</strong> relação. O<br />

que nos traz a convicção <strong>de</strong> que a presença <strong>da</strong> própria<br />

Aeropostal era para <strong>da</strong>r uma aparente disputa. Objetivamente,<br />

a Aeropostal... Há sucessivos lances, em<br />

uma disputa entre os senhores e a Beta. A Aeropostal<br />

pára no primeiro, mas há uma disputa sucessiva <strong>de</strong><br />

lances, <strong>da</strong>ndo uma aparência realmente <strong>de</strong> disputa,<br />

mas que o preço pára em um valor, segundo o Tribunal<br />

<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União, visivelmente superfaturado pelas<br />

bases <strong>de</strong> mercado. Ou seja, nossa conclusão é: havia<br />

um conluio entre os senhores. É uma pré-conclusão.<br />

Quero ouvi-lo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Havia um conluio entre os senhores. Na<strong>da</strong><br />

explicaria a presença <strong>de</strong> um ex-funcionário <strong>da</strong> Beta<br />

montando uma empresa que não tinha aviões, que não<br />

tinha Cheta (Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Empresa<br />

<strong>de</strong> Transporte Aéreo), que era exigido pelo edital,<br />

inclusive fazendo um atestado, dizendo que atendia a<br />

to<strong>da</strong>s as condições do edital, quando não atendia. Ou<br />

seja, era, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a utilização do pregão. Como<br />

a habilitação é a posteriori <strong>da</strong> classificação, apenas<br />

para os vencedores, na perspectiva <strong>de</strong> se dizer aquilo<br />

que nós chamamos <strong>de</strong> uma competição simula<strong>da</strong>,<br />

com a conivência possível dos que fizeram o edital,<br />

porque colocaram uma cláusula restritiva, que barrava,<br />

por exemplo, empresas como a VarigLog, tão restritiva<br />

que, posteriormente, o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União<br />

consi<strong>de</strong>rou lesiva, ou nula. Em outras palavras, em<br />

síntese, o edital direcionava para algumas empresas.<br />

Por isso, possivelmente, muitas empresas que compravam<br />

o edital não entraram. Entraram aquelas que<br />

atendiam. E aquelas que atendiam, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

participavam <strong>de</strong> um clube que <strong>de</strong>finia previamente os<br />

preços e simulavam a competição.<br />

Eu gostaria que o senhor apresentasse algum<br />

tipo <strong>de</strong> afirmação que pu<strong>de</strong>sse nos infirmar nessa<br />

conclusão.<br />

O SR. JÕAO MARCOS POZZETTI – Primeiro,<br />

para ter ocorrido um conluio, <strong>de</strong>veria ter sido combinado<br />

com as outras doze que retiraram o edital. Segundo,<br />

se houvesse...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, a cláusula já restringia. Não precisava<br />

combinar. A cláusula que foi julga<strong>da</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong><br />

<strong>Con</strong>tas ilegal, por exemplo, restringia a VarigLog...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Somente<br />

em relação à Varig, não é? Somente em relação<br />

à VarigLog, mas não à Varig. A Varig S.A. não era<br />

empresa do ramo, não era concorrente dos Correios.<br />

Quem era concorrente dos Correios era a VarigLog.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja: a VarigLog... Essa cláusula restringia<br />

a VarigLog e talvez outras. Talvez existissem outras<br />

cláusulas que restringissem outras. E quem operava<br />

naquele momento era a Varig Logística, a Varig e outra<br />

não teriam por que entrar.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, o...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, a coisa é bem feita. Quem mexe<br />

com licitação sabe que as pessoas que orientam o<br />

edital não são amadoras. Elas procuram no mercado<br />

exatamente o caminho que conduza a uma situação.<br />

E é claro que você sempre conduz uma licitação, o<br />

hábil condutor <strong>de</strong> uma licitação não conduz para um<br />

só. Ele conduz para alguns que estão em acordo. O<br />

que eu estou querendo verificar nesse caso é se realmente<br />

houve isto: um edital programado para que<br />

vocês ganhassem uma licitação com preços superfaturados,<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente visando três empresas<br />

em conluio. Nós já vimos que os editais contêm certas<br />

especificações dos aviões que, pelos técnicos <strong>da</strong><br />

área inclusive, não se justificam, e que marcavam as<br />

cartas para algumas empresas, particularmente para<br />

a Skymaster e a Beta. Quando se especifica: aviões<br />

DC-8, avião tal, etc., etc., e muitas <strong>da</strong>s vezes não há<br />

nenhuma justificativa técnica para isso, a não ser a<br />

condução <strong>da</strong> licitação. É com base nisso que estamos<br />

querendo ouvi-lo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ok. Primeiro,<br />

se nós tivéssemos algum conluio para superfaturar o<br />

preço, ninguém ia ficar disputando <strong>de</strong>zesseis ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> lance com a Beta para jogar o preço lá em baixo,<br />

para tentarmos, ca<strong>da</strong> um por si, ganhar o seu contrato.<br />

Pararia logo no primeiro lance: “Não <strong>de</strong>u, não <strong>de</strong>u,<br />

só estamos nós dois aqui, acabou o problema, vamos


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5027<br />

sair”. Isso sim é conluio. Mas um certame disputado<br />

com <strong>de</strong>zesseis lances, jogando o preço lá em baixo,<br />

e ain<strong>da</strong> discutindo com o pregoeiro ou a pregoeira, na<br />

época, realmente é <strong>de</strong> estranhar que haja conluio.<br />

Segundo, ninguém restringiu a participação <strong>da</strong> Varig.<br />

Nem os Correios nem ninguém. Foi a própria Varig<br />

que criou a situação <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong>la mesma em to<strong>da</strong>s<br />

as participações <strong>de</strong> concorrência junto aos Correios.<br />

Por quê? Ele teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, operou a linha dos<br />

Correios durante 45 dias, e isso nunca é colocado. Até<br />

parece que, no final <strong>da</strong>s contas, estamos discutindo<br />

um direito <strong>da</strong> VarigLog, e não do Po<strong>de</strong>r Público. Por<br />

quê? Porque a VarigLog fez a operação <strong>da</strong> linha por<br />

45 dias, todo dia <strong>de</strong>ixava a carga dos Correios no chão<br />

para transportar a própria carga <strong>de</strong>la, enten<strong>de</strong>u? Fazia<br />

o que queria <strong>de</strong>ntro do processo licitatório, a tal ponto<br />

que não houve outra alternativa para o Correio senão<br />

rescindir, por inadimplência, o contrato <strong>da</strong> Varig.<br />

E aí vem outra ressalva: quanto à Skymaster, <strong>de</strong><br />

não querer assinar o contrato, <strong>de</strong> não querer cumprir,<br />

o Correio nos ameaçou <strong>de</strong> imputar uma multa <strong>de</strong> cinco<br />

anos sem licitar e 20% do contrato, um dos motivos que<br />

nos levaram a cumprir o contrato também até o final.<br />

Mas, quando a Varig transgrediu to<strong>da</strong>s as condições<br />

do contrato, simplesmente rescindiram o contrato; não<br />

aplicaram sequer uma penali<strong>da</strong><strong>de</strong> em cima <strong>da</strong> Varig<br />

Log. Nenhuma penali<strong>da</strong><strong>de</strong>! Então, qual foi a restrição?<br />

O Correio tem que prestar um serviço público, e não é<br />

só o preço do serviço público, é a eficiência do serviço<br />

público. O Correio hoje é reconhecido internacionalmente<br />

pela eficiência <strong>de</strong>le e não pelo preço barato <strong>da</strong><br />

correspondência que ele cobra. Então, é uma empresa<br />

que tem que apresentar resultado, não só no preço,<br />

mas na quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque isso vai refletir, logicamente,<br />

no serviço final que ela está prestando.<br />

Se existe uma empresa que é concorrente clara<br />

do Correio, que <strong>de</strong>ixa a carga <strong>de</strong>le todo dia no chão<br />

para transportar a própria carga, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contrato<br />

que <strong>de</strong>veria estar sendo exclusivo para o Correio,<br />

então, essa empresa não po<strong>de</strong> prestar serviço para o<br />

Correio. Agora, não nos cabe, à Skymaster, analisar<br />

essa situação. Quem analisou a situação foi o próprio<br />

Correio, em função do <strong>de</strong>partamento jurídico <strong>de</strong>le, que<br />

se reuniu... e operacional, que chegaram à conclusão<br />

<strong>de</strong> que empresas que fossem concorrentes e não reunissem<br />

também – era uma outra situação <strong>de</strong>sse edital<br />

– condições <strong>de</strong> certidões negativas, <strong>de</strong> estar em dia<br />

com as suas obrigações com o Po<strong>de</strong>r Público, não<br />

po<strong>de</strong>riam participar <strong>da</strong> licitação. E foi o caso <strong>da</strong> Varig<br />

Log. Ela se excluiu do certamente, e não o Correio<br />

que excluiu ela.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Posso dizer-lhe que o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas<br />

<strong>da</strong> União – com o qual pessoalmente concordo, nesse<br />

caso – disse que essa cláusula é claramente ofensiva<br />

ao princípio <strong>da</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> isonomia, e evi<strong>de</strong>ntemente<br />

ilegal. Logo, nesse edital, houve uma restrição<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>, do ponto <strong>de</strong> vista jurídico, à participação <strong>de</strong><br />

empresas. É aquilo que nós falamos, <strong>de</strong> redução <strong>da</strong><br />

competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> natural do certame, que obviamente<br />

conduziu o seu resultado. <strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que, <strong>de</strong>pois<br />

disso, já com essa condução, com essa restrição, três<br />

empresas que obviamente mantêm um vínculo evi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> relação participaram, só se eleva a suspeita<br />

que eu afirmo.<br />

Agora, em relação à Aeropostal, os senhores<br />

sabiam que eles não tinham a Cheta. Por que não impugnaram<br />

a participação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque ela<br />

per<strong>de</strong>u. Ela saiu logo no começo do edital...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. Ela fez um lance!<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

ela <strong>de</strong>sistiu logo no começo. Só ficou a Beta e a Skymaster<br />

no certame. Então, nós vamos impugnar uma<br />

empresa que per<strong>de</strong>u, que não trouxe prejuízo para a<br />

gente no certame? Não faz sentido.<br />

Nós impugnamos, sim, na licitação <strong>de</strong> 2003, TCB,<br />

Promo<strong>da</strong>l, Beta e Varig, porque elas, sim, fizeram um<br />

conluio para jogar a condição <strong>de</strong> preço <strong>da</strong> Skymaster<br />

lá embaixo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A impressão que nos dá é que – usando a<br />

linguagem <strong>da</strong> aviação – os senhores tinham um céu<br />

<strong>de</strong> briga<strong>de</strong>iro nos Correios. A partir <strong>de</strong> um certo momento,<br />

ocorre uma turbulência. Essa turbulência leva<br />

a essa disputa terrível <strong>de</strong>sse pregão, e <strong>de</strong>pois passa<br />

a tormenta e o céu volta a ser <strong>de</strong> briga<strong>de</strong>iro.<br />

Vamos prosseguir. Vamos falar um pouco <strong>de</strong>ssa<br />

licitação que o senhor falou, <strong>de</strong> 2003. Os senhores<br />

não tinham aceitado uma negociação que foi coloca<strong>da</strong><br />

aos senhores, naquele período, como redução do<br />

preço, não é? Os Correios tentaram forçar os senhores<br />

a reduzir; todos os outros concor<strong>da</strong>ram em reduzir;<br />

os senhores não concor<strong>da</strong>ram em fazer a redução do<br />

preço. Isso é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

proce<strong>de</strong>, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não houve uma negociação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nós sempre<br />

quisemos fazer negociação <strong>de</strong> preço. O Correio que,<br />

através do presi<strong>de</strong>nte, Airton Dipp, nunca aceitou nenhuma<br />

proposta nossa, nunca se dignou a fazer uma<br />

negociação <strong>de</strong> preço.


5028 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não houve acordo. Ele diz que os senhores<br />

não aceitavam a <strong>de</strong>le, e os senhores dizem que<br />

ele não aceitava.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, ele<br />

nunca apresentou proposta para a gente. Nós apresentamos<br />

três propostas para o Correio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De redução <strong>de</strong> valores?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De redução<br />

<strong>de</strong> valores, e ele sequer abriu o custo que ele tinha<br />

em mãos para po<strong>de</strong>r negociar com a gente. E isso<br />

justifica, porque havia uma proposta <strong>da</strong> Varig, mesmo<br />

com o nosso contrato em vigor, havia uma proposta<br />

<strong>da</strong> Varig Log oferecendo um preço menor do que o<br />

preço <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas, se os senhores concor<strong>da</strong>vam, então, em<br />

reduzir o preço... Vocês chegaram a formalizar isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Formalizamos!<br />

Inclusive, to<strong>da</strong> essa documentação está aqui na<br />

CPMI, no primeiro <strong>de</strong>poimento do Sr. Luiz Otávio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na medi<strong>da</strong> em que formalizaram a redução do<br />

preço, não há nisso uma confissão implícita <strong>de</strong> que o<br />

preço era passível <strong>de</strong> redução e, portanto, estava um<br />

pouco mais elevado do que <strong>de</strong>via?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim,<br />

isso...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como ninguém trabalha por benemerência,<br />

imagino que, ao concor<strong>da</strong>rem com a redução, os<br />

senhores estavam praticando ain<strong>da</strong> preços em condições<br />

<strong>de</strong> mercado, que estariam mais elevados do que<br />

se imaginava <strong>de</strong>veriam estar.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Veja bem: os<br />

preços foram, através <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho criado<br />

<strong>de</strong>ntro do Correio, que foi presidido pelo Sr. Lelington,<br />

um funcionário lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do Correio, eles foram todos<br />

negociados com to<strong>da</strong>s as empresas. Inclusive a<br />

Skymaster quis negociar. Ela não fugiu em nenhum<br />

momento à negociação junto aos Correios. Só que o<br />

Correio, por um impedimento inexplicável, não quis<br />

fazer a negociação com a Skymaster. A Skymaster<br />

<strong>de</strong>tinha o maior contrato do Correio. To<strong>da</strong>s as outras<br />

empresas foram chama<strong>da</strong>s com antecedência <strong>de</strong> três,<br />

quatro meses, foram feitas três, quatro ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>de</strong> negociação.<br />

A Skymaster foi chama<strong>da</strong> às vésperas <strong>da</strong><br />

conclusão do relatório, e não foi <strong>da</strong>do oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

negociação, em nenhum momento, para a empresa.<br />

Apesar <strong>de</strong> que, por três vezes segui<strong>da</strong>s, nós apresentamos<br />

propostas <strong>de</strong> negociação e não fomos ouvidos<br />

pelo Presi<strong>de</strong>nte.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E foi nessa proposta, então, que os senhores<br />

subfaturaram? Nessa licitação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

foi nessa proposta que nós subfaturamos. O subfaturamento<br />

veio em função <strong>de</strong> que o Correio se negou<br />

a negociar o contrato com a gente, rescindiu o nosso<br />

contrato e abriu uma nova licitação para po<strong>de</strong>r contratar<br />

a linha <strong>de</strong> novo. E foi nessa licitação que nós<br />

abaixamos o preço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Informa aqui a nossa Assessoria <strong>de</strong> que,<br />

<strong>de</strong> fato, a Skymaster ofertou uma redução <strong>de</strong> preços<br />

– confirma o que o senhor disse – mas o que os senhores<br />

não aceitavam era a abertura <strong>de</strong> custos. O<br />

<strong>de</strong>sconto <strong>da</strong> Skymaster seria sobre o preço final. Os<br />

senhores se recusavam a abrir a planilha dos seus<br />

custos operacionais. <strong>Con</strong>fere?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na primeira<br />

e única reunião <strong>de</strong> algumas horas que nós tivemos<br />

com o grupo <strong>de</strong> trabalho, nós iniciamos a reunião<br />

apresentando a nossa planilha <strong>de</strong> custos e solicitamos<br />

que eles apresentassem a <strong>de</strong>les para a gente po<strong>de</strong>r<br />

conversar. Eles se negaram a apresentar qualquer<br />

planilha <strong>de</strong> custos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, os senhores abriram a planilha <strong>de</strong><br />

custos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Abrimos a<br />

planilha <strong>de</strong> custos e apresentamos para a comissão,<br />

para o grupo <strong>de</strong> trabalho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas vamos falar então <strong>de</strong>ssa licitação que<br />

nós estamos falando, <strong>de</strong> 2003. Foi no final do ano <strong>de</strong><br />

2003, não é isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Foi.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os senhores não aceitaram o preço, foi<br />

realizado o Pregão 106, <strong>de</strong> 2003.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Foram 26 ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>de</strong> lances, quer<br />

dizer, aquele leilão pesado, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – TCB foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>, tinha feito um lance<br />

original <strong>de</strong> 289 mil; Variglog começou com R$289 mil,<br />

chegou a R$219 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Agora, percebam<br />

os preços que foram <strong>da</strong>dos aí pelas quatro, para<br />

ver on<strong>de</strong> é que está o conluio <strong>da</strong> licitação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Promo<strong>da</strong>l, R$289 mil, foi <strong>de</strong>sclassifica<strong>da</strong>; Beta,


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5029<br />

R$290 mil, chegou a R$214 mil; Skymaster, R$300 mil,<br />

chegou a R$213.990,00. Baixou bastante.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esse <strong>de</strong> 213 mil estava subfaturado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Completamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Trouxe-lhe lhe prejuízo efetivo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Prejuízo<br />

efetivo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja uma coisa que nos chama a atenção.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, no pregão, quando o senhor apresenta<br />

um preço, tem que <strong>de</strong>pois ajustar a planilha <strong>de</strong> custos,<br />

para justificar o preço. O senhor apresenta a planilha<br />

<strong>de</strong> custos idêntica ao <strong>da</strong> sua proposta original. Só um<br />

item foi reduzido. O item que foi reduzido era o lucro<br />

<strong>da</strong> empresa. Veja: quando a Skymaster apresentou<br />

a nova planilha, ajustando-a ao preço vencedor <strong>de</strong><br />

R$213.990,00, foram mantidos inalterados todos os<br />

itens <strong>de</strong> custos que integravam a proposta original oferta<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> R$300.154,79, alterando-se apenas o campo<br />

referente à remuneração <strong>da</strong> empresa, que discriminava<br />

um lucro <strong>de</strong> R$2 mil ao dia, para que fosse inserido o<br />

prejuízo diário <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$75 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Inclusive, a respeito <strong>de</strong>ssa proposta, relata a<br />

nossa <strong>Con</strong>sultoria, o senhor chegou a prestar um <strong>de</strong>poimento<br />

na CPMI em que diz o seguinte – o Deputado<br />

Jorge Bittar argüiu o senhor: “Mas como ninguém<br />

rasga <strong>de</strong> cem, como dizemos no popular, é evi<strong>de</strong>nte<br />

que os senhores fizeram uma proposta que fosse uma<br />

proposta sustentável, do ponto <strong>de</strong> vista operacional,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> margem que os senhores <strong>de</strong>vem<br />

ter na operação <strong>da</strong> sua empresa.”<br />

João Marcos Pozzetti: “Com prejuízo, Excelência.<br />

Isso foi claro em todos os prejuízos que nós tivemos<br />

(Inaudível.) nessa licitação.”<br />

“A proposta inicial dos senhores foi uma proposta<br />

com prejuízo? A proposta <strong>de</strong> R$300 mil é uma proposta<br />

com prejuízo?”<br />

“A proposta inicial já com prejuízo.”<br />

Ou seja, o senhor disse que na proposta <strong>de</strong> R$300<br />

mil já havia prejuízo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Já havia prejuízo na proposta inicial?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, eu não<br />

me lembro do número não, mas se não havia prejuízo<br />

estava praticamente empatado, não havia lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

nenhuma. Agora eu não me lembro exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como se explica que na primeira proposta<br />

o senhor já apresenta com prejuízo. Qual era a lógica<br />

disso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A lógica<br />

era a seguinte: no procedimento anterior, havia uma<br />

contratação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.<br />

Nessa nova licitação, foi diminuí<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> carga. E tínhamos já conhecimento que a Varig Log<br />

havia apresentado uma proposta <strong>de</strong> reduzir o preço <strong>da</strong><br />

nossa linha em 21%. Então, simplesmente reduzimos,<br />

pegamos a nossa linha, tiramos 21% a menos <strong>da</strong> Varig<br />

Log e tiramos a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> a menor <strong>de</strong> carga contrata<strong>da</strong><br />

e chegamos no preço <strong>de</strong> 300 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas isso não consigo enten<strong>de</strong>r, porque, na<br />

planilha posterior, o senhor registra o prejuízo. Mas,<br />

na inicial, o senhor realiza o lucro <strong>de</strong> R$2 mil, ou seja,<br />

se havia lucro – R$2 mil/dia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como o senhor afirmou a essa CPI que havia<br />

prejuízo se a sua planilha <strong>de</strong> custos falava que tinha<br />

lucro? Ou o senhor faltou com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> com a CPI<br />

ou faltou com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> na sua planilha <strong>de</strong> custos <strong>da</strong><br />

proposta original. O senhor concor<strong>da</strong> com isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, simplesmente<br />

não tinha a planilha <strong>de</strong> custos em mãos, eu<br />

só presumi. Não tinha os <strong>da</strong>dos em mãos para po<strong>de</strong>r<br />

comparar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas é que o senhor voltou a afirmar aqui<br />

agora que a proposta <strong>de</strong> 300 mil já era com prejuízo,<br />

lhe perguntei inicialmente. Falei: os 300 mil eram com<br />

prejuízo? Você falou que sim. Então, é a mesma afirmação<br />

que o senhor fez na CPI e, no entanto, as planilhas<br />

estão aqui, que o senhor apresentou, e revelam<br />

rigorosamente que o senhor apontava um lucro <strong>de</strong> R$2<br />

mil/dia. O senhor po<strong>de</strong> até achar um lucro pequeno, mas<br />

prejuízo não havia. Das duas, uma: ou o senhor faltou<br />

com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> naquele primeiro <strong>de</strong>poimento – permitame<br />

dizer assim – e agora novamente, ou infelizmente<br />

essa planilha não expressava a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, Excelência.<br />

O que acontece é o seguinte: já disse logo no<br />

começo do meu <strong>de</strong>poimento: eu começo um contrato,<br />

tenho que começar um contrato com os Correios <strong>de</strong><br />

12% ao mês para chegar ao final e praticamente ficar<br />

com zero, porque os aumentos <strong>de</strong> combustíveis e <strong>de</strong><br />

outros custos são feitos a ca<strong>da</strong> 15 dias.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perdão. Isso implica no equilíbrio econômicofinanceiro<br />

que, evi<strong>de</strong>ntemente...


5030 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Daí a 4<br />

meses.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas ele sempre é consi<strong>de</strong>rado <strong>da</strong>í a 4 meses,<br />

mas retroativamente com a compensação.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nunca.<br />

Nunca volta ao preço lá <strong>de</strong> trás. O reequilíbrio é feito<br />

<strong>da</strong>í pra frente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perdão. O reequilíbrio econômico-financeiro<br />

– inclusive houve casos em que você registra o<br />

momento <strong>da</strong> ocorrência. É sempre assim no mundo<br />

público, ou seja, não dou <strong>da</strong>li pra frente. Se o aumento<br />

<strong>da</strong> gasolina se <strong>de</strong>u na <strong>da</strong>ta “x”, é a partir <strong>de</strong>ssa <strong>da</strong>ta<br />

que se dá o reequilíbrio. E os senhores tiveram reequilíbrios<br />

assim.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

tivemos. Po<strong>de</strong> ser que tenhamos tido, não acompanhei<br />

exatamente essa questão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se não tiveram, o jurídico dos senhores<br />

cometeu uma gran<strong>de</strong> falha, porque é <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta em que<br />

ocorre o <strong>de</strong>sequilíbrio econômico-financeiro que tem<br />

que haver o reajuste. Se se <strong>de</strong>r a partir do momento<br />

em que o senhor teve <strong>de</strong>fasagem, o senhor irá à Justiça<br />

e ganhará tranqüilamente.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É até uma<br />

boa idéia para o meu advogado anotar, porque não é<br />

esse o procedimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Dr. Advogado já terá tarefa, então, no<br />

futuro, porque...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Você presta<br />

serviço, subiu hoje o combustível, não chego aos Correios,<br />

e os Correios me aumenta o preço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os senhores têm requerido os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong>ssa<br />

maneira.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Po<strong>de</strong> até<br />

ser, não digo que não tenhamos, mas o procedimento<br />

não é esse.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É este. É assim que funciona, é na <strong>da</strong>ta em<br />

que ocorre o <strong>de</strong>sequilíbrio econômico-financeiro, que<br />

se faz a situação, se verifica e temos requerido para<br />

compensar, senão não estaria assegurado o equilíbrio<br />

econômico-financeiro <strong>de</strong> uma proposta.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Os aumentos<br />

<strong>de</strong> preços <strong>de</strong> combustíveis, no ano <strong>de</strong> 2004,<br />

ocorreram dia 15 <strong>de</strong> janeiro, 31 <strong>de</strong> janeiro, 1º <strong>de</strong> fevereiro,<br />

15 <strong>de</strong> fevereiro e fomos ter recomposição <strong>de</strong>sses<br />

preços em abril. Portanto, ficamos janeiro, fevereiro,<br />

março e abril sem recompor o preço do combustível<br />

que representava no custo final <strong>da</strong> nossa prestação<br />

<strong>de</strong> serviços.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Vamos voltar a raciocinar, então, naquele<br />

preço original – e sua planilha está aqui se o senhor<br />

quiser olhar. O preço era R$300.154,79 mil; continha<br />

uma remuneração <strong>de</strong> R$2 mil ao dia. <strong>Con</strong>fere?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aqui só<br />

estou com a planilha dos prejuízos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está? Uma só?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ah, a outra não está aqui. Mas é isso, R$2 mil<br />

o dia. O preço que o senhor praticava antes dos 300<br />

mil era R$429.987,00 mil, ou seja, houve uma redução<br />

aqui <strong>de</strong> 129 mil no preço anterior. De acordo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De acordo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se esse era o preço anterior, se preço <strong>de</strong><br />

300 mil continha uma remuneração <strong>de</strong> R$2 mil/dia,<br />

o preço anteriormente que vinha sendo praticado <strong>de</strong><br />

429 mil <strong>de</strong>veria conter cerca <strong>de</strong> 131 mil <strong>de</strong> diferença<br />

a mais. Correto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Deduzindo-se a parcela relativa ao imposto<br />

que seria acrescido com a elevação do valor<br />

faturado, encontraríamos uma lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em torno<br />

<strong>de</strong> R$120 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esse valor <strong>de</strong> R$120 mil ao dia representaria,<br />

então, uma lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 28% sobre o preço <strong>de</strong><br />

R$429.987,00 mil, já <strong>de</strong>scontado o imposto. No entanto,<br />

em planilha <strong>de</strong> custos apresenta<strong>da</strong> pela empresa <strong>de</strong> V.<br />

Sª, quando <strong>da</strong> solicitação <strong>de</strong> reequilíbrio para as linhas<br />

contrata<strong>da</strong>s a remuneração <strong>de</strong>clara<strong>da</strong> era <strong>de</strong> 20,73%<br />

para a linha A, e 21,71% para a linha C. Ou seja, estava<br />

escondido no que os senhores apresentaram 8%<br />

<strong>de</strong> diferença em relação aos seus próprios números.<br />

Como é que o senhor explicaria isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, eu<br />

teria que pegar to<strong>da</strong> a composição <strong>de</strong> custo <strong>de</strong>ssa<br />

época. De cabeça, aqui, eu não tenho condição <strong>de</strong><br />

fazer uma análise em cima dos números apresentados<br />

naquela época.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas vamos analisar o que o senhor próprio<br />

falou. O senhor falou que a remuneração média é em<br />

torno <strong>de</strong> 8% <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esse valor, 8%, foi inclusive<br />

confirmado pelo Sr. Augusto <strong>Con</strong>ceição Morato,


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5031<br />

que nesta CPI informou que o percentual razoável <strong>de</strong><br />

lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do setor <strong>de</strong> transporte seria <strong>de</strong> 8%. Como<br />

é que o senhor explica então essa brutal diferença, sem<br />

dizer que não havia um superfaturamento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

agora, <strong>de</strong> momento, eu não sei como explicar isso.<br />

Realmente, é... Esses <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> evolução, só pegando<br />

os números mesmo e confirmando.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, não, eu estou pegando... Veja, os<br />

números são exatos, e são os números que confirmei<br />

com o senhor. Por isso que vim construindo o raciocínio<br />

passo a passo para nós chegarmos ao resultado.<br />

O senhor diz: “Não havia superfaturamento, não havia<br />

superfaturamento. <strong>Sub</strong>faturamos a proposta naquela<br />

licitação para chegarmos ao valor <strong>de</strong> R$300 mil”. Perdão,<br />

ao valor <strong>de</strong> R$203. Só que a proposta inicial do<br />

senhor era <strong>de</strong> R$300 mil. A proposta <strong>de</strong> R$300 mil<br />

do senhor tinha uma remuneração <strong>de</strong> R$2 mil ao dia,<br />

está certo? O preço que o senhor praticava anteriormente<br />

era R$429 mil. A diferença entre R$429 mil e<br />

R$300 mil vai chegar aqui à casa <strong>de</strong> R$131 mil. Nós<br />

encontramos então um lucro <strong>de</strong> R$120 mil. Esse lucro<br />

<strong>de</strong> R$120 mil está muito acima dos 8% que o senhor<br />

afirmou que era o valor médio – isso, pelos números<br />

do senhor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, mas o senhor<br />

esquece <strong>de</strong> computar aí que nessa licitação houve<br />

uma redução <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> contrata<strong>da</strong> <strong>de</strong> carga.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, eu estou partindo <strong>da</strong> proposta original<br />

do senhor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Então, na<br />

proposta original houve... O transporte que nós fazíamos<br />

no contrato anterior contemplava uma x quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga contrata<strong>da</strong>. Na nova licitação...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agora, no que mu<strong>da</strong> isso a faixa <strong>de</strong> ganho?<br />

Isso não mu<strong>da</strong> a faixa <strong>de</strong> ganho.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Claro que<br />

mu<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja, nós estamos falando em percentual. O<br />

percentual médio é <strong>de</strong> 8%, que é uma remuneração<br />

justa, pelo que o senhor mesmo fala. O Sr. Augusto<br />

<strong>Con</strong>ceição Morato fala também nos 8%. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do universo <strong>de</strong> carga transporta<strong>da</strong>, o senhor<br />

<strong>de</strong>u um pulo para 20%! O senhor tinha 20% embutido<br />

anterior. Ou seja, muito mais que o dobro do que o senhor<br />

acha que era uma remuneração razoável. Quando<br />

alguém ganha muito mais que o dobro <strong>de</strong> uma remuneração<br />

razoável, tratando-se <strong>de</strong> dinheiro público, nós<br />

costumamos chamar isso <strong>de</strong> superfaturamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

eu volto a dizer: o senhor está comparando dois pesos<br />

e duas medi<strong>da</strong>s. O contrato que nós operávamos era<br />

um contrato que englobava uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

muito maior do que a nova licitação que foi feita. Foram<br />

reduzi<strong>da</strong>s as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cargas nos diversos<br />

trechos <strong>da</strong> linha postal noturna.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas eu lhe perguntei o seguinte: quando<br />

eu lhe perguntei, eu não perguntei o tipo <strong>de</strong> contrato,<br />

lembra? Eu falei: qual é a remuneração i<strong>de</strong>al? O senhor<br />

falou: 8%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É 8%. Oito por cento cá, 8% lá. Só que, na<br />

sua situação anterior, não era 8%, era 28%. O senhor<br />

percebe? Ou seja, reduziu carga, não reduziu carga...<br />

Nós estamos falando <strong>de</strong> percentual. A sua margem <strong>de</strong><br />

ganho era <strong>de</strong> 28% no contrato anterior. Isso nos leva à<br />

convicção plena <strong>de</strong> que, pelas suas próprias palavras<br />

e do Sr. Antonio Augusto, esse contrato era superfaturado.<br />

Que o senhor quando diz que mergulhou naquela<br />

licitação, o senhor mergulhou comendo o seu superfaturamento<br />

e não subfaturando, porque a sua taxa <strong>de</strong><br />

lucro estava infinitamente maior do que aquela que o<br />

senhor mesmo diz que é razoável.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

volto a dizer: o meu contrato anterior, que o senhor<br />

argumenta que é superfaturado, previa 119 mil quilos<br />

<strong>de</strong> carga transporta<strong>da</strong> na linha. A nova licitação, on<strong>de</strong><br />

eu apresentei o preço <strong>de</strong> R$300 mil, previa só 93 mil<br />

quilos <strong>de</strong> transporte na linha. Então, não é possível<br />

chegar a essa conclusão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, mas eu estou falando <strong>de</strong> margem <strong>de</strong> lucro<br />

percentual. Não estou falando <strong>de</strong> preço absoluto.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas a margem<br />

<strong>de</strong> lucro percentual é proporcional à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

transporta<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o preço médio, o senhor falou que é<br />

<strong>de</strong> 8%, e nós estamos falando <strong>de</strong> 28%!<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas o senhor<br />

está pegando do preço final <strong>de</strong> faturamento...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, do lucro que o senhor tinha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

diferentes. Eu não posso...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Do lucro que o senhor tinha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu não<br />

posso transportar 100 tonela<strong>da</strong>s e cobrar R$400 mil e<br />

<strong>de</strong>pois pegar 80 tonela<strong>da</strong>s e querer apresentar o mes-


5032 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

mo R$400 mil. É claro que eu abaixei o preço porque<br />

abaixou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> contrata<strong>da</strong>. Não tem outra...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ah! Então, espera um pouquinho! O senhor<br />

baixou o preço para 300, porque abaixou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

contrata<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Também.<br />

Em função <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> contrata<strong>da</strong> e em função...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor não tinha prejuízo, como<br />

o senhor disse. O senhor disse que, na proposta original,<br />

tinha prejuízo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Veja bem,<br />

Excelência...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estou-me valendo <strong>da</strong>s suas palavras exclusivamente.<br />

Estou raciocinando <strong>de</strong> acordo com seus<br />

argumentos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Um prejuízo<br />

<strong>de</strong> R$2 mil, em R$200 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. Lucro <strong>de</strong> R$2 mil por dia e não prejuízo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Então, lucro<br />

<strong>de</strong> R$2 mil em R$300 mil <strong>de</strong> faturamento por dia é praticamente<br />

a mesma coisa que prejuízo, porque começo<br />

com R$300 mil, no dia 15 já tem aumento <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong><br />

combustível, e já estou tendo prejuízo <strong>de</strong> novo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, esse seu argumento infirma o anterior,<br />

porque <strong>da</strong>s duas uma: ou reduziu as cargas, e o senhor<br />

estava com um preço razoável – e aí o senhor<br />

justifica a sua proposta original –, ou o senhor estava<br />

com prejuízo e não justifica a margem <strong>de</strong> ganho que<br />

o senhor tinha anteriormente. Não dá para bater esse<br />

raciocínio. Perdoe-me. Não consigo enten<strong>de</strong>r. Talvez<br />

seja <strong>de</strong>ficiência minha, por ser mal <strong>de</strong> números. Mas<br />

não consigo visualizar como esses dois argumentos<br />

se compatibilizam.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, então,<br />

realmente, fica...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor estava com uma margem <strong>de</strong> 28%<br />

no contrato anterior.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Que prevê<br />

uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong> carga.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Prevê uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong> carga, mas<br />

com 28%. O senhor mesmo diz que, em geral... Quando<br />

lhe perguntei qual a taxa <strong>de</strong> remuneração média, o<br />

senhor falou que era <strong>de</strong> 8%, não disse que <strong>de</strong>pendia <strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Era 8% em geral, em média. Ou<br />

seja, em geral, é bem remunerado aquele que ganha<br />

8%. Não importa quanto o senhor transporta, se é A,<br />

B ou C. Ganha 8%, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cubra os custos, esteja<br />

com os custos operacionais etc. Os seus custos eram<br />

os mesmos, rigorosamente os mesmos, tanto que o<br />

senhor mantém a planilha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hum,<br />

hum.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, não estamos falando <strong>de</strong> custos<br />

diferentes. O senhor manteve a planilha. Estamos falando<br />

<strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> lucro. Na taxa <strong>de</strong> lucro que o senhor<br />

faz, na primeira proposta, o senhor ganhava R$2 mil;<br />

na anterior, o senhor ganhava R$128 mil na planilha.<br />

Não estou falando <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva. Estou falando<br />

<strong>da</strong> planilha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas a gente<br />

tem <strong>de</strong> falar em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque eu estava <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> um contrato diferente que previa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

condições e passei para um outro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quanto reduziu a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> do primeiro<br />

para o segundo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro <strong>de</strong> cabeça agora, mas <strong>de</strong>ve ter sido em torno<br />

<strong>de</strong> 10% mais ou menos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dez por cento <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> implicaram<br />

um ganho <strong>de</strong> 8%?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja: reduziram-se 10% <strong>da</strong> carga, e o senhor<br />

passou <strong>de</strong> 28% <strong>de</strong> lucro para 8%?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não fecha<br />

por quê?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não fecha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque a<br />

VarigLog apresentou um preço 21% mais baixo que<br />

o nosso, e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do contrato foi reduzi<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor veja o seguinte. Olha como o<br />

senhor tem razão quando o senhor fala <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> valor.<br />

Na última concorrência realiza<strong>da</strong> pelos Correios,<br />

em novembro do ano passado, para a operação <strong>da</strong>s<br />

novas vias <strong>da</strong> RPN, a Skymaster venceu duas linhas<br />

com proposta <strong>de</strong> preço contendo uma remuneração<br />

<strong>de</strong> 9%. Historicamente, é essa a faixa. No entanto, em<br />

alguns momentos, o senhor tem um lucro <strong>de</strong> 28%,<br />

quase 30%, do contrato. É isso – pela ausência <strong>de</strong><br />

uma explicação – que nos mostra que esse contrato<br />

estava superfaturado. Essa é a conclusão <strong>de</strong> todos os<br />

auditores que examinaram.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5033<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Essa conclusão<br />

é...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o senhor não consegue, neste momento,<br />

refutar essa tese. Eu gostaria muito <strong>de</strong> vê-la refuta<strong>da</strong>,<br />

porque, é claro, não gostaria <strong>de</strong> ver dinheiro público<br />

sendo colocado <strong>de</strong>ssa forma. Mas, se o senhor não<br />

me consegue explicar e se os números não fecham,<br />

não há outra conclusão possível.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É até estranho<br />

isso, Excelência, porque esse foco <strong>de</strong> superfaturamento<br />

se restringe à Skymaster, principalmente<br />

aqui neste fórum. Ninguém nunca disse aqui que a<br />

Skymaster – aliás, já disse; meu sócio Luiz Otávio<br />

apresentou a planilha para vocês – tinha o quinto menor<br />

preço <strong>da</strong> RPN. Então, o superfaturamento tem <strong>de</strong><br />

ser analisado em função do mercado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ah! Mas será <strong>de</strong> todos. Fique tranqüilo. Todos<br />

serão analisados. Nesse ponto, seremos rigorosamente<br />

isonômicos. Po<strong>de</strong> ficar tranqüilo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

Eu espero.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Havendo superfaturamento, todos arcarão com<br />

as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s conseqüências criminais no caso. Nesse<br />

ponto, eu lhe garanto. Fique tranqüilo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

E provamos. Apresentamos o comparativo <strong>de</strong> preço.<br />

Acima <strong>da</strong> Skymaster, tem Varig, tem Beta, tem Total,<br />

tem Trip, tem uma série <strong>de</strong> outras empresas com preço<br />

muito maior do que o nosso. E o foco está em cima<br />

<strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos, agora, prosseguir com o nosso raciocínio.<br />

Quem sabe o senhor possa nos aju<strong>da</strong>r!<br />

Na nova planilha, aquela que teve o resultado<br />

final do pregão – aquela que o senhor disse que o<br />

preço estava subfaturado –, no valor <strong>de</strong> R$213 mil, o<br />

senhor rea<strong>de</strong>quou e constatou um prejuízo <strong>de</strong> R$75<br />

mil ao dia. Está <strong>de</strong> acordo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor ratificou. Essa informação está<br />

correta.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando a operação <strong>da</strong>s linhas por 22 dias<br />

úteis em 12 meses, teríamos um prejuízo total no ano<br />

<strong>de</strong> 2004 <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente R$22 milhões, o que o<br />

senhor disse que per<strong>de</strong>u aqui. Perfeito. No entanto, no<br />

seu balanço, a Skymaster acusou, no final do exercício<br />

<strong>de</strong> 2004, um prejuízo <strong>de</strong> apenas R$532 mil. Como é<br />

que o senhor explicaria isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – No ano <strong>de</strong><br />

2004, o Correio representou somente 40% do meu faturamento.<br />

Os outros 60% foram voltados para clientes<br />

particulares que me <strong>de</strong>ram uma lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na qual<br />

pu<strong>de</strong> bancar a operação dos Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Então, vamos prosseguir. Já, no<br />

ano <strong>de</strong> 2003, operando as mesmas linhas A e C, ao<br />

preço diário <strong>da</strong> operação <strong>de</strong> R$429.987,00, aquele<br />

preço antigo, a Skymaster acusou um lucro só <strong>de</strong><br />

R$1.908.932,00. De acordo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De acordo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, o senhor teve, naquele ano em<br />

que o senhor mergulhou, um prejuízo <strong>de</strong> 539 e, naquele<br />

ano em que o senhor estava bem, com preço<br />

bom, um lucro <strong>de</strong> 908. Restaria, então, uma análise<br />

sobre um comportamento <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais receitas, além<br />

dos Correios, que é o argumento que o senhor utilizou.<br />

Vamos a elas.<br />

No ano <strong>de</strong> 2003, a receita gera<strong>da</strong> por outros<br />

clientes alcançou um total <strong>de</strong> R$33.870.828,19, enquanto<br />

que, em 2004, saltou para R$55.974.380,00.<br />

Ou seja, to<strong>da</strong> a nova receita gera<strong>da</strong> pela Skymaster,<br />

num total <strong>de</strong> R$22.103.551,00, seria canaliza<strong>da</strong> para<br />

cobrir eventual prejuízo pela operação <strong>da</strong>s linhas A e<br />

C <strong>da</strong> RPM.<br />

Quer dizer, tudo o que o senhor ganhou teria<br />

sido canalizado para cobrir o prejuízo. To<strong>da</strong>via, não<br />

seria razoável que 22.1 milhões <strong>de</strong> receita adicional<br />

pu<strong>de</strong>sse produzir um lucro <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 21.5<br />

milhões, <strong>de</strong> modo a cobrir quase totalmente a operação<br />

<strong>de</strong>ficitária dos Correios, haja vista que as novas<br />

receitas haveriam <strong>de</strong> gerar, em contraparti<strong>da</strong>, novas<br />

<strong>de</strong>spesas também.<br />

Ou seja, quando o senhor obtém todo aquele<br />

volume <strong>de</strong> receitas <strong>de</strong> outras empresas, o senhor tem<br />

<strong>de</strong>spesas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se o senhor tivesse utilizado tudo aquilo<br />

o que ganhou para cobrir, teria as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as outras operações.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sem dúvi<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como foi possível, então, tornar quase todo o<br />

faturamento extra <strong>de</strong> R$22.103.551,00 em lucro que<br />

pu<strong>de</strong>sse reduzir drasticamente o prejuízo inicialmente<br />

sinalizado em R$22 milhões? Ou seja, as contas não<br />

batem com o seu balanço.


5034 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São as<br />

condições <strong>de</strong> mercado, Deputado. E outra, eu expliquei,<br />

logo no começo para o senhor, que eu começo<br />

um contrato com 8% e o termino com zero, ou até<br />

com prejuízo. Isso não quer dizer que vou ter 8% <strong>de</strong><br />

lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do primeiro ao último dia do contrato. As<br />

situações mu<strong>da</strong>m, principalmente no Brasil, em que o<br />

aumento <strong>de</strong> combustível é <strong>de</strong> quinze em quinze dias;<br />

e o combustível representa 70% do meu custo, numa<br />

operação normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estamos aqui fazendo uma análise <strong>da</strong><br />

sua contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e os números não batem. Esse é<br />

o problema.<br />

Tudo aquilo que o senhor ganhou com as outras<br />

empresas, o argumento utilizado pelo senhor agora,<br />

não seria suficiente para cobrir o que o senhor teve e<br />

ter o resultado contábil obtido. Percebe? Não bate.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas a condições<br />

<strong>de</strong> um ano para o outro mu<strong>da</strong>m. Isso não tem<br />

na<strong>da</strong> <strong>de</strong> fixo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não se trata <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> ano. Pegamos<br />

tudo aquilo que o senhor <strong>de</strong>clara receber <strong>de</strong> outras<br />

empresas, verificamos o rombo, e não bate com o resultado.<br />

Não fecha. Ou o seu balanço está totalmente<br />

errado, houve um problema contábil; ou, infelizmente,<br />

a explicação que o senhor está <strong>da</strong>ndo-nos, neste<br />

momento, não fecha em relação ao prejuízo que teve,<br />

porque o senhor respon<strong>de</strong>u bem. Foram pegas as receitas<br />

<strong>da</strong>s outras empresas e bateram, só que estas<br />

outras receitas implicavam custos, só pegando as outras<br />

receitas brutas, para cobrir o buraco. Não há lógica<br />

, pois isso não bate contabilmente.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí teríamos<br />

que pegar operação por operação, todos os contratos<br />

que tive durante esses dois anos que vocês estão comparando,<br />

para po<strong>de</strong>r evi<strong>de</strong>nciar o que é que aconteceu<br />

efetivamente <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por que em um ano tive<br />

prejuízo e,em outro,tive lucro?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Tenho aqui to<strong>da</strong>s as receitas <strong>da</strong> Skymaster.<br />

Não queremos ser injustos com ninguém.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Estamos fazendo um estudo meticuloso<br />

<strong>da</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Então, temos to<strong>da</strong>s as receitas <strong>de</strong><br />

2000, 2001, 2002, 2003, 2004. Estamos comparando<br />

com as outras receitas. Aqui está o total.<br />

Então, olhe: Skymaster (Correios) – no ano <strong>de</strong><br />

2000, R$34 milhões; 2001, R$25 milhões; 2002, R$92<br />

milhões; 2003, R$106 milhões; cai em 2004 para R$57<br />

milhões. Aqui está a proporção. Pelo estudo, não fe-<br />

cha. Não haveria como suportar, com aquele resultado<br />

contábil que o senhor teve, o <strong>da</strong>no que o senhor<br />

disse ter tido.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas condições<br />

do contrato dos Correios não são as mesmas<br />

<strong>da</strong> minha carga própria, dos meus clientes diretos,<br />

completamente diferente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Com certeza, mas o senhor tem custos, não<br />

é? O senhor tem <strong>de</strong> pagar a gasolina...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho custos,<br />

mas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não pega a receita bruta e cobre<br />

tudo, o senhor tem <strong>de</strong> pagar o avião, tem <strong>de</strong> pagar<br />

tudo. O avião não <strong>de</strong>cola <strong>de</strong> graça, tem <strong>de</strong> colocar<br />

combustível, tem <strong>de</strong> pagar um monte <strong>de</strong> coisas. Então,<br />

o senhor pegou to<strong>da</strong> a receita bruta que recebeu<br />

<strong>da</strong>s outras empresas, cobriu o buraco e não constou<br />

na<strong>da</strong> no seu balanço. O senhor percebe?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. O meu<br />

balanço, inclusive, é auditado por auditoria in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e pelo próprio DAC. Não tem...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que nos leva a crer que o senhor não teve<br />

o prejuízo <strong>de</strong> 22 milhões que o senhor alega. Percebe<br />

on<strong>de</strong> está o problema? Também confio que o seu balanço<br />

está bom, mas não estou confiando na informação<br />

<strong>de</strong> que o senhor teve esse prejuízo, porque está<br />

me parecendo que, ao invés do que o senhor disse,<br />

o senhor não subfaturou, o senhor chegou ao preço<br />

real. O senhor super faturava antes. Todos os <strong>da</strong>dos<br />

caminham nessa linha. Por isso que estou ouvindo o<br />

senhor, para que o senhor nos forneça uma indicação<br />

que nos permita mu<strong>da</strong>r isso. Mas, vamos lá. No<br />

ano <strong>de</strong> 2004, a Skymaster acusou um prejuízo <strong>de</strong> R$:<br />

532.915,00, sendo que nesse período ela transferiu aos<br />

seus sócios, ao longo <strong>da</strong>quele exercício, o montante,<br />

até agora i<strong>de</strong>ntificado, po<strong>de</strong> variar, <strong>de</strong> 4 milhões, 732<br />

mil, 598 reais. A que título esse dinheiro foi transferido<br />

para o sócio <strong>da</strong>s Skymaster no ano <strong>de</strong> 2004?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – No ano <strong>de</strong><br />

2004 não foi transferido esse valor <strong>da</strong> Skymaster. Foi<br />

transferido <strong>de</strong> outra empresa, <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foi <strong>da</strong> Skycargas? Peço que a consultoria<br />

analise isso. A que título foram efetivados esses pagamentos,<br />

então, <strong>da</strong> Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De lucro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Da Skycargas. Foram recolhidos os pagamentos<br />

<strong>de</strong> 27,5% em razão do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5035<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na Skymaster<br />

ou na Skycargas?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem pagou. Se a Skymaster não pagou,<br />

não é a Skymaster, é a Skycargas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

esse número na cabeça agora.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve recolhimento <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Claro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Qual o consumo médio <strong>da</strong>s aeronaves Boing<br />

707 e DC 8, 63 F, como a Skymaster utiliza? O Senhor<br />

tem esse <strong>da</strong>do?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu teria <strong>de</strong><br />

pegar na área operacional, não me lembro <strong>de</strong> cabeça.<br />

Cuido mais <strong>da</strong> administrativo-financeira e não cuido<br />

<strong>de</strong>sses aspectos operacionais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vou lhe informar o porquê. Aqui, no <strong>de</strong>poimento<br />

prestado à CPI, o Sr. Luiz Otávio Gonçalves informou<br />

ser <strong>de</strong> 8 mil, 250 litros por hora voa<strong>da</strong> esse gasto. No<br />

entanto, verificando-se no site <strong>da</strong> Skymaster, disponibilizado<br />

na Internet, a informação é <strong>de</strong> que o consumo<br />

do DC 8, 63 F seria <strong>de</strong> 8 mil litros. Portanto, há uma<br />

diferença entre o informado à CPI e aquilo que consta<br />

na divulgação do site <strong>da</strong> empresa do senhor.<br />

Eu até relato o trecho <strong>da</strong> oitiva:<br />

Sr. Onxy Lorenzoni, Deputado: “Sobre as aeronaves<br />

que o Senhor tem, esses DC 8, só para ter uma<br />

referência, consomem 8 mil litros por hora/vôo. Está<br />

correto o que estou dizendo?”<br />

Sr. Luiz Otávio Gonçalves: “Não, Senhor. A média<br />

é <strong>de</strong> 8.250 litros.”<br />

Onxy Lorenzoni: “Ótimo. E quanto é que consome,<br />

por exemplo, um Boing 737? Três mil?”<br />

Luiz Otávio Gonçalves: “Três mil e cem? Três mil,<br />

quatrocentos e cinqüenta.”<br />

Onxy Lorenzoni: “E o seu 707, gasta quanto?”<br />

Luiz Otávio Gonçalves: “É o mesmo consumo<br />

do DC 8, 8.250.”<br />

Por outro lado, na última concorrência realiza<strong>da</strong><br />

pelos senhores nos Correios, em novembro <strong>de</strong> 2004,<br />

para a contratação <strong>da</strong>s novas linhas <strong>da</strong> re<strong>de</strong> postal<br />

noturna, que foi reformula<strong>da</strong>, consta a documentação<br />

apresenta<strong>da</strong> pela Skymaster informando que o<br />

consumo tanto do Boing 707 como do DC 8 seria <strong>de</strong><br />

8.600 litros. Então, veja que há uma diferença entre o<br />

que informa o site dos Senhores, o que informa o seu<br />

sócio na CPI e a planilha <strong>de</strong> custos <strong>da</strong> última licitação<br />

dos Correios. Isso está sendo visto por nós como uma<br />

forma, tendo em vista terem colocado esse custo acima<br />

do informado pelos senhores no site e pelo seu<br />

próprio sócio, <strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, inflar os custos e,<br />

portanto, elevar os preços, artificialmente, <strong>da</strong> proposta<br />

<strong>da</strong> última licitação.<br />

Como é que o senhor veria isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O problema,<br />

Excelência, é que pessoas não liga<strong>da</strong>s à aviação<br />

fazem a análise dos custos <strong>de</strong> uma aeronave sem ter<br />

conhecimento exatamente do que ocorre na operação.<br />

Eu carrego um avião em Manaus e venho para Brasília.<br />

São 2h40min <strong>de</strong> vôo. O tempo <strong>de</strong> vôo é marcado<br />

a partir <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> na aeronave e interrompido quando<br />

eu <strong>de</strong>sligo a aeronave na hora em que ela estaciona<br />

aqui. Então, o senhor po<strong>de</strong> ver que são duas horas e<br />

quarenta minutos <strong>de</strong> vôo. Nesse período, tenho quinze<br />

minutos antes que é o tempo <strong>de</strong> taxiamento para <strong>de</strong>colar<br />

e quinze minutos <strong>de</strong>pois que é o tempo que eu<br />

tenho para sair <strong>da</strong> pista e estacionar o avião no local<br />

que eu preciso. Se eu voei duas horas e quarenta mais<br />

trinta minutos <strong>de</strong> taxiamento, eu não gasto a mesma<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível para fazer táxi e para voar.<br />

Quando eu estou com o avião em vôo, eu consumo<br />

uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito maior. Então, se eu consi<strong>de</strong>rar<br />

no trecho <strong>de</strong> Manaus-Brasília, vou ter uma média <strong>de</strong><br />

consumo maior que no trecho <strong>de</strong> Brasília-São Paulo,<br />

que é só <strong>de</strong> uma hora e trinta. Então, pego uma hora<br />

e trinta mais trinta minutos <strong>de</strong> táxi e estacionamento,<br />

somo esse horário, pego o consumo total e ele vai <strong>da</strong>r<br />

realmente um consumo menor nesse trecho específico.<br />

Agora, no trecho <strong>de</strong> Manaus, ele vai <strong>da</strong>r muito maior.<br />

Ele chega a realmente a quase nove mil o consumo <strong>de</strong><br />

combustível por hora <strong>de</strong> vôo. É tudo questão do trecho<br />

percorrido e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Se também coloco,<br />

num trecho, mil quilos e, no outro trecho, quarenta mil<br />

quilos, com certeza, essa variação vai ser brutal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Claro. Mas o senhor vai me permitir que,<br />

quando falamos em média, significa o máximo, o mínimo<br />

e o valor médio. No site dos senhores, os senhores<br />

falam em valor médio. Pegam o máximo, o mínimo e<br />

chegam à media, pegando to<strong>da</strong> essa variação.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quando o seu sócio chegou aqui e falou<br />

“média”, pegou o máximo, o mínimo e isto. Os senhores,<br />

quando fizeram o preço na licitação, pegaram a<br />

média. O que não bate são números...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Média do<br />

trecho que vai ser voado na licitação, não é média <strong>de</strong><br />

um preço normal que eu vou <strong>da</strong>r para outro cliente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como o senhor explica essa diferença entre o<br />

seu próprio sócio e o site? É dinheiro bastante. O seu


5036 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

site fala em oito mil litros, o seu sócio fala em 8.250,<br />

ou seja, uma variação consi<strong>de</strong>rável.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tem que<br />

ver como ele chegou a esse número.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ele fala com segurança. No caso, é uma<br />

pessoa que enten<strong>de</strong> <strong>de</strong> aviação, não é um jejuno que<br />

nem eu.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em percentual,<br />

quanto dá essa variação?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dá 5%, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – 250 sobre<br />

8.250.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 5% <strong>de</strong> variação.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, dá<br />

menos que 5%. Isso, <strong>da</strong>í, é normal na aviação. Isso<br />

é normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 5% é normal?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De consumo?<br />

Depen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> rota, do trecho...?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, não. Não <strong>de</strong> consumo, é <strong>de</strong> valor médio.<br />

Não estamos falando <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> consumo, estamos<br />

falando <strong>de</strong> valor médio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas o valor<br />

médio <strong>da</strong> rota dos Correios é diferente do valor médio<br />

dos meus outros clientes, <strong>da</strong>s minhas outras companhias.<br />

Eu não vôo só para os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tenho aqui as planilhas to<strong>da</strong>s dos senhores,<br />

na última licitação. <strong>Con</strong>corrência 006/2004. Os<br />

senhores estão calculando tudo e estão colocando:<br />

consumo médio 8.600. Com tudo: preço máximo <strong>de</strong><br />

rampa, preço máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, preço máximo<br />

<strong>de</strong> pouso. Vocês estão fazendo uma avaliação estritamente<br />

localiza<strong>da</strong>...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

que licitação foi essa, Excelência?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Essa é 25/11/2004, trecho Fortaleza-Salvador,<br />

Salvador-Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rio <strong>de</strong> Janeiro-São Paulo,<br />

São Paulo-Porto Alegre.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pois é. O<br />

senhor vê o trecho. É <strong>de</strong> Fortaleza a Salvador e <strong>de</strong><br />

Salvador a Rio <strong>de</strong> Janeiro, que é um trecho longo.<br />

Também tem <strong>de</strong> ver a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que está<br />

sendo transporta<strong>da</strong> aí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O fato <strong>de</strong> ser um trecho longo mu<strong>da</strong> o quê?<br />

Estou falando <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> combustível.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mu<strong>da</strong> o<br />

consumo do combustível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mu<strong>da</strong> o consumo do combustível e, por isso,<br />

é que ele é médio, não?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

Não é médio em função <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as minhas operações.<br />

É médio em função <strong>da</strong> rota que eu vou voar. Se eu vou<br />

voar só <strong>de</strong> São Paulo a Porto Alegre, é um consumo<br />

médio; se eu vou voar <strong>de</strong> São Paulo a Fortaleza, é<br />

outro consumo médio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Reduz o custo médio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De São<br />

Paulo a Fortaleza?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Reduz.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aumenta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque<br />

estou com mais tempo voando, gastando mais combustível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Espera. Agora, não. O senhor estava me<br />

dizendo que gastava mais combustível, porque ficava<br />

taxiando, parado etc...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não,<br />

pelo contrário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quanto maior o vôo, o tempo médio <strong>de</strong><br />

combustível, <strong>de</strong>ve gastar menos, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, pelo<br />

contrário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É o contrário?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o contrário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu não sei. Eu não entendo na<strong>da</strong> <strong>de</strong> avião.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – No tempo<br />

em que fico <strong>de</strong> táxi, eu não gasto quase combustível,<br />

gasto muito pouco. O que eu gasto é quando estou em<br />

vôo, com o avião com as quatro turbinas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se o senhor fica com o motor ligado, parado, o<br />

senhor gasta o combustível sem cumprir a rota.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

é pouco combustível em função <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> horas<br />

que eu vôo. Em vôo, o avião consome muito mais<br />

combustível.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5037<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está claro. É óbvio que, quando o senhor<br />

voa mais, o senhor gasta mais.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É claro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas não é isso que eu estou dizendo. Estou<br />

dizendo do custo médio...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Custo médio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Estou dizendo <strong>de</strong> custo médio por hora voa<strong>da</strong>.<br />

A impressão que tenho... Desculpe-me, mas, se o<br />

senhor pega um trecho menor em que o senhor fica<br />

menos tempo voando, mais subindo, porque parece<br />

que o avião gasta muito para subir; agora, se o senhor<br />

fica num vôo longo, parece-me, como o senhor sobe<br />

proporcionalmente numa situação como está subindo<br />

para ir para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, gasta a mesma coisa;<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro ele gasta mais tempo em cima, gasta<br />

menos médio. Não entendo na<strong>da</strong> <strong>de</strong> aviação, mas a<br />

lógica me diz isso: se o senhor gasta mais para subir,<br />

como o senhor sobe para ir para o Rio <strong>de</strong> Janeiro e para<br />

Salvador, isso é o mesmo. Agora, quanto mais tempo<br />

o senhor fica voando, vai reduzir o seu custo médio <strong>de</strong><br />

combustível, não o contrário. Estou enganado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Olha, se<br />

eu tenho três horas <strong>de</strong> vôo e meia hora <strong>de</strong> táxi, o táxi<br />

eu gasto menos combustível, para fazer o taxiamento.<br />

Estou no chão, no solo, estou só movimentando a<br />

aeronave. Ao passo que, quando estou voando, consumo<br />

muito mais, claro. Agora, se eu gasto meia hora<br />

<strong>de</strong> vôo e meia hora <strong>de</strong> táxi, é claro que o consumo<br />

médio vai cair.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É que, quando o senhor faz o táxi, o senhor<br />

vai gastar uma coisa que o senhor não está voando;<br />

o senhor vai ter que voar <strong>de</strong> todo jeito. Veja: na minha<br />

cabeça é o seguinte: quando o senhor tem distâncias<br />

maiores, <strong>de</strong>ve cair o custo, ou seja, o senhor vai gastar<br />

mais combustível, mas o custo cai porque proporcionalmente<br />

é o que o senhor gasta para subir.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, a<br />

equação não é essa. Eu não tenho proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> aqui<br />

para dizer, porque isso aí é uma questão <strong>da</strong> área operacional,<br />

e eu realmente não posso <strong>da</strong>r informação; só<br />

estou <strong>de</strong>duzindo aqui.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que só registro – veja que curioso –:<br />

nesses trechos <strong>da</strong> solicitação, o senhor tem trechos<br />

longos e curtos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Olha aqui: Fortaleza – Salvador, Salvador<br />

– Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rio <strong>de</strong> Janeiro – São Paulo, São Paulo<br />

– Porto Alegre, isso dá um custo médio <strong>de</strong> 8.600 – isso<br />

é que é estranho –, enquanto que o seu custo médio<br />

revelado na CPI é 8.250 e, no seu site, é 8.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Teria que<br />

ver com a área operacional como eles chegaram nesses<br />

cálculos. Isso aí é calculado exatamente pegando<br />

as horas <strong>de</strong> vôo e as horas <strong>de</strong> táxi para se chegar<br />

num número.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nós temos aqui uma tabela <strong>de</strong> sócios ano<br />

<strong>da</strong> Skymaster, e, no ano <strong>de</strong> 2004, a Skymaster transferiu<br />

4 milhões.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É erra<strong>da</strong>,<br />

completamente erra<strong>da</strong>; essa informação aí <strong>de</strong>ve estar<br />

totalmente equivoca<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem algum documento oficial que possamos<br />

checar?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Po<strong>de</strong> pegar<br />

a minha <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>, po<strong>de</strong> pegar<br />

tudo que for aí. Completamente equivoca<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor nega essa informação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nego. Precisa<br />

pegar um contador que realmente...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então está bom, então isso não existe.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não foi distribuído<br />

esse lucro <strong>da</strong> Skymaster em 2004.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito, não foi distribuído. Como o senhor<br />

vê, vai ser uma argüição longa. Eu acabei o primeiro<br />

bloco, são quatro. Está certo? Então nós vamos parar<br />

por uns <strong>de</strong>z ou quinze minutos para o senhor também<br />

respirar, senão <strong>da</strong>qui a pouco o doutor advogado, legitimamente,<br />

vai-me acusar <strong>de</strong> violação aos direitos<br />

internacionais humanos por tortura psicológica. Então,<br />

para evitar isso e para o senhor po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>scansar<br />

um pouquinho – e o doutor advogado também –, nós<br />

vamos suspen<strong>de</strong>r por quinze minutos.<br />

(A reunião é suspensa às 16h13min e reaberta<br />

às 17h27min.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está reaberta a reunião.<br />

Voltaremos então a <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à argüição<br />

que vínhamos fazendo na primeira parte ao Sr. João<br />

Marcos Pozzetti, que neste momento está <strong>de</strong>pondo<br />

como sócio <strong>da</strong> empresa Skymaster Airlines Lt<strong>da</strong>.<br />

Vamos fazer um pouquinho agora <strong>da</strong> empresa<br />

Skycargas, <strong>da</strong> qual o senhor é sócio. Antes <strong>de</strong> entrar<br />

na Skycargas, o senhor falou que é sócio também <strong>da</strong><br />

Sky Aviões.


5038 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. O senhor é sócio <strong>da</strong> empresa <strong>Con</strong>fete<br />

Indústria e Comércio <strong>de</strong> Roupas Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não mais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não mais. Foi sócio até quando?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Até final<br />

<strong>de</strong> 2004. Entrei no começo <strong>de</strong> 2004 e saí no final <strong>de</strong><br />

2004, se não me engano. É uma empresa que não<br />

movimentava quase na<strong>da</strong> e agora não me lembro<br />

exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem eram os sócios na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

eram duas moças: uma era minha irmã e a<br />

outra...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sua irmã?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, Cláudia,<br />

o nome <strong>de</strong>la.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Cláudia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E a outra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, a minha<br />

irmã Le<strong>da</strong> e uma outra moça chama<strong>da</strong> Cláudia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Le<strong>da</strong> e Cláudia.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eram as duas sócias.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor entrou, <strong>de</strong>pois...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Depois<br />

saí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E <strong>de</strong>ixou sua parte com as duas mesmo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Só transferi,<br />

porque a empresa é uma empresa <strong>de</strong> confecção, uma<br />

empresa pequena, e não tinha movimento nem justificava<br />

meu trabalho <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> empresa; é muito pequena<br />

a empresa e não tinha condição, tinha que cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong><br />

Skymaster que é exatamente o ganha-pão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas ela continua ativa ain<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>tinua.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Tecnelétrica <strong>da</strong> Amazônia Lt<strong>da</strong>., o<br />

senhor foi ou é sócio? É que o senhor não tinha mencionado<br />

no início aqui.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Eu não<br />

mencionei porque eu pensei que era só as empresas<br />

correlatas aqui e, como nós nunca tivemos distribuição<br />

<strong>de</strong> (Inaudível.), ela está <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong> há muitos anos,<br />

não achei conveniente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ela fazia o quê, a Tecnelétrica?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Era uma<br />

empresa <strong>de</strong> construção.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Fun<strong>da</strong>ção Poceti GT <strong>da</strong> Amazônia Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – GT nunca<br />

funcionou. Foi aberta e encerra<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual seria a finali<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Era <strong>de</strong> imóveis,<br />

incorporação <strong>de</strong> imóveis.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nunca funcionou?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nunca<br />

funcionou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Siema Eco Essências <strong>da</strong> Amazônia Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Nunca<br />

fui sócio não. Fui representante <strong>de</strong>la como contador<br />

uma época...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Só contador?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Nunca<br />

fui sócio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Siema Eco já falei. Energiza Látex?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Também<br />

abriu e fechou, nunca funcionou. Era um projeto <strong>de</strong><br />

preservativo que a gente ia implantar na Zona Franca<br />

<strong>de</strong> Manaus, aproveitando a borracha <strong>da</strong> região, mas<br />

não tivemos sucesso e nunca funcionou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Alto Posto Raio Sol Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Também<br />

abriu e fechou, sem funcionar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Amazônia Shows?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Amazônia<br />

Shows era uma empresa individual minha que eu, na<br />

época do grupo Carrapixo, lá <strong>da</strong> região...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor é diversificado na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Até<br />

show.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5039<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, mas já<br />

faz tempo. Eu agenciei uma parte do grupo. Depois,<br />

o grupo se <strong>de</strong>sfez e eu resolvi encerrar a empresa<br />

também.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Dona Dinha Casa <strong>de</strong> Massas Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ah, sim,<br />

<strong>de</strong>sculpa, essa <strong>da</strong>í tem. É um restaurantezinho pequenininho,<br />

uma cantinazinha italiana que eu e meu<br />

irmão, ele que toca lá e eu não me envolvo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É o senhor e o seu irmão?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Eu e<br />

meu irmão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Bom, a Sky Avião o senhor já falou e a Skycargas<br />

também. Nessas empresas que eu citei, <strong>Con</strong>fete,<br />

Tecnelétrica, Fun<strong>da</strong>ção Poceti, Siema Eco, Energiza,<br />

Alto Posto Raio Sol, Amazônia Shows, Dona Dinha,<br />

no quadro societário, existe algumas <strong>da</strong>s pessoas que<br />

são ou foram sócios <strong>da</strong> Skymaster, Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Não<br />

tem na<strong>da</strong> a ver com Skymaster...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não tem nenhuma vinculação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A Fun<strong>da</strong>ção,<br />

inclusive, eu mantenho ain<strong>da</strong> até hoje. Eu sou fun<strong>da</strong>dor<br />

<strong>de</strong>la e só <strong>de</strong>senvolvo ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s lá assistenciais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor conhece a Dona Késia Maria do<br />

Nascimento Costa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>heço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem é ela?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dona Késia<br />

foi representante <strong>de</strong> uma empresa e assinou um<br />

contrato <strong>de</strong> leasing com a Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quintessential.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Foi procuradora<br />

só <strong>da</strong> empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ela não tem nenhuma vinculação com a<br />

<strong>Con</strong>fete Indústria e Comércio <strong>de</strong> Roupas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ela já foi<br />

sócia também <strong>da</strong> <strong>Con</strong>fete.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, espera um pouquinho só. A Dona Késia<br />

foi sócia <strong>da</strong> <strong>Con</strong>fete em que ano? O senhor lembra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não lembro,<br />

Excelência. Não me lembro do período não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ela é sua amiga?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, aí já<br />

é um assunto pessoal que eu me reservo o direito <strong>de</strong><br />

não... me abstenho <strong>de</strong> falar. Realmente, é um assunto<br />

pessoal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está certo. Vamos ver como... Eu vou ter<br />

que fazer algumas perguntas. O senhor vai me parametrando<br />

aí para não termos outras confusões além<br />

<strong>da</strong>quelas que já temos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

Vai me causar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu entendo. Então, Dona Késia foi sócia <strong>da</strong><br />

<strong>Con</strong>fete Indústria e Comércio <strong>de</strong> Roupas Lt<strong>da</strong>.?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Certo. E também ela tinha relação com essa<br />

Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Ela recebeu<br />

procuração para assinar um contrato <strong>de</strong> leasing<br />

com a Quintessential.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Recebeu procuração para assinar um contrato<br />

<strong>de</strong> leasing na Quintessential.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – On<strong>de</strong> é a se<strong>de</strong> <strong>da</strong> Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro direito on<strong>de</strong> é a se<strong>de</strong>. Sei que os contratos,<br />

to<strong>da</strong>s as negociações são feitas em Miami, Estados<br />

Unidos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em Miami, Estados Unidos. (Inaudível.)<br />

Nas ilhas virgens?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro. Realmente, não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas é no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É no exterior.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem são os proprietários <strong>da</strong> Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Desconheço.


5040 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor <strong>de</strong>sconheço. Por que houve outorga<br />

<strong>de</strong> uma procuração para a Dona Késia para atuar em<br />

nome <strong>da</strong> Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque<br />

precisava assinar o contrato para o DEC e tinha que<br />

ser <strong>da</strong><strong>da</strong> entra<strong>da</strong> e eles a nomearam para ser procuradora.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que contrato?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>trato<br />

<strong>de</strong> leasing.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – <strong>Con</strong>trato <strong>de</strong> leasing...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De aeronave.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, ela assinou um contrato <strong>de</strong> leasing<br />

<strong>de</strong> aeronave em nome <strong>da</strong> Quintessential com que<br />

empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com a<br />

Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Com a Skymaster. Mas ela não tinha relações<br />

anteriores com a Quintessential?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Nunca<br />

teve.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não é estranho outorgar-se uma procuração<br />

para assinar um contrato <strong>de</strong> leasing em nome <strong>de</strong> uma<br />

empresa com quem nunca teve essa relação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O advogado<br />

que indicou. Então, a empresa...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Advogado <strong>de</strong> quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Da Quintessential.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem é o advogado? O senhor sabe?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É um advogado<br />

do exterior, <strong>de</strong> Miami.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Advogado do exterior? De Miami?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De Miami.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E ele indicou a D. Késia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas ele conhecia a D. Késia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>hecia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De on<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Do relacionamento.<br />

Agora não sei precisar exatamente <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

que ele conhecia, mas ele conhecia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Espere um pouquinho só. O Advogado do<br />

exterior, <strong>da</strong> Quintessential, conhecia D. Késia, que é<br />

uma pessoa com quem o senhor tem contatos e era<br />

dona ou foi sócia <strong>da</strong> <strong>Con</strong>fete Indústria e Comércio <strong>de</strong><br />

Roupas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Lá no Amazonas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E ele conhecia a D. Késia <strong>de</strong> on<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, aí<br />

eu não sei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi por seu intermédio que ele conheceu?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

foi por meu intermédio. Foi por outros contatos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> a D. Késia exerce<br />

profissionalmente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ela é fonoaudióloga,<br />

é médica.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, ela não mantém contatos na área<br />

<strong>da</strong> aviação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E, na Quintessential, o advogado a conhecia<br />

a ponto <strong>de</strong> outorgar uma procuração para assinar um<br />

contrato <strong>de</strong> leasing?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso é uma<br />

questão comercial <strong>de</strong>les.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não sabe precisar como ele conhecia<br />

a D. Késia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Eu vou ter que entrar em... O senhor me<br />

<strong>de</strong>sculpe. Mas o en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong>la é o mesmo que o seu.<br />

<strong>Con</strong>fere?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>fere.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, os senhores coabitam? Não estou<br />

entrando em aspectos pessoais, mas vocês moram na<br />

mesma residência?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí, eu me<br />

reservo ao direito <strong>de</strong> não respon<strong>de</strong>r.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5041<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Entendo e respeito, mas o senhor<br />

confirma, então, que o en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong>la é o mesmo que<br />

o seu?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o mesmo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É o mesmo en<strong>de</strong>reço.<br />

Qual a função que o senhor <strong>de</strong>sempenha na<br />

Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na Skycargas,<br />

eu cuido também <strong>da</strong> parte administrativa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É o senhor que assina os balanços <strong>da</strong><br />

Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, o balanço<br />

não, é um contador. Só cuido <strong>da</strong> administração.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem é o contador?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Acho que<br />

é Ricardo o nome <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ricardo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Dê uma precisa<strong>da</strong> para nós quais são as<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s pela Skycargas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A Skycargas<br />

faz to<strong>da</strong> a parte logística e transporte rodoviário,<br />

coleta e entrega <strong>de</strong> produtos <strong>da</strong> Skymaster, <strong>de</strong> clientes<br />

próprios. Ela não tem nenhuma vinculação, nenhum<br />

relacionamento com os Correios. Os Correios é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas é um transporte aéreo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, ela<br />

faz o trecho rodoviário. Ela vai ao cliente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skycargas vai ao cliente e faz o rodoviário.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, coleta a<br />

cara no cliente, prepara e embala a carga to<strong>da</strong>, paletiza<br />

e me entrega <strong>de</strong>ntro do aeroporto. Eu, Skymaster,<br />

transporto para o outro <strong>de</strong>stino aéreo. Lá ela coleta,<br />

pega e entrega no cliente final. Ela faz a logística.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De fato, o contrato social diz: “Prestação<br />

<strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> logística integra<strong>da</strong>, distribuição, paletização,<br />

coor<strong>de</strong>nação, agenciamento <strong>de</strong> cargas aéreas,<br />

agenciamento e transporte <strong>de</strong> cargas rodoviárias, marítimas<br />

e fluviais, nacionais e internacionais”.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O grosso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>la é para a Skymaster.<br />

É isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E, em relação a outras empresas, o senhor<br />

falou que é muito pouco que ela trabalha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pequeno<br />

movimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Como é a forma <strong>de</strong> remuneração <strong>da</strong> Skycargas<br />

para a Skymaster? É paga uma comissão sobre o valor<br />

dos serviços obtidos? Como se remunera?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em função<br />

do serviço executado. Quando tem muita coleta e muita<br />

entrega, o volume aumenta <strong>de</strong> pagamentos. Quando<br />

tem pouca, diminui. É uma questão, basicamente, em<br />

função do trabalho executado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos pegar o seguinte: eu tenho um cliente<br />

que vai se valer dos serviços <strong>da</strong> Skycargas. Ele paga<br />

a Skycargas ou para a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ele paga<br />

tudo para a Skymaster. Depois, a Skymaster paga.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quer dizer, é como se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Skycargas<br />

fosse contrata<strong>da</strong> <strong>da</strong> Skymaster para fazer um<br />

serviço.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o cliente mantém relação direta com<br />

a Skymaster.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E a Skymaster, então, na proposta que faz<br />

para o cliente, embute o custo <strong>da</strong>quilo que vai pagar<br />

para a Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skycargas também realiza transporte <strong>de</strong> cargas<br />

rodoviárias e fluviais, marítimas internacionais?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, ain<strong>da</strong><br />

não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Tem veículos próprios? Caminhões?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tem.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quantos. Sabe precisar mais ou menos<br />

a frota?


5042 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro, mas <strong>de</strong>ve ter, em São Paulo, umas 10 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

em Manaus, umas 6 ou 7.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, seriam 10 caminhões?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Entre caminhões,<br />

veículos pequenos e carretas. Não sei precisar<br />

exatamente quantas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Posso, então, concluir que a maior parte<br />

<strong>da</strong>s receitas <strong>da</strong> Skycargas vem do agenciamento <strong>de</strong><br />

cargas opera<strong>da</strong>s diretamente pela Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, nós constatamos aqui, analisando,<br />

investigando as duas empresas, que há diversos<br />

pagamentos realizados pela Skymaster e Skycargas.<br />

Então, é fruto <strong>de</strong>sses serviços prestados por ela?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Desse serviço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Todos os pagamentos <strong>da</strong> Skymaster e<br />

<strong>da</strong> Skycargas têm como objetivo o agenciamento <strong>de</strong><br />

cargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Todos? Sem exceção <strong>de</strong> nenhum?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos, sem<br />

exceção nenhuma. O serviço <strong>de</strong> maneira geral, né?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim, o serviço.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não é só<br />

agenciamento <strong>de</strong> carga; é paletização <strong>da</strong> carga, <strong>de</strong>spaletização,<br />

separação, e tudo o mais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É a logística<br />

em si, não é só...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É essa operação to<strong>da</strong> que o senhor <strong>de</strong>screveu?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós constatamos nos nossos estudos, auditorias<br />

feitas por uma equipe – nós temos uma equipe<br />

gran<strong>de</strong> trabalhando no caso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – ... que os pagamentos, eles não são realizados<br />

por meio <strong>de</strong> cheque nominal à Skycargas, mas sim por<br />

cheque emitido em nome <strong>da</strong> própria Skymaster, que,<br />

uma vez endossados, são sacados no caixa. A quase<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos endossos são efetuados pelo Sr. João<br />

Marcos Pozzetti. Qual a razão <strong>de</strong> se utilizar esse tal<br />

expediente inclusive para quantias bem eleva<strong>da</strong>s que<br />

ultrapassam um milhão <strong>de</strong> reais?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, basicamente<br />

é para não bitributar. Se eu <strong>de</strong>positar para a<br />

Skycargas e ela pagar os compromissos <strong>de</strong>la, vai ter<br />

uma bitributação <strong>de</strong> CPMF, por exemplo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É para evitar a CPMF?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É para evitar<br />

a bitributação, é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o senhor saca em dinheiro...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nem sempre<br />

em dinheiro. Vai na boca do caixa, os pagamentos que<br />

têm que ser feitos, ele na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> sai como se fosse<br />

dinheiro, mas em função disso é feito o pagamento, o<br />

<strong>de</strong>pósito ou o pagamento <strong>da</strong>s duplicatas <strong>de</strong>les.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos, só para eu enten<strong>de</strong>r a operação, porque<br />

eu sou um pouco lerdo nessas coisas: o senhor<br />

tem aqui o pagamento, então, feito... A empresa paga<br />

à Skymaster – certo? – pelo serviço todo prestado.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Como é que funciona a operação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Emito um<br />

cheque nominal à Skymaster e endosso o cheque.<br />

Chega na boca do caixa, é feito o saque e o <strong>de</strong>pósito<br />

na conta que a Skycargas indicava.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor saca em dinheiro e <strong>de</strong>posita em<br />

dinheiro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, na reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

não é movimentação em dinheiro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, mas tecnicamente é como se fosse<br />

em dinheiro.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tecnicamente<br />

é como se fosse.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Você tira <strong>da</strong>qui e põe aqui no balcão, vamos<br />

dizer assim...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – ... sem a transferência <strong>de</strong> numerário?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso é feito para não haver a tributação<br />

<strong>da</strong> CPMF?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5043<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bitributação,<br />

é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skymaster, ela basicamente emite cheques<br />

nominais apenas à Shell do Brasil S/A pelo pagamento<br />

<strong>de</strong> combustível; à Infraero, pelo pagamento <strong>de</strong> tarifas<br />

aeroportuárias; à Swiss ports e à Sata, pelo pagamento<br />

<strong>de</strong> operação terrestre em aeroportos; ao Fisco e aos<br />

bancos on<strong>de</strong> tem conta, Banco do Brasil, Bra<strong>de</strong>sco,<br />

Real, para pagamento <strong>de</strong> títulos diversos. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cheques emitidos pela Skymaster em favor <strong>de</strong>la<br />

própria impressiona – isso foi uma <strong>da</strong>s coisas que nos<br />

impressionou, ela emitir para ela própria.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Certo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Chegou a um total <strong>de</strong> 38,8 milhões emitidos<br />

<strong>de</strong> 2000 até junho <strong>de</strong> 2005.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que tanta coisa emiti<strong>da</strong> <strong>da</strong> Skymaster<br />

para a Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, isso<br />

é um procedimento bancário. Eu tenho 40 títulos para<br />

pagar hoje e eu não quero emitir 40 cheques. É humanamente<br />

impossível e um dispêndio <strong>de</strong> trabalho inútil.<br />

Então, o que é que eu faço? Emito o cheque nominal à<br />

Skymaster, vou na boca do caixa, é como se sacasse<br />

isso e em segui<strong>da</strong> pagasse to<strong>da</strong>s as duplicatas que<br />

tem <strong>da</strong>quela relação <strong>de</strong> 40 duplicatas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que não pagar com cheque normalmente,<br />

como as empresas fazem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas é feito.<br />

Quando o volume é consi<strong>de</strong>rável, nós pagamos: Shell,<br />

Infraero, nós pagamos. Agora, quando tem uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> duplicatas, eu não vou fazer<br />

40 cheques nominais a 40 pessoas diferentes. Eu faço<br />

um cheque só para pagar àqueles 40.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas as empresas não fazem assim habitualmente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, eu<br />

não sei o procedimento <strong>da</strong>s outras empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não é muito mais trabalhoso o senhor ter<br />

que ir ao banco, sacar, tirar, <strong>de</strong>positar na conta <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> um, ao invés <strong>de</strong> o senhor simplesmente emitir<br />

um cheque?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não.<br />

Não é feito o <strong>de</strong>pósito. É feito o pagamento direto no<br />

banco, dos valores <strong>da</strong>s duplicatas que estão lá, apensa<strong>da</strong>s<br />

àquele movimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas aí não é muito mais trabalhoso? O senhor<br />

só um cheque, aliás, hoje as coisas são tão rápi<strong>da</strong>s,<br />

esse tipo <strong>de</strong>... o senhor faz o cheque, vai lá o office-boy<br />

vai e paga, alguém tem que ir e sacar para <strong>da</strong>í preencher<br />

para <strong>da</strong>í preencher a guia, <strong>de</strong>positar?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

é ir e sacar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O cheque<br />

é enviado junto com o movimento <strong>de</strong> pagamentos. Só<br />

que é feito um cheque só para pagar 40 títulos, enten<strong>de</strong>u?<br />

Eu não vou fazer 40 cheques para pagar os 40<br />

títulos. Eu faço um só, do movimento do dia...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas tem <strong>de</strong> fazer quarenta guias <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

em contas diferentes?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, são<br />

duplicatas. Normalmente, são duplicatas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor paga as duplicatas. O senhor<br />

pega em dinheiro...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E quito as<br />

duplicatas na boca do caixa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ou seja, nesses dias, então, em que o senhor<br />

faz saques, na exata proporção dos saques, o senhor<br />

tem pagamento em duplicatas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Provavelmente<br />

sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que provavelmente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque<br />

po<strong>de</strong> ser que não. Po<strong>de</strong> ser que haja alguma outra<br />

diferença.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E essa diferença serviria para pagamento<br />

<strong>de</strong> quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu não sei,<br />

eu não sei. Teria <strong>de</strong> avaliar ca<strong>da</strong> um dos pagamentos<br />

para saber se foi exatamente isso ou se houve... Por<br />

exemplo, eu posso fazer um cheque <strong>de</strong> R$10 mil, pagar<br />

R$7 mil <strong>de</strong> duplicata e trazer R$3 mil para o meu<br />

caixa para fazer pagamentos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em dinheiro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em dinheiro,<br />

para fazer os meus pagamentos em dinheiro, porque<br />

eu tenho pagamentos em dinheiro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Certo. Ou seja, se tentarmos, então, fazer<br />

uma conciliação <strong>de</strong>ssas coisas, chegaremos a uma


5044 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

pequena quantia, só para pagamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas<br />

cotidianas do senhor? Não chegaremos a gran<strong>de</strong>s<br />

valores que eventualmente não tenham implicado o<br />

pagamento <strong>de</strong> fornecedores?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com certeza.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – No total <strong>de</strong> 175 pagamentos <strong>de</strong>clarados<br />

pelos senhores como realizados a Skycargas, totalizando<br />

R$28.558.301,11, apenas em dois pagamentos<br />

– R$120.459,94 no total – verificou-se a emissão <strong>da</strong><br />

nota fiscal por parte <strong>da</strong> Skycargas, ou seja, no total<br />

<strong>de</strong> R$28,558 milhões, apenas R$120 mil ensejaram a<br />

emissão <strong>da</strong> respectiva nota fiscal.<br />

Por que não foi emiti<strong>da</strong> nota fiscal nesse caso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Para todos<br />

os pagamentos foram emiti<strong>da</strong>s notas fiscais, todos,<br />

incondicionalmente. Todos os pagamentos feitos à<br />

Skycargas têm a respectiva nota fiscal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não foi o apurado pela auditora feita.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Então, a auditoria<br />

apurou erroneamente, com certeza absoluta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se necessário, talvez fosse interessante<br />

consultar as outras pessoas que trabalharam, porque<br />

eu sei que vocês não trabalharam diretamente nisso,<br />

consultar o grupo lá em baixo para verificar essa informação,<br />

porque, realmente, a informação que temos do<br />

grupo <strong>de</strong> auditoria é que não há nota fiscal. Haveria,<br />

sim, recibos e não nota fiscal, que, obviamente, é o<br />

documento hábil e idôneo que comprova essa prestação<br />

<strong>de</strong> serviços.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. O que<br />

me foi pedido foi o recibo correspon<strong>de</strong>nte ao pagamento<br />

que está lançado no diário, e isso foi anexado. Eu<br />

faço pagamentos para a Skycargas, mas não é a ca<strong>da</strong><br />

pagamento que a empresa me emite uma nota fiscal.<br />

No final do mês, ela faz a apuração <strong>de</strong> tudo que lhe<br />

foi pago e <strong>de</strong> todos os serviços prestados e emite-me<br />

uma nota no final do mês.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Essa nota é emiti<strong>da</strong> regularmente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Essa nota<br />

é emiti<strong>da</strong> regularmente. Po<strong>de</strong> pegar pela <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa, pois está tudo <strong>de</strong>clarado<br />

lá, o movimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Caso não haja nota, há um problema <strong>de</strong><br />

sonegação fiscal. De acordo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Claro, perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, vamos ter <strong>de</strong> apurar com mais <strong>de</strong>talhes.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Po<strong>de</strong>m<br />

apurar. Está tudo <strong>de</strong>clarado, tudo integralmente contabilizado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Pelas informações que levantamos, verificamos<br />

que o crescimento <strong>da</strong> receita <strong>da</strong> Skycargas coinci<strong>de</strong><br />

exatamente com o período em que a Skymaster teve<br />

um salto expressivo em suas receitas, que foi do ano<br />

<strong>de</strong> 2001 para 2002.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A receita <strong>da</strong> Skymaster junto aos Correios<br />

saltou <strong>de</strong> R$25 milhões para R$92,5 milhões. Isso foi<br />

obtido nos correios, certo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Certo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Já a receita <strong>da</strong> Skycargas saltou <strong>de</strong> R$1,8<br />

milhão para R$10,7 milhões. Embora a Skycargas<br />

não tivesse nenhum tipo <strong>de</strong> relação com os Correios<br />

– como o senhor mesmo disse –, há uma proporção<br />

exata <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> ganhos <strong>da</strong> Skymaster<br />

com os Correios com o crescimento <strong>de</strong> faturamento<br />

<strong>da</strong> Skycargas. Como o senhor explicaria essa<br />

situação? Ou seja, a Skycargas tem poucos clientes<br />

fora, não trabalha em questões liga<strong>da</strong>s aos Correios,<br />

mas, no período em que cresce brutalmente a receita<br />

<strong>da</strong> Skymaster para os Correios, cresce a receita <strong>da</strong><br />

Skycargas. Como o senhor explicaria isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A receita<br />

<strong>da</strong> Skycargas cresce proporcionalmente às ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

Skymaster, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos Correios. Com as<br />

ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> clientes próprios <strong>da</strong> Skymaster, a receita <strong>da</strong><br />

Skycargas cresce também proporcionalmente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A receita justamente cresce na proporção<br />

em que cresce a dos Correios. Veja só esses <strong>da</strong>dos.<br />

A participação dos Correios na receita <strong>da</strong> Skymaster,<br />

no ano 2000, foi <strong>de</strong> 53,86%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Certo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Em 2001, caiu para 29,80%, ou seja, significa<br />

que a Skymaster encontrou outras coisas fora; em<br />

2002, 69,63%; em 2003, 75,90%; 2004, 50,51%.<br />

Receitas <strong>da</strong> Skymaster, dos Correios e outras. Temos<br />

aqui a evolução: as outras: em 2000, era proporção<br />

<strong>de</strong> 34 para 29; 34, Correios e 29 para outras. Em 2001,<br />

25 para 58; foi quando caiu a dos Correios e cresceu a<br />

outra. Em 2002, caiu a outra, 40 milhões para 92; em<br />

2003, caiu a externa, 33 para 106; em 2004, subiu a


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5045<br />

externa e caiu a dos Correios. Quer dizer, o seu pico<br />

foi 2002/ 2003: os Correios, em um período que caiu<br />

bastante às outras. No entanto, o senhor verifica que<br />

nesse período a Skycargas cresceu, ou seja, no período<br />

em que o senhor cresce com os Correios, cresce<br />

a Skycargas. Pelo que o senhor me fala não há<br />

vinculação. Não conseguimos enten<strong>de</strong>r. Quer dizer,<br />

cresce a Skycargas quando cai...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas o senhor<br />

po<strong>de</strong> perceber que, em 2004, caiu os Correios<br />

estupen<strong>da</strong>mente, e cresceu a Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Imagina os anos anteriores.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Cresceu<br />

50%, e os Correios <strong>de</strong>sabou.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja nos anos anteriores, veja só: 2001/2002.<br />

O gran<strong>de</strong> salto é 2001/2002 e 2002/2003; 2001 só tinha<br />

25 e pulou para 92 para os Correios; em 2002, foi<br />

para 106 e os outros caíram: caiu <strong>de</strong> 58 para 40, <strong>de</strong> 40<br />

para 33. Quer dizer, nesses anos só tinha uma situação,<br />

Correios crescendo e outros caindo. Está certo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E nós temos o movimento inverso na Skycargas,<br />

por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, inverso<br />

não; ele vai e volta, porque tem anos que cresce<br />

a receita <strong>da</strong> Skycargas e diminui a dos Correios, e a<br />

receita <strong>da</strong> Skycargas cresce também. É atípico; isso<br />

é em função do tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolvemos.<br />

A Skycargas agencia o cliente direto, ela agencia os<br />

fretamentos <strong>de</strong> carga.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que a Skycargas cresceu brutalmente<br />

justamente quando a Skymaster cresceu com os Correios?<br />

E não há uma correspondência <strong>de</strong>sses trabalhos,<br />

pelo que o senhor <strong>de</strong>screve.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, há<br />

sim. Tenho que pegar contrato por contrato para dizer<br />

exatamente qual foi o cliente que cresceu e o que não<br />

cresceu e qual a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que isso proporcionou<br />

para Skycargas. Porque tenho situações diversas,<br />

uma é coletar e entregar carga. Nesse período aí, eu<br />

fazia um trecho rodoviário. Então eu pegava carga em<br />

São Paulo, trazia até Brasília, <strong>de</strong> Brasília eu levava<br />

até Manaus via aérea. Então o volume <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong><br />

Skycargas nesse período cresceu substancialmente.<br />

Por quê? Principalmente o cliente chamado Avon, que<br />

era um grosso do meu embarque, era Skycargas que<br />

fazia esse transporte todo <strong>de</strong> São Paulo para Brasília,<br />

todo dia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Outro <strong>da</strong>do que também nos surpreen<strong>de</strong>u<br />

também na Skycargas é que a Skymaster praticamente<br />

não distribui lucro para os seus sócios. A Skycargas<br />

distribui e distribui pesado.<br />

Olha: a Skycargas distribui lucros aos seus sócios<br />

bem superiores a Skymaster.<br />

Por que se distribui tanto lucro na Skycargas e<br />

não se distribui na Skymaster?<br />

Tem aqui: ano <strong>de</strong> 2000, receita <strong>da</strong> Skycargas,<br />

R$410 mil; pagou <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> R$26 mil; distribuiu<br />

para os sócios R$315 mil.<br />

Faturamento <strong>da</strong> Skycargas, em 2001:<br />

R$1.834.960,00. Veja como ela cresceu <strong>de</strong> 2000 para<br />

2001; imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, R$30 mil; valores distribuídos<br />

para os sócios: R$1. 623.000,00; quase sempre tudo<br />

aquilo que ela ganha.<br />

Ano <strong>de</strong> 2002 – veja só subindo –: em 2002, a<br />

receita <strong>da</strong> Skycargas, que foi quando subiu também a<br />

dos Correios, foi para R$10 milhões, subiu <strong>de</strong> R$1,8<br />

milhões para R$10 milhões, que foi o período em que<br />

a Skymaster subiu <strong>de</strong> 25 para 92. Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>,<br />

R$189 mil. Dos R$10 milhões que Skycargas recebeu<br />

ela distribuiu para os sócios R$9,465 milhões.<br />

No ano <strong>de</strong> 2002 para 2003, que a Skymaster subiu<br />

<strong>de</strong> 92 para 106, a Skycargas subiu <strong>de</strong> R$10 para<br />

R$15 milhões; e aí temos valor distribuído para os<br />

sócios R$12,953 milhões. Em 2004, cai os Correios;<br />

cai a Skycargas, <strong>de</strong> 15 caiu para 12; distribui-se R$8<br />

milhões.<br />

Praticamente tudo ao longo <strong>de</strong>sses anos o que a<br />

Skycargas arreca<strong>da</strong> é distribuído como lucro para os<br />

sócios, enquanto que na Skymaster isso não acontece.<br />

Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque a<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Skycargas é mais rentável do que a <strong>da</strong><br />

Skymaster. A Skycargas faz logística, faz transporte<br />

rodoviário e a Skymaster só faz exclusivamente transporte<br />

aéreo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Skycargas é mais rentável do que a<br />

Skymaster.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mais rentável<br />

do que a Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Porque, olha, chama atenção. O senhor veja<br />

aqui: a Skymaster, olhe: ano 200, faturou receita <strong>da</strong><br />

Skymaster, R$64.095.000,00. Distribuiu R$ 189 mil só<br />

para os sócios <strong>de</strong> R$64 milhões arreca<strong>da</strong>dos.<br />

Em 2001, A Skymaster arrecadou R$ 84 milhões.<br />

Distribuiu R$911 mil.<br />

Em 2002, receita, R$132 milhões. Distribuiu<br />

R$1.000.884,00.


5046 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Em 2003, arrecadou R$140 milhões. Não distribuiu<br />

na<strong>da</strong>.<br />

Em 2004, R$ 103 milhões. Não distribuiu na<strong>da</strong>. Enquanto<br />

que quase to<strong>da</strong> receita <strong>da</strong> Skycargas, tudo, tudo,<br />

tudo que ela ganha vai para os sócios. Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Primeiro pelo<br />

regime <strong>de</strong> tributação e, segundo, porque nós adotamos<br />

uma política <strong>de</strong>, na Skymaster, todo lucro ser revertido<br />

para patrimônio líquido, capitalizar a partir <strong>de</strong>sse ano<br />

que o senhor menciona.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esclarece essa questão do regime <strong>de</strong> tributação?<br />

Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Regime<br />

<strong>de</strong> tributação é um regime diferenciado.Você tem a<br />

empresa que tributa pelo lucro real e tem a empresa<br />

que tributa pelo lucro presumido. É uma prerrogativa<br />

legal que a ...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A Skycargas tributa como?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Lucro presumido.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Lucro presumido. Então, é mais vantajoso<br />

distribuir os lucros pela Skycargas do que pela Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, é<br />

mais...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Posso presumir isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Po<strong>de</strong> presumir<br />

isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, ao invés <strong>de</strong>... Eu prefiro distribuir<br />

lucro pela Skycargas que pela Skymaster. Isso não<br />

permitiria algum tipo <strong>de</strong> passagem operacional <strong>de</strong> receita<br />

<strong>de</strong> uma para outra para favorecer essa remessa<br />

ou <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong> negócios para que, justamente,<br />

se pu<strong>de</strong>sse então ter a passagem <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong> uma<br />

para outra com uma distribuição menos onerosa para<br />

os sócios?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, isso<br />

é uma questão que a legislação do Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong><br />

proporciona às empresas, e nós <strong>de</strong>claramos tudo. To<strong>da</strong>s<br />

as nossas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são suporta<strong>da</strong>s por emissão<br />

<strong>de</strong> documentos fiscais hábeis e <strong>de</strong>claramos o Imposto<br />

<strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com que a legislação nos permite<br />

<strong>de</strong>clarar. Não existe nenhuma ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> nisso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor po<strong>de</strong> assumir então que houve<br />

uma estratégia <strong>de</strong>libera<strong>da</strong> nessa linha.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

digo que houve uma estratégia, eu digo que o lucro<br />

<strong>da</strong> Skycargas foi maior nesse período e a tributação<br />

recaiu em cima <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas simular negócios, se é que...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não houve<br />

simulação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não houve simulação nenhuma. Todos negócios<br />

foram efetivamente realizados?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos negócios<br />

efetivamente realizados.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nós temos aqui todos os valores <strong>de</strong>clarados<br />

pela Skymaster como pagamentos realizados a<br />

Skycargas e <strong>de</strong>mais pagamentos já i<strong>de</strong>ntificados. Os<br />

valores: valores pagos pela Skymaster a Skycargas:<br />

ano 2000, R$ 216 mil. Receita total <strong>da</strong> Skycargas: R$<br />

410 mil. No ano 2001, praticamente tudo que a Skycargas<br />

fez foi pago pela Skymaster. Agora 2001, valores<br />

pagos pela Skymaster a Skycargas: R$ 1.841.000,00.<br />

Receita total <strong>da</strong> Skycargas: R$ 1.834.000,00.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esse número<br />

aí está errado.De on<strong>de</strong> tiraram esses números<br />

aí <strong>de</strong> faturamento <strong>da</strong> Skycargas?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Com certeza <strong>de</strong> to<strong>da</strong> documentação que<br />

foi entregue.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Do meu Imposto<br />

<strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>, não. Você pega o meu Imposto <strong>de</strong>...<br />

Desculpa, Excelência. O senhor pega o meu Imposto<br />

<strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>, o senhor vai verificar que esse número está<br />

totalmente errado. O faturamento <strong>da</strong> Skycargas foi muito<br />

maior do que esse que está <strong>de</strong>clarado aí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em 2001?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Claro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi maior do que R$1.834.000,00?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu acredito<br />

que sim. Esses números aí não checam, não. Ninguém<br />

faturou R$1.800.000,00 e distribuiu R$1.800.000,00.<br />

Como é que eu vou pagar as <strong>de</strong>spesas <strong>da</strong> empresa?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Peço que se verifique, se for necessário<br />

consultar outra equipe, chame os outros assessores,<br />

por favor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – 2002: pagou R$8 milhões. Receita total <strong>da</strong><br />

Skycargas: R$10 milhões.<br />

2003: R$10 milhões; R$15 milhões.<br />

2004: 15; 12.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5047<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, então,<br />

como é que eu ia faturar R$10 milhões em 2003 e<br />

distribuir 15. Isso aí está errado. Essas informações<br />

aí não proce<strong>de</strong>m, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O percentual é 52% <strong>de</strong> participação <strong>da</strong> Skymaster<br />

na Skycargas em 2000; 100% em 2001...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pois é, tem<br />

algo errado aí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – 78% em 2002; 68 em 2003, 46 em 2004.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esses números<br />

estão errados, Excelência. Po<strong>de</strong> man<strong>da</strong>r conferir<br />

que está errado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vamos checar então e veremos. A assessoria<br />

checará enquanto isso.<br />

Quanto a Skymaster paga <strong>de</strong> para a Skycargas<br />

<strong>de</strong> comissão pelos serviços? Como é essa remuneração?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não é comissão.<br />

É o trabalho realizado. Eles vão, coletam, colocam<br />

em... Embalam to<strong>da</strong> a carga, que a gente <strong>de</strong><br />

“paletizar”. Colocam re<strong>de</strong>, fazem todo esse processo,<br />

colocam lá, <strong>de</strong>ntro do aeroporto, a Skymaster pega,<br />

transporta até o <strong>de</strong>stino final, no aeroporto final. Lá no<br />

aeroporto, ele pega e distribui para os clientes.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja, o raciocínio que é feito aqui pelos<br />

auditores. No ano <strong>de</strong> 2003... Aqui estão os valores<br />

trimestrais que foram somados. O Senhor po<strong>de</strong> verificar<br />

que batem.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Que período<br />

é esse?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O ano <strong>de</strong> 2001, quando dão os 100%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aqui não<br />

está a distribuição. Eu teria que conferir isso, somar<br />

tudo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Foi somado e dá isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Teria que<br />

checar esses números junto com o contador para ver<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – São os números que foram registrados aqui.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu teria<br />

que checar, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Da nossa parte está checado. Eu pediria que<br />

V. Sª checasse e nos mostrasse on<strong>de</strong> está o equívoco<br />

porque os números são esses.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Depois o<br />

senhor me disponibiliza o relatório?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por gentileza, disponibilizo o relatório. É sua<br />

<strong>de</strong>claração mesmo <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Minha <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> ren<strong>da</strong>?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É. É a <strong>da</strong> sua empresa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tudo bem,<br />

mas eu preciso confirmar isso lá.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito, mas o senhor tem. É a cópia que nos<br />

foi encaminha<strong>da</strong>. O senhor tem esse <strong>da</strong>do. Só peço<br />

porque os números são esses: a participação <strong>da</strong> Skymaster<br />

na Skycargas nesse ano foi 100%. Está nos<br />

surpreen<strong>de</strong>ndo bastante como a Skymaster...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pega 2003,<br />

por exemplo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em 2003, dão 68%, 78%.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Está dizendo<br />

que eu faturei 10 milhões...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Valores pagos pela Skymaster a Skycargas,<br />

10 milhões. Receita total <strong>da</strong> Skycargas, 15 milhões.<br />

Foi distribuído neste ano para os sócios 12 milhões.<br />

Eram 15 milhões, está claro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Certo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O que está nos chamando a atenção é uma<br />

série <strong>de</strong> coincidências, ou seja, embora não haja nenhuma<br />

relação entre a Skycargas e os Correios, como<br />

o senhor disse, aumenta os Correios, aumenta a Skycargas.<br />

Claro? Aumenta os Correios, aumenta a Skycargas.<br />

Cai os Correios, cai a Skycargas, embora não<br />

haja nenhuma relação. A totali<strong>da</strong><strong>de</strong> praticamente, ou<br />

a gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>quilo que a Skymaster paga para a<br />

Skycargas é passa<strong>da</strong> para os sócios, claro? Isso nos<br />

traz alguma surpresa até do ponto <strong>de</strong> vista – verificamos<br />

aqui – <strong>de</strong> como se explica isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Há anos, pelo que consta na <strong>de</strong>claração<br />

do Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua empresa, são 100%, ou<br />

seja, não tem outro cliente, está certo? Então, tudo isso<br />

nos chama muito a atenção, seja do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong><br />

análise <strong>da</strong> questão fiscal – isso tem que ser man<strong>da</strong>do<br />

para a Receita – como também do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong><br />

própria atuação <strong>de</strong>ssas duas empresas do ponto <strong>de</strong><br />

vista <strong>da</strong>s relações indiretas que po<strong>de</strong>riam advir dos<br />

recursos vindos dos Correios, sobre os quais o senhor<br />

disse não haver nenhuma conexão. Está claro?


5048 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Vamos falar um pouco agora sobre outra questão:<br />

quantos aviões a Skymaster possui?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhum.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nenhum avião?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhum.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como é que opera, então?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São todos<br />

aviões alugados.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – São todos aviões alugados?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em que empresas ele arren<strong>da</strong> as aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hoje, <strong>de</strong><br />

duas empresas: Force Field e Quintessential.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Force Field e Quintessential.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Essas empresas possuem se<strong>de</strong> nas Ilhas<br />

Virgens, uma paraíso fiscal britânico, como sabemos,<br />

não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei,<br />

Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E essa Quintessential é aquela que a Dona<br />

Késia recebeu...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Assinou<br />

um contrato <strong>de</strong> leasing.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E que tem uma relação com o advogado<br />

que o senhor não sabe dizer que como ela conheceu<br />

o advogado <strong>de</strong> leasing...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...e ela tem o mesmo en<strong>de</strong>reço que o senhor?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O en<strong>de</strong>reço <strong>da</strong> (Inaudível..) Portanto, essa<br />

é a se<strong>de</strong> <strong>da</strong>s duas empresas nas ilhas virgens britânicas.<br />

O senhor sempre arrendou as aeronaves <strong>de</strong>ssas<br />

empresas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não? E <strong>de</strong> quem eram arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s antes?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Inicialmente,<br />

foi <strong>de</strong> uma empresa localiza<strong>da</strong> na Ilha <strong>de</strong> (Inaudível.),<br />

que é um paraíso fiscal também, chama<strong>da</strong> Omega<br />

Hair Limitation. Depois arren<strong>da</strong>mos <strong>de</strong> uma empresa<br />

colombiana chama<strong>da</strong> Tampa Airlines...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tampa Airlines?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...Tampa<br />

Airlines, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma empresa também colombiana<br />

chama<strong>da</strong> Dae<strong>da</strong>lus. Outra empresa no Panamá, se não<br />

me engano, chama<strong>da</strong> Citzen Holds. E, por fim, <strong>de</strong>ssas<br />

duas últimas empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu tenho aqui, não tinha <strong>da</strong> Tampa, a Tampa<br />

é boliviana?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Colombiana.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Colombiana, perdão?<br />

Então, tínhamos que, no início <strong>de</strong> 2000, o senhor<br />

arren<strong>da</strong>va Boing 707 <strong>da</strong> Omega Airline Limits...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E <strong>da</strong> Citzens Holding Limited e <strong>da</strong> Dae<strong>da</strong>lus<br />

Aviación Financiatión Incorporation.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Desculpeme,<br />

acho que me confundi aqui. Tampa é a mesma<br />

Dae<strong>da</strong>lus...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ah! Dae<strong>da</strong>lus? Então, a Dae<strong>da</strong>lus é a<br />

mesma Tampa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É Tampa,<br />

exato.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Que é a colombiana?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A colombiana.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – OK!<br />

A partir <strong>de</strong> 2001, os arren<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong>s aeronaves<br />

Boing 707, passaram a ser feitos junto à empresa<br />

Force Field e os DC-8 são arren<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> empresa<br />

Quintessential Group, a partir <strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 2002?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, em 2001, Force Field? Em meados <strong>de</strong><br />

2002, para Quintessential ou Group? É isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quantas aeronaves a Skymaster arren<strong>da</strong><br />

a Force Field?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hoje, quatro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quatro 707?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5049<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quatro<br />

707.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – OK! E quantas aeronaves DC-8 <strong>da</strong> Quintessential<br />

ou Group?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Três aeronaves.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Três aeronaves? Quanto paga esse arren<strong>da</strong>mento<br />

que a Skymaster faz?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O contrato<br />

<strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento possui variáveis, tem uma parcela<br />

fixa e uma parcela variável, que é em função <strong>da</strong>s horas<br />

<strong>de</strong> vôo do avião.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A parcela<br />

fixa gira em torno <strong>de</strong> 60 a 80, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> condição do<br />

avião e tudo. E a parcela variável, se não me engano,<br />

é U$250 a hora voa<strong>da</strong>, se não me engano.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Eu tenho aqui o valor <strong>de</strong> quanto o senhor pagou<br />

pela alocação: U$80 mil pelas aeronaves 707-351, ano<br />

168, e 707,324, ano 67; U$88 mil para as aeronaves<br />

707338-C; 70739C,168 e U$95 mil DC-8,2.<br />

O senhor tem esses contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Tem? Qual o valor <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong>ssas aeronaves<br />

hoje arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela Skymaster?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O valor <strong>de</strong><br />

mercado varia muito, porque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong><br />

conservação e <strong>de</strong> quantas horas voa<strong>da</strong>s tem a aeronave...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Boing 707-1340-C, ano 68, com 57 mil horas<br />

<strong>de</strong> vôo, quanto mais ou menos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não faço<br />

idéia, Exª. Eu realmente não sei a cotação <strong>de</strong>ssas<br />

aeronaves.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nós fomos checar e nós encontramos uma<br />

aeronave <strong>de</strong>ssa no Paquistão. O preço para a ven<strong>da</strong><br />

no Paquistão, vamos comercializar, consultamos,<br />

U$500, U$600 mil dólares americanos a negociar. A<br />

empresa consulta<strong>da</strong> foi a FK Association, sedia<strong>da</strong> no<br />

Paquistão.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Um Boing 707-35C, ano 68, com 54 mil horas<br />

<strong>de</strong> vôo, baseado em Santo Antônio, Texas, nós encontramos<br />

lá para ven<strong>de</strong>r, Estados Unidos, preço 850 mil<br />

dólares americanos. Empresa consulta<strong>da</strong>: a Omega<br />

Air Limited, sedia<strong>da</strong> nos Estados Unidos.<br />

Para o DC-8 não encontramos oferta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>.<br />

Então, está nessa base <strong>de</strong> preço.<br />

O valor <strong>de</strong> mercado do arren<strong>da</strong>mento mensal<br />

<strong>de</strong>ssas aeronaves gira em torno <strong>de</strong> quantos por cento<br />

do seu valor <strong>de</strong> mercado? O senhor tem idéia?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

idéia.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não tem idéia disso?<br />

Quem faz negociações <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o meu<br />

sócio, o Luiz Otávio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É ele quem faz?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Porque, segundo o DAC, o Departamento <strong>de</strong><br />

Aviação Civil, o arren<strong>da</strong>mento mensal <strong>da</strong>s aeronaves<br />

varia <strong>de</strong> 0,5 a 2,0% do valor <strong>de</strong> mercado <strong>da</strong> aeronave,<br />

po<strong>de</strong>ndo sofrer variações em razão do maior ou menor<br />

prazo <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E se é aeronave<br />

nova ou não, não é? Nossas aeronaves são<br />

antigas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas é o DAC que está nos informando,<br />

certo? Acredito que eles <strong>de</strong>vem ter ciência mais ou<br />

menos disso.<br />

Pelos seus contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento, a Skymaster<br />

paga 22,56% pelos aviões 007, e 5,31% aos aviões<br />

DC8, que são os números <strong>de</strong> mercado. Então, veja só,<br />

o 707, cujo preço máximo <strong>da</strong>do pelo DAC estaria em<br />

torno <strong>de</strong> 2%, os senhores pagam 22,56% <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento,<br />

ou seja, um péssimo negócio. Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, Excelência,<br />

todos os contratos <strong>de</strong> leasing <strong>de</strong> aeronave, no<br />

Brasil, são submetidos à previa autorização do DAC.<br />

Nenhum contrato é firmado ou nenhuma aeronave<br />

entra no Brasil se o DAC não aprovar o contrato. E o<br />

DAC possui um <strong>de</strong>partamento chamado Cotac, que<br />

analisa as condições gerais do contrato, <strong>da</strong> aeronave,<br />

e tudo. Se ele passou essa informação, acredito que<br />

<strong>de</strong>ve ser perguntado especificamente <strong>da</strong>s aeronaves<br />

<strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Mas ele não vai entrar no valor que o senhor<br />

paga. Se o senhor quiser fazer um mal negócio...<br />

entra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Entra. É ele<br />

que fiscaliza. É o órgão fiscalizador.


5050 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Por que vocês fizeram um negócio tão ruim assim?<br />

Porque veja, o senhor podia pagar 2%, e pagam<br />

22% <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu volto a<br />

dizer para o senhor. Uma aeronave <strong>de</strong>ssa, nova, custa<br />

US$30 milhões, US$40 milhões.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Mas essa não é nova.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pois é. Não<br />

é nova. Então ele pegou o pressuposto <strong>de</strong> um aluguel<br />

<strong>de</strong> uma aeronave nova. Vai ser um valor <strong>de</strong> leasing<br />

muito menor.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Não, não. Mas, quando o DAC informa, ele fala<br />

não é <strong>de</strong> aeronave nova, não. É o valor <strong>de</strong> mercado<br />

mesmo. O que me parece estranho é alguém po<strong>de</strong>r<br />

pagar até 2%, e pagar 22% do valor comercializado.<br />

É um péssimo negócio, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Essa é<br />

uma prerrogativa <strong>da</strong> empresa. Acho que fizemos um<br />

negócio bem feito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Todo mundo tem direito <strong>de</strong> fazer péssimos<br />

negócios.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Porém, quando o custo entra com dinheiro<br />

público, que está por trás ou está embutido, nós precisamos<br />

analisar por que a pessoas fazem péssimos<br />

negócios, não?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – O próprio, o outro avião, o senhor veja, o preço<br />

<strong>de</strong> mercado também era esse, e 5,31% para algo<br />

que po<strong>de</strong>ria ser pago 2%. Segundo o Departamento<br />

<strong>de</strong> Aviação Civil, o preço médio <strong>da</strong>s aeronaves <strong>de</strong>ssas<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>s seria em torno <strong>de</strong> US$390 mil, para os Boeings<br />

707; e US$1 milhão 790 mil, para o DC8.<br />

Bem, diligenciamos junto ao DAC, solicitando informações<br />

a respeito dos preços médios <strong>de</strong> mercado<br />

para aquisição e arren<strong>da</strong>mento mensal <strong>de</strong> diversas<br />

aeronaves existentes no País, <strong>de</strong>ntre elas a usa<strong>da</strong><br />

para a Skymaster. Quer dizer, objetivamente, a usa<strong>da</strong><br />

pelos senhores.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Veja, informa-me a consultoria, bem como o<br />

DAC, <strong>de</strong> que o DAC verifica as características técnicas;<br />

preço é questão <strong>de</strong> mercado, ou seja, ele não examina<br />

preço. É a informação oficial do DAC.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A informação<br />

não proce<strong>de</strong>, porque o DAC fiscaliza preço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Então, o DAC está nos informando errado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – E não existem, no mercado, aeronaves novas.<br />

São sempre as velhas. Dessas aeronaves que estamos<br />

cogitando, não há novas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tem<br />

aeronave nova.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Logo, a faixa <strong>de</strong> preço <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo DAC vale não<br />

para aeronaves novas; ela vale para aeronaves velhas.<br />

Daí, um péssimo negócio feito pelos senhores.<br />

Mas vamos prosseguir. A CPMI realizou diligências<br />

junto ao DAC, solicitando informações a respeito<br />

do preço médio <strong>de</strong> mercado, para a aquisição e arren<strong>da</strong>mento<br />

mensal <strong>de</strong> diversas aeronaves existentes no<br />

País, <strong>de</strong>ntre elas as utiliza<strong>da</strong>s pela Skymaster. Para<br />

tanto, foram disponibilizados o ano <strong>de</strong> fabricação <strong>da</strong>s<br />

aeronaves e o pedido diligência dos contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento,<br />

firmado pela Skymaster. De acordo com<br />

informações encaminha<strong>da</strong>s pelo DAC, na última terçafeira,<br />

a esta CPMI, o valor mensal do arren<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s<br />

aeronaves seriam os seguintes: Boeing 707, o valor<br />

mínimo, em dólares, US$1milhão 950 mil. Ah, perfeito,<br />

é o valor do arren<strong>da</strong>mento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor. OK.<br />

O valor do arren<strong>da</strong>mento em um Boeing 707. O valor<br />

mínimo é US$1,950 milhão; o valor máximo é sete mil<br />

e oitocentos mil. Exatamente, com as especificações<br />

<strong>da</strong> sua aeronave. O valor mínimo, 1 milhão 950 mil; o<br />

valor máximo, sete mil, oitocentos mil dólares.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É mais barato<br />

que o aluguel <strong>de</strong> um carro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – O senhor vê? Não, US$700 mil, US$800 mil,<br />

não é o aluguel <strong>de</strong> um carro, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, mas<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do carro<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – O senhor vê como o Boeing 707 está baratinho<br />

no mercado. Sabe quanto o senhor paga?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hum?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – US$80 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pois é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) –...pelo arren<strong>da</strong>mento. Isso é o menos que<br />

o senhor pagou; e o máximo US$88 mil, que o senhor<br />

paga para arren<strong>da</strong>r essa aeronave, cujo valor máximo<br />

era sete mil e oitocentos mil. E o mesmo se reproduz<br />

com o DC863F, cujo valor mínimo que se encontra é


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5051<br />

US$8,950 milhões; o valor máximo é US$35,800 mil.<br />

Sabe quanto a Skymaster paga? US$95 mil.<br />

Como o senhor explica pagar tanto dinheiro para<br />

uma empresa do exterior para esse arren<strong>da</strong>mento,<br />

quando po<strong>de</strong>ria ter pago muito menos e, talvez, ter<br />

mais lucros. Por que essa opção por gran<strong>de</strong>s pagamentos<br />

para empresa no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

acho que, <strong>de</strong> agora em diante, vou pedir para o DAC<br />

negociar meus contratos. Se ele está dizendo que os<br />

valores são <strong>de</strong>ssa monta, acho que ele que vai ter <strong>de</strong><br />

negociar os meus contratos, porque isso aí é improvável,<br />

é impossível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Talvez.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o que<br />

estou dizendo. O preço <strong>de</strong> aluguel <strong>de</strong> um veículo ele<br />

está dizendo que é o preço do aluguel <strong>de</strong> uma aeronave<br />

que transporta 40 tonela<strong>da</strong>s?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Um veículo não custa US$35 mil dólares.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Custa<br />

R$1.950.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, o valor mínimo é <strong>de</strong> US$ 1.950, o<br />

aluguel mínimo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dólares.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O máximo são US$7,8 mil. Então, vamos<br />

trabalhar entre o mínimo e o máximo. O problema é<br />

que o seu mínimo e o máximo são <strong>de</strong> US$80 mil e<br />

US$88 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos contratos<br />

aprovados pelo DAC e fiscalizados pelo Cotac.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Que disse que não analisa o preço.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Analisa,<br />

sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Bom, o órgão competente diz que não<br />

analisa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Então, vou<br />

precisar que ele me dê uma <strong>de</strong>claração dizendo que<br />

não, porque para o meu último contrato <strong>de</strong> leasing foi<br />

uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> conseguir a aprovação. Ele não queria<br />

aprovar pelo preço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Veja só, po<strong>de</strong>mos fazer uma análise. Para<br />

se ter uma idéia, cinco meses <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento que o<br />

senhor paga por um Boeing-707, US$88 mil, <strong>da</strong>ria para<br />

comprar o avião pelo preço <strong>de</strong> mercado que consultamos.<br />

Se o senhor quiser comprar, há uma aeronave<br />

no Paquistão. O senhor po<strong>de</strong> rescindir esse leasing.<br />

Em cinco meses fecha o negócio, baixa seus custos,<br />

o senhor ganha dinheiro.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Provavelmente<br />

é uma aeronave que não tem motores e não<br />

tem condições <strong>de</strong> aeronavegabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeitas condições, pelo que fui informado.<br />

O senhor percebe que alguma coisa está erra<strong>da</strong> do<br />

ponto <strong>de</strong> vista negocial? Quer dizer, o senhor paga um<br />

valor <strong>de</strong> locação muito acima do <strong>de</strong> mercado. Com o<br />

preço que paga esse arren<strong>da</strong>mento, o senhor compraria<br />

um avião em cinco meses. Veja só, quanto menor<br />

o prazo <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento, teria <strong>de</strong> ser maior o custo,<br />

não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O prazo <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento dos contratos<br />

para a Skymaster são bem extensos, já que é <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />

anos, 120 meses para aeronaves DC-8 e 118 meses<br />

para uma aeronave 707 e <strong>de</strong> 48 meses para as outras<br />

três, sendo que uma <strong>de</strong>las teve a vigência prorroga<strong>da</strong><br />

por mais 73 meses. São contratos <strong>de</strong> locação em que<br />

<strong>da</strong>ria para reduzir bastante o custo, que é enorme. A<br />

média <strong>de</strong> prazo <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> aeronaves <strong>de</strong>sse<br />

porte é <strong>de</strong> 48 a 60 meses, mas não, o senhor arrendou<br />

por 120 meses. Inclusive, numa situação diferencia<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>quelas que as empresas normalmente fazem os arren<strong>da</strong>mentos<br />

<strong>de</strong> mercado, portanto, o prazo <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento<br />

não é curto para justificar um preço elevado,<br />

ele é enorme. Deveria ser o oposto, <strong>de</strong>veria ter preços<br />

menores. Como o senhor explica isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

o senhor po<strong>de</strong> pegar pela própria Varig. A Varig<br />

tem uma aeronave que transporta 15 tonela<strong>da</strong>s e eu<br />

tenho uma aeronave que transporta 40 tonela<strong>da</strong>s. A<br />

Varig não paga o leasing <strong>de</strong>la há anos. Eu duvido que<br />

a Varig pague US$1.950 por mês <strong>de</strong> leasing <strong>de</strong> uma<br />

aeronave <strong>de</strong>la, qualquer que seja a aeronave.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esse é o mínimo e o máximo. São US$7,8<br />

mil o mínimo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mesmo que<br />

sejam US$7 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Olhe, não são US$7,8. Coloquem US$15 mil.<br />

Coloquem US$30 mil. Vocês pagam US$80 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Jogue<br />

US$30 mil. Duvido que a Varig pague US$30 mil <strong>de</strong><br />

aluguel pelas aeronaves <strong>de</strong>la.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Coloque US$40 mil. O Senhor pagou US$80<br />

mil. Vamos lá. O problema é que a diferença é brutal.<br />

Digamos que o DAC esteja errado, esteja <strong>de</strong>fasado.


5052 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Errou em <strong>de</strong>z vezes, no mínimo ou errou em cinco vezes.<br />

São US$80 mil para US$7,8 mil. Se fossem US$40<br />

mil também seria bastante. Ou seja, são valores muito<br />

altos, realmente, os que o senhor paga para essas empresas<br />

que estão nas Ilhas Virgens, naquele paraíso<br />

fiscal. Como o senhor efetua os pagamentos a essas<br />

empresas? Como é feito? As remessas <strong>de</strong> dinheiros<br />

são efetua<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> câmbio via<br />

Banco Central ou há outra forma <strong>de</strong> pagamento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A maioria<br />

dos pagamentos é feita via Banco Central.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E a minoria?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Alguns pagamentos<br />

eu pago para o representante <strong>de</strong>les.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em dinheiro,<br />

aqui no Brasil mesmo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor paga ao representante <strong>de</strong>les, no<br />

Brasil, em dinheiro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em dinheiro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não com cheque?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com cheque.<br />

Eu dou o cheque para ele, ele saca e faz o pagamento<br />

que ele quiser fazer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ele saca e faz o pagamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em dólar?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, em<br />

reais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em reais. Quem é o representante <strong>de</strong>le<br />

no Brasil?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É um advogado<br />

localizado em Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O nome?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Vou ter <strong>de</strong><br />

me abster <strong>de</strong> <strong>da</strong>r o nome <strong>de</strong>le, porque eu não estou<br />

autorizado a <strong>da</strong>r o nome <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor não está autorizado por quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque eu<br />

não conversei isso com ele. Eu preciso pegar a informação<br />

<strong>de</strong>le para ele passar para vocês.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Um advogado <strong>de</strong> Manaus?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Manaus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós tomaremos as providências legais para a<br />

obtenção <strong>de</strong>sse nome.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De que contas o senhor paga esse advogado?<br />

O senhor faz saques? O senhor dá em cheque<br />

para ele?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dou em<br />

cheque?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Emite nota fiscal?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, emite<br />

os documentos normais que a legislação prevê.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quais são os documentos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu preciso<br />

checar quais são os documentos que ele me passa<br />

para efeito <strong>de</strong>sses leasings aqui.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor, como contador, sabe quais são os<br />

documentos. Quais são os documentos que o senhor<br />

emite nesse caso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Normalmente<br />

um recibo. Inclusive está <strong>da</strong> documentação que eu<br />

acostei para a Comissão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Há recibo para esse advogado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Há...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – On<strong>de</strong> se <strong>de</strong>clina o nome <strong>de</strong>le?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, em<br />

nome <strong>de</strong>le, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então o senhor faz um recibo sem ter <strong>de</strong>clinado<br />

em nome. Recibo para quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Para pagamento<br />

<strong>da</strong>s parcelas <strong>de</strong> leasing <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor paga em cheque... Imagino<br />

que <strong>da</strong> sua conta, na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong>sses recibos, há uma<br />

emissão <strong>de</strong> cheque nominal?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Cheque nominal?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então peço à <strong>Con</strong>sultoria, por gentileza,<br />

que verifique esses cheque que são emitidos contra<br />

esses recibos. Aqui está o recibo. (Inaudível.) Recibo.<br />

“Recebemos <strong>da</strong> Skymaster...” É uma pessoa que as-


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5053<br />

sina aqui, esse é o advogado? E o senhor não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>clinar o nome neste momento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Isso aqui foi pago em cheque.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em cheque;<br />

está <strong>de</strong>clarado no meu razão, que apresentei e<br />

na relação <strong>de</strong> cheques que a CPMI me passou. Está<br />

correto?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Nós sabemos, e o advogado também, que o<br />

senhor está <strong>de</strong>pondo como investigado, então essa é a<br />

razão pela qual o senhor po<strong>de</strong> se omitir. Normalmente<br />

as pessoas se omitem na sua própria <strong>de</strong>fesa. É nessa<br />

condição que V. Sª se omite.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, estou<br />

usando a prerrogativa que a <strong>Con</strong>stituição me proporciona.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O senhor sabe se as empresas Force Field e<br />

Quintessential? A ren<strong>da</strong> eram (Inaudível.) para outras<br />

empresas além <strong>da</strong> Skymaster?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não sei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Desconhece?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Desconheço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sabe se ela tem outras aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Também<br />

<strong>de</strong>sconheço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor também não conhece os proprietários<br />

<strong>de</strong>ssas empresas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A pessoa que outorgou a procuração pra<br />

Dª Késia? É esse advogado? Foi por indicação <strong>de</strong>le<br />

que a Dª Késia...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei<br />

dizer. Não me lembro quem foi que outorgou essa<br />

procuração para ela.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skymaster tem contas no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor possui contas no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Os sócios <strong>da</strong> Skymaster ?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não posso<br />

falar por eles, não sei se eles possuem ou não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor participa <strong>de</strong> alguma empresa<br />

no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor conhece o Sr. José Tomaz Simioli?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>heço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É uma pessoa<br />

que participa do contrato social <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É um dos sócios <strong>da</strong> Skycargas Lt<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É um dos<br />

sócios <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tem ciência se o Sr. José Tomaz<br />

Simioli tem alguma empresa no exterior?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

ciência, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Algum dos sócios <strong>da</strong> Skymaster ou <strong>da</strong> Skycargas<br />

tem relação com a empresa Force que arren<strong>da</strong><br />

os Boeings 007?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quem faz os contatos com essa empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quem faz<br />

os contatos, nós fazemos todos os contatos através<br />

<strong>de</strong> advogados.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esse advogado <strong>de</strong> Manaus?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, as<br />

tratativas <strong>de</strong> negociação são to<strong>da</strong>s feitas em Miami,<br />

com advogado <strong>de</strong> Miami.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É o mesmo advogado?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, é<br />

outro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tem o nome do advogado <strong>de</strong><br />

Miami?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o escritório<br />

chamado (Inaudível.) Não me lembro do nome<br />

completo <strong>de</strong>les.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor po<strong>de</strong>ria passar o nome e en<strong>de</strong>reço<br />

<strong>de</strong>sse escritório em Miami, posteriormente?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Posso<br />

sim.


5054 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. José Tomaz Simioli já assinou um aditivo,<br />

em novembro <strong>de</strong> 2004, ao contrato <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento<br />

<strong>da</strong> aeronave Boeing 707-34C, prefixo PTWS, prorrogando<br />

sua vigência por mais 73 meses a contar <strong>de</strong><br />

29 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2004, representando a empresa<br />

Force Field Lt<strong>da</strong> enquanto o <strong>de</strong>poente, V. Sª, assinou<br />

representando a Skymaster. Por que o seu sócio representou<br />

a Force?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ele teve<br />

uma procuração <strong>da</strong> Force para representá-la na assinatura<br />

<strong>de</strong>sse aditivo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então vamos meditar o seguinte: a Quitessential<br />

outorgou uma procuração para a Dª Késia,<br />

pessoa que tem o en<strong>de</strong>reço resi<strong>de</strong>ncial mesmo que o<br />

seu. A outra empresa, a Force outorga uma procuração<br />

para o seu sócio para representá-la na assinatura<br />

<strong>de</strong>ssas aeronaves.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor acha isso uma operação normal,<br />

que as duas empresas, pelas quais o senhor paga<br />

um valor muito acima <strong>de</strong> mercado no arren<strong>da</strong>mento,<br />

tenha os contratos assinados por procuração pelos<br />

seus sócios. Perdão, por um dos seus sócios e por<br />

uma pessoa com quem o senhor tenha uma relação<br />

<strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

E não é estranho que essas empresas situa<strong>da</strong>s<br />

no paraíso <strong>da</strong>s Ilhas Virgens tenham como pessoa<br />

<strong>de</strong> confiança exatamente o seu sócio, que negocia,<br />

portanto, em nome <strong>da</strong> empresa e uma pessoa com<br />

quem o senhor também mantém uma relação <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, estranho<br />

não, são pessoas que estão no mercado, não é?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Normal, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, normal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É, a D. Késia também assinou o contrato<br />

<strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> aeronave, mo<strong>de</strong>lo DC-8, com a<br />

Skymaster, representando a Quintessencial Group. O<br />

senhor assinou também com ela esse contrato. Correto?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Segundo o Anuário do Transporte Aéreo, <strong>de</strong><br />

2004, publicado pelo Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil,<br />

o DAC, a Skymaster, nesse ano <strong>de</strong> 2004, somou um<br />

total <strong>de</strong> horas voa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cinco mil, setecentos e <strong>de</strong>zoito.<br />

Nesse ano a Skymaster operava as linhas “a” e<br />

“c” <strong>da</strong> RPN, sendo que diariamente voava um total <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zoito e quinze horas em ambas as linhas.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que essas linhas só eram opera<strong>da</strong>s<br />

em dias úteis, obtemos um somatório aproximado <strong>de</strong><br />

horas voa<strong>da</strong>s no ano, por conta somente <strong>da</strong> operação<br />

<strong>de</strong>ssas duas linhas, <strong>de</strong> quatro mil, oitocentos e <strong>de</strong>zoito,<br />

que representa 84,26% do total <strong>de</strong> horas voa<strong>da</strong>s<br />

pela Skymaster.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que, nesse ano <strong>de</strong> 2004, a Skymaster<br />

dispunha <strong>de</strong> sete aeronaves, quatro do mo<strong>de</strong>lo<br />

707 e três do mo<strong>de</strong>lo DC-8, sendo que para a<br />

operação <strong>da</strong>s linhas “a” e “c” <strong>da</strong> RPN eram utiliza<strong>da</strong>s<br />

apenas duas, as outras cinco aeronaves <strong>da</strong> empresa<br />

teriam sido responsáveis por apenas 15, 74% <strong>da</strong>s<br />

horas voa<strong>da</strong>s. Por que uma empresa que tem tantas<br />

aeronaves voa tão pouco, pagando arren<strong>da</strong>mento tão<br />

caro por aeronave?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Teria que<br />

levantar isso <strong>da</strong>í. Por que essas aeronaves voaram tão<br />

pouco tempo nesse período? O que ocorre é que o<br />

contrato dos Correios, apesar <strong>de</strong> necessitar <strong>de</strong> apenas<br />

duas aeronaves, no final preciso ter três aeronaves,<br />

porque é um contrato oneroso <strong>de</strong>mais, prevê multas<br />

por atraso superiores a quinze minutos. E tenho que<br />

ter pelo menos uma aeronave em ca<strong>da</strong> ponta, para<br />

cobrir uma eventual para<strong>da</strong> <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>las. Então,<br />

<strong>de</strong> duas, preciso ter pelo menos quatro disponíveis<br />

para os Correios.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Veja só: Essas cinco outras aeronaves geram<br />

uma <strong>de</strong>spesa mensal <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> US$445 mil, equivalente<br />

a R$1.228.000,00, câmbio do ano <strong>de</strong> 2004.<br />

Já no ano, por conta <strong>de</strong>ssas cinco aeronaves, teriam<br />

sido remetidos ao exterior, a título <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong><br />

arren<strong>da</strong>mento, R$15 milhões, ou seja, o senhor paga<br />

um arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> R$15 milhões para <strong>de</strong>ixar aviões<br />

no solo aqui?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu<br />

uso os aviões para outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas <strong>de</strong> uma forma totalmente... O senhor<br />

não tem horas <strong>de</strong> vôo para justificar isso, ou seja, o<br />

senhor <strong>de</strong>ixa aviões parados e paga esse arren<strong>da</strong>mento.<br />

Não é uma <strong>de</strong>spesa muito eleva<strong>da</strong> para voar<br />

tão pouco? Será que essas outras cinco aeronaves<br />

gerariam receitas tão expressivas para a empresa,<br />

suficientes para cobrir suas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pagamento<br />

com arren<strong>da</strong>mento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, isso<br />

é uma estratégia <strong>da</strong> empresa, <strong>de</strong> ter aeronave <strong>de</strong> backup<br />

para os eventuais negócios que possam surgir.<br />

Não adianta eu não ter avião e me surgir um negócio<br />

hoje e eu não ter avião.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5055<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o senhor tem um contrato operacional<br />

com a Beta para fornecer, nesse período, a aeronave<br />

<strong>de</strong> backup. O argumento que o seu sócio utilizou aqui<br />

era que tinha um contrato com a Beta, dividindo partilha<br />

dos Correios, era exatamente para essa aeronave<br />

<strong>de</strong> backup. E, no entanto, o senhor tem aeronave<br />

suficiente para fazer o backup pagando milhões. Não<br />

há justificativa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na época,<br />

eu não tinha essas aeronaves <strong>de</strong> backup, me valia <strong>da</strong><br />

aeronave <strong>da</strong> Beta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o senhor não tem aeronaves aqui no<br />

solo, para<strong>da</strong>s, pagando...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Hoje sim.<br />

Na época, eu não tinha.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas como? A época bate aqui, está tudo<br />

batendo. O senhor tem um contrato operacional com<br />

a Beta nesse mesmo período que o senhor tinha aqui.<br />

Não tem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. São<br />

períodos diferentes. Os aviões DC-8 entraram no Brasil<br />

em 2002 e 2003. Nessa época, eu não tinha nenhum<br />

acordo com Beta, nenhum acordo operacional para<br />

utilizar aeronave na linha...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Aqui está o quadro evolutivo <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> aeronave <strong>da</strong> Skymaster. Como o senhor vê,<br />

estamos trabalhando com uma equipe bastante minuciosa<br />

em todos os <strong>de</strong>talhes, exatamente para não<br />

cometermos injustiças.<br />

Olha aqui, olha, o quanto elas não são utiliza<strong>da</strong>s.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Veja que<br />

os DC-8 entraram aqui em 2002.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Está, mas veja quando fica parado tudo,<br />

nesse período mesmo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas tem<br />

aeronaves nesse período que não eram navegáveis.<br />

A aeronave para entrar no Brasil precisa passar por<br />

um trabalho muito gran<strong>de</strong>, muito minucioso e o DAC<br />

fiscaliza isso muito à risca. Tem uma aeronave que importei,<br />

trouxe ela para cá em regime <strong>de</strong> leasing e até<br />

hoje não voa. São 3 anos que está para<strong>da</strong> porque o<br />

DAC não a liberou ain<strong>da</strong> e nem por isso estou pagando<br />

leasing sobre ela, o leasing está suspenso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O leasing está suspenso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Está. A aeronave<br />

não está aeronavegável até hoje porque o DAC<br />

não liberou, são 3 anos no chão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Realmente, é muito estranho o senhor pagar<br />

essa quantia enorme <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento tendo possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> utilizar outros aparelhos. É difícil imaginar<br />

como isso possa acontecer do ponto <strong>de</strong> vista gerencial,<br />

uma empresa tão... Sinceramente, não consigo enten<strong>de</strong>r.<br />

Aliás, não consigo enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões<br />

normais <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> uma empresa. É claro<br />

que esse tipo <strong>de</strong> situação nos gerará uma outra suspeita<br />

que vamos chegar, já, já, para ver como o senhor<br />

avalia isso, como é que o senhor está pagando. Para<br />

empresas que o seu sócio assina como representante,<br />

uma pessoa do seu conhecimento assina um valor,<br />

me permita dizer, superfaturado <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento, para<br />

ter a aeronaves disponíveis aqui pouco voa<strong>da</strong>s, isso<br />

vai nos conduzindo a algumas conclusões que já, já,<br />

chegaremos a elas.<br />

Por que diante <strong>de</strong>sse quadro os Srs. não cancelaram<br />

os arren<strong>da</strong>mentos e <strong>de</strong>volveram as aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Alguns arren<strong>da</strong>mentos<br />

estão suspensos como informei.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esses não, esses caríssimos <strong>da</strong>s empresas o<br />

senhor continua pagando e pagando bem.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos os<br />

aviões são <strong>da</strong>s mesmas empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que o senhor não <strong>de</strong>volveu alguns?<br />

O senhor fica com esse número <strong>de</strong> aeronaves com<br />

horas ociosas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque<br />

quero ter disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para novos negócios. Estou<br />

tentando.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Enquanto os negócios não vêm, o senhor<br />

paga?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É uma escolha<br />

que faço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Claro, sem dúvi<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o ovo e<br />

a galinha. Apareço com o serviço e não tenho avião,<br />

não tenho serviço. Se tenho avião, se aparecer serviço,<br />

eu posso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Se o senhor está pagando, sabi<strong>da</strong>mente,<br />

o senhor consegue, com gran<strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z, alugar aviões<br />

quando aparecem serviços, não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>? Então, o<br />

senhor prefere pagar para não ter o trabalho <strong>de</strong> fazer<br />

um novo negócio?


5056 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, não<br />

é isso. É que para você trazer uma aeronave do exterior<br />

para o Brasil <strong>de</strong>man<strong>da</strong> um tempo muito gran<strong>de</strong>,<br />

em média 6 meses. Eu não consigo trazer, eu resolvi<br />

trazer a aeronave hoje, amanhã a aeronave está aqui.<br />

Aeronave é um veículo que exige um dispêndio muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, o DAC tem que ir ao exterior fiscalizar<br />

a aeronave, aprovar, se ela estiver vincula<strong>da</strong><br />

ao FA americano, ele tem que liberar,é uma série <strong>de</strong><br />

procedimentos que têm que ser adotados em cima <strong>de</strong><br />

uma aeronave.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor sabe qual a suspeita que isso<br />

tudo nos traz?<br />

Em primeiro lugar, que essas duas empresas <strong>da</strong>s<br />

Ilhas Virgens Britânicas têm uma gran<strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

com os senhores porque, senão, não outorgariam procurações<br />

para pessoas tão próximas aos senhores.<br />

Em segundo lugar, que esses preços superfaturados,<br />

sem explicação, levam a uma planilha <strong>de</strong> custos<br />

que permitem, obviamente, a custos superfaturados nos<br />

Correios. Quando o senhor <strong>de</strong>monstra os seus custos<br />

<strong>de</strong> operação <strong>da</strong> aeronave, o senhor embute no custo<br />

que vai cobrar dos Correios isso. Em últimas palavras,<br />

quem faz um mau negócio não é o senhor, quem faz<br />

um mau negócio são os Correios.<br />

Em terceiro lugar, na medi<strong>da</strong> em que se existia<br />

uma vinculação dos seus sócios com essas empresas,<br />

o senhor está pagando a mais, como apropriação no<br />

exterior <strong>de</strong> uma remessa <strong>de</strong> dinheiro para os seus<br />

próprios sócios, ou seja, isto, nós suspeitamos, é uma<br />

forma simula<strong>da</strong> dos senhores superfaturarem preços<br />

junto aos Correios e remeterem os lucros para o exterior,<br />

sem outro tipo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração justificativa.<br />

O senhor nega isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nego.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Com que fatos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bom, nego<br />

porque a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos fatos é outra. Temos contratos<br />

<strong>de</strong> leasing aprovados pelo DAC, pelos setores envolvidos<br />

no DAC, registrados no Banco Central.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor acha crível que uma empresa<br />

que já montou sua se<strong>de</strong> nas Ilhas Virgens, ou seja, um<br />

paraíso fiscal, tenha um tal nível <strong>de</strong> relação com uma<br />

pessoa que tem proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o senhor, como Dona<br />

Késia, a ponto <strong>de</strong> outorgar procuração para firmar e<br />

estabelecer negócio no Brasil contra o seu outro sócio,<br />

que o senhor pague preços astronômicos por esse arren<strong>da</strong>mento,<br />

que embuta esse custo nos Correios. O<br />

senhor acha crível <strong>da</strong> nossa parte, que nós po<strong>de</strong>mos<br />

ter algum tipo <strong>de</strong> afirmação que esse negócio é nor-<br />

mal? Que não há aqui um superfaturamento embutido<br />

que implique em remessa <strong>de</strong> dinheiro para o exterior<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantias, porque são valores muito altos,<br />

e que tudo isso se coloca num momento em que o senhor<br />

tenha aeronaves disponíveis, não po<strong>de</strong>ria pagar<br />

esses arren<strong>da</strong>mentos? (Pausa.)<br />

Seu silêncio é expressivo.<br />

Prossigo. Nós temos aqui em mãos dois contratos<br />

<strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento firmados pela Skymaster junto à<br />

empresa Force Field para a mesma aeronave, um 707-<br />

369C prefixo PT-MTR. O estranho é que ambos foram<br />

celebrados no dia 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001, mas valores e<br />

prazos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento são distintos. Portanto, temos<br />

dois contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento para a mesma aeronave<br />

firmados no mesmo dia, com valores diferentes.<br />

E um contrato entregue pelos Correios por ocasião<br />

do pregão 106 <strong>de</strong> 2003, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003,<br />

o valor mensal <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento está pactuado em 80<br />

mil dólares para um prazo <strong>de</strong> 59 meses. Já no outro<br />

contrato por ocasião <strong>da</strong> concorrência 006, <strong>de</strong> 2004, o<br />

valor é <strong>de</strong> US$88 mil e o prazo 118 meses. Ambos os<br />

contratos foram assinados pela mesma pessoa representando<br />

a arren<strong>da</strong>dora, Srª Na<strong>de</strong>s<strong>da</strong> Gaisina, além<br />

do senhor <strong>de</strong>poente representando a Skymaster. Qual<br />

a razão <strong>de</strong> celebrar dois contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento<br />

no mesmo dia, para a mesma aeronave, com valores<br />

e prazos distintos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>talhe. Teremos que investigar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor assinou os dois contratos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

eu não lembro <strong>de</strong>ssa, <strong>de</strong>ssa, <strong>de</strong>sse problema <strong>de</strong> <strong>da</strong>tas<br />

aí, por que um contrato tinha um prazo e o outro<br />

tinha outro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. E <strong>da</strong> mesma <strong>da</strong>ta, com a mesma aeronave<br />

e com valores diferentes.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí eu não<br />

sei. Teria que verificar. Pegar o contrato, os dois, e fazer<br />

uma análise em cima e saber por que...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Traga o contrato, por gentileza. Está aqui? Eu<br />

vou localizar, o senhor po<strong>de</strong> olhar os contratos e verificar.<br />

Porque nos causa realmente espécie a mesma<br />

aeronave, aluga<strong>da</strong> no mesmo dia, com o senhor assinando<br />

os dois contratos, não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>? Por valores<br />

diferentes. (Pausa.)<br />

Estão aqui os dois. (Pausa.)<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Um <strong>de</strong>sses<br />

contratos aqui, ele foi cancelado. Eu não sei dizer,<br />

dizer aqui, agora, qual é que foi cancelado. Teria que


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5057<br />

verificar junto ao registro do Banco Central qual é o<br />

contrato que está valendo <strong>da</strong>queles dois.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agora, é curioso que tenhamos dois contratos<br />

firmados pela sua empresa em relação a mesma aeronave,<br />

em condições diferentes.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim. Eu<br />

teria que verificar, um dos dois não vale. Só vale um e<br />

é o que está registrado no Banco Central.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – A mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s condições, o senhor sabe<br />

explicar por que foi?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei.<br />

Provavelmente, pelo que eu vejo, tenha tido erro na<br />

hora do preenchimento dos contratos, por isso um<br />

<strong>de</strong>les foi cancelado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Só que foram <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente assinados, registrados.<br />

Olha aqui, ó! Aliás, pelo notário público do<br />

Estado <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>, ambos. Como diria um amigo meu,<br />

“ambos os dois”. Ou seja, ambos. Ou <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente dois<br />

contratos aqui no Cartório <strong>de</strong> Ofício, nosso, brasileiro,<br />

e assinado pelo notário público do Estado <strong>da</strong> Flori<strong>da</strong>,<br />

na mesma <strong>da</strong>ta registrados no Cartório <strong>de</strong> Manaus.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

Temos que investigar aí qual é o contrato que está<br />

valendo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas o senhor não sabe explicar o porquê<br />

disto acontecer?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Agora, <strong>de</strong><br />

momento eu não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Se nossa suposição estiver certa, evi<strong>de</strong>ntemente<br />

os senhores têm uma vinculação muito próxima com<br />

as empresas do exterior, po<strong>de</strong>-se imaginar que até<br />

possam ser <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seus próprios sócios<br />

ou dos senhores mesmos ou <strong>de</strong> pessoas muito próximas.<br />

Os senhores fazem esses arren<strong>da</strong>mentos para<br />

remeter para o exterior esse dinheiro, <strong>de</strong> uma forma<br />

aparentemente legal, ou seja, não precisam nem usar<br />

doleiros para isso, ao mesmo tempo em que inflam os<br />

custos que cobram dos Correios, aumentam as <strong>de</strong>spesas<br />

<strong>da</strong> sua empresa no Brasil e <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> pagar<br />

imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> por isso, ou seja, é uma operação<br />

que lhes traz a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> superfaturar o valor<br />

dos Correios, não pagar imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, que <strong>de</strong>veriam<br />

pagar, pelos custos reais que ganham, remeter<br />

dinheiro para o exterior <strong>de</strong> uma forma aparentemente<br />

legal, sem nenhum tipo <strong>de</strong>, obviamente, ônus do ponto<br />

<strong>de</strong> vista dos riscos que uma transferência por meio <strong>de</strong><br />

contas, como existem, implicaria aos senhores.<br />

Evi<strong>de</strong>nte, esse dinheiro, ao ser remetido para as<br />

Ilhas Virgens, on<strong>de</strong> a tributação praticamente não existe,<br />

<strong>de</strong>ixa os senhores ao abrigo <strong>de</strong> qualquer tributação<br />

<strong>de</strong> dinheiro no exterior.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

já teve a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pegar as planilhas <strong>de</strong> custo <strong>da</strong>s<br />

outras empresas aéreas para verificar qual é o valor do<br />

arren<strong>da</strong>mento que eles <strong>de</strong>claram na planilha <strong>de</strong>les?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor fique tranqüilo porque nós vamos<br />

ver tudo. É que hoje nós estamos pegando o senhor,<br />

mas todos passarão pelo mesmo estudo minucioso<br />

enquanto aqui nós estivermos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Inclusive<br />

a Varig.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Todos, todos os contratados pelos Correios<br />

que estamos investigando, todos passarão por<br />

tudo, e se todos fizerem o mesmo tipo <strong>de</strong> coisa, nossa<br />

conclusão será a mesma para todos e nossa proposta<br />

punitiva idêntica para todos. Po<strong>de</strong> ficar tranqüilo, vamos<br />

agir com a maior lisura e com a maior isonomia<br />

nesse caso.<br />

É que, como a Skymaster foi cita<strong>da</strong> originalmente<br />

na <strong>de</strong>núncia, então saímos na frente com a Skymaster,<br />

mas já percebemos que é uma coisa talvez uniforme<br />

no setor.<br />

Mas vamos prosseguir.<br />

Não temos ain<strong>da</strong> a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s informações<br />

disponibiliza<strong>da</strong>s sobre a movimentação bancária <strong>da</strong><br />

Skymaster, teremos em breve. É uma <strong>da</strong>s coisas que<br />

está-nos atrasando um pouquinho, eu gostaria <strong>de</strong> têla<br />

to<strong>da</strong> em mãos para po<strong>de</strong>r argüir V. Exª hoje. Infelizmente<br />

não tenho, mas teremos nas próximas horas,<br />

assim espero, porque quero concluir esse relatório até<br />

a semana que vem, se isso permitir, senão, o mais tar<strong>da</strong>r<br />

com algum adiamento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas to<strong>da</strong>s<br />

as informações que nos foram solicita<strong>da</strong>s nós apresentamos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, os senhores apresentaram, sem sombra<br />

<strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>. O problema é a nossa obtenção <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

bancários, porque há atraso na remessa e está-nos<br />

dificultando bastante. Mas os <strong>da</strong>dos que temos dizem<br />

o seguinte: em relação às duas empresas, Force Field<br />

e a Quintessential, no ano 2000 o senhor mandou para<br />

a Force Field, em reais, em contratos <strong>de</strong> câmbio registrados,<br />

R$2.525.763 milhões,. Em 2001, para a Force<br />

Field, 5 milhões, 161 mil e 607, ou seja, nos anos <strong>de</strong><br />

2000 e 2001, o senhor só mandou para a Force Field,<br />

não mandou para a Quintessential.


5058 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

Em 2002, mandou R$14.698.847 milhões para a<br />

Force Field e para a Quintessential R$1.226.978 milhão.<br />

Total: R$15.925.825 milhões. Em 2003, o senhor mandou<br />

para a Force Field R$16.456.864,31 e para a Quintessential,<br />

R$9.117.977 milhões. Total: R$25.575.841.<br />

Em 2004, o senhor mandou para a Force Field R$7.011<br />

milhões, enquanto que para a Quintessential, R$1.097<br />

milhão. Para a Force Field, em 2005, até agora, sabemos,<br />

foram man<strong>da</strong>dos R$4.325 milhões, e para a<br />

Quintessential, R$8.138.137 milhões.<br />

Se somarmos tudo que foi man<strong>da</strong>do para essas<br />

duas empresas, <strong>de</strong> 2000 a 2005, o senhor encaminhou<br />

para o exterior R$69.761.365 milhões, praticamente<br />

R$70 milhões encaminhados em cinco anos para essas<br />

duas empresas que estamos mencionando.<br />

Esse valor po<strong>de</strong>-se elevar ain<strong>da</strong> mais, tendo em<br />

vista que faltam ser remeti<strong>da</strong>s, pelos bancos, cópias<br />

<strong>de</strong> vários documentos, inclusive contratos <strong>de</strong> câmbio.<br />

Ou seja, é possível.<br />

É maior essa remessa? O senhor po<strong>de</strong> avaliar?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – <strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando os <strong>da</strong>dos fornecidos na última<br />

terça-feira pelo DAC (Departamento <strong>de</strong> Aviação Civil),<br />

nós teríamos uma remessa mensal para o exterior <strong>de</strong><br />

US$466.400 mil, que no câmbio atual equivale a uma<br />

evasão <strong>de</strong> divisas <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$12,3 bilhões ao<br />

ano, ou seja, a consi<strong>de</strong>rar-se a nossa tese, os senhores<br />

estão praticando uma evasão <strong>de</strong> divisas <strong>de</strong> R$12<br />

milhões/ano.<br />

Para nós, aparentemente, isso po<strong>de</strong> qualificar a<br />

justificativa para os valores <strong>de</strong> superfaturamento i<strong>de</strong>ntificados<br />

pelo TCU, pela Corregedoria-Geral <strong>da</strong> União<br />

e pela CPMI junto aos Correios, ou seja, os valores<br />

superfaturados, em larga medi<strong>da</strong>, são encaminhados<br />

para o exterior.<br />

Algum comentário sobre isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, nenhum.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A quem pertence a empresa Skytra<strong>de</strong> Enterprise,<br />

sedia<strong>da</strong> em Miami. Estados Unidos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso já foi<br />

respondido, mas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Já.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ... pertence<br />

ao filho do Luiz Otávio, Rodrigo Otávio...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Rodrigo Otávio.<br />

Pelo que apuramos, já foi <strong>de</strong>clarado à CPMI, essa<br />

empresa é responsável pela compra e envio <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as peças utiliza<strong>da</strong>s pela Skymaster. <strong>Con</strong>fere?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, sempre que os senhores compram<br />

peças <strong>de</strong> reposição para (Inaudível.) nos aparelhos é<br />

através <strong>de</strong>ssa empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nos anos <strong>de</strong> 2002, 2003, o senhor tem<br />

ciência se as suas aeronaves tiveram problemas ou<br />

panes acima <strong>da</strong> média, nesse período, que implicasse<br />

troca <strong>de</strong> peças?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro não. Essas partes operacionais, não sou eu que<br />

cuido. Não tenho noção do que é que foi consumido e<br />

comprado <strong>de</strong> peças nesse período.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Recebemos uma <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que essas peças<br />

que seriam importa<strong>da</strong>s e compra<strong>da</strong>s pelo senhor<br />

<strong>da</strong> Skytra<strong>de</strong> também seriam vendi<strong>da</strong>s pelos senhores<br />

com valores superfaturados o que levaria os senhores,<br />

quando fazem compras <strong>da</strong> Skytra<strong>de</strong>, em Miami,<br />

a também utilizarem esse mecanismo para remeter<br />

dinheiro para o exterior, com isso, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

diminuem a tributação inci<strong>de</strong>nte e remetem dinheiro<br />

para o exterior.<br />

O que o senhor teria a falar sobre isso? Há compra<br />

superfatura<strong>da</strong> relativamente às peças <strong>da</strong> Skytra<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em hipótese<br />

nenhuma. A Skytra<strong>de</strong> compra as peças que precisamos<br />

nos Estados Unidos e agrega em torno <strong>de</strong> 8%<br />

para po<strong>de</strong>r faturar as peças.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E essas peças são vendi<strong>da</strong>s por valor <strong>de</strong><br />

mercado? Não há superfaturamento?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Valor <strong>de</strong><br />

mercado. Completamente valor <strong>de</strong> mercado. Inclusive<br />

nós solicitamos que o Rodrigo se <strong>de</strong>slocasse para<br />

os Estados Unidos justamente para diminuir o custo<br />

<strong>de</strong>ssas peças aqui no Brasil, não só diminuir o custo<br />

<strong>de</strong>las com ter procedência <strong>da</strong>s peças.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então o senhor vai ver uma coincidência que<br />

temos. Olha. Em 2000, o senhor pagou pela Skytra<strong>de</strong><br />

R$3.293.598,00; em 2001, R$4.096.159,00; em 2002,<br />

R$6.812.497,00; em 2003, R$8.263.034,00; em 2004,<br />

R$2.665.000,00, caiu; e 2005, até agora pouquinho,<br />

R$764.000,00.<br />

Curiosamente, o período em que o senhor paga<br />

mais peças <strong>de</strong> reposição são nos anos <strong>de</strong> 2002, 2003,<br />

que é o período em que se apura, pela nossa auditoria,


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5059<br />

o superfaturamento mais acentuado dos seus contratos<br />

com os Correios, ou seja, nos anos <strong>de</strong> 2002 e <strong>de</strong> 2003,<br />

em que temos um forte superfaturamento, é o período<br />

em que o senhor compra mais peças <strong>de</strong> reposição, ou<br />

seja, o senhor gasta mais. Por isso que lhe perguntei<br />

se existiram nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003 muitas panes<br />

nos seus aviões que implicasse mais peças porque há<br />

uma coincidência: ou seus aviões quebraram mais nos<br />

anos <strong>de</strong> 2002 e 2003 ou há uma estranha coincidência<br />

entre o senhor ganhar mais dos Correios e comprar<br />

mais peças <strong>de</strong> aeronaves.<br />

O senhor saberia explicar alguma coisa sobre<br />

isso? Por que tem essa elevação <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> peças<br />

em 2002 e 2003?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu não<br />

sei o porquê exatamente agora. Só sei dizer que um<br />

avião que voa para os Correios e que faz em média<br />

oito pousos e oito <strong>de</strong>colagens por dia consome uma<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> freios, <strong>de</strong> outras peças que<br />

envolve. Um conjunto <strong>de</strong> freios custa <strong>de</strong> US$15 mil a<br />

US$20 mil, um conjunto <strong>de</strong> freios <strong>de</strong> uma aeronave,<br />

<strong>de</strong>pois tem pneus.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Existe alguma razão para os seus aviões<br />

terem freado mais nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, anos<br />

<strong>de</strong> 2002 e 2003...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então não consigo enten<strong>de</strong>r a razão pela<br />

qual o consumo <strong>de</strong> peças aumenta.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O consumo<br />

<strong>de</strong> peças não está vinculado ao <strong>de</strong>sgaste em si.<br />

Houve uma época em que praticamente a Skystra<strong>de</strong><br />

financiou peças para a Skymaster. Ela faturava entre<br />

180 e 360 dias. É muito usual, nos Estados Unidos,<br />

ocorrer esse tipo <strong>de</strong> faturamento e esse prazo na compra<br />

<strong>de</strong> peças <strong>de</strong> aeronave, principalmente quando vai<br />

comprar um motor, o que é muito usual. Um motor<br />

custa US$200 mil a US$300 mil, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estágio<br />

<strong>de</strong>le. Você compra com um ano para pagar. Então, o<br />

<strong>de</strong>sembolso não quer dizer que foram consumi<strong>da</strong>s<br />

essas peças nesse período.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Chama a atenção que seja justamente no<br />

período <strong>de</strong> superfaturamentos dos contratos, o que<br />

– é claro – reforça nossa suspeita <strong>de</strong> que, quando o<br />

senhor superfatura, o senhor man<strong>da</strong> mais dinheiro<br />

para o exterior. Percebe? Quer dizer, por que só nos<br />

anos em que o senhor está ganhando muito dinheiro<br />

nos Correios? Por que, em 2005, caiu tanto? Seus aviões<br />

estão melhores agora? Veja: em 2003, o senhor<br />

comprou R$8 milhões. Em 2005, R$764 mil. Para nós,<br />

essa sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> valores só tem uma relação: o<br />

seu ganho com os Correios. Não conseguimos ver, nas<br />

outras análises que fizemos, uma justificativa para o<br />

senhor gastar tanto em peças em alguns anos e gastar<br />

tão pouquinho em outros.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Volto a falar:<br />

o pagamento <strong>da</strong>s peças não quer dizer o <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong>las naquele período. Po<strong>de</strong> ter acontecido no período<br />

anterior e o <strong>de</strong>sembolso pelo pagamento <strong>de</strong>las ocorrer<br />

só nesses dois anos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor acredita ser mera coincidência<br />

essa situação?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não mera<br />

coincidência, mas, quando eu posso pagar, quando eu<br />

tenho dinheiro para pagar, eu pago a peça. Quando<br />

eu não posso, eu negocio um prazo maior para pagar<br />

lá na frente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Negocia com a empresa do filho do seu<br />

sócio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Ele negocia<br />

com as empresas <strong>de</strong> Miami que são as fornecedoras<br />

<strong>de</strong>le. Se ele consegue um prazo <strong>de</strong> um ano para<br />

pagar, ele repassa esse prazo para nós no Brasil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele é comprador <strong>de</strong> peças lá?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É só um comprador <strong>de</strong> peças? Ele é intermediário?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Basicamente<br />

isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que lhe interessa manter um intermediário<br />

no exterior se o senhor po<strong>de</strong> comprar as peças diretamente<br />

no exterior? Não entendi qual é a vantagem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí, sim, vou<br />

pagar três vezes mais caro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque as<br />

peças principalmente <strong>da</strong>s nossas aeronaves – V. Exª<br />

po<strong>de</strong> verificar que são aeronaves antigas – não estão<br />

disponíveis no mercado. Você não chega na prateleira<br />

e diz: “Me dá essa peça e me dá aquela”.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não precisaria montar uma empresa<br />

para isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Precisa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Basta man<strong>da</strong>r um comprador para os Estados<br />

Unidos. Por que uma empresa precisa comprar para


5060 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

ven<strong>de</strong>r para o senhor? Um comprador vai lá e compra,<br />

como as outras empresas fazem.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu<br />

preciso <strong>de</strong> estoque <strong>da</strong>s peças lá também.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor po<strong>de</strong> estocar lá com a sua própria<br />

empresa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor não precisa ter uma empresa para<br />

estocar com transação financeira. O senhor compra<br />

e estoca lá.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Foi uma<br />

opção que eu fiz.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como as outras empresas aéreas funcionam?<br />

Não é assim.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – To<strong>da</strong>s funcionam<br />

assim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – To<strong>da</strong>s têm empresa no exterior que compra<br />

peças?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A maioria<br />

tem. Se não é do próprio grupo, a empresa é vincula<strong>da</strong>s<br />

a elas. Ficar na mão <strong>de</strong> um comprador que não<br />

tem estoque... Se eu for comprar hoje um ra<strong>da</strong>r para<br />

o meu avião e sair no mercado para comprar o ra<strong>da</strong>r,<br />

vou pagar US$200 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor a compra com antecedência e a<br />

mantém no estoque.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Compro<br />

com antecedência e vou mantendo <strong>de</strong>terminado tipo<br />

<strong>de</strong> peça.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor po<strong>de</strong> fazer isso, comprar, <strong>de</strong>ixar<br />

estocado lá e não precisa abrir uma empresa operacional<br />

para isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu não<br />

vou ter crédito. Uma empresa brasileira não terá crédito<br />

em to<strong>da</strong>s as empresas <strong>de</strong> Miami. É difícil isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como o senhor fazia antes <strong>de</strong> abrir essa<br />

empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu comprava<br />

peças aqui, no mercado nacional.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E pagava mais por isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Muito<br />

mais.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor reduziu bastante seus<br />

custos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Reduzi<br />

bastante.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que o preço do correio não reduziu.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O preço<br />

do correio é o preço justo. Como vai ser reduzido se<br />

é o preço justo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Parece-me estranho que o senhor não tenha<br />

operado, a vi<strong>da</strong> inteira, com os Correios tendo essa<br />

empresa no exterior. Aí o senhor fala que comprou<br />

para reduzir custos. Mas o custo não reduz quando o<br />

senhor fala <strong>de</strong> cobrar dos Correios.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Essa empresa<br />

está estabeleci<strong>da</strong> em Miami <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, se não<br />

me engano, antes até <strong>de</strong> a gente começar a operar<br />

para os Correios. Antes!<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – De fato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000, o senhor opera com<br />

essa empresa lá.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Não foi<br />

pelos Correios que eu implantei a empresa lá. A empresa<br />

foi uma estratégia para po<strong>de</strong>r suprir peças confiáveis<br />

para nossos aviões.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que causa espécie realmente é a coincidência.<br />

Ganha mais nos Correios, mais peças; ganha<br />

menos, menos peças. Isso realmente não consigo<br />

enten<strong>de</strong>r, a não ser <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> lógica que, infelizmente,<br />

estamos verificando.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas é uma<br />

lógica empresarial, Excelência. Você só gasta se você<br />

ganha para gastar; se não, você não gasta.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o avião fica sem peça?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O avião<br />

não voa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas precisa voar o tempo inteiro. O senhor não<br />

voou mais ou menos. O período em que o senhor superfaturou<br />

mais – perdoe-me a expressão –, no período<br />

em que o senhor ganhou mais dos Correios, o senhor<br />

paga mais peça. No que o senhor paga menos, paga<br />

menos peça, e as peças são as mesmas. Perdoe-me<br />

dizer que eu não posso acreditar que o senhor faz estoque<br />

só em 2002 e 2003 e que <strong>de</strong>pois vai caindo seu<br />

estoque. Essas peças são <strong>de</strong> reposição permanente.<br />

A coincidência revela que...<br />

A <strong>de</strong>núncia que foi feita para nós... Recebemos<br />

uma pessoa... Temos conhecimento <strong>de</strong> pessoa próxima<br />

aos senhores <strong>de</strong> que isso é feito com superfaturamento.<br />

E a <strong>de</strong>núncia, quando fomos investigar, parece<br />

que está casando.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5061<br />

<strong>Con</strong>tinuando, verificamos que a Skymaster pagou<br />

US$1,1 milhão para a empresa Omega Air no período<br />

<strong>de</strong> menos <strong>de</strong> um mês. Em um ano, a Skymaster<br />

pagou US$1,2 milhão à empresa Citzen. Da mesma<br />

forma, em cerca <strong>de</strong> nove meses, a empresa pagou<br />

US$2,3 milhões para empresa Dae<strong>da</strong>lus. Tais valores<br />

estão registrados como pagamentos <strong>de</strong> parcelas <strong>de</strong><br />

arren<strong>da</strong>mento.<br />

Ocorre, porém, que as aeronaves que essas empresas<br />

arren<strong>da</strong>vam passaram a ser arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelas<br />

empresas Force Field e Quintessential, cujos representantes,<br />

Sr. José Tomaz Simioli e Késia Maria do Nascimento<br />

Costa, mantêm vínculos com a Skymaster.<br />

Eram as mesmas aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eram as<br />

mesmas aeronaves.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor arren<strong>da</strong>va as aeronaves<br />

<strong>da</strong> Omega Air, <strong>da</strong> empresa Citzen e <strong>da</strong> Dae<strong>da</strong>lus. Pertenciam<br />

as aeronaves a essas empresas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, essas aeronaves passaram para a<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Quintessential e <strong>da</strong> Force Field. Elas<br />

compraram essas aeronaves?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Compraram.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E os senhores, então, passaram a arren<strong>da</strong>r<br />

<strong>de</strong>les?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Simplesmente,<br />

passamos o leasing <strong>de</strong> uma para a outra. É como<br />

se estivesse num prédio alugado, chegasse alguém e<br />

o comprasse. O contrato <strong>de</strong> locação continua.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E informa a assessoria que a Omega Air,<br />

essa empresa que os senhores alugaram, é a mesma<br />

que forneceu aquele preço <strong>de</strong> 707, 805. Veja como é<br />

curioso. Essa empresa nos <strong>de</strong>u o preço em que estamos<br />

baseando o nosso estudo e que prova o superfaturamento.<br />

É a mesma que o senhor alugava. Depois,<br />

essa empresa passou para essas outras, o que nos<br />

leva a crer que, talvez, os senhores sejam os donos<br />

<strong>de</strong>ssas empresas que compraram esses aparelhos<br />

no exterior.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Da Omega<br />

Air?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não <strong>da</strong> Omega Air. Da Force Field e <strong>da</strong><br />

Quintessential, ou seja, por que eu não posso supor<br />

que os senhores são os donos <strong>de</strong>ssas duas empresas,<br />

que compraram esses aparelhos e passaram a locar<br />

para os senhores mesmos por um valor superfatura-<br />

do como forma <strong>de</strong> remeter para o exterior? Em cinco<br />

meses, o senhor pagaria esse aparelho.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas se V.<br />

Exªs forem analisar, o mesmo valor <strong>de</strong> leasing que eu<br />

pagava para a Omega Air é o que eu pago hoje.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O que eu quero pon<strong>de</strong>rar é que tudo isso<br />

é muito estranho. Talvez o senhor já superfaturasse<br />

lá ou houvesse outra situação. Os senhores estavam<br />

comprando esses aparelhos nesse leasing. O que<br />

não me diz que, nesses leasings, os senhores já não<br />

estavam comprando os aparelhos e posteriormente,<br />

quando foram pagos esses aparelhos, eles foram passados<br />

para a sua empresa, a Quintessential, ou seja,<br />

o senhor embutia no custo que cobrava dos Correios<br />

a compra efetiva <strong>de</strong>sse avião? Não era um simples<br />

arren<strong>da</strong>mento.<br />

Quando foram pagos esses aviões, o senhor<br />

não confessa que eles passaram à sua proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

montaram, então, duas empresas num paraíso fiscal<br />

para operarem com elas, quando são suas, e usam<br />

isso para remessa no exterior? Só esse fato explicaria<br />

tanta confiança com outorga <strong>de</strong> procuração para sócios<br />

e pessoas próximas dos senhores? Temos uma<br />

forte suspeita <strong>de</strong> que essas empresas <strong>da</strong> Ilha Virgem<br />

pertencem aos senhores, que, com os arren<strong>da</strong>mentos<br />

anteriores <strong>da</strong> Omega, adquiriram esses aparelhos e,<br />

quando o fizeram, passaram para essas empresas.<br />

A suposição é feita pelos nossos consultores, que<br />

dizem o seguinte: “Supomos que as supostas operações<br />

– porque são várias suposições, é isso mesmo<br />

– <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento com as empresas Citzen, Dae<strong>da</strong>lus<br />

e Omega Air eram, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, operações <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>.”<br />

Então, a Skymaster comprou as aeronaves, simulou<br />

um arren<strong>da</strong>mento e quem ficou com os bens foram as<br />

empresas no exterior, que arren<strong>da</strong>m as aeronaves em<br />

valores superfaturados para a Skymaster.<br />

A nossa suspeita é que, quando os senhores<br />

diziam que arren<strong>da</strong>vam, estavam comprando os aparelhos.<br />

Quando terminaram <strong>de</strong> pagar, passaram para<br />

empresas que os senhores montaram e constituíram,<br />

como Procuradores, pessoas <strong>da</strong> sua proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os<br />

senhores, a partir <strong>de</strong>sse momento, simularam arren<strong>da</strong>mentos<br />

com essas empresas para remeter dinheiro<br />

para o exterior, pagar menos imposto no Brasil e superfaturar<br />

os valores e contratos com os Correios.<br />

Aqui estão as aeronaves. Somente esse fato explicaria<br />

serem as mesmas, com to<strong>da</strong> essa situação<br />

coloca<strong>da</strong>. Mantiveram-se os preços <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento,<br />

que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, eram valores <strong>de</strong> compra e não <strong>de</strong><br />

efetivo arren<strong>da</strong>mento. Está aqui a situação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as aeronaves. Situação: arren<strong>da</strong>mento (Inaudível.),<br />

aqueles arren<strong>da</strong>dores anteriores. Depois, passaram


5062 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

para a Quintessential. Temos todo o levantamento <strong>da</strong>s<br />

aeronaves rigorosamente com as operações <strong>de</strong> câmbio,<br />

pagando o que reforça a nossa suspeita.<br />

Analisando a certidão emiti<strong>da</strong> pelo Departamento<br />

<strong>de</strong> Aviação Civil – DAC, <strong>da</strong> aeronave DC863F, <strong>de</strong> prefixo<br />

PT-SKI, arren<strong>da</strong><strong>da</strong> pela Skymaster junto à Quintessential<br />

percebe que foi a empresa Skytra<strong>de</strong> quem<br />

a ven<strong>de</strong>u, em 17 <strong>de</strong> março àquela empresa Quintessential,<br />

ou seja, a Skytra<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>u uma aeronave para<br />

a Quintessential. Como o Sr. explica isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei<br />

explicar excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Qual é a empresa Skytra<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Que compra<br />

peças.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Que pertence ao filho do seu sócio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – A Skytra<strong>de</strong> adquiriu o avião. Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Desconheço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Sr. <strong>de</strong>sconhece a operação mas está<br />

registra<strong>da</strong> pelo DAC. Ou seja, a empresa do filho do<br />

seu sócio compra o avião que o Sr. arren<strong>da</strong>va e ven<strong>da</strong><br />

para Quintessential. Isso só se explica <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />

lógica: os Srs. tinham comprado esses aviões, esse<br />

avião passou para a Skytra<strong>de</strong> e aí compraram duas<br />

empresas, em paraíso fiscal, que passaram esses<br />

aviões para ela e forjam os arren<strong>da</strong>mentos. Aqui está,<br />

passo às suas mãos, a certidão do DAC que prova que<br />

esse avião foi comprado pela Skytra<strong>de</strong>, empresa que<br />

pertence ao filho do seu sócio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu <strong>de</strong>sconheço<br />

essa operação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Se sente espantado com ela?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Simplesmente<br />

<strong>de</strong>sconheço. Não tenho espanto porque ele<br />

compra peças e compra tudo e não sei a operação<br />

que foi feita em cima disso <strong>da</strong>í.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Comprou um avião e ven<strong>de</strong>u para a empresa<br />

que o Sr. arren<strong>da</strong>, o mesmo avião que o Sr.<br />

usava antes.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

conhecimento <strong>de</strong>ssa operação.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ou seja, a empresa do filho do sócio <strong>da</strong><br />

Skymaster, que vive <strong>da</strong> comercialização <strong>de</strong> peças e<br />

aeronaves <strong>da</strong> Skymaster, acumulou recursos sufi-<br />

cientes para adquirir um DC-8 e <strong>de</strong>pois ven<strong>de</strong>r para a<br />

empresa Quintessential, empresa que arren<strong>da</strong> suas<br />

aeronaves para a Skymaster, sendo os contratos assinados<br />

pela Srª Késia, representando a arren<strong>da</strong>dora.<br />

A Srª Késia, juntamente com o Sr. Marcos Pozzetti, foi<br />

sócia <strong>da</strong> empresa <strong>Con</strong>fete, que tem o mesmo en<strong>de</strong>reço<br />

que o seu.<br />

Somente essa operação justificaria o por que essa<br />

empresa, a Skytra<strong>de</strong> não ven<strong>de</strong>u para a Skymaster o<br />

aparelho, ou seja, é to<strong>da</strong> uma simulação <strong>de</strong> situações<br />

justamente para facilitar menos pagamento, superfaturamento<br />

e remessa in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> e ilícita <strong>de</strong> recursos para<br />

o exterior, configurando possivelmente uma situação<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> receitas.<br />

No período <strong>de</strong> 2000 a 2005, a Skymaster pagou<br />

à Skytra<strong>de</strong> o valor total <strong>de</strong> R$25.894.788,00. <strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando<br />

que o <strong>de</strong>poente diz que a Skytra<strong>de</strong> fica<br />

com 8% sobre o valor <strong>da</strong>s peças, significa dizer que<br />

a Skymaster teria pago, a título <strong>de</strong> comissão, o total<br />

<strong>de</strong> 8% <strong>de</strong> R$25.894.788,00, que gerou a receita <strong>de</strong><br />

R$2.070.533,00 para a Skytra<strong>de</strong>. Esse valor correspon<strong>de</strong>ria<br />

a US$800mil. Se ela arrecadou US$800mil<br />

<strong>de</strong> 2000 a 2005, como ela po<strong>de</strong>ria adquirir uma avião<br />

DC-8? Não há como. O seja, se essa empresa só fornece<br />

para a Skymaster, com aquilo que temos foram<br />

pagas peças, ela não teria dinheiro para comprar este<br />

aparelho.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – A Skytra<strong>de</strong><br />

não fornece só para Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ela fornece para quem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Para a Tam,<br />

Beta, Varig...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Mas lembro que o Sr. disse que o fun<strong>da</strong>mental,<br />

o grosso, quase tudo, era para a Skymaster,<br />

ou seja, era impossível ela ter dinheiro para comprar<br />

este avião, o que reforça a convicção <strong>de</strong> que este aparelho<br />

foi comprado pelos Sr. anteriormente, e a operação<br />

<strong>de</strong> passagem por empresas <strong>da</strong>s ilhas virgens<br />

é uma operação <strong>de</strong> empresas que os Srs. montaram<br />

no exterior.<br />

Vamos parar por 10 minutos para o Sr. respirar<br />

e <strong>de</strong>pois voltaremos ao último bloco.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Reaberta a sessão.<br />

Num seguimento <strong>da</strong> nossa argüição, nós estávamos<br />

exatamente vendo essa questão <strong>de</strong> como eram<br />

feitos os pagamentos pela Skymaster, ou seja, o Sr.<br />

<strong>de</strong>clarou que vários dos seus compromissos, praticamente<br />

com duplicatas, eram pagos com cheques,<br />

emitidos em favor <strong>da</strong> própria Skymaster, que sacava


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5063<br />

respectivamente esse cheque e fazia, então, o pagamento<br />

<strong>da</strong>s duplicatas em banco. Era isso, não era?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Perfeito.<br />

Embora a Skymaster realmente utilizasse essa<br />

operação, tendo emitido vários cheques nominais,<br />

sempre que havia esse <strong>de</strong>sconto em banco o caixa<br />

escrevia no verso o beneficiário <strong>de</strong>ssas emissões. De<br />

acordo? Razão pela qual pu<strong>de</strong>mos, ao verificar o verso<br />

<strong>de</strong>sses cheques, quem eram os respectivos beneficiários<br />

<strong>de</strong>sses pagamentos. Está claro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– O senhor conhece o senhor Francisco Marques Carioca?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Não conhece?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não conheço.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– De fato, a Skymaster, em correspondência envia<strong>da</strong> a<br />

esta Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, disse que não<br />

o conhece e que não é funcionário <strong>da</strong> sua empresa.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exato.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– O senhor conhece a Agências Cortês Turismo e<br />

Câmbio, em Manaus?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – <strong>Con</strong>heço.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Que empresa é essa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É uma empresa<br />

que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> passagens aéreas e que faz troca<br />

<strong>de</strong> moe<strong>da</strong> estrangeira para as pessoas que circulam<br />

por Manaus.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Mexe com dólar.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

bem certeza <strong>de</strong> que mexem com dólar, exatamente.<br />

Mas...<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Mas faz câmbio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Faz câmbio.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Perfeito. Esse senhor Francisco Marques Carioca é<br />

funcionário <strong>da</strong> empresa Turismo e Câmbio. Há diversos<br />

cheques emitidos pelos Skymaster e sacados por<br />

ele nos anos <strong>de</strong> 2000 e 2001, em Manaus. O senhor<br />

saberia explicar por que isso acontece?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não tenho<br />

idéia <strong>de</strong> por que ele está aparecendo como beneficiário.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– O senhor não se lembra <strong>de</strong>sses pagamentos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– São muitos cheques entre 2000 e 2001 sacados<br />

por ele.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não o conheço.<br />

Nunca tive qualquer relacionamento. Não sei<br />

quem é essa pessoa.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Para o senhor ter uma idéia os valores são <strong>de</strong> R$223<br />

mil em um e R$813 mil, ou seja, esse senhor sacou<br />

R$1.036,828. O senhor não sabe do que se trata?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– É uma quantia eleva<strong>da</strong>. Aqui estão os cheques. Todos<br />

os cheques que totalizam R$1.036 mil. É estranho o<br />

senhor não se lembrar. É uma quantia eleva<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas são<br />

valores pequenos. Realmente não sei.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– O senhor consi<strong>de</strong>ra R$64 mil um valor pequeno.<br />

Para mim é gran<strong>de</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Para o nosso<br />

movimento é um valor que não é gran<strong>de</strong>.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– A maior parte <strong>de</strong>sses cheques foi endossa<strong>da</strong> pelo<br />

senhor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Provavelmente<br />

alguma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que exigia o endosso. Alguém<br />

passou para ele fazer o saque no caixa. Eu, realmente,<br />

não o conheço.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Que negócios a Skymaster mantinha com a agência<br />

<strong>de</strong> turismo e câmbio nos anos 2000 e 2001?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhum<br />

tipo <strong>de</strong> negócio.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Nenhum tipo <strong>de</strong> negócio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Será que eram cheques que se <strong>de</strong>stinava à compra<br />

<strong>de</strong> moe<strong>da</strong> estrangeira?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com certeza<br />

não.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Não? A que título o senhor paga R$1 milhão a uma<br />

pessoa? Os valores dos cheques são <strong>de</strong> R$34 mil,<br />

R$57 mil, R$41 mil, R$16 mil. Há cheques <strong>de</strong> R$46 mil,<br />

<strong>de</strong> R$56 mil, <strong>de</strong> R$64 mil. Creio que é difícil o senhor


5064 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

endossar um cheque <strong>de</strong> R$64 mil e não se lembrar,<br />

exatamente, por que o endossou.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o que<br />

digo. Realmente não sei ao que se <strong>de</strong>stinam esses<br />

cheques. Teria que levantar na minha contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

um por um, para saber exatamente a que se <strong>de</strong>stinavam,<br />

por que foram sacados por ele.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– O senhor conhece o senhor E<strong>de</strong>r Jober Ribeiro<br />

Cabo Ver<strong>de</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É<strong>de</strong>r é meu<br />

funcionário.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– Seu funcionário?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT – SP)<br />

– De fato, é funcionário <strong>da</strong> Skymaster. Fez vários saques<br />

na boca do caixa <strong>de</strong> cheques emitidos pela Skymaster,<br />

nominais a ela mesma. Em 2002, o senhor É<strong>de</strong>r sacou<br />

R$186 mil. Em 2003, R$1. 707 milhão. Em 2004, R$887<br />

mil. Em 2005, R$300 mil. Ou seja, em quatro anos o<br />

Sr. É<strong>de</strong>r sacou R$3 milhões. Por que um funcionário<br />

seu sacava tanto dinheiro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

é o que expliquei aqui. O cheque era feito para pagar<br />

diversas duplicatas. Ele é a pessoa do financeiro que<br />

efetua os pagamentos dos compromissos <strong>da</strong> Skymaster.<br />

Com certeza, chegou no banco, sacou, mas fez o<br />

pagamento <strong>da</strong>s duplicatas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – É que o senhor tinha dito que eram valores pequeninos.<br />

Lembra-se <strong>de</strong> que eu perguntei? E o senhor<br />

respon<strong>de</strong>u: “Ah, eram valores pequenos”.<br />

Sinceramente, R$3 milhões, num total <strong>de</strong> quatro<br />

anos, o senhor vai fazer aí uma média <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />

reais mensais, não é mesmo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu<br />

acho que houve... Pelo menos eu posso ter não dito <strong>da</strong><br />

maneira correta. Eu disse que eram valores pequenos<br />

para o caixa. Eu ia com um cheque <strong>de</strong> R$10 mil – um<br />

exemplo que eu <strong>de</strong>i -, pagava R$7 mil <strong>de</strong> duplicatas e<br />

voltava com R$3 mil para o caixa; mas não sei exatamente<br />

quais foram esse valores que ele utilizou para<br />

fazer esses pagamentos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – O senhor sabe quanto houve <strong>de</strong> saques na<br />

boca do caixa nesses anos <strong>de</strong> 2000/2005?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Trinta e um milhões <strong>de</strong> reais! Trinta e um<br />

milhões <strong>de</strong> reais sacados na boca do caixa, ou seja,<br />

não eram <strong>de</strong>spesas tão pequenas assim.<br />

<strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que o senhor pagava para a Swiss<br />

Ports e Sata em cheque, para a Infraero em cheque<br />

e outras em cheque, é muito estranho que o senhor<br />

faça pagamentos <strong>de</strong>ssa monta todos <strong>de</strong>ssa maneira<br />

pouco ortodoxa, como habitualmente as empresas<br />

não fazem. Esse procedimento nos leva a crer que a<br />

única razão é que o senhor não queria i<strong>de</strong>ntificar o<br />

<strong>de</strong>stinatário, o que nos traz suspeitas relativamente<br />

a esse <strong>de</strong>stino. <strong>Con</strong>si<strong>de</strong>rando que um dos sacadores<br />

na boca do caixa era uma empresa que mexe com<br />

câmbio, consi<strong>de</strong>rando que o outro era um funcionário<br />

seu, isso po<strong>de</strong> nos <strong>da</strong>r indícios <strong>de</strong> que o senhor fazia<br />

algum tipo <strong>de</strong> pagamento que não gostaria <strong>de</strong> revelar,<br />

e po<strong>de</strong> ser inclusive para autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s administrativas,<br />

em contraprestação a eventuais superfaturamentos<br />

havidos em seus contratos. É essa a suspeita com a<br />

qual nós trabalhamos.<br />

O senhor teria como <strong>de</strong>monstrar que esse pagamento<br />

foi para fornecedores?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho, e,<br />

quanto à relação <strong>de</strong> todos os pagamentos que me foi<br />

solicita<strong>da</strong>, eu apresentei o Livro Diário na minha contabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

registra<strong>da</strong> e a natureza do pagamento efetuado.<br />

Está tudo evi<strong>de</strong>nciado no relatório.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Estes aqui não estão evi<strong>de</strong>nciados, ou seja,<br />

quanto a esses saques em caixa e a relação, o nexo<br />

com o fornecedor a quem o senhor paga, não temos<br />

nenhuma <strong>de</strong>monstração.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Então, eu<br />

precisava <strong>de</strong>ssa relação para po<strong>de</strong>r justificar, porque<br />

to<strong>da</strong> a relação que me foi passa<strong>da</strong> foi justifica<strong>da</strong> com<br />

o Livro Diário <strong>da</strong> empresa, tudo contabilizado.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Veja só aqui: o Sr. É<strong>de</strong>r Joubert Ribeiro Cabo<br />

Ver<strong>de</strong>: no dia 24/09/2002, saca ele, com endosso seu<br />

ou <strong>de</strong> alguém, R$17 mil; no dia 27, R$14 mil; no dia 1º,<br />

R$15 mil; no dia 14/10, R$10mil; no dia 15/10, R$30mil;<br />

no dia 16/10, R$10 mil; no dia 28/11, R$55 mil; R$20<br />

mil; e assim vai, por aí afora. Num dia, R$62 mil; no<br />

outro dia, 08/08/2003, R$111 mil. Aliás, os saques crescem<br />

bastante em 2003, período em que efetivamente o<br />

senhor teve os contratos mais elevados dos Correios:<br />

R$11mil, R$25 mil, veja só. No dia 27/10, R$101 mil.<br />

É muito dinheiro. No dia 20/10/2004, R$107 mil. O senhor<br />

po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r uma olha<strong>da</strong>. (Pausa.)<br />

O senhor tem como <strong>de</strong>monstrar os fornecedores<br />

pagos em ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>sses saques?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho. Eu<br />

preciso acessar a <strong>Con</strong>tabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, meus livros, registros...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Em quanto tempo o senhor conseguiria


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5065<br />

<strong>de</strong>monstrar isso a esta Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São quantos<br />

pagamentos? (Pausa.)<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Aliás, o que eu vou precisar não é só do<br />

Ja<strong>de</strong>r: é <strong>de</strong> todos. Trinta e um milhões <strong>de</strong> reais sacados<br />

em cinco anos!<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí eu vou<br />

precisar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT - SP) – Aliás, se o senhor me permite a analogia,<br />

não posso fazer nenhuma associação, até porque não<br />

existe efetivamente nenhuma intenção nossa em prejulgar<br />

na<strong>da</strong>, mas é um sistema muito parecido com<br />

aquele sobre o qual argüimos o Sr. Marcos Valério<br />

aqui, ou seja, saques na boca do caixa. A primeira<br />

resposta que o Sr. Marcos Valério nos <strong>de</strong>u foi exatamente<br />

esta: era para pagar duplicatas a fornecedores.<br />

À época, na CPI, estranhamos isso. Ele disse que era<br />

isso que <strong>de</strong>monstraria. Posteriormente, fica claro que<br />

eram sacadores <strong>de</strong> dinheiro cuja <strong>de</strong>stinação era outra,<br />

e que isso era uma forma <strong>de</strong> não i<strong>de</strong>ntificar os efetivos<br />

beneficiários.<br />

Quanto tempo o senhor precisa para justificar<br />

todos os pagamentos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Se for só<br />

essa relação aqui...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

- SP) – Não é só esta. É esta prioritariamente, mas eu<br />

preciso dos R$31 milhões.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Acredito<br />

que, em uns 20 dias, eu consiga disponibilizar tudo<br />

isso, com livro-diário, tudo, <strong>da</strong> forma como foram<br />

evi<strong>de</strong>nciados os outros...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito. Então, solicitamos que V. Sª<br />

encaminhe a esta Comissão...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Está, vamos...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – ...porque, embora seja apresenta<strong>da</strong> posteriormente,<br />

esta investigação continuará efetivamente.<br />

Como há suspeitas <strong>de</strong> superfaturamento, nós queremos<br />

saber o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>sse dinheiro.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – OK. E eles<br />

vão me disponibilizar essa relação to<strong>da</strong>? Ou só isso<br />

aqui?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não, não. Passaremos tudo. E vamos encaminhar<br />

todo o pedido que nós avaliarmos que é necessário<br />

ao senhor...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vejo aqui alguns pagamentos. Nas relações<br />

<strong>de</strong> pagamentos envia<strong>da</strong>s ao senhor para explicar a<br />

razão dos pagamentos, verificamos algumas discrepâncias.<br />

Alguns exemplos, apenas:<br />

• Bra<strong>de</strong>sco, Documento 13425, <strong>da</strong>ta 05 <strong>de</strong> junho,<br />

Valor R$41 mil, Beneficiário: Recreio BH Veículos<br />

Lt<strong>da</strong>. Favorecido: Skycargas, Serviço <strong>de</strong> Logística e <strong>de</strong><br />

Transportes;<br />

• Bra<strong>de</strong>sco, R$62 mil, Neuza Maria Martins dos<br />

Santos, Skycargas, Serviço <strong>de</strong> Logística e <strong>de</strong> Transportes,<br />

a razão do pagamento;<br />

• Euzer <strong>de</strong> Ávila Nascimento, Skycargas, Serviço<br />

<strong>de</strong> Logística e <strong>de</strong> Transportes;<br />

• Prefeitura do Município <strong>de</strong> Santana do Parnaíba,<br />

R$78 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – São os pagamentos<br />

dos impostos, <strong>de</strong> ISS.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esse é pagamento...<br />

• <strong>Con</strong>domínio Mucuripe Plaza, o que é isso?<br />

R$12mil. O senhor sabe dizer?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – R$12 mil?<br />

Isso aí <strong>de</strong>ve ser...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Depois um outro <strong>Con</strong>domínio Mucuripe<br />

Plaza...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso aí <strong>de</strong>ve<br />

ser algum pagamento feito para a Skycargas, que ela<br />

efetuou os pagamentos <strong>de</strong>la por lá, enten<strong>de</strong>u? Diretamente,<br />

com o mesmo cheque. Em vez <strong>de</strong> ela <strong>de</strong>positar<br />

na conta <strong>de</strong>la e emitir um outro cheque, ela já fez o<br />

pagamento direto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então foram pagamentos mesmo que o<br />

senhor fez, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, Recreio BH Veículos?...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Deve ter<br />

sido a compra <strong>de</strong> algum veículo <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Da Skycargas?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Da Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Neuza Maria Martins dos Santos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei<br />

quem é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – R$62mil...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei.


5066 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Euzer <strong>de</strong> Ávila Nascimento.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Um dos<br />

sócios <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois é. Serviço <strong>de</strong> Logística, vinte mil.<br />

Como assim?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É que, provavelmente,<br />

esse cheque foi <strong>de</strong>positado na conta <strong>de</strong>le...<br />

foi a distribuição <strong>de</strong> algum lucro, alguma coisa lá <strong>da</strong><br />

Skycargas e, em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>positar na conta <strong>da</strong> Skycargas<br />

e <strong>de</strong>pois transferir para a <strong>de</strong>le, foi <strong>de</strong>positado...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E quem é essa Dona Neuza Maria Martins dos<br />

Santos? O senhor a conhece?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não sei<br />

quem é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Engraçado, porque ela foi sócia <strong>da</strong> Skycargas<br />

até o ano 2000.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Neuza?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É. Neuza Maria Martins dos Santos, sócia <strong>da</strong><br />

Skycargas até 2000. O senhor não lembra <strong>de</strong>la?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Nunca<br />

foi não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tem... (Inaudível.) Vou pedir para o pessoal<br />

que trabalhou lá embaixo que pu<strong>de</strong>sse provi<strong>de</strong>nciar...<br />

Vamos verificar se há algum equívoco, mas não...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu posso<br />

estar enganado, mas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Euzer?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Euzer é<br />

sócio <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Perfeito. E <strong>da</strong> Skymaster também?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E <strong>da</strong> Skymaster<br />

também.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Santana do Parnaíba?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É a Prefeitura.<br />

Isso aí é pagamento <strong>de</strong> ISS.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É ISS?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E esse <strong>Con</strong>domínio Mucuripe Plaza, hem? O<br />

senhor sabe o que é isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso aí, com<br />

certeza, <strong>de</strong>ve ser algum pagamento <strong>da</strong> Skycargas,...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor conhece o <strong>Con</strong>domínio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...cujo cheque...<br />

O <strong>Con</strong>domínio Mucuripe, eu conheço. É um prédio<br />

<strong>de</strong> condomínio em Fortaleza.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Algum dos senhores tem apartamento lá?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tem.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quem tem?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Um dos<br />

sócios, Luiz Otávio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Só o Luiz Otávio?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Só o Luiz<br />

Otávio... Eu tinha uma participação com ele em um<br />

outro apartamento que...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não, o senhor está mentindo, o apartamento<br />

é do senhor...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...eu tinha<br />

também...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Hã... É... Certo.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu já<br />

vendi a minha participação lá.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Quer dizer que o Sr. Pozzetti, que é o senhor,<br />

e o Sr. Luiz Otávio tinham apartamentos lá. Quantos<br />

apartamentos os senhores tinham?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tínhamos<br />

dois apartamentos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – São esses...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Um no <strong>Con</strong>domínio<br />

Catamarã...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Hã, hã...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...e outro...<br />

acho que é isso aí mesmo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – São esses dois, não é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. <strong>Con</strong>domínio<br />

Dom Diogo De Lepe.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso. Por que existem esses pagamentos<br />

aos condomínios em que os senhores eram proprietários<br />

<strong>de</strong> imóveis?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com certeza,<br />

isso <strong>da</strong>í... Agora não estou lembrado exatamente<br />

<strong>de</strong>ssa movimentação, mas <strong>de</strong>vem ser pagamentos<br />

referentes à compra do apartamento e que...


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5067<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pela empresa?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pela Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ué, mas o senhor...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas é a<br />

distribuição do lucro <strong>da</strong> empresa Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ah, então saía direto o pagamento do senhor?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não chegava para o senhor, mas integrava<br />

a sua ren<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Integra a<br />

minha ren<strong>da</strong>, sim. Com certeza, está <strong>de</strong>clarado no imposto<br />

<strong>de</strong> ren<strong>da</strong> tudo isso...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas esse cheque, se ia direto <strong>da</strong> sua empresa<br />

para o condomínio, isso não entrava como ren<strong>da</strong> sua<br />

na sua <strong>de</strong>claração?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Entra.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Como?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Como distribuição<br />

<strong>de</strong> lucros <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E isso está <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>clarado na distribuição<br />

<strong>de</strong> lucros?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Completamente.<br />

Po<strong>de</strong>m até ter acesso ao meu Imposto <strong>de</strong><br />

Ren<strong>da</strong>, que <strong>de</strong>ve estar disponível aí.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

Nós verificamos aqui um caso curioso. Há dois<br />

pagamentos <strong>da</strong> Skymaster para a Srª Mônica Silveira<br />

Edwards, que são classificados como <strong>de</strong>volução<br />

<strong>de</strong> empréstimo. Houve um empréstimo <strong>da</strong> empresa?<br />

Quem é essa senhora?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Essa senhora<br />

é liga<strong>da</strong> ao Sr. Euzer. Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi o Euzer<br />

quem emprestou o dinheiro para a Skymaster, para<br />

pagar alguns compromissos, porque não havia caixa<br />

suficiente, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>volvemos o dinheiro a ele.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Euzer emprestou... Agora eu flutuei. O<br />

Euzer emprestou dinheiro para a Skymaster? Quanto<br />

ele emprestou?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Houve uma<br />

época em que foram R$388 mil, outra em que foram<br />

R$440 mil, <strong>de</strong>pois R$150 mil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E quem é essa Mônica? Por que ela recebe a<br />

<strong>de</strong>volução do empréstimo do Sr. Euzer?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É uma pessoa<br />

liga<strong>da</strong> a ele.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Em que termos?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eles vivem<br />

juntos.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ah, eles vivem juntos. É a companheira <strong>de</strong>le.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Houve contrato <strong>de</strong>sse empréstimo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Houve. Está<br />

registrado na contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registrado na contabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>s <strong>de</strong>clarações respectivas como débito?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tudo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Tudo em or<strong>de</strong>m?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tudo em<br />

or<strong>de</strong>m.<br />

Inclusive, o lançamento contábil está disponibilizado<br />

nesses lançamentos que apresentamos aí. Há<br />

a documentação to<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Agora, há outra coisa curiosa. Além <strong>de</strong>sses<br />

empréstimos, há outro pagamento feito também<br />

para a Srª Mônica Silveira Edwards, conforme temos<br />

aqui as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s informações. Esse pagamento foi informado<br />

pela Skymaster como <strong>de</strong>stinado à Skycargas.<br />

Veja que curioso! Os senhores informaram que o pagamento<br />

era para a Skycargas, e quem pega é a D.<br />

Mônica. Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque isso<br />

aí, com certeza, a Skycargas...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Seiscentos mil reais.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ...Com certeza<br />

a Skycargas distribuiu o lucro para o Euzer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E por que os senhores informaram que<br />

era para a Skycargas quando não era, foi direto <strong>da</strong><br />

Skymaster para a D. Mônica?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque o<br />

correto seria – correto, não, uma opção – <strong>de</strong>positar<br />

na conta <strong>da</strong> Skycargas, <strong>de</strong>pois ela fazer um cheque e<br />

<strong>de</strong>positar na conta <strong>da</strong> D. Mônica e do Sr. Euzer, que<br />

são a mesma coisa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Isso seria rigorosamente o que <strong>de</strong>veria ser


5068 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

feito, se fosse uma distribuição <strong>de</strong> lucros. Aliás, como<br />

a D. Mônica não é sócia, parece estranho ser uma distribuição<br />

<strong>de</strong> lucros para quem não é sócio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas está<br />

<strong>de</strong>clarado no Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> como distribuição <strong>de</strong><br />

lucro para o Sr. Euzer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas o pagamento foi feito para a D. Mônica.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Foi <strong>de</strong>positado<br />

na conta <strong>de</strong>la. Mas ela vive com ele, então...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – V. Sª não vê nenhuma irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> contábil<br />

nisso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhuma.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Está rigorosamente certo não <strong>da</strong>r entra<strong>da</strong> na<br />

empresa, pagar uma distribuição <strong>de</strong> sócios diretamente<br />

para a esposa ou companheira <strong>de</strong> um dos sócios?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhuma<br />

irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong> nem contábil nem fiscal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Perfeito.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tudo <strong>de</strong>clarado<br />

no diário, no Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Há vários pagamentos que foram informados<br />

por registros, além <strong>de</strong>sses, com clara discrepância<br />

entre o informado pela Skymaster e o que os <strong>da</strong>dos<br />

do sigilo <strong>da</strong> Skymaster, que quebramos, apontam. Ou<br />

seja, aquilo que os senhores informam não correspon<strong>de</strong><br />

aos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> quebra <strong>de</strong> sigilo. A lista que farei para<br />

V. Sª não é exaustiva, é meramente exemplificativa. A<br />

seleção não foi feita por valores; são meros exemplos.<br />

Vamos ver essa situação.<br />

Aliás, o valor <strong>de</strong>clarado por V. Sª como sendo<br />

oriundo <strong>da</strong> distribuição dos lucros <strong>da</strong> Skymaster não é<br />

congruente com os valores distribuídos pela empresa.<br />

V. Sª <strong>de</strong>clara uma coisa, e a empresa distribui outra<br />

para V. Sª. Vamos lá.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na Skymaster<br />

ou na Skycargas?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Deixe-me verificar aqui. Veremos já.<br />

Favorecido, segundo a Skymaster: empresa Force<br />

Field. É aquela empresa que suspeito ser dos senhores,<br />

nas Ilhas Virgens. Esta consta como favorecido.<br />

Sabe quem é o beneficiário, segundo o sigilo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O Sr. Américo Proietti, sócio; E<strong>de</strong>r Jober Ribeiro<br />

Cabover<strong>de</strong>, funcionário <strong>da</strong> Skymaster; Hugo César<br />

Gonçalves, sócio; Jaime Louza<strong>da</strong> Bacelar, sócio <strong>da</strong><br />

Skycargas; João Marcos Pozzetti, sócio; Luiz Wagner<br />

Main, sócio <strong>da</strong> Skyavionics; Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Barros<br />

Proietti, sócio. Quota Empreendimentos Imobiliários.<br />

Os valores são respectivamente.<br />

Então, os senhores informam que isso seria pago<br />

à Force Field a título <strong>de</strong> pagamentos para a Force Field<br />

só que quem saca é o Sr. Américo Proietti, R$663 mil;<br />

o Sr. É<strong>de</strong>r Juber, um milhão; Hugo César Gonçalves,<br />

oitocentos mil; Jaimes Louza<strong>da</strong> Bacelar, duzentos e<br />

três mil; João Marcos Pozzetti, o senhor, um milhão<br />

quinhentos e trinta e sete mil; Luiz Wagner, sócio <strong>da</strong><br />

Scavone, cento e noventa mil; Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Barros<br />

Proietti, cento e cinqüenta mil; Quota Empreendimentos<br />

Imobiliários, trezentos e noventa mil.<br />

Como é que o senhor explica que o senhor informa<br />

que foram pagamentos à Force Field, e o sigilo<br />

revela que não foi a Force Field a beneficia<strong>da</strong>, mas os<br />

senhores ou essas pessoas que relacionei em valores<br />

expressivos, inclusive o senhor com um milhão, quinhentos<br />

e trinta e sete mil reais?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Alguns pagamentos<br />

eu mesmo estive com o representante <strong>da</strong><br />

Force Field no banco e saquei junto com ele e entreguei<br />

o dinheiro para ele e os outros <strong>de</strong>vem ter abatido<br />

a mesma coisa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ah, então a sócia do Sr. Proieti foi lá sacar<br />

para pagar a Force Field, é isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Sr. Américo Proietti, aquele que teve o<br />

AVC e que não podia <strong>de</strong>por, foi lá pegar o dinheiro e<br />

pagar a Force Field.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Pagar como? O senhor falou que o pagamento<br />

era feito todo regularmente em câmbio.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu<br />

disse que tinha pagamentos em câmbios e que tinha<br />

pagamento em Reais aqui no Brasil.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Para o advogado lá <strong>de</strong> Manaus?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O advogado<br />

<strong>da</strong> Force Field.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tirou esse dinheiro e <strong>de</strong>u em dinheiro,<br />

foi?<br />

Como é que foi feito?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Normalmente,<br />

sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Então, o senhor tirava um R$1.537 milhão


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5069<br />

em dinheiro e <strong>de</strong>u para o advogado botar embaixo<br />

do braço?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu<br />

nunca saquei R$1.537 milhão para isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas ao longo do tempo foi isso.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí sim, é<br />

possível.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E por que todos... O que é essa Quota Empreendimentos<br />

Imobiliários, trezentos e noventa mil?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Quota Empreendimentos<br />

Imobiliários?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sim, o que é isso? R$397 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ela também apareceu para pagar a Force<br />

Field?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro. Po<strong>de</strong> ser que o representante <strong>da</strong> Force Field<br />

tenha feito o <strong>de</strong>pósito direto nessa empresa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não foram o apartamento que vocês compraram?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não? Quer dizer, o representante <strong>da</strong> Force<br />

Field apareceu e <strong>de</strong>positou na conta <strong>da</strong> Quota? Como<br />

é que é isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É, po<strong>de</strong><br />

ter sido isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor acha verossímil essa hipótese<br />

<strong>de</strong> todos os seus sócios fazerem rodízio para irem ao<br />

banco pegar dinheiro e pagar alguém?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Com a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que ca<strong>da</strong> um tinha. Se estava por ali, iria<br />

junto com o representante.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Vamos prosseguir agora.<br />

Pagamentos feitos à Skycargas. O senhor <strong>de</strong>clara<br />

que é a Skycargas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O Sr. Américo Proietti, quatro milhões e<br />

noventa e cinco mil que o senhor <strong>de</strong>clara que foi para<br />

a Skycargas e que ele sacou. Catamarã <strong>Con</strong>domínio,<br />

duzentos e trinta e quatro mil e vinte e sete.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o meu<br />

apartamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas está <strong>de</strong>stinado à Skycargas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

era a distribuição <strong>de</strong> lucro <strong>da</strong> Skycargas. Ao invés <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>positar na conta <strong>de</strong>la...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – <strong>Con</strong>domínio Mucuripe Plaza, cento e oitenta<br />

e quatro mil Reais.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esse é o<br />

apartamento meu e do Luiz Otávio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E<strong>de</strong>r Joubert Ribeiro Arcover<strong>de</strong>, trezentos<br />

e sessenta e dois mil Reais.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Meu funcionário.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Elizabeth Maria Dantas Barros Nascimento,<br />

quem é?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esposa<br />

do Euzer.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Filha do Euzer?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esposa.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Esposa? R$210 mil. Euzer, quinhentos e<br />

trinta e sete mil. Hugo César Gonçalves, três milhões,<br />

trezentos e vinte e dois mil. Jaime Louza<strong>da</strong> Bacelar,<br />

um milhão, cento e trinta mil setecentos e dois. Quem<br />

é o Jaime Louza<strong>da</strong>?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É o sócio<br />

<strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sr. João Marcos Pozzetti, dois milhões,<br />

quatrocentos e sete mil. Também era...?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Distribuição<br />

<strong>de</strong> lucros.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E agora tem uma estranha distribuição <strong>de</strong><br />

lucros aqui. José Carlos Rocha Lima. Quem é José<br />

Carlos Rocha Lima?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – José Carlos<br />

Rocha Lima?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Ex-presi<strong>de</strong>nte dos Correios, R$50 mil. Foi<br />

distribuição <strong>de</strong> lucros também?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Prestou<br />

serviços para a Skycargas <strong>de</strong> logística. Ele fez um<br />

planejamento para a Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele fez um planejamento para a Skycargas...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – De logística,<br />

mas agora recente.


5070 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por que então foi feito <strong>de</strong>ssa maneira? O<br />

senhor coloca um beneficiário <strong>da</strong> Skycargas e ele levanta<br />

o dinheiro?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque ao<br />

invés <strong>de</strong> passar pela conta <strong>da</strong> Skycargas e, <strong>de</strong>pois,<br />

ela <strong>de</strong>positar na conta <strong>de</strong>le foi feito o <strong>de</strong>pósito para a<br />

conta <strong>de</strong>le.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor tem o contrato <strong>de</strong>ssa prestação<br />

<strong>de</strong> serviços?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tenho.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ele prestou que tipo <strong>de</strong> serviços?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ele era uma<br />

pessoa muito liga<strong>da</strong> na logística e implantou diversos<br />

sistemas <strong>de</strong> logística na Vasp, na Varig...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Quando ele foi Presi<strong>de</strong>nte dos Correios, o<br />

senhor lembra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não faço<br />

a mínima idéia. Faz muito tempo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Uma coisa que o senhor me alertou. E eu achei<br />

que o senhor, do ponto <strong>de</strong> vista tributário, mostrava<br />

uma habili<strong>da</strong><strong>de</strong>. É que o senhor disse o seguinte: “Eu<br />

não queria pagar duas vezes CPMF”. Lembra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Só que, curiosamente, aqui o senhor pagava<br />

duas vezes, porque eram <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>s nas contas<br />

<strong>da</strong>s pessoas.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim. Ao<br />

invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>positar na conta <strong>da</strong> Skycargas; e ela <strong>de</strong>positando<br />

na conta <strong>da</strong>s pessoas, ia o <strong>de</strong>pósito direto<br />

para a conta <strong>da</strong>s pessoas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Ia direto para a conta <strong>da</strong>s pessoas...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Inclusive para o ex-presi<strong>de</strong>nte dos Correios...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não... Inclusive<br />

para um assessor que prestou serviços <strong>de</strong> logísticos<br />

para nós... Não tem na<strong>da</strong> a ver com ele.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Mas ele era ex-presi<strong>de</strong>nte dos Correios, o que<br />

nos leva a crer, e nós suspeitamos, que era pagamento<br />

<strong>de</strong> propinas, tendo em vista...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas em<br />

que ano ele foi Presi<strong>de</strong>nte dos Correios?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nós po<strong>de</strong>mos apurar...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Muitos<br />

anos...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Muito antes...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dez anos<br />

atrás...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E ele não tinha influência nenhuma lá?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Nenhuma...<br />

Nenhuma... Isso aí, esse pagamento foi recente...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Foi recente? Então o senhor lembra bem...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, recente...<br />

Eu acho que foi em 2003, 2002... Uma coisa<br />

assim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – José Tomaz Simioli, sócio...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sócio.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Luís Henrique Silva Gonçalves...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Filho do<br />

Hugo.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Do Hugo.<br />

Luís Otávio, R$3.893 milhões...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Distribuição<br />

<strong>de</strong> lucro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Barros Proietti...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Esposa do<br />

Sr. Américo Proietti.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Por que ora se distribui para a esposa, ora se<br />

distribuiu para o sócio, ora para o filho... Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí é conveniência<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Às vezes, as pessoas preferem<br />

que se <strong>de</strong>posite na conta conjunta, on<strong>de</strong> a titulari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

é <strong>da</strong> esposa, o titular principal é a esposa. Aí, fica a<br />

critério <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Sabe que nós temos um grave problema... Por<br />

que a <strong>de</strong>claração do Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> do sócio <strong>da</strong><br />

Skymaster, por receber dinheiro em mão, não acusa<br />

esses recebimentos. Eu tenho aqui as <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong><br />

Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>... Olha só... Inclusive a sua... Luiz<br />

Otávio Gonçalves... Recebeu bastante. Olha: 2002,<br />

R$402 mil; 2003, R$425 mil; 2004, R$800 mil. Só Américo<br />

Proietti... Oh, pouquinho, praticamente, ele recebeu:<br />

R$25 mil; R$30 mil; R$450,00... Agora, o senhor,<br />

menos que todos: duas <strong>de</strong> R$60 mil.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O quê?<br />

Na Skymaster?


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5071<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Não. Geral... Valores constantes do Imposto<br />

<strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> pelo pessoal <strong>da</strong> Skymaster, com dinheiro<br />

em mãos. Aqui...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim. Mas<br />

tem a distribuição <strong>de</strong> lucros <strong>da</strong> Skycargas, que não está<br />

aqui. Se pegar a distribuição <strong>de</strong> lucros <strong>da</strong> Skycargas,<br />

vai verificar que o montante é muito maior.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Aqui a planilha dos cheques... Todos mostrando...<br />

Ou seja não está batendo na<strong>da</strong> nessa estória,<br />

senhor...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Bate tudo.<br />

Pega o Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> Skycargas e verifica, na<br />

distribuição <strong>de</strong> lucro, faz esse mesmo mapa <strong>da</strong> Skymaster.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E esses valores aqui, também, todos estão<br />

computados aqui.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Todos refletidos...<br />

Todos no Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Somando os filhos, somando todo o mundo?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Somando<br />

os filhos, esposa, companheira, tudo...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – É... Realmente estranho, muito estranho...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas é fácil<br />

verificar...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Porque isso aqui é dinheiro em mãos...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Pegue qualquer<br />

Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> Skycargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor levantou esse dinheiro em mãos...<br />

Aqui só tem isso, no imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não... Imposto<br />

<strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> tem uma <strong>de</strong>claração muito maior. Pegue<br />

qualquer minha <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong><br />

aí, <strong>de</strong> qualquer um ano, o senhor vai perceber que o<br />

volume é muito maior do que isso aqui.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – É isso o que eu não consegui enten<strong>de</strong>r...<br />

Porque, por exemplo, quando o senhor <strong>de</strong>clara a Force<br />

Field. Então, o senhor recebeu... Oh, a Skymaster pagou<br />

para a Force Field R$1.537 milhão. Só que esses<br />

foram <strong>de</strong>positados na sua conta.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Depositados<br />

na minha conta?<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim, senhor. Nós temos o cheque aqui,<br />

ou seja, o senhor acusa o pagamento <strong>da</strong> Force Field<br />

– sei lá – e nós temos um total <strong>de</strong> cheques <strong>de</strong> R$1.537<br />

milhão, tendo como favoreci<strong>da</strong> a Force Field e o <strong>de</strong>stinatário,<br />

com cheque <strong>de</strong>positado em conta, é o Sr.<br />

João Marcos Pozzetti.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Depositado<br />

na minha conta? Desconheço isso.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Nós temos os cheques aqui.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu<br />

<strong>de</strong>sconheço.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Um milhão quinhentos e trinta e sete mil?!<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Pois é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Vou mostrar os cheques ao senhor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Tá.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Aqui estão os cheques, olha, emitidos a João<br />

Marcos Pozzetti, ao senhor. Estão todos os cheques<br />

aqui. Todos esses pagamentos constam como feitos a<br />

Force Field. Olha aqui o verso. Quanto à Skycargas é<br />

a mesma coisa. A Skycargas, o senhor está alegando<br />

que é distribuição <strong>de</strong> lucros.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Distribuição<br />

<strong>de</strong> lucros, é.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Agora o que consta para a Force Field sendo<br />

pago para a Skymaster sendo distribuição <strong>de</strong> lucros?!<br />

É um pouco estranho. No entanto, são todos cheques<br />

emitidos para o senhor.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – É. Eu teria<br />

que verificar, porque eu não me lembro disso não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – O senhor po<strong>de</strong> verificar. Fique à vonta<strong>de</strong>. São<br />

todos cheques para o senhor. Fique à vonta<strong>de</strong>.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, mas<br />

eu tenho que acessar meus registros contábeis para<br />

esclarecer...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Sim, mas o problema é o seguinte: consta<br />

para a Force Field o pagamento, aquela empresa<br />

nas Ilhas Virgens, que nós temos suspeição que a<br />

empresa pertence aos senhores. Os senhores registram<br />

como indo para a Force Field, mas o cheque vai<br />

para o senhor. Olha! Dessa situação <strong>da</strong> Force Field...<br />

Olha aqui, ó. O senhor lembra aquele advogado cujo<br />

nome o senhor não quis i<strong>de</strong>ntificar, porque não tinha<br />

consultado ele.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Pois, então, esse recibo aqui consta para<br />

esses cheques <strong>de</strong>positados em conta. Olha. Talvez por<br />

isso o senhor não tenha querido dizer quem é esse<br />

advogado que assinava esse recibo. Não é o nome


5072 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />

do advogado...O senhor não quis <strong>de</strong>clarar quem é o<br />

advogado. No entanto, o recibo está aqui e, quando<br />

se vai ver, para quem vai o cheque, é para algum dos<br />

senhores. E o pagamento é para a Force Field. Então,<br />

olha...Já que o senhor está alegando que a Skycargas<br />

é distribuição <strong>de</strong> lucros e eu sinceramente não acho<br />

que é, vamos pegar a Force Field, que não tem como<br />

dizer que é lucros. Olha, o Américo Proietti, com esses<br />

recibinhos aqui assim do advogado cujo nome o senhor<br />

não disse, recebeu seiscentos e sessenta e três mil;<br />

o E<strong>de</strong>r, seu funcionário, também com recibinhos, um<br />

milhão e sessenta e seis mil; o Hugo César Gonçalves,<br />

oitocentos mil; o Jaime Louza<strong>da</strong>, duzentos e três mil;<br />

João Marcos Pozzetti, um milhão quinhentos e oitenta e<br />

sete mil; Luís Wagner, <strong>da</strong> Sky Avionics, cento e noventa<br />

mil; Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s, cento e cinqüenta e seis mi; e a<br />

Quota Empreendimentos Imobiliários, que também teria<br />

sido paga por esse advogado cujo nome não sabemos,<br />

trezentos e noventa mil. É evi<strong>de</strong>nte que o senhor tem<br />

que olhar seus registros etc, agora está comprovado<br />

que o senhor recebeu esse dinheiro, está comprovado<br />

que foi emitido para a Force Field e eu gostaria <strong>de</strong> ter<br />

uma explicação do senhor, se for possível.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Eu não vou<br />

po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>r essa explicação agora, porque realmente,<br />

eu não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – O senhor não se lembra <strong>de</strong> um milhão,<br />

quinhentos e trinta e sete mil na sua conta?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – No ano <strong>de</strong><br />

2002 e no ano <strong>de</strong> 2003, eu não me lembro.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – No entanto, lembrou agora há pouco <strong>de</strong><br />

cinqüenta mil reais, justificando José Carlos Rocha, dizendo<br />

que ele era um assessor, sabia a <strong>da</strong>ta mais ou<br />

menos. Na sua conta um milhão o senhor não lembra,<br />

mas cinqüenta mil do outro o senhor lembra.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dele eu<br />

lembro, porque ele prestou um serviço efetivo<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o senhor? O senhor não lembra a sua<br />

ven<strong>da</strong> patrimonial?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Dessa movimentação<br />

aqui, eu não me lembro não. Nesse período<br />

todo, eu movimentei oito milhões <strong>de</strong> reais na minha<br />

conta. Então, é difícil eu pegar um lançamento <strong>de</strong><br />

cento e noventa mil<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não. Mas o que chama a atenção é que<br />

o senhor é Diretor Administrativo e Financeiro, emite<br />

os cheques – não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>? – para a Force Field e o<br />

cheque vai na sua conta e o senhor não se lembra?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não me<br />

lembro, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Aí fica difícil para nós termos outra conclusão<br />

que não seja a que me parece que é óbvia. Qual foi<br />

a sua evolução patrimonial pessoal nesse período?<br />

Particularmente nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003, cresceu<br />

bastante seu patrimônio pessoal?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Sim, foi<br />

quando cresceu meu patrimônio pessoal.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Por quê?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque eu<br />

ganhei dinheiro com as empresas.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – E foi o período em que houve...em que nós estamos<br />

<strong>de</strong>tectando o superfaturamento dos Correios.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Foi o<br />

período em que nós prestamos serviços para os Correios<br />

e para outras empresas e nós ganhamos dinheiro<br />

com isso, porque o nosso objetivo é ganhar dinheiro<br />

com a empresa. Não é outro, não.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – E o nosso objetivo é evitar que o dinheiro<br />

público seja <strong>de</strong>sviado.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeitamente.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Então, o senhor veja aqui, olha, a sua evolução<br />

patrimonial nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003. Veja o gráfico,<br />

olha. Nos anos específicos em que nós acusamos o<br />

gran<strong>de</strong> superfaturamento dos Correios, a sua elevação<br />

patrimonial e <strong>de</strong> todos os sócios é muito gran<strong>de</strong><br />

exatamente nesses anos. O seu, particularmente,<br />

vem crescendo. É um pouco diferente <strong>da</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos sócios.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Mas eu<br />

consi<strong>de</strong>ro que é lógico. Estou trabalhando, ganhando<br />

dinheiro, meu patrimônio tem que crescer. Senão...<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Claro...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – ... não tem<br />

sentido trabalhar.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Des<strong>de</strong> que seja um dinheiro lícito, o senhor<br />

merece o nosso aplauso. Mas se não for um dinheiro<br />

lícito, como, infelizmente, parece, já que as suas respostas,<br />

neste instante, qualificam evasivas. O senhor<br />

não se lembrar <strong>de</strong> 1,5 milhão na sua conta, <strong>da</strong>dos para<br />

pagar uma empresa nas Ilhas Virgens, que o senhor<br />

não consegue justificar. Evi<strong>de</strong>ntemente que parece<br />

claro que há algo errado aqui.


Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5073<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Excelência,<br />

to<strong>da</strong> a minha evolução patrimonial, todos as minhas<br />

movimentações estão <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registra<strong>da</strong>s.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Devi<strong>da</strong>mente...<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – E <strong>de</strong>clara<strong>da</strong>s<br />

para a Receita Fe<strong>de</strong>ral.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Não estou discutindo o registro, estou discutindo<br />

o fato <strong>de</strong> que o senhor tem uma empresa nas<br />

Ilhas Virgens, que o senhor remete pagando <strong>de</strong> forma<br />

superfatura<strong>da</strong>, cujas procurações são firma<strong>da</strong>s, uma<br />

por uma pessoa com a qual o senhor tem o mesmo<br />

en<strong>de</strong>reço resi<strong>de</strong>ncial, a outra por uma pessoa liga<strong>da</strong><br />

ao seu sócio que faz as transações em nome <strong>de</strong>ssas<br />

empresas, que o senhor paga arren<strong>da</strong>mentos superfaturados,<br />

que aju<strong>da</strong> a inflar o valor dos Correios, que<br />

não paga Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong>, que remete dinheiro para<br />

o exterior, que existe uma empresa em Miami que, efetivamente,<br />

ven<strong>de</strong> peças para o senhor, que comprou<br />

um avião, que foi <strong>de</strong>slocado <strong>de</strong>pois para essa empresa,<br />

mostrando que, evi<strong>de</strong>ntemente, os senhores pagaram<br />

esses aviões antes, e construíram duas empresas nas<br />

Ilhas Virgens. E a partir do momento em que constroem<br />

essas duas empresas nas Ilhas Virgens, começam a<br />

superfaturar, lesando os cofres públicos. E esse dinheiro<br />

que é pago para essas empresas nas Ilhas Virgens vai<br />

para a sua conta. Está fechado. Eu diria: bingo!<br />

O senhor tem alguma coisa a dizer sobre isso?<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Na<strong>da</strong>, Excelência.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />

– SP) – Esta sub-Relatoria está satisfeita com o <strong>de</strong>poimento<br />

e agra<strong>de</strong>ce imensamente a presença <strong>de</strong> V. Sª e<br />

dos advogados. Se necessário for, V. Sª será convocado<br />

novamente para prestar os <strong>de</strong>poimentos.<br />

O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Estarei<br />

sempre à disposição <strong>de</strong>sta Comissão.<br />

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />

PT – SP) – Agra<strong>de</strong>ço.<br />

(Levanta-se a reunião às 20h27min.)

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