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Viscondes, mazombos e coimbrãos - Quintal dos Poetas

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mesmo que lhe garantiria uma longa e bem sucedida vida conjugal, ao<br />

longo da qual nossa viscondessa brindaria o marido com uma prole de<br />

onze barbaceninhas, alguns deles brasileiros legítimos de sangue azul.<br />

3<br />

QUANDO O VISCONDE DEMONSTRA DENODO NO<br />

CUMPRIMENTO DA SUA MISSÃO<br />

Luiz Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro – o<br />

visconde de Barbacena - tinha sido nomeado para o governo de Minas<br />

em 1786 em substituição ao rude, arrogante e exageradamente corrupto<br />

governador Cunha Menezes. O ministro Melo e Castro queria começar<br />

uma nova era na capitania fazendo a região das Minas - a “menina <strong>dos</strong><br />

olhos” do Ministério - retomar o antigo lugar de celeiro inesgotável do<br />

tesouro português, capaz de equilibrar indefinidamente o monumental<br />

desnível histórico <strong>dos</strong> negócios do reino com a Inglaterra e sustentar<br />

um império agonizante. 28 Passa<strong>dos</strong> quase dois anos, porém, o visconde<br />

ainda não tinha assumido o seu honroso cargo. Em parte o atraso fora<br />

devido a uma enfermidade da viscondessa que retardara a viagem ao<br />

Brasil. Mas de qualquer forma, este atraso permitiu que ele pudesse ser<br />

cuida<strong>dos</strong>amente preparado para a missão pelo ministro, que tinha por<br />

ele um especial interesse. Aliás, o visconde estava necessitando de uma<br />

reabilitação de sua imagem, muito desgastada desde o episódio da<br />

secretaria da Academia de Ciências de Lisboa, a que ele teve que<br />

renunciar devido a delicadas divergências políticas decorrentes de certas<br />

orientações ideológicas da mesma, certamente avançadas, mas, por isso<br />

mesmo, muito malvistas por alguns seguimentos poderosos do governo<br />

português. O próprio ministro tinha influenciado na decisão de<br />

Barbacena em se afastar daquela convivência excessivamente iluminada.<br />

Certamente havia feito algum tipo de barganha com ele, apostando<br />

algumas fichas do seu prestígio pessoal nesse lance. Por tudo isso, Melo<br />

e Castro muito esperava do desempenho do visconde no governo de<br />

Minas. Seria uma forma de se estabelecer um trampolim para uma<br />

28<br />

A bem da verdade, desde 1785 o balanço <strong>dos</strong> negócios luso-britânicos já estava<br />

equilibrado e em 1791 até penderia a favor de Portugal, mas aí, substancial parte do<br />

ouro brasileiro já estava nos cofres londrinos, pronto para lastrear a ampliação e<br />

modernização <strong>dos</strong> teares de Manchester.<br />

36

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