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Viscondes, mazombos e coimbrãos - Quintal dos Poetas

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de 1785 proibindo a implantação de estabelecimentos fabris, em<br />

seguida as arbitrariedades do governador Cunha Menezes e finalmente,<br />

a temerária missão do novo governador. Naquela reunião alguém<br />

lembrara que Barbacena era um letrado, uma mente aberta que tinha<br />

acesso à rainha por sua própria condição de membro de uma das casas<br />

mais nobres de Portugal. Enfim era uma pessoa esclarecida e poderosa<br />

com quem se podia e valia a pena conversar. Era a pessoa indicada para<br />

completar o que o governador d. Rodrigo de Menezes tinha começado,<br />

oito anos antes.<br />

A planejada conversação teve início logo que terminou a ceia política<br />

do governador. Gonzaga retardou sua retirada aos aposentos que lhe<br />

estavam reserva<strong>dos</strong> e Barbacena não se incomodou pois também estava<br />

desejoso de falar com ele a sós. Assim, logo que os ajudantes de ordens<br />

e os membros da Junta da Fazenda se retiraram deixando os dois como<br />

os únicos remanescentes à mesa, a palestra que até então vinha sendo<br />

muito amena, tomou um rumo mais sério. Mas quem assumiu a<br />

iniciativa foi o anfitrião. De certa forma repetiu as passagens mais<br />

marcantes da primeira conversa que tivera com o ouvidor Gonzaga,<br />

reforçando as dificuldades da sua incumbência ministerial. Embora já<br />

tivesse ouvido tudo aquilo antes, Gonzaga esperou com paciência que<br />

ele esgotasse tudo que pretendia dizer. Não teve pressa em falar e só<br />

depois de um brinde ao sucesso da administração do visconde é que<br />

entabulou a conversa que tinha ensaiado de véspera. Contou que as<br />

principais lideranças de Vila Rica o tinham incumbido de passar a ele<br />

algumas informações cruciais e que muito o ajudariam a ter sucesso à<br />

frente do governo. Desta vez foi Barbacena que ouviu com paciência.<br />

Ouviu que a execução da cobrança do quinto atrasado era impossível e<br />

temerária, que o poder <strong>dos</strong> contratadores de impostos era muito grande<br />

e que eles não estavam dispostos nem tinham condição de quitar os<br />

atrasa<strong>dos</strong> das responsabilidades de seus contratos, que as minas<br />

estavam exauridas e que a implantação de estabelecimentos fabris, o<br />

livre comércio e a dinamização da agricultura eram as verdadeiras saídas<br />

para a decadência econômica da capitania. Assim, era recomendável que<br />

ele suspendesse a derrama, negociasse a dívida <strong>dos</strong> contratadores,<br />

revisse as taxas sobre certos produtos que eram importa<strong>dos</strong> pela<br />

capitania e apresentasse um plano de recuperação das Minas Gerais,<br />

baseado na dinamização das manufaturas de ferro e na fabricação de<br />

teci<strong>dos</strong>. Lembrou que também a cultura do algodão prometia. Contou<br />

que Cláudio Manuel da Costa tinha feito um levantamento completo da<br />

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