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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

Realizado no Porão do Espaço Laura Alvim (RJ), o espaço cênico era composto<br />

de apenas 25 cadeiras dispostas em círculo. Os atores ficavam em volta dos<br />

espectadores. Não houve marcação de cenas, havia apenas um roteiro dos poemas e a<br />

cada dia os atores escolhiam como e de onde falariam os seus textos. O espetáculo era<br />

iluminado pelos próprios atores que com uma lanterna em mãos a iluminavam a `cena´ -<br />

ou o próximo poema.<br />

Este foi o quarto espetáculo de <strong>Márcio</strong> sem iluminação cênica, sendo que dois<br />

eram totalmente no escuro e os outros dois com recursos manipulados pelos atores. O<br />

palco no século XX explorou as mais opostas formulas de iluminação. A iluminação<br />

atmosférica, a iluminação cenográfica com a luz delimitando e animando o espaço, a<br />

iluminação simbólica. <strong>Márcio</strong> em parceria com Paulo César Medeiros (iluminador<br />

principal de sua carreira) sempre explorou a luz simbólica desenhando climas e estados<br />

da cena. Desta vez, o diretor optou pela simplicidade fazendo da iluminação um<br />

instrumento de tornar o espetáculo visível e mostrar ao espectador onde ele está.<br />

Mais uma vez citando Grotowski, Marcio investiu nos dois grandes eixos<br />

teóricos em torno dos quais se estrutura a sua prática: O absoluto predomínio do ator<br />

sobre todos os elementos do espetáculo. E a rejeição de qualquer intervenção mecânica<br />

capaz de escapar do controle do ator.<br />

Paralelamente a essas experiências, e voltando a utilizar intervenções mecânicas,<br />

<strong>Márcio</strong> estreava o seu último espetáculo. O Lado fatal nem chegou a entrar em cartaz no<br />

Rio antes de Marcio falecer, houve apenas uma apresentação para convidados. A curta<br />

temporada em São Paulo foi realizada após a sua morte.<br />

O texto do espetáculo era uma seqüência de poemas do livro homônimo de Lya<br />

Luft onde todos os poemas falam da dor de perder a figura amada.<br />

A encenação não retratava a personagem de uma escritora – como Lya Luft. A<br />

atriz Beatriz Segall vivia uma escultora e durante todo o tempo do monólogo<br />

permanecia em seu ateliê moldando uma figura humana. A imagem de uma mulher<br />

esculpindo o corpo inacabado de um homem enquanto fala da dor da perda representava<br />

uma idéia de construção, segundo <strong>Márcio</strong>, “no momento em que fala da maior perda de<br />

sua vida, a personagem também está criando uma obra, minha preocupação maior era<br />

mostrar que a dor é forte, mas pode ser vencida”.<br />

A figura construída durante a encenação, feita de barro, era a de um homem<br />

sentado em um banco. A personagem se relacionava com esta imagem - conversando,<br />

sentando ao lado, pegando na mão, deitando no colo ou aos seus pés.

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