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A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra

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Alexandre, será evocado, sobretudo, o testemunho <strong>de</strong> Plutarco, se bem que<br />

cruzado com a informação facultada por outras fontes. 3<br />

São bem conhecidos dos estudiosos <strong>de</strong> Plutarco os momentos em que o<br />

polígrafo <strong>de</strong> Queroneia reflete sobre os motivos que o terão levado a escrever<br />

vidas paralelas <strong>de</strong> pessoas ilustres do passado grego e romano. De facto, na<br />

abertura do prefácio às Vitae <strong>de</strong> Timoleonte e <strong>de</strong> Emílio Paulo (Aem. 1.1),<br />

Plutarco informa que começou por se <strong>de</strong>dicar à elaboração <strong>de</strong> biografias a<br />

pedido <strong>de</strong> amigos, entre os quais se contavam personalida<strong>de</strong>s importantes, tanto<br />

gregas como romanas. Contudo, a essa motivação cedo ele juntou o gosto e<br />

proveito pessoais <strong>de</strong>correntes do convívio com o exemplo das gran<strong>de</strong>s figuras<br />

do passado. Portanto, será <strong>de</strong> admitir que a elaboração <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />

‘espelho <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s’ constitui um dos objetivos principais da sua escrita biográfica.<br />

No entanto, a concomitância, no passo acima referido, do conceito <strong>de</strong><br />

‘história’ tem levado muitos investigadores a procurar <strong>de</strong>scobrir em Plutarco as<br />

marcas da indagação histórica, com resultados nem sempre elogiosos para o<br />

autor das Vitae. Em boa verda<strong>de</strong>, e prevendo a <strong>de</strong>fesa contra certamente críticas<br />

<strong>de</strong>ssa natureza, o próprio Plutarco teve o cuidado <strong>de</strong> esclarecer os objetivos que<br />

o guiaram ao escrever retratos paralelos, conforme acontece ao abrir a biografia<br />

<strong>de</strong> Alexandre Magno: 4<br />

Ao escrevermos neste livrinho a biografia (bios) do rei Alexandre e <strong>de</strong> César (que<br />

<strong>de</strong>rrubou Pompeio), não faremos outros preâmbulos, dada a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acontecimentos envolvidos, para além <strong>de</strong> formular um pedido aos leitores: <strong>de</strong>,<br />

no caso <strong>de</strong> não relatarmos em pormenor todo e cada um dos eventos célebres,<br />

mas antes abreviarmos a maior parte, nos não julgarem mal. Na verda<strong>de</strong>, nós não<br />

escrevemos histórias (historiai) mas sim biografias (bioi), nem é tão pouco nos<br />

acontecimentos mais espetaculares que resi<strong>de</strong> especialmente a <strong>de</strong>monstração da<br />

virtu<strong>de</strong> ou do vício. Pelo contrário, muitas vezes um pequeno gesto, uma palavra<br />

ou uma brinca<strong>de</strong>ira refletem melhor o carácter do que os combates com baixas<br />

incontáveis ou fileiras cerradas ou os maiores cercos a cida<strong>de</strong>s.<br />

3 Para um conspecto das fontes antigas relativas a Alexandre e dos problemas que a respetiva<br />

interpretação coloca, vi<strong>de</strong> Heckel & Yardley (2004) xx-xxix.<br />

4 Alex. 1.1-2.

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