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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

Hoje já é sabido que mesmo em experiências sem a utilização do palco italiano,<br />

onde os espectadores ficam espalhados por toda área de representação, o espaço do<br />

publico pode ser mantido separado e reservado. No início os espectadores ficam livres,<br />

mas rapidamente se estabelecem em algum lugar. Grotowski em seu Teatro Pobre<br />

experimentou através da integração do espaço (público e atores juntos) o principio<br />

oposto, ao invés de tentar incluir na cena, excluía o espectador sem que se tratasse do<br />

retorno à tradição onde este era ignorado. A proximidade e a participação do público<br />

podem reduzir a relação do espetáculo com o espectador a uma ilusão, onde os atores<br />

não levando em conta a reação do publico, representam com teatralidade. Por outro<br />

lado, o espaço sem fronteiras pode provocar um mal estar pela desorientação – deixando<br />

o espectador confuso em relação ao seu papel na cena – o que pode ser interessante se<br />

levá-lo a refletir sobre a necessidade de ser indicado o lugar a ser ocupado. Além disso,<br />

a liberdade de movimento está associada ao uso que se faz do espetáculo, e conseguir<br />

fazer o espectador pensar sobre isso já é uma grande vitória.<br />

1999 e O Futuro dura muito tempo foram espetáculos que ganharam formas<br />

coerentes à expressão de seus conteúdos. O sucesso do Futuro, porém veio na<br />

contramão de 1999, desarmando-o. O Futuro era a prova concreta de que não é só pelo<br />

espaço que se chega à emoção.<br />

Ao final das temporadas, <strong>Márcio</strong> declarou que O Futuro dura muito tempo<br />

fechava um ciclo iniciado em Marat Marat - ambos sucessos de crítica e convencionais,<br />

ao contrário de todas as suas outras experiências teatrais. “Eu acreditava que poderia<br />

fazer anti-espetáculos, mexer com a pauta de reflexões do teatro; mas eu não consegui<br />

me organizar para isso. 1999 ainda era um espetáculo. Talvez eu devesse ter arriscado<br />

mais.” 31<br />

Após a temporada de 1999 e o fim do projeto CEU - Centro de Experimentações<br />

e Utopias no Teatro Gláucio Gil, o Grupo A Contrador acabou.<br />

“Minha utopia era transformar o espectador em quase ator, em participante de<br />

um rito, de uma festa. Pensava que esse teatro total teria uma contundência maior que<br />

outras artes para mudar a vida do espectador. Mas essa busca experimental acabou. Não<br />

me sinto mais interessado em acumular experiências.” 32<br />

Quinta fase – Em busca do teatro<br />

31 Jornal O Globo, entrevista. 01/02/1994<br />

32 ___, idem.

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