Tabela 21 - VAB local, estadual e nacional por produto, em R$, 2003-2004. Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo. Po<strong>de</strong>m-se distinguir três grupos na Tabela 21: o primeiro inclui os sete principais produtos em termos <strong>de</strong> VAB (do cacau até o açaí), mais a andiroba, também apresenta uma gran<strong>de</strong> importância, além do nível local, estadual e nacional. Num segundo grupo <strong>de</strong> produtos, a agregação <strong>de</strong> valor acontece principalmente no nível local e estadual (do maracujá até o camarão). O último grupo no fim da tabela (peixe até acerola) tem um VAB pequeno que é agregado somente localmente. Em outras palavras: os produtos mais importantes têm essa importância também por causa da participação no mercado estadual e nacional. Mesmo assim, alguns <strong>de</strong>sses Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 3, n. 6, jan./jun. 2008. 78
produtos não agregam muito valor na ca<strong>de</strong>ia produtiva da região. É o caso do cacau (2%), mas também da pimenta-do-reino (12%) e do palmito (15%). Também, comparando a Tabela 21 com a Tabela 20, verifica-se que dos produtos que têm o maior valor agregado relativo, no caso, a castanha-do-pará, o palmito, a andiroba, a ma<strong>de</strong>ira e o cacau, somente a castanha (com 60%) e a ma<strong>de</strong>ira (ao redor <strong>de</strong> 50%) realmente agregam uma alta porção <strong>de</strong> valor na região. A explicação da distribuição do VAB entre local, estadual e nacional po<strong>de</strong>-se resumir: para o primeiro grupo <strong>de</strong> produtos, começando com o <strong>de</strong>ndê, três quartos do VAB são agregados na região, <strong>de</strong>vido ao beneficiamento local do óleo o resto é do comércio nacional. No caso da ma<strong>de</strong>ira, a meta<strong>de</strong> é <strong>de</strong> agregação local, <strong>de</strong>vido às serrarias, à indústria naval e à gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda final local, a outra parte do valor sendo agregado no estado e nacionalmente. O açaí, tem um terço do VAB local, e mais da meta<strong>de</strong> estadual, por causa da venda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da produção <strong>regional</strong> em Belém. Além disso, a venda no mercado nacional e até internacional já começou (10%). O VAB da andiroba é quase equilibrado entre o local, estadual e nacional, sendo utilizado como remédio tradicional na região, mas também já vendido por laboratórios estaduais e nacionais que são fornecidas pela produção local. O palmito, mesmo sendo beneficiado na região, tem predominância do VAB nacional (59%) e estadual (25%), já que a comercialização (rotulação, distribuição) se realiza via empresas estaduais e nacionais para o consumidor (inter) nacional. 5.3 OS SETORES Depois que vimos a agregação <strong>de</strong> valor nos diferentes produtos e níveis, resta a pergunta: Quem são os setores da região que mas agregam valor, e com que produtos? Diferenciando o markup <strong>de</strong> cada setor local em relação a cada produto, Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 3, n. 6, jan./jun. 2008. Enquanto, no caso da pimenta, existem muitas empresas exportadoras estaduais, que agregam 76% do VAB <strong>de</strong>sse commodity. Ao contrário, no caso do cacau, 98% do VAB é nacional, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>stino final do produto (chocolate) e da falta <strong>de</strong> processamento local ou estadual. No segundo grupo a agregação <strong>de</strong> valor acontece principalmente no Pará, tanto na região Baixo Tocantins como no resto do Estado. Uma forte participação estadual (mais <strong>de</strong> um terço do VAB) existe no caso do maracujá por causa da agroindústria em Benevi<strong>de</strong>s, no caso do coco por causa da industrialização <strong>de</strong> fibras em Ananin<strong>de</strong>ua, no caso da castanha por causa da exportação do produto por empresas em Belém e no caso do abacaxi <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> participação <strong>de</strong> atacadistas estaduais na compra e venda do produto. Frutos como taperebá, buriti e cupuaçu são vendidos para agentes estaduais, que os reven<strong>de</strong>m ao consumidor final. Ao contrário, o VAB estadual do limão, da laranja e também do milho, é explicado pela venda <strong>de</strong>sses produtos por agentes estaduais (p.ex. da CEASA) para a região. Como a produção do camarão e da farinha é absorvida em gran<strong>de</strong> parte pela <strong>de</strong>manda local, o comércio, e, portanto o VAB, é 80% <strong>de</strong> origem local. O último grupo consiste <strong>de</strong> produtos on<strong>de</strong> o valor é agregado principalmente na região (mais <strong>de</strong> 80% VAB local). A causa <strong>de</strong>sse VAB predominantemente local, como no caso do peixe, da banana, do arroz e da cana, também é que a <strong>de</strong>manda final local quase absorve toda a produção. a Tabela 22 mostra que, mesmo tendo uma margem média <strong>de</strong> somente 28%, o varejo rural consegue com alguns produtos um mark-up bem elevado, até 362% no caso do buriti. Mas também abacaxi, maracujá, coco, andiroba, ma<strong>de</strong>ira 79