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Oração de Sapiência de Hilário Moreira_1990.pdf - Universidade de ...

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para vós. Não são estes os hinos <strong>de</strong> Vénus, não são aqui os jardins <strong>de</strong> Adónis<br />

que procurais. Cante-vos a vossa Vénus, i<strong>de</strong>-vos para as vossas sereias<br />

que vos atraiam a Sirte e Carib<strong>de</strong>s. Esgotai vossas círceas beberagens que<br />

vos transformem em monstros animais. Aqui ressoa apenas para nós a<br />

voz do Salvador Jesus, medicina da alma enferma, e que afasta das coisas<br />

humanas todo o impulso do espirito.<br />

Efectivamente mostra que nada há na terra que se <strong>de</strong>va temer mais:<br />

nem a morte que só traz a <strong>de</strong>struição do corpo, mas não atinge a alma, nem<br />

a orfanda<strong>de</strong>, nem outros males idênticos que, se prejudicam o corpo, não<br />

po<strong>de</strong>m todavia abalar os recursos da alma imortal. Dispõe também para<br />

a carida<strong>de</strong>, beneficência e mo<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> esp!:rito.<br />

E gravando tudo isto no íntimo do coração humano, levanta os ouvintes<br />

à esperança da glória imortal e dando-lhes a conhecer a divinda<strong>de</strong>, instrui-os<br />

e inflama-os na religião e na virtu<strong>de</strong> e, além, disso robustece-lhes as forças,<br />

<strong>de</strong> forma a po<strong>de</strong>rem constantemente pôr em prática o que é ensinado.<br />

E embora fale da morte do corpo, isso não quer dizer que se <strong>de</strong>va <strong>de</strong>sejar a<br />

sua separação da alma antes que chegue o tempo marcado por Deus, mas<br />

que cada um <strong>de</strong>ve levantar o espírito acima <strong>de</strong>sta massa corpórea e dos vícios<br />

que daqui dimanam e, afastado quanto po<strong>de</strong> ser todo o contágio carnal,<br />

ocupar-se só na contemplação das coisas mais altas.<br />

A este pensamento a<strong>de</strong>re Macróbio no Sonho <strong>de</strong> Cipião,· fala da divisão<br />

bipartida da morte: uma que vem da natureza, outra que parte da virtu<strong>de</strong>.<br />

A este propósito vem ainda aquela frase <strong>de</strong> S. Paulo: <strong>de</strong>sejo ar<strong>de</strong>ntemente<br />

soltar-me do corpo e estar com Cristo. A isto se ligam também as palavras<br />

<strong>de</strong> Aurélio Agostinho no livro Da Verda<strong>de</strong>ira Religião: refere que Platão<br />

tinha por costume exortar os seus jovens a absterem-se dos prazeres venéreos<br />

e que estivessem plenamente persuadidos <strong>de</strong> que a verda<strong>de</strong> não é acessivel<br />

aos olhos do corpo ou a outro sentido qualquer, mas só ao espírito puro.<br />

Para a apreen<strong>de</strong>r não havia maior impedimento do que uma vida dada à<br />

luxúria e as falsas imagens das coisas sensíveis que, mediante o corpo, se<br />

gravam em nós.<br />

Ve<strong>de</strong>s, cultíssimos ouvintes, que eu, arrebatado pelo amor da divina<br />

teologia, ultrapassei a medida oratória e que todavia não realizei o que pretendia.<br />

Mas já que a minha oração se escapou <strong>de</strong> lugares cheios <strong>de</strong> escolhos<br />

e, por entre rochas brancas da espuma das ondas, a frágil canoa avançou<br />

para o alto mar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>ixado ao largo os escolhos doutrinais, volte-<br />

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