A cor da pele muda quando se sente vergonha? Sim, fica um pouco vermelha. E quando se está apaixonado? Não. E quando se chora muito? Também não. E quando se morre? Aí o corpo fica pálido. O que é pálido? É como se o corpo perdesse um pouco a cor. É verdade que os lábios ficam pretos? É... azul escuro. Da cor do céu quando entardece? E o que é o céu? O presente dura pouco tempo Coloque a mão no chão. Agora levante o braço...mais alto...o mais alto que puder...isso é o céu. (Texto da peça)
Estréia: Espaço Cultural Sérgio Porto (RJ) – 18 de Dezembro/1992 Temporada: 18 a 30 de dezembro Direção e Dramaturgia: <strong>Márcio</strong> <strong>Vianna</strong>. Cenário e Figurinos: Ricardo Venâncio Música e Direção Musical: Tim Rescala Direção do Coro: André Protássio. Soprano: Malu Prates. Assistência de Direção e Vídeo: Alexandre Garcia. O presente dura pouco tempo Elenco: Ana Elisa Paz, Alexandre de Moraes, Ângela Machado, Arthur Araújo, Carla Marins, Claudia Mele, Camila Mota, Eliane Abreu, Fábio Libório, Flávia Vitralli, Gabriela Azevedo, Isley Clare, Jaqueline Revoredo, Joana Levi, Luciana Martins, <strong>Márcio</strong> Sued, Marcos Santos, Maria Paula, Murilo Elbas, Ramon Mendonça, Rachel Pando, Sabina Aguiar, Sylvia Pallma, Synval Guimarães, Tataina Vereza, Uramar Farias, Vanessa Bond, Vilma Fróes e Yara Victória. Para montar O Livro dos Cegos <strong>Márcio</strong> e os atores mergulharam em depoimentos de deficientes visuais, médicos e diretores de teatro. O espetáculo, assim como Imaginária, também se passava todo no escuro. A história construída era a respeito de uma cega de nascença que tinha duas obsessões: fazer teatro e enxergar. Ela, que se identifica com a visão de mundo de Vincent Van Gogh, deseja interpretar o pintor numa montagem do próprio <strong>Márcio</strong> <strong>Vianna</strong>. Eis que de repente ela está numa mesa cirúrgica e delírios são vividos durante a operação. <strong>Márcio</strong> dizia querer desnundar a imaginação e a ansiedade dessa jovem. “Uma homenagem a todos os atores que não têm medo do escuro e aos espectadores disponíveis à aventura teatral.” (Jornal do Brasil, entrevista. 18/12/1992) Foram inseridos no texto cartas de Van Gogh, textos de Cioram e Jorge Luis Borges. “A busca do cego é igual a da maioria dos atores jovens: a busca de ser capaz. É ai que há o encontro com Van Gogh - na sua luta para não ser um fracassado. Me seduz discutir se teatro é só para pessoas ditas normais ou para qualquer tipo de pessoa.” (Jornal O Globo, entrevista. 29/10/1992)