Oração de Sapiência de Hilário Moreira_1990.pdf - Universidade de ...
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não se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> repente, mas pouco a pouco. Um óptimo ensaio para<br />
isto são as matemáticas, cuja necessida<strong>de</strong> já Platão reconheceu.<br />
Em seguida po<strong>de</strong>mos já lançar-nos ao estudo dos fenómenos da natureza<br />
e das leis secretas a que obe<strong>de</strong>cem. E assim aparece afilosofia natural.<br />
Do cosmos faz parte também o corpo humano - o microcosmos dos<br />
gregos. Interessa portanto conhecê-lo, favorecer o que possa contribuir<br />
para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, evitar o que o possa prejudicar, e curá-lo quando<br />
a doença lhe bater à porta. É a vez da medicina.<br />
O homem, ser inteligente, sabe que tem obrigações: umas provenientes<br />
da própria natureza; outras da vida social. E esta, para o cristão, gira em<br />
duas esferas: civil e eclesiástica. Daí a ética, o direito civil e o canónico.<br />
Finalmente a nossa inteligência iluminada pela Fé, diz-nos que temos<br />
um fim sobrenatural a atingir e que para ele tudo se <strong>de</strong>ve orientar. Chegámos<br />
pois à teologia, «ad quam tersissima liberalium artium studia contendunt».<br />
Efectivamente o fiÍósofo cristão sabe que Deus se dignou vir<br />
em seu auxilio, dando-lhe um novo e mais perfeito modo <strong>de</strong> o conhecer e<br />
mostrando-lhe o caminho a seguir, para alcançar o fim a que ten<strong>de</strong>.<br />
Irá portanto mobilizar todos os recursos da sua inteligência para averiguar<br />
da racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta revelação, procurar compreen<strong>de</strong>r o que lhe seja<br />
acessível e aceitar o resto COIll inteira submissão.<br />
Em seguida, à maneira <strong>de</strong> remate, faz ainda um largo panegirico da<br />
filosofia.<br />
Vem <strong>de</strong>pois o ritual elogio a D. João III e ao reitor, D. Manuel <strong>de</strong><br />
Meneses.<br />
No elogio do rei, há alusões ao gran<strong>de</strong> impulso que ás letras então receberam<br />
com a transferência da Universida<strong>de</strong> para Coimbra, à fundação dos<br />
colégios universitários, à generosida<strong>de</strong> do rei e ainda à obra dos portugueses<br />
em África e na índia, invocando-se o titulo juridico da época à conquista<br />
das novas terras: «terras Ecclesiae ab infi<strong>de</strong>libus tyranni<strong>de</strong> occupatas.»<br />
Sobre D. Manuel <strong>de</strong> Meneses queremos pôr em <strong>de</strong>staque que ai se dá<br />
a enten<strong>de</strong>r ter sido a sua nomeação para o cargo feita pelos professores UIÚversitários,<br />
<strong>de</strong> harmonia afinal com as constituições manuelinas, quando<br />
outros afirmam ter sido feita pelo rei (1).<br />
Termina por fim, com o elogio <strong>de</strong> Coimbra, seguido ainda duma breve<br />
referência à filosofia.<br />
(1) Mário Brandão e Lopes <strong>de</strong> Almeida - A Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, esboço<br />
da sua história - Coimbra, 1937.<br />
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