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Viscondes, mazombos e coimbrãos - Quintal dos Poetas

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anos fascinado pelo tema. Mas, certamente, aquela ilustre categoria de<br />

autores não aceitará minha resposta. Eles persistirão incapazes de<br />

entender o paradoxo e, assim, continuarão a contribuir, ainda mais, para<br />

a vitalidade do mesmo, agregando mais fascínio à controvérsia, pois a<br />

chama revigora todas as vezes que bulimos no braseiro.<br />

Penso que também os historiadores ortodoxos, na medida em que<br />

não conseguem encontrar modelos para explicar a relevância do<br />

movimento, também não aceitarão minhas respostas. To<strong>dos</strong> esses<br />

continuarão a não entender que a ousadia libertária mineira do século<br />

XVIII tem muito de um sonho que se sonha até hoje e que esse é o seu<br />

lado mais real. É por isso que ele continua impregnado de conotações<br />

sentimentais, especialmente para a gente de Minas. De fato, entre nós<br />

mineiros, o sentimento em relação ao projeto daqueles solda<strong>dos</strong>,<br />

magnatas, poetas e seus humildes coadjuvantes, sempre foi muito forte.<br />

No passado levou a que o delator Silvério <strong>dos</strong> Reis tivesse que ficar<br />

esperto para escapar com vida de alguns atenta<strong>dos</strong> perpetra<strong>dos</strong> contra a<br />

sua sinistra figura. 2 Hoje serve para muitos historiadores “de fora”<br />

rotularem os historiadores mineiros como intrinsecamente incapazes de<br />

tratar a inconfidência com isenção e objetividade. 3 Enfim, nesta matéria<br />

a razão e a emoção se embatem vigorosas há mais de um século, desde<br />

que o literato e historiador monarquista Joaquim Norberto de Souza e<br />

Silva, achou que Tiradentes, afinal, não era tão herói assim. 4<br />

2 É certo que o clamor da revolta do povo contra o gesto ignominioso do delator foi<br />

exagerado por ele. É que Silvério <strong>dos</strong> Reis queria sensibilizar d. João para permiti-lo<br />

voltar para Portugal com família e sogro e ainda crivá-lo de prêmios. Assim,<br />

exacerbava nas cartas que enviava ao príncipe regente contando as perseguições que<br />

sofria.<br />

3 Há quem os chame pejorativamente de “regionalistas ufanistas”. Dentre os mais<br />

entusiasma<strong>dos</strong> deles, certamente se destaca Xavier da Veiga para quem os<br />

inconfidentes seriam “Intemeratos Patriotas”.<br />

4 História da Conjuração Mineira – 1873.<br />

(To<strong>dos</strong> os autores e suas obras, cita<strong>dos</strong> neste livro, estão identifica<strong>dos</strong> em anexo.<br />

Quando pertinente, apontamos a página onde se encontram trechos ou passagens<br />

citadas que, evidentemente, se referem à edição relacionada na bibliografia. A sigla<br />

ADIM identifica os Auto de Devassa da Inconfidência Mineira. Algumas das minhas<br />

citações estão sem identificação da fonte de consulta, é que eu simplesmente não me<br />

lembro onde as encontrei).<br />

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