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Psicopatologia da Criança - Associação de Estudos do Alto Tejo

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PSICOPATOLOGIA DA CRIANÇA NO SUL DA BEIRA INTERIOR (PERSPECTIVA ETNOLÓGICA)<br />

Francisco Henriques<br />

regional e a observação. Essa observação participante não foi realiza<strong>da</strong> especificamente para<br />

este trabalho, mas resultou <strong>da</strong> nossa participação na vi<strong>da</strong> social e profissional, ao longo <strong>do</strong>s<br />

anos.<br />

Quanto à meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação seguiu-se <strong>de</strong> muito perto os procedimentos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

anterior, O Louco e os Outros (Henriques, 1998).<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos objectivos e às temáticas <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong>s, to<strong>do</strong> o material recolhi<strong>do</strong> foi trata<strong>do</strong><br />

segun<strong>do</strong> os princípios <strong>da</strong> análise qualitativa.<br />

Em termos <strong>de</strong> procedimentos foi essencialmente explora<strong>da</strong> a entrevista.<br />

Foram realiza<strong>da</strong>s 15 entrevistas específicas para este estu<strong>do</strong>. Aproveitámos, conforme previsto,<br />

os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> outras tantas entrevistas realiza<strong>da</strong>s aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> preparação <strong>de</strong> O Louco e os<br />

Outros. O guião então utiliza<strong>do</strong> tinha uma área específica <strong>de</strong> pe<strong>do</strong>psiquiatria, cujos <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

acabaram por não ser utiliza<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>cumento publica<strong>do</strong>.<br />

A entrevista semi-estrutura<strong>da</strong> foi aqui utiliza<strong>da</strong> como um instrumento <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong><br />

por base um breve guião, no qual se teve em conta o grupo sócio-profissional <strong>do</strong> informante<br />

(elementos não especifica<strong>do</strong>s <strong>da</strong> população, bruxa – vi<strong>de</strong>nte, parteira, padre, médico),<br />

correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s grupos a versões ligeiramente diferentes.<br />

Catorze <strong>da</strong>s entrevistas agora utiliza<strong>da</strong>s foram feitas a mulheres, pela sua experiência e papel<br />

incontornável tanto na materni<strong>da</strong><strong>de</strong> como no acto <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r.<br />

Devi<strong>do</strong> à i<strong>da</strong><strong>de</strong> avança<strong>da</strong> <strong>da</strong> quase generali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s informantes, ao envelhecimento <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais on<strong>de</strong> aqueles se inserem e, consequentemente, à ausência <strong>de</strong> crianças,<br />

verificámos que a memória <strong>do</strong>s informantes nem sempre colabora convenientemente em alguns<br />

rituais. E tal acontece porque hoje não há tantas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para activar a memória, como no<br />

passa<strong>do</strong>. Em muitas <strong>de</strong>stas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s constata-se uma ausência <strong>de</strong> crianças resi<strong>de</strong>ntes há<br />

muitos anos.<br />

Para a prossecução <strong>do</strong> nosso objectivo foi também indispensável efectuar um levantamento<br />

exaustivo <strong>da</strong>s fontes escritas acerca <strong>do</strong> tema, na área geográfica convenciona<strong>da</strong>. Tal objectivo<br />

concretizou-se com uma pesquisa sistemática nas monografias etnográficas <strong>da</strong> região, em<br />

<strong>do</strong>cumentos avulsos diversos e, finalmente, em artigos <strong>de</strong> revistas e jornais. Fora <strong>da</strong> região não<br />

foi esgota<strong>da</strong> a bibliografia etnográfica.<br />

Fizemos uso, ain<strong>da</strong> que raro, <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> cariz literário versan<strong>do</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s etnográficas<br />

regionais, como por exemplo A Flor <strong>do</strong> Feto Real (Vilhena, 1988).<br />

No início pretendíamos que a investigação trilhasse caminhos on<strong>de</strong> história e memória se<br />

fundissem. Tal acabou por não acontecer, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma orientação diversa.<br />

3. O trabalho é composto por quatro gran<strong>de</strong>s capítulos. No primeiro, caracteriza-se<br />

sumariamente a área <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e a criança. Em relação a esta última, faz-se uma rápi<strong>da</strong><br />

perspectiva histórica, foca-se o trabalho infantil, os maus tratos, a assistência à criança na região<br />

e registam-se relatos <strong>de</strong> experiências, na primeira ou terceira pessoas.<br />

AÇAFA On Line, nº 1 (2008)<br />

<strong>Associação</strong> <strong>de</strong> <strong>Estu<strong>do</strong>s</strong> <strong>do</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Tejo</strong>, www.altotejo.org<br />

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