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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

manter a função de contemplação e admiração da obra cujos meios de produção devem<br />

permanecer enquanto mistério.<br />

Brecht, rejeitando a desigualdade social refletida pela sala italiana e condenando<br />

o ilusionismo que o espetáculo tradicional instaura graças as possibilidades técnicas do<br />

palco fechado, preservava a relação frontal e os recursos técnicos da relação palco-<br />

platéia do palco italiano. Brecht conservava a estrutura para desfigurá-la, voltando<br />

contra ela os seus próprios recursos técnicos. Para ele não era necessário rejeitar a<br />

estrutura, bastava trabalhá-la no sentido contrário, ajudando a teatralidade a exibir-se<br />

assumidamente - mostrando os seus meios de produção do espetáculo em vez de<br />

escondê-los.<br />

No fim da década de 50, Jerzy Grotowski realizava suas pesquisas sobre o<br />

trabalho do ator sem conhecer as teorias artaudianas. E ambos se orientavam para um<br />

teatro-acontecimento onde o palco tradicional não seria o caminho. Para Grotowski a<br />

relação do ator com o espectador não podia ser separada. O espectador deveria ser parte<br />

integrante daquilo que está sendo desvendado diante dele - a verdade do ator.<br />

Com Confessional, <strong>Márcio</strong> - citando Grotowski - passou a acreditar que o teatro<br />

deveria ser repensado a partir do espaço. E, menos de um mês depois, somando a essa<br />

experiência à idéia de testar os limites da representação através da arte do ator –<br />

também inspirado pelo Teatro Pobre, veio A Farra dos atores.<br />

A primeira Farra não se chamava Farra, chamou-se Audiência de Instrução e<br />

Julgamento do Ator Brasileiro. A proposta inicial, de uma única apresentação, era dar<br />

prosseguimento a uma pesquisa sobre novas formas de se fazer teatro. “Esta é uma<br />

experiência teatral que movimenta, até a exaustão, dezenas de atores que correm<br />

interpretando textos sobre teatro e o ofício do ator. É uma colagem aleatória de textos e<br />

trechos escolhidos para a atuação do artista comprometido apenas com o desejo de dizer<br />

e representar o que quiser, durante o tempo que der e que vier.” 15<br />

O nome Farra dos atores veio em função de uma definição feita por <strong>Márcio</strong><br />

para o acontecimento: “Uma grande farra de atores! Um espetáculo, sem texto definido<br />

nem cenas pré-determinadas, com atores amparados unicamente em meia dúzia de<br />

marcações, numa maratona cujo objetivo não é o espetáculo, mas a experiência dos<br />

limites da representação, sem compromisso algum em acertar.” 16<br />

15 Jornal do Brasil, entrevista.14/01/92<br />

16 Jornal Estado de São Paulo, entrevista. 14/04/1991

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