Download da tese completa - Centro de Educação - Universidade ...
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Metodologia, a arte <strong>de</strong> dirigir o espírito<br />
Outro impacto <strong>de</strong> mesma monta, agora na Física, acontece a partir <strong>de</strong> 1920<br />
com a teoria quântica proposta por Planck. Aqui cai por terra <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />
características <strong>da</strong> física clássica, como a atribuição <strong>de</strong> valores fixos para <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />
gran<strong>de</strong>zas e a separação literal entre objeto e observador. Isso é <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><br />
característica não <strong>de</strong>terminista <strong>da</strong> teoria quântica, na qual o estado inicial <strong>de</strong> um<br />
átomo não é suficiente para <strong>de</strong>terminar o resultado <strong>de</strong> uma experiência, mas apenas<br />
as probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tais resultados e em que o observador terá total relação com o<br />
objeto estu<strong>da</strong>do. O fato interessante <strong>de</strong>ssa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> mundo é que a teoria<br />
quântica não só se mostrou correta, mas também “permitiu em aplicações práticas a<br />
revolução tecnológica que nos trouxe computadores, celulares, laseres, ressonância<br />
magnética, genética molecular, entre outros” (DE GROOTE, 2008).<br />
Após estas duas teorias a visão <strong>de</strong> mundo não foi mais a mesma, ganhando<br />
também a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> evoluir, seja em busca <strong>de</strong> novas <strong>de</strong>scobertas – incluindo<br />
aqui a teoria <strong>da</strong> relativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a microfísica e o enunciado do princípio <strong>de</strong><br />
complementari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bohr – e a busca por uma teoria unificadora, ain<strong>da</strong> não<br />
encontra<strong>da</strong>, que possa equalizar idéias tão díspares, fruto <strong>da</strong>s lacunas abertas.<br />
Entretanto, vale lembrar que a separação entre ciência e outras ciências –<br />
mais especificamente, entre ciência e filosofia – não é algo tão antigo. Tanto a filosofia<br />
quanto o conhecimento científico an<strong>da</strong>vam pari passu, a ruptura entre os dois se dá no<br />
Renascimento, época em que nasce a ciência mo<strong>de</strong>rna e a filosofia passa a aten<strong>de</strong>r “a<br />
ética individual e social e as partes mais subjetivas <strong>de</strong> reflexão do homem sobre si<br />
mesmo” (MOLES, 1971, p.4), enquanto a ciência a cui<strong>da</strong>r do específico e do<br />
operacional.<br />
Já Morin procura <strong>da</strong>r a esse fato uma conotação mais profun<strong>da</strong>. Segundo ele,<br />
a ciência passa a existir a partir <strong>da</strong> divisão entre um conhecimento moral e outro<br />
amoral. Ao primeiro aplica-se a filosofia e ao segundo a ciência mo<strong>de</strong>rna, que em sua<br />
plenitu<strong>de</strong> necessita ser absolutamente amoral. O fato marcante para Morin po<strong>de</strong> ser<br />
con<strong>de</strong>nsado pelo pensamento <strong>de</strong> René Descartes, que ao propor o problema do<br />
conhecimento, <strong>de</strong>termina dois campos totalmente separados e distintos. Estes dois<br />
campos do conhecimento são assim <strong>de</strong>scritos,<br />
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