Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Márcio Vianna - Mônica Prinzac
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Processo de ensaio<br />
O presente dura pouco tempo<br />
No primeiro dia de ensaio <strong>Márcio</strong> sabia apenas que queria falar, com um olhar<br />
violento, sobre o fim do século. E propôs a simulação de uma partida de futebol<br />
americano onde os atores corriam e se jogavam com violência no colo um dos outros.<br />
Muitos exercícios baseados nas Farras de Atores foram realizados durante os oito<br />
meses de ensaio. <strong>Márcio</strong> selecionava fotos publicadas em jornais e revistas e trabalhava<br />
em cima delas com os atores. “São fotos que refletem o homem desse tempo. A partir<br />
delas, as cenas foram construídas.” (Caderno de ensaio)<br />
O elenco foi a uma exposição sobre o holocausto no Museu de Belas Artes – Um<br />
dia no gueto de Varsóvia. Cada ator ficou responsável por criar um exercício inspirado<br />
em uma imagem da exposição.<br />
Outras imagens de massacres foram trabalhadas, além de entrevistas com<br />
pessoas torturadas durante a ditadura de 64. O objetivo de <strong>Márcio</strong> era dar pessoalidade a<br />
essas imagens. “O olhar contemporâneo não se comove mais”, desabafava nos ensaios.<br />
Durante os primeiros meses trabalhou-se em cima dessas imagens e fragmentos<br />
de textos baseados em obras de Nietzsche e Focault.<br />
Foram realizados desenhos de cenas e reflexões sobre os textos estudados. “Os<br />
textos definitivos só entraram depois do quarto mês em forma de `Propostas´ e eram<br />
totalmente filosóficos, não colavam com as cenas viscerais e caóticas” definia Claudia<br />
Mele, atriz da peça. <strong>Márcio</strong>, no dia da estréia, insatisfeito com o resultado, cortou todos<br />
os textos da peça, mantendo apenas um texto ensaiado. Os atores ficaram indignados<br />
com a decisão.