Ben Bernanke alerta que situação fiscal dos EUA é - Brasil ...
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36 <strong>Brasil</strong> Econômico Quarta-feira, 18 de julho, 2012<br />
MUNDO<br />
Editor executivo: Gabriel de Sales gsales@brasileconomico.com.br<br />
Política <strong>fiscal</strong> <strong>dos</strong> <strong>EUA</strong> está<br />
insustentável, avalia <strong>Bernanke</strong><br />
Presidente do Fed indica, no relatório entregue ao Congresso, <strong>que</strong> pode adotar novos estímulos à economia<br />
Niviane Magalhães<br />
nmagalhaes@brasileconomico.com.br<br />
“A economia <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong><br />
continua se recuperando,<br />
mas a atividade econômica desacelerou<br />
no primeiro semestre<br />
deste ano”, aponta <strong>Ben</strong> <strong>Bernanke</strong>,<br />
presidente do Federal<br />
Reserve (Fed, o banco central<br />
americano), no relatório sobre<br />
Política Monetária do país,<br />
apresentado ao Congresso. Ele<br />
indica ainda <strong>que</strong> a autoridade<br />
monetária está pronta para dar<br />
mais ajuda monetária.<br />
“As políticas fiscais <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong><br />
Uni<strong>dos</strong> estão em um caminho<br />
insustentável, e o desenvolvimento<br />
de um plano de m<strong>é</strong>dio<br />
prazo para controlar o d<strong>é</strong>ficit deve<br />
ser prioridade”, afirma o dirigente<br />
do Fed. Al<strong>é</strong>m disso, as<br />
condições no mercado de trabalho<br />
pioraram. A economia americana<br />
gerava cerca de 200 mil<br />
vagas mensais no início do ano,<br />
mas no segundo trimestre essa<br />
taxa era de 75 mil novos postos<br />
de trabalho por mês.<br />
Em relação aos gastos das famílias,<br />
o relatório mostra <strong>que</strong> continuam<br />
avançando, mas em ritmo<br />
menor. A redução no preço da<br />
energia está elevando o poder de<br />
compra do americano, mas ainda<br />
a preocupação com o emprego<br />
e a renda afetam diretamente<br />
O discurso de <strong>Ben</strong> <strong>Bernanke</strong>,<br />
presidente do Federal Reserve,<br />
movimentou as principais bolsas<br />
mundiais ontem (o Ibovespa<br />
conseguiu fechar em alta de<br />
0,95%, aos 53.909 pontos, enquanto<br />
o giro financeiro ficou<br />
em R$ 4,91 bilhões).<br />
“No começo, a fala sobre as<br />
ações <strong>dos</strong> bancos na Europa e a<br />
taxa Libor pesou um pouco,<br />
mas depois os investidores refletiram<br />
melhor e a bolsa se recuperou”,<br />
analisou Clodoir Vieira,<br />
economista da Souza Barros.<br />
Segundo o economista, o presidente<br />
da autoridade monetária<br />
“fica em cima do muro e não<br />
a confiança do consumidor.<br />
No setor de habitação houve<br />
leve melhora, principalmente<br />
por causa da diminuição das taxas<br />
de hipotecas. No entanto,<br />
os possíveis compradores de<br />
imóveis novos e usa<strong>dos</strong> estão<br />
pessimistas com suas finanças e<br />
com a economia em geral.<br />
Outro fator <strong>que</strong> está penalizando<br />
os potenciais compradores<br />
<strong>é</strong> o cr<strong>é</strong>dito apertado e o alto<br />
peso das dívidas imobiliárias.<br />
De acordo com o relatório, alguns<br />
deles devem mais do <strong>que</strong><br />
suas casas valem.<br />
No segundo trimestre, al<strong>é</strong>m<br />
do fraco desempenho na produção<br />
da indústria, os gastos das<br />
empresas com equipamentos e<br />
softwares tamb<strong>é</strong>m desaceleraram.<br />
Indicadores de projeção futura<br />
mostram menos investimentos.<br />
Esta redução está ligada<br />
diretamente à <strong>situação</strong> na Europa,<br />
al<strong>é</strong>m do arrefecimento<br />
nas economias de outros parceiros<br />
comerciais, limitando a demanda<br />
por exportações <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong><br />
Uni<strong>dos</strong>.<br />
“Nossas projeções de crescimento<br />
do PIB para este ano estão<br />
entre 1,9% e 2,4% e para 2013,<br />
entre 2,2% e 2,8%. São previsões<br />
inferiores às <strong>que</strong> fizemos em janeiros,<br />
por causa das tensões financeiras<br />
na Europa, <strong>que</strong> estão<br />
afetando a atividade econômica<br />
diz se a economia vai melhorar<br />
ou piorar. No entanto, ele disse<br />
<strong>que</strong> o risco de inflação nos Esta<strong>dos</strong><br />
Uni<strong>dos</strong> está baixo, o <strong>que</strong> sinaliza<br />
<strong>que</strong> a economia vai continuar<br />
desa<strong>que</strong>cida”.<br />
Apesar do tom pessimista no<br />
início do discurso, <strong>Bernanke</strong><br />
não mostrou nenhuma novidade<br />
em relação à <strong>situação</strong> econômica<br />
e ainda sinalizou <strong>que</strong> está<br />
disposto a liberar novas medidas<br />
de estímulo. Com isso, as bolsas<br />
americanas fecharam com avanço<br />
(o índice Dow Jones registrou<br />
alta de 0,62%; o S&P 500 de<br />
0,74%; e o Nasdaq 0,45%).<br />
Outro ponto <strong>que</strong> colaborou para<br />
os ganhos foi <strong>que</strong> a confiança<br />
do setor de construção <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong><br />
Uni<strong>dos</strong> melhorou em julho.<br />
Outro sinal positivo foi a alta de<br />
dom<strong>é</strong>stica”, afirma <strong>Bernanke</strong>.<br />
“O mercado imobiliário tem<br />
melhorado, mas a contribuição<br />
para a recuperação <strong>é</strong> menor do<br />
<strong>que</strong> nos anos anteriores”, indica<br />
o relatório. Para o presidente<br />
do Fed, estes pontos devem ser<br />
ameniza<strong>dos</strong> ao longo do tempo<br />
e melhorar o mercado de traba-<br />
0,45 da produção industrial americana<br />
em junho (ver gráfico).<br />
Já na Europa, as notícias não<br />
foram positivas. O discurso de<br />
<strong>Bernanke</strong> mostrou <strong>que</strong> a crise<br />
na Zona do Euro ainda pode piorar.<br />
No entanto, a instituição<br />
acredita <strong>que</strong> as autoridades europeias<br />
têm recursos suficientes<br />
para resolver a crise.<br />
“A Europa tem <strong>que</strong> fazer um<br />
ajuste <strong>fiscal</strong> e terá <strong>que</strong> ter um<br />
Banco Central <strong>que</strong> tome conta<br />
de tudo, mas fazer isso gera<br />
uma <strong>situação</strong> muito complicada,<br />
pois tira a independência de<br />
cada país”, explicou.<br />
Com isso, o índice CAC 40, da<br />
França, perdeu 0,09%; na Alemanha,<br />
o DAX subiu 0,18%; enquanto<br />
no Reino Unido, o FTSE<br />
100 desvalorizou 0,59%. ■ N.M.<br />
lho. A projeção da taxa de desemprego<br />
para 2014 <strong>é</strong> de 7%.<br />
Na inflação, após atingir 3,5%<br />
no primeiro trimestre por conta<br />
<strong>dos</strong> gastos com energia, a <strong>que</strong>da<br />
nos preços de petróleo trouxe a<br />
taxa para 1,5% nos primeiros cinco<br />
meses. A projeção para este<br />
ano fica entre 1,2% e 1,7%. ■<br />
SINAL TRANQUILIZADOR<br />
Produção industrial <strong>dos</strong> <strong>EUA</strong><br />
ficou em linha com a previsão*<br />
1,20<br />
1,06<br />
0,75<br />
0,30<br />
-0,15<br />
-0,60<br />
JUN/11<br />
JAN/12<br />
Karen Bleier/AFP<br />
Fed movimenta, mas não prejudica merca<strong>dos</strong><br />
Fala de <strong>Bernanke</strong> coincide com<br />
da<strong>dos</strong> econômicos positivos<br />
e não chega a prejudicar bolsas<br />
<strong>Bernanke</strong>:am<strong>é</strong>dioprazo,planoparacontrolard<strong>é</strong>ficitdeveserprioridade<br />
0,41<br />
JUN<br />
Fontes: Federal Reserve e <strong>Brasil</strong> Econômico<br />
*em % sobre o mês anterior<br />
SEM TENSÃO<br />
Câmbio em<br />
linha com<br />
o discurso<br />
Apesar da apreensão inicial,<br />
dólar fechou em baixa<br />
frente às principais moedas<br />
Após a apreensão do mercado<br />
no início do discurso de <strong>Ben</strong><br />
<strong>Bernanke</strong> ter gerado uma valorização<br />
do dólar frente ao real,<br />
conforme a autoridade prosseguia<br />
com seu discurso, os investidores<br />
se acalmaram e reverteram<br />
a trajetória da moeda<br />
americana, <strong>que</strong> terminou em<br />
baixa frente a maior parte das<br />
divisas globais. Ante o real, o<br />
dólar recuou 0,73%, negociado<br />
a R$ 2,020 para compra e<br />
R$ 2,022 para venda.<br />
Num primeiro<br />
momento, investidores<br />
iniciaram uma corrida<br />
em busca de dólares<br />
“O <strong>Bernanke</strong> teve sucesso na<br />
explanação dele. A melhora do<br />
dia se deve à postura adotada,<br />
de falar da economia americana<br />
e da economia europeia como<br />
um todo”, afirma Reginaldo Galhardo,<br />
gerente de câmbio da<br />
Treviso Corretora.<br />
Em um primeiro momento,<br />
como o presidente do Fed não<br />
anunciou o programa de estímulos<br />
(Quantitative Easing, QE3)<br />
esperado por parte do mercado,<br />
os investidores iniciaram uma<br />
corrida por dólares.<br />
“Ao longo do discurso, ele<br />
foi esclarecendo o porquê de<br />
não tomar uma medida mais<br />
drástica, <strong>que</strong> a preocupação dele<br />
<strong>é</strong> com o futuro, de não fazer<br />
com <strong>que</strong> a medida se torne um<br />
arcabouço para a economia<br />
americana”, explica Galhardo.<br />
“Isso tranquilizou o mercado,<br />
<strong>que</strong> entendeu <strong>que</strong> a política monetária<br />
<strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> está<br />
bastante consciente”. ■ Lucas<br />
Bombana